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Sumário: 01. Introdução; 02. Receitas Tributárias e sua Justificação; 2.1 Impostos; 2.2
Taxas; 2.3 Contribuições de melhoria; 2.4 Contribuições; 2.5. Empréstimos compulsórios;
03. Princípios regentes da Teoria da Tributação; 04. Política Fiscal do Estado e suas
Funções; 4.1 Função Alocativa; 4.2 Função Distributiva ou Redistributiva; 4.3 Função
Estabilizadora; 05. Desenvolvimento Econômico; 06.Conclusão; 07. Referências.
01. Introdução
*
Mestranda em Direito Negocial pela Universidade Estadual de Londrina. Advogada. Professora de
Direito Internacional. Fundadora e Diretora Executiva do INPRI – Instituto Paranaense de Relações
Internacionais.
**
Mestranda em Direito Negocial pela Universidade Estadual de Londrina.
1
MOSQUERA, Roberto Quiroga. Tributação e Política Fiscal in Segurança Jurídica na tributação e estado de
direito. São Paulo: Noeses, 2005, p. 558.
2
apud MOSQUERA, Roberto Quiroga. Op. cit., p. 558.
2
3
MOSQUERA, Roberto Quiroga. Op. Cit., p. 559.
4
“A norma tributária regula a conduta humana consistente na retirada de bens dos particulares para o
Estado, para que este possa satisfazer as necessidades da coletividade”. Ibid., p. 560.
3
2.1 Impostos
Ainda que não haja essa atividade estatal imediata como razão de
ser da cobrança dos impostos, sempre haverá uma causa mediata
(destinação dos recursos mediante lei orçamentária) que é a
realização do bem comum6.
2.2 Taxas
5
O §1º do art. 145 da CF determina que os impostos, sempre que possível, devem ter caráter
pessoal e graduação segundo a capacidade econômica do contribuinte.
6
MOSQUERA, Roberto Quiroga. Op. Cit., p. 562-563.
7
MOSQUERA, Roberto Quiroga. Op. Cit., p. 563. Essa espécie possui uma justificativa econômica de
suprir os encargos estatais nos casos previstos, o que não os desnatura como imposto, mesmo
possuindo uma finalidade coletiva específica prevista no sistema tributário brasileiro.
4
2.4 Contribuições
8
MOSQUERA, Roberto Quiroga. Op. Cit., p. 563.
9
TORRES, Ricardo Lobo. Curso de Direito Financeiro e Tributário. 9 ed., Rio de Janeiro: Renovar, 2002, p. 361.
Esse autor defende que o princípio da capacidade contributiva também se aplica às taxas, embora
não esteja explicitado pela CF e pacificado doutrinariamente, pois “ao fixar o valor das taxas o Estado
não se limita a repartir custos, senão que deve distribuir equitativamente a responsabilidade fiscal, de
modo a não onerar exageradamente aqueles que possuem renda menor”. Op. Cit., p. 363.
10
Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou
pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de
obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e
como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.
11
TORRES, Ricardo Lobo. Op. Cit., p. 366-367.
5
12
MOSQUERA, Roberto Quiroga. Op. Cit., p. 564.
13
TORRES, Ricardo Lobo. Op. Cit., p. 374.
6
seja, um sistema tributário ideal, que segundo Roberto Quiroga Mosquera14 seria
regido por quatro princípios: a) simplicidade; b) neutralidade; c) progressividade; e d)
eqüidade.
O princípio da simplicidade consiste em desonerar as pessoas de custos
desnecessários com a interpretação e aplicação das normas tributárias
(contribuintes) e facilitar o trabalho da administração tributária, aumentando a
eficiência da máquina estatal, pois quanto mais singelo o corpo normativo, melhor
será a qualidade da tributação15.
A simplificação pode ser efetivada de diversas formas: redução do número de
tributos16 (único, IVA), instituição de sistemas de tributação na fonte (IR, ICMS, ISS,
COFINS, PIS, INSS etc), implantação de tributação por sistemas estimados de
lucros ou receitas (SIMPLES e LUCRO PRESUMIDO), cumprimento de obrigações
tributárias por meio magnético etc.
Em relação à neutralidade, ressalta-se que a política fiscal de um Estado não
deve provocar desvios ou direcionamentos quanto à alocação de recursos na
economia, sob pena de distorcê-la e tornar o sistema tributário ineficiente17.
Contudo, na prática, a tributação ou sua desoneração podem viabilizar
equalizações em determinadas ocasiões, sendo aconselháveis tais medidas para
obtenção de resultados em outras áreas de atuação dos diversos agentes
econômicos. Assim, embora a concessão de determinado incentivo fiscal seja
tecnicamente contrária à neutralidade sob o ponto de vista fiscal, pode ser adequado
para estimular o crescimento de determinada região. Assim, a neutralidade é
característica fundamental para a existência de um sistema tributário ideal; no
entanto, deve-se estar ciente de que ela está conectada à adoção, por parte do
Estado, da política econômica como um todo18.
14
MOSQUERA, Roberto Quiroga. Op. Cit., p. 566.
15
MOSQUERA, Roberto Quiroga. Op. Cit., p. 567.
16
Leon Fredja Szklarowsky indigna-se ao analisar tantas emendas à CF e ao STN: “O sistema
tributário brasileiro atual é uma colcha de retalhos, quase um farrapo do que era, e que a poucos é
dado compreender, dada a diversidade e extrema dificuldade de sua aplicação, bastante onerosa e
burocratizada, provocando brutal injustiça tributária e, por via de conseqüência, a sonegação e a
corrupção desenfreada que devem ser combatidas a todo o custo. Não existem milagres. É preciso,
todavia, a vontade política para iniciar, de vez, essa reforma” (p. 109) e ressalta “um sistema que se
preze deve fundar-se na simplicidade. Este é um princípio de fundamental significação, com a
redução do ônus administrativo do governo e do custo administrativo do contribuinte” (p. 112). A
reforma tributária para um novo século. Revista Tributária e de Finanças Públicas. São Paulo: Revista dos
Tribunais, a. 11, n. 53, nov./dez. 2003, p. 105-112.
17
MOSQUERA, Roberto Quiroga. Op. Cit., p. 571-572.
18
MOSQUERA, Roberto Quiroga. Op. Cit., p. 572.
7
Por sua vez, um sistema tributário deve procurar tributar as pessoas de forma
progressiva19, isto é, aqueles que auferem maior renda devem pagar mais tributos20.
Isso possibilita a distribuição de renda e tem uma profunda conexão com a
igualdade entendida como critério material21. José Maurício Conti22conclui que a
progressividade é princípio “que instrumentaliza a realização da capacidade
contributiva e, por conseqüência, o princípio da igualdade, bem como leva a uma
tributação justa e equitativa”.
Deve-se destacar ainda o papel do princípio da eqüidade. Ricardo Lobo
Torres23 ensina que o princípio da eqüidade é extremamente importante no Direito
Financeiro, podendo aparecer tanto na interpretação quanto na criação legislativa, o
que significa
19
Roberto Quiroga Mosquera entende “que a tributação escalonada por diferentes faixas de riqueza,
melhor atende ao princípio de justiça tributária e redistribuição da riqueza de um determinado grupo
social”. Op. Cit., p. 573.
20
Nesse sentido, os tributos podem ser classificados como fixos (quantidade certa invariável e
determinada de dinheiro, sem levar em conta uma base de cálculo) e variáveis (montante da dívida
fiscal depende do valor da respectiva base de cálculo e do percentual de sua alíquota). Esses se
subdividem em: i) progressivos (a alíquota eleva-se à medida que aumenta a base de cálculo do
tributo - o mais justo no todo); ii) proporcionais (a alíquota é uniforme e invariável, assim, cresce ou
diminui, de acordo com o maior ou menor valor da base de cálculo) e iii) regressivos (inversamente
progressivos, quando a alíquota fiscal diminui em relação à base de cálculo do tributo que aumenta.
MOSQUERA, Roberto Quiroga. Op. Cit., p. 573- 574.
21
Ibid. p. 573.
22
CONTI, José Maurício Conti. Princípios Tributários da Capacidade Contributiva e da Progressividade. São
Paulo: Dialética, 1996, p. 80.
23
TORRES, Ricardo Lobo. Op. Cit., p. 91.
24
Apud CONTI, José Maurício. Op. Cit. p. 73.
8
setor público afere esse grau de justiça por meio de dois princípios25: a) princípio do
benefício26 e b) princípio da capacidade de pagamento27.
Assim, além do estudo dos princípios, faz-se importante analisar a política
fiscal do Estado, tendo por base suas funções alocativa, distributiva e estabilizadora
como parâmetro para a tributação ideal.
25
MOSQUERA, Roberto Quiroga. Op. Cit., p. 575.
26
Segundo MOSQUERA, op. cit, p. 575, pelo princípio do benefício, cada indivíduo deveria suprir os
custos do Estado na consecução de suas tarefas públicas de maneira proporcional aos benefícios
gerados por estes.
27
Para MOSQUERA, p. 575-576, o princípio da capacidade de pagamento significa uma “regra geral de
tributação para a população, independentemente de uma correlação entre os cidadãos e as melhorias
geradas por atos estatais”. O ônus tributário deve ser tal que os contribuintes com mesma capacidade
de pagamento devem pagar o mesmo nível de impostos (eqüidade horizontal) e pelo contrário, se as
capacidades de pagamento não são iguais, deve-se diferenciar o ônus tributário (eqüidade vertical).
Importante frisar que os economistas não dão uma regra exata para medir a justiça da tributação,
mas vetores que poderão ser utilizados pelos diferentes agentes do Estado.
28
LONGO, Carlos Alberto; TROSTER, Roberto Luis. Economia do Setor Público. São Paulo: Atlas, 1993.
29
Ibid, p. 13.
9
30
LONGO, Carlos Alberto; TROSTER, Roberto Luis. Economia do Setor Público. São Paulo: Atlas, 1993, p. 18.
31
Op. cit, p. 19.
32
“Entretanto, no caso de bens públicos, o fato de um agente utilizar o serviço que é oferecido não
significa reduzir fisicamente a oferta para os demais. Por exemplo, num país de 100 milhões de
habitantes, se o orçamento para a educação é de 5 bilhões de unidades monetárias e o orçamento
ideal para o atendimento de toda a população é de 8 bilhões, não seria possível concluir-se que parte
da população ficaria excluída do consumo, pois, mesmo a um nível inferior, toda ela teria acesso ao
sistema educacional”. VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de. Fundamentos de Economia. São Paulo:
Saraiva, 1998, p.190.
33
MOSQUERA, Roberto Quiroga. Tributação e Política Fiscal in Segurança Jurídica na tributação e estado de
direito. São Paulo: Noeses, 2005, p. 577.
10
34
Op. cit., p. 22.
35
LONGO, Carlos Alberto; TROSTER, Roberto Luis. Op. cit., p. 22.
36
LONGO, Carlos Alberto; TROSTER, Roberto Luis. Op. cit., p. 23-24 e VASCONCELLOS, Marco Antonio
Sandoval de. Op. cit. p. 191.
37
MOSQUERA, Roberto Quiroga. Op. cit. p 577-578; VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de. op. cit., p.
191.
11
38
LONGO, Carlos Alberto; TROSTER, Roberto Luis. Op. cit., p. 24.
39
“Ações do governo, quase sempre realizadas por intermédio do banco Central, que tem o objetivo
de controlar as variáveis monetárias da economia”.
40
“Atividades de arrecadação tributária do governo e gastos públicos”.
41
VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de. Fundamentos de Economia.São Paulo: Saraiva, 1998, p.191-
192; “Por intermédio da política fiscal, por exemplo, o governo pode influir na alocação de gastos
públicos em investimento ou consumo (forma direta), ou ainda, aumentando ou diminuindo alíquotas
ou bases de cálculo dos tributos (forma indireta), ocasionando assim diminuição ou aumento da renda
privada, respectivamente” MOSQUERA, Roberto Quiroga. Tributação e Política Fiscal in Segurança Jurídica
na tributação e estado de direito. São Paulo: Noeses, 2005, p 579.
12
42
“No campo da administração tributária e dos deveres tributários dos contribuintes, associa-se a
irregularidade do desenvolvimento da economia brasileira à profusão de tributos, com complexas
obrigações tributárias e acessórias, geralmente pautadas pela excessiva formalidade e pouca
flexibilidade. Essa seria, inclusive, uma das principais causas de altos índices de informalidade na
atividade produtiva, visto que leva à redução do universo de contribuintes” GRILLO, Fabio Artigas. Carga
tributária e desenvolvimento econômico no Brasil. Revista Tributária e de Finanças Públicas. Ano 15, n. 73,
mar./abr. São Paulo: revista dos Tribunais, 2007, p 72.
43
A carga tributária no Brasil é bastante alta, girando em torno de 37,37% - de acordo com o último
dado à disposição no sítio da Receita Federal (vinculado ao Ministério da Fazenda)
http://www.receita.fazenda.gov.br/Publico/estudotributarios/estatisticas/CTB2005.pdf.
44
GRILLO, Fabio Artigas. Carga tributária e desenvolvimento econômico no Brasil. Revista Tributária e de
Finanças Públicas. Ano 15, n. 73, mar./abr. São Paulo: revista dos Tribunais, 2007, p. 72-73.
13
45
DERANI, Cristiane. Direito Ambiental Econômico. 2. ed. São Paulo: Max Limonad, 2001, p. 99.
46
Op. cit, p 110.
47
GRILLO, Fabio Artigas. Carga tributária e desenvolvimento econômico no Brasil. Revista Tributária e de
Finanças Públicas. Ano 15, n. 73, mar./abr. São Paulo: revista dos Tribunais, 2007, p. 75.
14
06. Conclusão
48
Por que o Brasil cresce pouco? In Reformas no Brasil: balanço e agenda. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
2004, p.33.
49
O Brasil perde competitividade, estando em 66º lugar no ranking de competitividade do Banco
Mundial (2006), segundo informações de GRILLO, Fabio Artigas. op. cit., p. 94.
15
07. Referências
CONTI, José Maurício. Princípios Tributários da Capacidade Contributiva e da
Progressividade. São Paulo: Dialética, 1996.
DERANI, Cristiane. Direito Ambiental Econômico. 2. ed. São Paulo: Max Limonad,
2001.
GRILLO, Fabio Artigas. Carga tributária e desenvolvimento econômico no Brasil.
Revista Tributária e de Finanças Públicas. Ano 15, n. 73, mar./abr. São Paulo:
revista dos Tribunais, 2007.
LONGO, Carlos Alberto; TROSTER, Roberto Luis. Economia do Setor Público. São
Paulo: Atlas, 1993.
MOSQUERA, Roberto Quiroga. Tributação e Política Fiscal in Segurança Jurídica na
tributação e estado de direito. São Paulo: Noeses, 2005.
PINHEIRO, Armando Castelar. Por que o Brasil cresce pouco? In Reformas no
Brasil: balanço e agenda. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2004.
RECEITA FEDERAL. Disponível em:
http://www.receita.fazenda.gov.br/Publico/estudotributarios/estatisticas/CTB2005.pdf
SZKLAROWSKY, Leon Fredja. A reforma tributária para um novo século. Revista
Tributária e de Finanças Públicas. São Paulo: Revista dos Tribunais, a. 11, n. 53,
nov./dez. 2003, p. 105-112.
TORRES, Ricardo Lobo. Curso de Direito Financeiro e Tributário. 9 ed., Rio de
Janeiro: Renovar, 2002.
VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de. Fundamentos de Economia. São
Paulo: Saraiva, 1998.