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GRADUAÇÃO EM DIREITO
Natal/RN 2023
1
Artigo solicitado na disciplina DPU0226 – Direito Tributário Aplicado (UFRN), ministrada
pelo professor Doutor André de Souza Dantas Elali
Imposto Sobre Grandes Fortunas: Uma Breve Análise da Experiência
Internacional e da Aplicabilidade do Imposto Diante da Experiência Fiscal
Brasileira.
Resumo
Abstract
The present article aims to analyze the international experience regarding the use and
implementation of the wealth tax (IGF), especially in European countries, which
constitute the majority of those who have adopted this type of taxation. Additionally, it
will explore the Latin American countries that have also utilized or still use the wealth
tax. More precisely, the political context that led to the creation of the IGF in these
countries will be examined, assessing whether the objectives justifying its
implementation have been achieved. From the perspective of tax efficiency, the article
will investigate whether the tax achieves its intended goals better than increasing or
revising other tax types. Continuing from this analysis, the study will scrutinize whether
the implementation of the IGF in the Brazilian context encounters a favorable scenario
and whether it is feasible from the standpoint of tax efficiency, facing the possibility of
reviewing other taxes.
1. INTRODUÇÃO
2
DA SILVA, F. A. et al. TRIBUTAÇÃO E DESIGUALDADE - Uma análise sobre a progressividade dos impostos
vs. concentração de renda, no Brasil e no mundo. Universidade de São Paulo E-Disciplinas. São Paulo, 16 abr. 2019.
Disponivel em:
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4476756/mod_resource/content/0/Analise%20sobre%20progressividade
%20dos%20impostos%20vs.%20concentracao%20de%20renda.pdf. Acesso em: 16 abr. 2019
3
Wieland 2003 pp. 11; Schwarz 2017 pp. 39.
4
PÉREZ LUÑO, A E. Derechos humanos, estado de derecho y constitución. Madrid: Tecnos, 1995, p. 226
[...] não se trata apenas de reconhecer a existência de desigualdades, mas usa-
se o Direito Tributário como instrumento da política social, atenuadora das
grandes diferença econômicas ocorrentes entre pessoas, grupos e regiões. O
princípio da igualdade adquire, nessa fase, o caráter positivo – dever de
distinguir – para conceder tratamento menos gravoso àqueles que detêm
menor capacidade econômica para distribuir rendas mais generosas às regiões
mais pobres ou menos desenvolvidas, no federalismo cooperativo. Princípios
como progressividade, pessoalidade ou seletividade servem às democracias
que se dizem compromissadas com a igualdade e a justiça social
(BALEEIRO, 1997, p.8)5
Isto explica-se, de certo modo, em virtude dos supostos efeitos ocasionados pela
tributação de grandes riquezas, dentre eles a migração de capitais, afastamento dos
investimentos, pauperização da poupança, custos para implementação e administração
do imposto, eficiência, entre outras questões que levam o imposto sobre grandes
fortunas a não ser bem quisto à nível global.
5
BALEEIRO, Aliomar. Limitações constitucionais ao poder de tributar. Rio de Janeiro: Forense, 1997, p. 8
6
LACROUX, Margaux. De l’IGF à l’IFI, l’histoire tourmentée de l’impôt sur la fortune. Libération,28 de
setembro de 2017. Disponível em https://www.liberation.fr/france/2017/09/28/de-l-igf-a-l-ifi-l-
histoiretourmentee-de-l-impot-sur-la-fortune_1599362/ . Acesso em 24 de outubro de 2023.
Dito isso, a pandemia de COVID-19 reavivou o debate mundial sobre a
instituição do imposto. No Brasil, o Senador Randolfe Rodrigues (REDE/AP)
apresentou na Câmara, o Projeto de Lei Complementar nº 101, de 2021, cuja ementa
descrevia como objeto da proposta:
8
SENNHOLZ, H. F. A hiperinflação alemã, 1914 -1923. Mises Brasil, 2008. Disponível em:
https://mises.org.br/artigos/128/a-hiperinflacao-alema-1914-1923. Acesso em 25 de outubro de 2023.
Nesse primeiro momento, o IGF Alemão apresentava caráter
estritamente extraordinário, tendo em vista que seria cobrado em uma parcela única e
com taxas exorbitantes (10-65%), facultando-se aos contribuintes o pagamento
parcelado da obrigação tributária, com a finalidade de suprimir, o mais rápido possível,
a escassez de recursos.
O imposto era cobrado com alíquotas que variavam de 0,7% para 1%,
essa a diferença de alíquotas em relação ao imposto único, se dá, justamente, diante da
possibilidade de elevar a taxa, caso o imposto incida uma única vez, ao revés do que
ocorre na cobrança anual, por óbvio.
9
ALVES, Bruna Marques; DUARTE, Francisco Carlos. O Imposto sobre Grandes Fortunas e a Promoção da
Justiça Fiscal. Revista do Mestrado em Direito. Brasília, jun. 2015. p. 297-298
Cumpre salientar, que a dificuldade na apuração da base de cálculo do
imposto, não se restringe apenas a experiência Alemã, mas é decorrência natural da
tributação sobre grandes fortunas, visto que, ao contrário de outras espécies tributárias,
a base de cálculo é muito ampla e é aferida, em suma, a partir do conjunto total de
bens do indivíduo.
10
SENNHOLZ, 2008. Acesso em: 19 mar. 2019.
11
Bach e Beznoska 2012 p. 13.
A avaliação de ativos era bastante complexa, com a existência de
valores mínimos para os bens serem considerados na base tributável. Ademais, a
depender das classes de ativos, tinham-se diferentes métodos para alcançar o seu valor
e, ainda, haviam os bens que se encaixavam em determinadas classes e, portanto, eram
isentos ou eram subvalorizados em um percentual fixo.12
12
§ 115 BewG 1996 (Lei de Avaliação).
13
https://www.wealthandpolicy.com/wp/BP131_Countries_Germany.pdf - acessado em 27 de outubro
de 2023
primeira guerra mundial, na França, o IGF surge como expressão de distribuição de
renda e solidariedade.
14
Pichet, Eric, France’s 2011 ISF Wealth Tax Reform: Logic, Risks and Costs (June 2, 2011). La Revue
de Droit Fiscal, Vol. 2, No. 22, June 2011, Available at SSRN: https://ssrn.com/abstract=1865814
15
MAMEDE, 2018, n.p.
À título de exemplo, caso a profissão de investidor seja levada a sério,
poderiam as ações que possui nas bolsas de valores serem isentas, por tratarem-se de
bens profissionais, já que o investidor as utiliza para exercer a sua profissão?
Essa e outras questões podem ser levantadas em torno dos bens que
devem ser considerados isentos. A ampliação do conjunto de bens isentáveis,
ocasionaria, portanto, mais complexidade e tratamentos desiguais entre os
contribuintes, o que sobrelevou os problemas da experiência francesa.
B) Migração de Capitais;
C) Afastamento de investimentos;
D) Subdeclarações;
REFERÊNCIAS
16
https://g1.globo.com/economia/imposto-de-renda/2019/noticia/2019/04/28/veja-como-e-o-imposto-
de-renda-no-brasil-e-em-outros-paises.ghtml
1. DA SILVA, F. A. et al. TRIBUTAÇÃO E DESIGUALDADE - Uma análise
sobre a progressividade dos impostos vs. concentração de renda, no Brasil e no mundo.
Universidade de São Paulo E-Disciplinas. São Paulo, 16 abr. 2019. Disponivel em:
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4476756/mod_resource/content/0/Analise
%20sobre%20progressividade%20dos%20impostos%20vs.%20concentracao%20de
%20renda.pdf. Acesso em: 16 abr. 2019
14. Pichet, Eric, France’s 2011 ISF Wealth Tax Reform: Logic, Risks and Costs
(June 2, 2011). La Revue de Droit Fiscal, Vol. 2, No. 22, June 2011, Available at
SSRN: https://ssrn.com/abstract=1865814
15. MAMEDE, 2018, n.p.
16. Veja como é o Imposto de Renda no Brasil e em outros países, disponível em:
https://g1.globo.com/economia/imposto-de-renda/2019/noticia/2019/04/28/veja-como-
e-o-imposto-de-renda-no-brasil-e-em-outros-paises.ghtml