Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Lilian Sendretti
liliansendretti@gmail.com
CEBRAP
DCP/USP
SPG09
0
Lilian Sendretti1
Introdução
1
Bacharela em Ciências Sociais pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade
de São Paulo. É mestranda em Ciência Política pelo DCP-USP e assistente de pesquisa do Núcleo de
Instituições Políticas e Movimentos Sociais do CEBRAP.
2
Murphy, Liam; Nagel, Thomas.( 2005). O mito da propriedade: os impostos e a justiça. São Paulo:
Martins Fontes, p. 17.
3
Pintos-Payeras (2010) em sua pesquisa sobre a progressividade da carga tributária sobre
população brasileira, na qual o autor analisa a decomposição da carga tributária indireta e direta em
cada região do país, aponta que as famílias de baixa renda destinam uma parcela maior da sua renda
1
À primeira vista, poderíamos dizer que este é um problema de aplicação de
princípios, uma vez em que não houve respeito às diretrizes do princípio da capacidade
contributiva. Contudo, neste caso, nosso questionamento é o seguinte: como as diretrizes do
princípio da capacidade contributiva não conseguem dar conta dos casos nos quais a
incidência de base tributária é indireta, como ocorre na tributação de consumo, então, nos
deparamos com um problema relativo a própria estrutura do princípio. Sendo assim, é como
se a maior parcela da carga tributária estivesse ao largo da discussão sobre justiça tributária.
Discutir a maneira pela qual um sistema tributário onera ou desonera aquilo que faz
parte da base tributária indireta como itens de alto consumo ou itens de consumo básico é tão
importante quanto discutir a progressividade da tributação da renda do trabalho, da renda do
capital, a propriedade e lucros e dividendos de pessoas jurídicas4. Grande parte da discussão
sobre justiça tributária tem privilegiado a dimensão direta da tributação ao enfatizar a
tributação de grandes fortunas, mas, em termos de impacto na redução das desigualdades que
o sistema fiscal, em sua estrutura regressiva, contribui para produzir, o debate sobre a
progressividade da tributação indireta é urgente. Em termos de justificação política, o
princípio da capacidade contributiva não é capaz de dar conta deste debate.
Neste sentido, é preciso voltarmos à discussão teórica normativa para refletirmos sobre
esta questão, e a partir de uma discussão teórica no nível das justificações normativas sobre
diferentes considerações de justiça distributiva, debatermos as distintas posições sobre o que
pode ser considerado um arranjo tributário equitativo.
para o consumo de subsistência, que, grosso modo, se refere ao gasto com alimentação, o que, por
sua vez, indica que o padrão de consumo das famílias mais pobres está sendo mais tributado do que o
padrão de consumo das famílias mais ricas (2010, p 168-170). Neste sentido, Pintos-Payeras (2010)
explicita que as taxas dos impostos estaduais sobre consumo (ICMS) são mais elevadas para os
produtos que fazem parte da alimentação básica e, consequentemente, oneram uma parcela maior da
renda dos mais pobres. Além disso, o autor indica outro fator que aprofunda este cenário de iniquidade, a
saber, o fato de que nas regiões com menor PIB per capita do país (norte e nordeste) os produtos de
alimentação básica são ainda mais tributados se comparado à taxa de tributação dos mesmos
produtos em outras regiões do país, como a sudeste. Fato este que agrava a desigualdade de renda
global entre a população, bem como a desigualdade territorial entre as regiões do país. Ver: Pintos-
Payeras (2010). “Análise da Progressividade da Carga Tributária sobre a população brasileira”. In.:
Pesquisa e Planejamento Econômico, v.40, n.2
4
Como no caso, por exemplo, da proibição da bitributação. Ver: Gobetti, S. (2015). Progressividade
Tributária: a agenda esquecida. Monografia; ou Gobetti, S.; Orari, R.(2015). Jabuticabas tributárias e
desigualdade no Brasil. In.: Valor Econômico. Acessado em: http://valor-
ri.com.br/opiniao/4336512/jabuticabas-tributarias-e-desigualdade-no-brasil-ii
2
Sendo assim, vamos buscar desvelar as justificativas normativas segundo as quais
certas concepções de tributação e, de maneira mais ampla, de justiça tributária, são
construídas na literatura. Quais são os valores políticos e morais sob os quais são justificadas
a escolha de certas bases tributárias, por exemplo, qual critério justifica a tributação
progressiva ou proporcional da renda, da propriedade ou do capital? Será que são critérios
meramente técnicos? Buscaremos demonstrar durante nossas discussões neste trabalho que a
arena fiscal é um campo perpassado por conflitos distributivos normativamente orientados.
Nas palavras de Gaisbauer et al, em seu “Philosophical Explorations of Justice and Taxation”
(2015, p. 2): “Such disputes cannot be settled based on “empirical facts” alone but demand
normative reasoning and also political debate”.
5
Nas discussões no âmbito da teoria política contemporânea há uma gama de autores que questionam o
enfoque concedido, sobretudo pelas teorias políticas de matriz liberal igualitária, à questão da distribuição
dos recursos. Sob esta perspectiva crítica, cujos principais expoentes são Young (1990) e Fraser &
Honneth (2003), o enfoque das relações patológicas produzidas por contextos de degradação simbólica
corresponderiam a uma abordagem mais completa para lidar com a injustiça social, em vista do enfoque
na distribuição de recursos. A perspectiva da autora desta proposta de trabalho não desconsidera a
relevância que as questões acerca do reconhecimento e da degradação simbólica têm sobre as questões de
justiça. Mas dado o recorte de pesquisa adotado, a saber, sobre a relação entre justiça e o sistema
tributário, as questões acerca da distribuição serão o foco analítico desta proposta de trabalho.
3
político põe em prática uma determinada concepção de justiça econômica ou distributiva”
(Murphy e Nagel: 2005: 6), pois o modo pelo qual os tributos são arrecadados tem relevante
impacto distributivo para a produção ou redução das desigualdades e um debate sobre justiça
distributiva não pode ficar alheio a estas questões.
6
A definição de eficiência será discutida na seção (iii) deste trabalho.
7
A questão do trade-off entre eficiência e equidade tem sido, portanto, um tema de relevância e bastante
controvérsia entre a literatura pertinente a esta temática dentro do campo de diversas áreas das Ciências
Sociais e das Ciências Sociais Aplicadas, como a Economia. Esta proposta de trabalho insere-se dentro
deste debate sob a perspectiva da teoria política normativa sobre a tributação. Desse modo, para as
finalidades desta proposta de trabalho, tal trade-off é aqui concebido dentro dos limites da discussão
acerca da justiça tributária e, assim, mesmo que haja a necessidade do diálogo com a literatura de teoria
econômica, isto será feito a partir da discussão sob o ponto de vista da justificação moral dos argumentos
apresentados.
4
apresentado na literatura. Após esta apresentação iremos, durante a (iii) seção, nos questionar
acerca das bases normativas que envolvem este trade-off, bem como das distintas concepções
de eficiência e de equidade que dele emanam. Em uma (iv) seção, tendo já esclarecido
algumas tensões deste trade-off, buscaremos discutir a relação entre algumas concepções
libertárias de justiça e como elas entendem o papel e o alcance da tributação; nesta seção
debateremos as posições de alguns autores clássicos como Buchanan (1984; 2000 [1975]) e
Hayek (1976; 2013 [1960]), que são autores libertários que discutem mais diretamente a
questão tributária. Por fim, na última seção, (v), concluiremos com uma discussão sobre os
limites do alcance deste trade-off entre eficiência e equidade na justiça tributária.
8
Dessa forma, poderíamos dizer que quando Musgrave vincula o patamar do desempenho da função
distributiva da tributação com algum padrão de justiça compartilhado na sociedade, este autor
implicitamente associa o desempenho da função distributiva àquilo que Rawls chamou de juízos
ponderados de justiça e é também neste sentido que a questão da moralidade política de princípios de
justiça pode ser vista de modo mais evidente no debate sobre o sistema tributário.
9
Piketty (2014, p. 482) faz uma descrição simples e objetiva sobre as diferenças entre cada tipo de
tributação: “Um imposto é dito proporcional quando a sua taxa é a mesma para todos (falamos, assim, de
5
tributos10, que neste debate geralmente se referem aos impostos sobre a renda e sobre o
capital, como Musgrave aludiu em sua definição, citada acima.
uma taxa fixa, “flat tax”). Um imposto é progressivo quando a sua taxa é mais alta para os mais ricos
(aqueles que possuem uma renda, um capital ou um consumo mais elevado terão um imposto progressivo
para renda, capital e consumo) e mais baixa para os mais humildes. Um imposto pode ser também
regressivo quando a taxa diminui para os mais ricos”.
10
De modo geral é ponto tácito na literatura que os impostos podem ser cobrados de forma direta ou
indireta. Os primeiros correspondem às cobranças de cargas tributárias que incidem de modo direito
sobre a renda, de trabalho ou capital, à propriedade, à herança dos contribuintes. Por outro lado os
impostos cobrados indiretamente são aqueles que incidem sobre os preços de produtos e de serviços e,
em geral, correspondem aos impostos sobre o consumo.
11
Embora o debate sobre distribuição via tributação se concentre na função distributiva desta, tal qual
definida por Musgrave acima, vale ressaltar que as funções alocativa e estabilizadora da tributação
também têm impactos distributivos, não sendo, portanto, mais prescindível para uma teoria da justiça
tributária do que à função distributiva. É claro que esta última tem um impacto mais direto sobre a
distribuição, entretanto, todas as funções tributárias têm consequências sobre a estrutura de incentivos
econômicos e, por isso, é importante que o sistema tributário, e não apenas sua função distributiva, seja o
foco de uma discussão sobre justiça.
12
Uma posição contrária à centralidade da discussão sobre a progressividade ou regressividade do
sistema tributário pode ser verificado em Buchanan (1984). Neste artigo, o autor discute que a teoria
fiscal normativa (normative tax theory) tem se preocupado em justificar “this or that degree of progression
in the tax rate structure” pautando-se em argumentos sobre a equidade vertical e horizontal. Esta
literatura tradicional, segundo Buchanan, estaria negligenciando a questão sobre as despesas do processo
fiscal (Buchanan: 1984: 102). Para Buchanan a discussão sobre tributação deve levar em consideração os
limites para o nível absoluto de tributação em vista da eficiência econômica. Neste sentido, o ponto de
Buchanan é que as discussões que envolvem escolhas de eficiência ou equidade na tributação devem estar
pautadas sobre o que constitui um “set limits on the absolute level of taxation” (Buchanan: 1984: 103), e
não sobre o grau de progressividade ou regressividade do sistema tributário.
6
eficiência e equidade a partir de uma discussão sobre as distintas conceitualizações de
eficiência e de equidade empregadas pela literatura. É importante ressaltar que, dado o
andamento da pesquisa, essas distinções não serão feitas de modo exaustivo.
2. Um trade-off inescapável?
“How much of economic pie must be sacrificed in order to divide it more equally?”
(Samuleson et al: 2010, p. 323). É com esta indagação que Paul Samuelson inicia sua
discussão sobre a existência de um trade-off entre eficiência e equidade em seu clássico
“Economics” (2010 [1948]). A questão exposta por Samuelson é emblemática para
apresentar como parte da literatura compreende este trade-off, isto é: quais são os custos
aceitáveis da (re)distribuição? (Buchanan: 2000); (Wilkinson 2000, p. 39); (Musgrave: 1996,
11); (Ulrich: 2011, p. 164). Dito do outro modo, e em consonância com a frase de Samuelson:
o quanto de eficiência econômica teremos que abrir mão em nome da equidade?
Sendo assim, o ponto para o qual quero chamar atenção é o de que esta visão avalia o
trade-off entre eficiência e equidade a partir da métrica da eficiência. A questão, portanto,
não seria: quais são os custos que a escolha pela eficiência nos impõe à maior equidade ou o
quanto de equidade teremos que abrir mão para aumentar a eficiência. Mas, a métrica de
avaliação, sob essa perspectiva, é o custo em termos de eficiência que se perde com a
(re)distribuição13.
13
Cabe ressaltar que, a despeito da preocupação com a eficiência, a concepção do “trade-off”, isto é, de um
conflito dilemático estruturado por custos de escolha, se mantém. Há trade-off pois há custos e há perdas.
Não é possível conciliar, portanto, mais eficiência com mais distribuição.
14
(Buchanan, 1984; Buchanan: 2000; Le Grand, 1990; Kenworthy, 1995; Samuelson, 2010; Okun, [1975]
2015; entre outros).
15
A noção de “amplo” aqui é bastante relevante, pois a ideia de leaky bucket em si mesma não representa
uma preferência à métrica eficientista, apenas esclarece a representação do trade-off entre eficiência e
equidade.
16
Estes conceitos serão explicados mais adiante.
7
Sob este ponto de vista, a existência de tal trade-off implica em limitações do alcance
que a tributação desempenharia em sua função distributiva. Neste sentido, mesmo se
tomarmos a existência de tal trade-off como um fato empírico – e há controvérsias sobre a
magnitude de seus efeitos17 –, é necessário fazer escolhas normativas sobre o que entendemos
por eficiência e por equidade18. E, sobretudo, qual destes valores – partido do pressuposto,
questionável, de que eficiência é um valor19 – iremos, enquanto sociedade, privilegiar. Como
mencionado na introdução deste trabalho: não são apenas fatos empíricos que importam20
sobre a questão tributária e distributiva, mas orientações normativas que nos guiam a respeito
do que é moralmente aceitável em termos de desigualdade social e moralmente desejável em
termos de equidade. Para alguns teóricos, como iremos discutir com maiores detalhes nas
próximas seções, a desigualdade não é um problema para o qual a autoridade pública tem o
dever moral de interferir, seja por meio de gasto social ou por meio de arrecadação fiscal – e
aqui vale destacar que desigualdade e pobreza não correspondem nem ao mesmo fenômeno e
nem têm as mesmas implicações em termos de demandas distributivas, de modo que é
coerente que uma posição teórica seja favorável às medidas anti-pobreza e contrária às
políticas distributivas mais amplas. Para tais teóricos, não seria justificável modificar a
dinâmica do mercado por meio de incentivos artificiais do governo. O ponto central é: quanto
mais a autoridade pública interfere na dinâmica de alocação de preços do mercado, mais se
produz custos em eficiência. E quais são estes custos em eficiência, afinal? A seguir iremos
conceitualiza-los e discuti-los.
A mais famosa metáfora desse trade-off foi cunhada por Arthur Okun em “Equality
and Efficiency: The Big Trade-Off” (1975)21. Para este autor, tal trade-off, para além de uma
questão empírica dilemática, seria a expressão de uma tensão relativa aos valores
fundamentais que constituem as sociedades contemporâneas com regime político democrático
e economia de mercado (2015, p. 1-5). Okun faz uma distinção analítica entre o que ele
chamou: (i) “The Domain of Rigths” e (ii) “The Domain of Dollars”. O primeiro se refere aos
valores políticos da sociedade democrática e aos direitos e liberdades políticas e civis dela
provenientes, neste domínio a “igualdade” seria o princípio fundamental. Já o segundo
domínio diz respeito ao âmbito do mercado e das instituições econômicas (marketplace), aqui
as diretrizes da eficiência seriam as prevalecentes. Nas palavras de Okun:
17
Ver: Kenworth et al (1995); Blank, R. (2002).
18
Adiante veremos que há diferentes concepções de eficiência e de equidade.
19
Ver: Le Grand (1990)
20
Gaisbauer et al (2015, p. 2)
21
Estamos utilizando a edição ampliada publicada em 2015 pela Brookings Institution Press.
8
“[...] the domain of social and political rights in which society gives
priority, at least in principle, to equality over economic efficiency. Into
the marketplace and other economic institutions, in which efficiency gets
priority and a large degree of inequality is accepted.” (Okun: 2015, p. 86)
Assim, considere que ao elaborar políticas de redistribuição de renda dos ricos para
os pobres por meio de tributação progressiva, os governos podem comprometer, em diferentes
graus, a eficiência econômica e, com isso, reduzir o rendimento nacional disponível para
realizar a distribuição ao longo prazo. Mas, se a igualdade é um bem social que a sociedade
considera relevante, então, a questão diz respeito a quanto estamos dispostos a pagar em
custos de eficiência. E aonde entra o “leaky bucket”, então? Para demonstrar os dilemas
envolvidos na questão acima descrita, Okun elabora um experimento descritivo no qual o
trade-off é representado pela figura de um balde afunilado dentro do qual será depositado um
montante X com a finalizada distributiva. Digamos, por exemplo, que este montante é de 4
reais. Agora, suponha que este balde afunilado contenha vazamentos e o montante inicial de 4
reais depositados tornam-se, ao final, apenas 2 reais. Isso ocorre, pois durante o
processamento deste montante até a sua distribuição ocorreram vazamentos no balde, estes
vazamentos correspondem a uma analogia aos efeitos dos (i) custos administrativos do
aparato estatal público responsável por gerenciar a distribuição; aos desincentivos que
impostos progressivos geram ao (ii) trabalho e a produtividade; à (iii) poupança e aos
investimentos (fuga de capitais); e ao (iv) crescimento econômico (Okun: 2015: p. 93-98).
Desse modo, com a noção de “leaky bucket”23, Okun conseguiu incorporar as diversas, e
22
Okun, 2015, p. 86-87.
23
E O processo de leaky bucket descrito por Okun assemelha-se ao deadweight losses. Este conceito chama
atenção que, em situações nas qual preferimos equidade à eficiência, os ganhos advindos dos benefícios
9
complementares, definições de eficiência econômica, bem como demonstrar qual o resultado
da interação destas com as medidas distributivas: a produção de custos em eficiência.
sociais e tributação redistributiva (bens públicos, que são entendidos de modo geral por essa literatura
como “rendas”) são sempre menores que os custos sofridos por àqueles que financiaram estas
transferências.
24
(Przeworski: 1995, p. 26).
25
Segundo Congleton, Hilman e Konrad (2008, p.4) “In the second half of the twentieth century, there
were a variety of efforts to place the normative analysis of public policy on firmer analytical ground”, estas
análises correspondem a literatura sobre rent-seeking. O artigo de Gordon Tullock (1967) é considerado o
evento fundador da teoria do rent-seeking (Tollison: 2011: 75. Tradução minha). Como também indica
Congleton et all (2008) “Tullock focused on the efficiency consequences of income transfers [...] Tullock
reasoned that the resources used in activities of persuasion should be counted as a cost to society”
(CONGLETON et all: 2008: 2). Ainda Congleton et all argumentam que o foco teórico da literatura sobre
rent-seeking “is the computation of social loss through the value of the resources unproductively used
because of the presence of the rents or prizes that are assigned by the personal discretion of others, as
when political decision makers determine public policies [...] The social loss from rent seeking similarly
occurs ex ante, through unproductively used resources and initiative before policy decisions are made”
(CONGLETON et all: 2008: 2-3). James Buchanan é considerado também um dos principais expoentes
desta literatura, segundo Tollison (2011, p. 74), Buchanan teria publicado um volume de artigos sobre
rent seeking que influenciaram de forma salutar o desenvolvimento posterior do campo. Em 1980 foi
publicado um livro composto por uma coletânea de artigos de autores dedicados a esta literatura,
“Toward a theory of rent seeking society” foi organizado por Buchanan, Tollison e Tullock e é considerado
a principal obra de referência desta literatura.
10
expendure of scare resources to capture an artificially created transfer”. A referência à
capturação dos recursos num quadro criado artificialmente é um ponto central desta
abordagem, dado que a atividade de rent seeking existiria apenas em decorrência da regulação
econômica do mercado pelo governo. Neste sentido, é a interferência na alocação do mercado
que cria incentivos aos atores, que nesta literatura sempre são modelados como auto-
interessados26 (self-seekings), a maximizar seus ganhos em atividades rent-seeking. Como
ainda salienta Tollison (2011):
Então, se aceitarmos tais diagnósticos sobre os efeitos nocivos que a ação pública em
favor de políticas distributivas tem sobre a dinâmica econômica, certamente, a visão que
teremos do tamanho do leaky bucket produzido pelas demandas conflitantes entre eficiência e
equidade será amplo o bastante, de modo que consideraremos que os custos em eficiência não
seriam aceitáveis. Mas, quais razões teríamos para aceitar o diagnóstico de que os “recursos
são improdutivamente usados em atividades rent-seeking27 e que isto produziria custos
inaceitáveis de eficiência28? E mais, qual seria o limite aceitável para o tamanho do leaky
bucket?
Para alguns autores, como Meade, Rawls, e em certa medida até Okun29, é possível e
defensável uma solução de compromisso entre eficiência e equidade. Para outros, tais como
26
Tal perspectiva é exposta por Buchanan (1980, p.47), para este autor: “The term rent seeking is
designed behavior in institucional settings where individual efforts to maximizar value generate social
waste rather than social surplus”
27
(CONGLETON et al: 2008: 2. Tradução minha).
28
Przeworski (1995) discuti a relação entre a alocação eficiente de recursos no mercado e a alocação por
meio de governos democráticos, “uma política não é ineficiente” mesmo que do ponto de vista econômico,
como defendido pela literatura debatida aqui, haja ineficiência. A questão é que “[...] a menos que uma
alternativa [aqui pensada em termos das possibilidades paretianas] deixe cada um igual ou melhor que
antes, uma política não é ineficiente” (Przeworski: 1995:33). O autor argumenta que a utilidade, isto é, a
eficiência, não pode ser medida em dinheiro (recursos desperdiçados), então, Przeworski prossegue a sua
argumentação afirmando que: “Assim, mesmo que seja verdade que as intervenções governamentais
necessariamente diminuem a renda agregada, as inferências relativas a perdas de bem-estar, a partir de
perdas de renda, não podem ser sustentadas” (Ibdem).
29
Não foi possível, nesta seção, discutir mais profundamente o texto de Okun, bem como suas posições
normativas, apenas fizemos uma breve descrição de como a metáfora do “leaky bucket” proposta por este
autor explica bem o trade-off entre eficiência e equidade. De maneira mais geral, o objetivo de Okun em
“Equality and Effiency; The Big trade-off” é apontar para uma solução de compromisso (p. 129), na qual “A
social preference for equality implies a willingness to pay some costs for equalization. [...] Thus, society
11
Buchanan, Hayek e também Nozick, no entanto, a possibilidade de produção de leaky bucket
ou deadweight losses é, grosso modo, inaceitável e injustificável. Nas seções seguintes
buscaremos debater estas duas posições presentes na literatura: a (i) solução de compromisso
na qual a preferência pela equidade, entendida aqui como tributação progressiva, não
desconsidera os custos de eficiência; e uma (ii) posição eficientista, que é contrária, por
princípio, à tributação progressiva. E, vale relembrar, como estas duas posições não são
simplesmente expressões de necessidades pragmáticas, dados os constrangimentos da política
econômica, mas são também expressões de posições normativas conflitantes, iremos, na seção
que segue, discutir mais especificamente as bases normativas do trade-off entre eficiência e
equidade.
O primeiro ponto a ser considerado é: (i) equidade e (ii) eficiência são, ambas, valores
morais? No caso da equidade não há controvérsias de que ela envolve valores morais –
embora haja, sim, muitas controvérsias normativas sobre o que a equidade é –, mas no caso da
eficiência, esta também seria, em si mesma, um valor informado normativamente? Na seção
anterior discutimos diferentes entendimentos do que a eficiência é, e todas as perspectivas
discutidas fazem referências aos custos e perdas em termos econômicos. E o que isso significa
em termos valorativos?
Para começarmos a explorar este ponto, a posição exposta por Le Grand em “Equity
Versus Efficiency: The Elusive Trade-Off” (1990) é, para nós, muito pertinente. De acordo
com este autor, o debate político e, sobretudo o acadêmico, acerca do trade-off entre
eficiência e equidade, cometeria alguns equívocos30. O principal deles é não fazer uma
distinção entre dois tipos diferentes de trade-offs31: um que ocorre no nível dos valores e
outro que ocorre no nível da produção. Quanto a discussão deste trade-off no nível da
Will carry the leaky bucket to pursue equality up to the point where the added benefits of more equality
are just matched by the added costs of lesser effiency”. (Okun: 2015, p. 129-130).
30
Não poderemos discutir todos os pontos do artigo de Le Grand.
31
“[...] there are two different kinds of phenomenon to which the phrase “equity-efficiency trade-off” could
refer. The first concerns values; the second, what might be termed production” (p. 555).
12
produção econômica, nós já pudemos debatê-lo no seção anterior. Agora, vamos prosseguir
buscando articular quais são os valores moralmente estimados quando se trata deste mesmo
trade-off. Wilkinson32 (2000, p. 41) aponta para eficiência enquanto um lugar que precisa ser
ocupado por valores que são socialmente considerados de primeira ordem:
Desse modo, se assumirmos que a eficiência não é um valor substantivo, mas apenas
instrumental, que serve para expressar a situação de maximização de algo, então, precisamos
de uma definição mais precisa do que a “eficiência” é. Vejamos, então, a definição de
“eficiência paretiana”, que é a definição mais importante e comumente usada pela literatura:
“The Pareto principle says that we should prefer those allocations ins
which at least some individuals are better off and no one is worse off”
(Stiglitz: 1999, p. 99)
32
Este livro seria bastante importante para a nossa discussão, mas ele será analisado nos próximos passos
desta pesquisa.
13
A função de eficiência paretiana é uma função de bem-estar que serve para avaliar
resultados distributivos. No entanto, na definição Pareto-Ótima não há nada inerente a ela
mesma que indique alguma definição do “quanto” e “do quê” está sendo distribuído em
estado Tᵢ para estado T₁. Sendo assim, essencial para saber em que medida uma distribuição é
Pareto-Ótima é a baseline distributiva inicial, ou seja, o (Tᵢ), que está sendo considerado. E
este o ponto! Se (i) a eficiência não é um valor substantivo, mas apenas instrumental; e (ii) se
a definição de eficiência a partir da optimilidade de Pareto depende ponto de partida
distributivo que será considerado na comparação entre estados de eficiência, então, a zona de
conflito normativo está justamento em definir qual é este ponto de partida ou baseline
comparativa. Pois, é na baseline comparativa que as disputas sobre o alcance e os limites da
distribuição serão definidas, pelo menos do ponto de vista teórico. Considere, por exemplo,
uma posição teórica na qual a baseline comparativa são as titularidades provenientes de uma
aquisição inicial de propriedades (Nozick: 1974, p. 171), uma distribuição eficiente em termos
da optimilidade de Pareto, neste caso, é aquela na qual a distribuição de titularidades é
eficiente se melhorar a posição de X sem piorar a posição que Y, dado a posição de Y no
estado inicial em termos de titularidades.
Sendo assim, fica mais claro o valor instrumental que a noção de eficiência
desempenha. Como aponta Le Grand (1990):
14
Buchanan e Hayek e os limites à tributação
Escolhemos James Buchanan e Friedrich Hayek, pois, além destes autores debaterem
mais especificamente a questão da tributação, eles são, com a licença para o trocadilho, um
dos mais ”clássicos” representantes contemporâneos de posições normativas libertárias em
justiça distributiva e, também, nas discussões sobre economia política
33
No entanto, recusa expressamente qualquer fundamentação normativa de suas posições teóricas (1974,
p. 153; 2000, p. 2-3). Como discutiremos em detalhes mais adiante, nós discordamos que a postura de
Buchanan seja desprovida de preferências normativas fortes. Podemos até dizer que a recusa expressa por
não desenvolver uma teoria estruturada normativamente é, em si mesma, uma preferência normativa e
não apenas analítica.
34
“My approach is profoundly individualistic, in a ontological-methodological sense [...] The approach
must be democratic, which in this sense is merely a variant of the definitional norm for individualism. [...]”
(Buchanan: 2000, p. 3-4)
35
“Individual freedom becomes the overriding objective for social policy” (Buchanan: 2000, p. 4)
15
limites da ação do poder público coercitivo, i.e. o Estado, estão dados pelas justificavas
ancoradas nos direitos e liberdades individuais, como salienta Buchanan (2000, p. 17):
“[...] what are the limits of law? The necessity for an enforcing agent
arises because of conflicts among individual interests, and the enforcing
role for the state involves the protection of individual rights to do things,
including the making and carrying out of valid contracts.”
Em vista disso, do ponto de vista da teoria buchaniana, qual deve ser o papel e os
limites da ação pública nesta “sociedade de indivíduos”, principalmente, no que diz respeito à
distribuição? Adiante vamos discutir este assunto.
36
Ver: p. 14
37
Com essa afirmação, podemos dizer que Buchanan se afasta de tradições contratualistas modernas, tais
como a rousseaniana e a kantiana, mas também de contratualistas contemporâneos, como Rawls (1971)
ao negar qualquer fundamento substantivo justificação do acordo sob qual se baseia o contrato.
16
4.1.2. Buchanan e os limites “éticos” à tributação:
Dentre os vários trabalhos de Buchanan sobre tributação, resolvemos discutir um
específico no qual o autor procurar discutir os “limites éticos” da tributação, mas
especificamente, debater quais seriam as bases para julgarmos como justas ou razoáveis o
nível absoluto de renda auferido por um sistema tributário (Buchanan, 1984). Sua
argumentação é especialmente relevante para os propósitos desta pesquisa na medida em que
o autor procura defender que uma argumentação contratualista tal como formulada por Rawls
(2008 [1971]) impõe limites ao nível absoluto de tributação de uma sociedade.
Buchanan (1984) afirma que grande parte das teorias normativas de tributação estão
exclusivamente preocupadas com a distribuição dos encargos entre grupos de pessoas. Nesse
aspecto, para Buchanan, o princípio da diferença proposto por Rawls embasaria a defesa,
formulada por muitos autores, de uma sistema tributária altamente progressivo.
O que Buchanan busca ressaltar é que essa discussão não diz nada a respeito do o nível
absoluto de tributação. Por exemplo, o princípio da diferença não conseguiria diferenciar uma
situação na qual 90% da renda fosse tributada de outra onde 10% assim o fosse.
Para avaliarmos essa situação, o autor defende o recurso à prioridade do que Buchanan
chamou de “maximal liberty” em relação ao princípio da diferença, sublinhando que Rawls
teria estabelecido uma prioridade léxica para o primeiro princípio de justiça. É a partir desta
leitura particular e controversa dos princípios de justiça rawlsianos que Buchanan defende que
anteriormente à discussão sobre as proporções de encargos tributários para cada grupo, o que
deve ser priorizado teoricamente é a discussão sobre o nível absoluto de tributação.
A tese de Buchanan (1984) é que o princípio de “máxima liberdade” implica em
restrições ao nível de tributação que pode ser considerado justo. Particularmente, o autor
defende que o direito à liberdade de saída da comunidade política (polity) implica em limites
razoáveis à tributação.
Mesmo raciocinando hipoteticamente em cenários onde o nível de tributação não afeta
os incentivos ao trabalho, o autor procura mostrar que indivíduos mais produtivos podem
razoavelmente rejeitar um arranjo tributário excessivo, que lhes concede uma renda pós-
tributação menor que aquela que seria obtida em um outro cenário.
Dessa forma, buscamos ressaltar aqui duas coisas: (i) Buchanan chama atenção para a
importância de se pensar o nível absoluto da tributação, e não apenas a distribuição das taxas
entre os grupos e (ii) em um ponto que discutiremos no desenvolvimento da pesquisa, é que o
autor pode estar cometendo incoerência interna entre o arranjo contratualista que utiliza e os
resultados que alcança: o argumento que indivíduos mais produtivos poderiam rejeitar
17
arranjos tributários viola o suposto do véu de ignorância espesso que embasa o procedimento
argumentativo de Rawls que Buchanan assume adotar para discutir a questão dos limites
éticos à tributação. A utilização da argumentação contratualista baseada em Rawls, bem como
a interpretação do princípio de diferença que Buchanan mobiliza para argumentar em favor de
suas posições restritivas à função distributiva da tributação é bastante questionável.
Pretendemos analisar com cuidado este ponto no desenvolvimento futuro da pesquisa, e
argumentar que o uso que Buchanan faz da teoria rawlsiana é equivocada. No atual momento,
nosso objetivo seria mais descritivo.
38
“Enquanto [...] tive de defender o conceito de justiça, entendido como fundamento e limitação
indispensável de qualquer lei, quero [...] criticar o abuso desse termo, que ameaça destruir o conceito de
lei como baluarte da liberdade individual”. (Hayek: 2005 [1976], p. 367)
18
essas consequências não podem tornar-se justas ou injustas. (Hayek: 2005
[1975], p. 379-380).39
39
Estou usando uma compilação de escritos de Hayek, do vol. 2 “The Mirage of Justice, retirados de Law,
Legislations and Liberty (1976) e publicados em Salvatore, V.; Malffettone, S. (2005) como capítulo 4, na 4º
parte “A Justiça dos Contemporâneos”. In.: A idéia de Justiça de Platão Rawls. 1. Ed. São Paulo: Martins
Fontes.
40
Neste sentido, Hayek argumenta que a justificativa mobilizada pelos defensores da tributação
progressiva não tem nenhuma básica científica, estatística ou econômica, sendo puramente um postulado
político, isto é, como uma tentativa de impor à sociedade um padrão distributivo determinado pela
maioria em detrimento da minoria. (2013, p. 437).
19
desincentivos à produtividade no trabalho, à formação de poupança; resultando no
esgotamento das oportunidades de investimento globais na economia. Estes elementos estão
correlacionados e, em conjunto e no longo prazo, minam as possibilidades de surgimento de
novos empreendedores, uma vez que os custos para acumulação de capital se elevaram por
conta da progressividade dos tributos. Portanto, no longo prazo, no mercado, devido às
intervenções e as medidas artificialmente criadas pelo Estado, a dinâmica espontânea da
competitividade livre vai sendo paulatinamente assolapada. Tal é o diagnóstico
macroeconômico de Hayek.
Neste sentido, Hayek argumenta que a tributação progressiva teria consequências
paradoxais. Para seus defensores, seu objetivo seria promover a distribuição, mas, para
Hayek, seu resultado seria perpetuar e contribuir para a preservação das desigualdades. Mas
como? Esse diagnóstico do autor depende de premissas normativas sobre o que deve ser
considerada uma desigualdade legítima ou não.
Em uma sociedade fundada na iniciativa livre, o princípio do mercado aberto aos
talentos é o mais importante fator para a reparação das desigualdades. E, segundo Hayek, a
eliminação deste elemento é decorrência do efeito da tributação progressiva e da contínua
interferência artificial na dinâmica espontânea do mercado. Do ponto de vista ético, a
tributação progressiva não oferece nenhum critério do que pode ser considerado um patamar
razoável de tributação, neste sentido, ela não estabelece nenhum limite para sua aplicação.
Daí, Hayek conclui que ela é, fundamentalmente, arbitrária. A definição deste limite será uma
escolha política e, como tal, pode ser arbitrariamente influenciada pelas preferências da
maioria em detrimento da minoria. Nas palavras de Hayek:
20
an infringement of a principle much more fundamental than democracy
itself, a principle on which the justification of democracy rests”. (Hayek:
2013, p. 441).
41
Uma explicação mais detalhada deste princípio pode ser encontrada em Musgrave, 1959, 61-68 e no
cap. 2 de Murphy e Nagel, 2005, p.16-55.
42
Vide nota n. 44.
21
legítimo e nem justo alterar por meio do tributo a distribuição de renda e riqueza que ocorre
no livre mercado (Hayek: 1975; 2013). Neste sentido, não seria justo que as instituições
políticas-econômicas alterassem as distribuições de titularidades legítimas dos indivíduos,
isso corresponderia a uma violação das liberdades individuais que o Estado deveria preservar.
Por isso, para Hayek, um sistema tributário progressivo não é compatível com a existência de
instituições livres.
A grande implicação da discussão que realizamos neste paper e que pode ser
entendida como o próximo esforço para trabalhos futuros nesta alçada temática é, justamente,
discutir e buscar oferecer razões que não priorizam considerações de eficiência em detrimento
43
Este ponto não é nada trivial, embora pareça, pois, uma robusta parte da literatura que se dedica a
discussão deste assunto, por exemplo, aquela associada a abordagem economicista da política, como é o
caso da Public Choice, explicitamente ignora a discussão normativa.
22
da equidade. Sendo assim, será que do ponto de vista moral é justificável recorrer às
fundamentações que se baseiam na eficiência enquanto proxy da expressão da liberdade
individual para justificar o que devemos uns aos outros(as) enquanto cidadãos de uma
sociedade democrática no que se refere a questão tributária?
Desse ponto de vista ao recolocarmos a questão que abriu nosso debate, a saber, “se
consideramos justificável um sistema tributário no qual a maior parte do ônus fiscal recai
sobre as parcelas de renda mais baixas da população”, precisaríamos passar por três
importantes pontos: que a (i) justiça deve ser entendida como uma virtude que cabe às
instituições aplicar; que a (ii) sociedade tem responsabilidade coletiva sobre as
desigualdades e injustiças; e, por fim, que (iii) um princípio de justiça distributivo é razoável
se, e somente se, ele pode ser razoavelmente justificável para aqueles que ocupam as
posições menos favorecidas na sociedade.
Ao lançar estes pontos neste momento do texto, sabemos que estamos adiantando
as implicações, bem como o posicionamento teórico que tomaríamos em discussões futuras
sobre a temática. Este movimento, na verdade, não é trivial. Um ponto salutar que podemos
depreender da discussão neste presente trabalho: é que quando se trata do debate sobre a
relação dilemática entre eficiência e equidade no que tange a tributação, não há uma resposta
peremptória em prol de um destes lados. Uma solução responsável não poderia ser colocada
em termos de “mais equidade” ou “mais eficiência”. O ponto é: nossa sentença não
precisaria ser necessariamente interrogativa (eficiência ou equidade?), mas, poderia ser
aditiva, eficiência e equidade importam – embora não importem da mesma forma.
23
6. Referências bibliográficas:
BLANK, R. (2002). Can equity and Efficiency complement each other?. Ins.: Labour
Economics, n. 9, pp. 451-468.
BUCHANAN, J. (1968). “What kind of redistributioin do we want?”. In: Economica, vol. 35,
PP. 185-190.
_____________. (2000). The limits of liberty : between anarchy and Leviathan. 2.ed.:
Indianapolis: Liberty Fund.
CONGLETON, R., D.; HILMAN, A., L.; e KONRAD. A., K.,(Orgs.). (2008). Forty years of
research on rent seeking: an overview. Heidelberg: Springer.
GAISBAUER et al. (2015). Philosophical Explorations of Justice and Taxation: National and
Global Issues. 1 ed. Springer
___________. (1976). Law, Legislation and Liberty. London and New York: Routledge Press
24
KENWORTHY, K. (1995). Equality and efficiency: the illusory tradeoff. In.: European
journal of Political Research. No. 27, pp. 225-254.
LE GRAND, J. (1990). Equity Versus Efficiency: The Elusive Trade-Off. In.: Ethics. Vol.
100, No. 3. Pp.554-568.
MEADE, J. (2012 [1964]). Effiency, Equality and the Ownership of Property. 2. Ed.
Routledge
MUSGRAVE, R.,A. (1959). The theory of Public Finance. Nova York: McGraw-Hill.
MUSGRAVE, R., A.; MUSGRAVE, P., B. (1996). Public Finance in Theory and Pratice.
Nova York: McGraw-Hill.
MURPHY,L.; NAGEL, T. (2005). O Mito da Propriedade. 1.ed.: São Paulo: Martins Fontes.
NOZICK, R.(1974). Anarchy, State and Utopia. New York: Basic Books.
OKUN, A. (2015). Equality and efficiency: the big tradeoff. Washington: Brookings
Institution Press.
PELTZMAN, S. (1976). “Toward a more general theory of regulation”. In: Journal of Law
and Economics, vol. 19, p. 211-240.
25
RAWLS, J. (2003). Justiça como equidade: uma reformulação. 1.ed.: São Paulo: Martins
Fontes.
_________. (2008). Uma Teoria da Justiça. 1.ed . São Paulo: Martins Fontes. Tradução:
Álvaro de Vita.
STIGLIZ, J. (1999) Economics of the public sector. 3ª edição. Nova York/Londres: W.W.
Norton and Company
TOLEDO JR., R. (1996). “Buchanan e a análise econômica da política”. In: Lua Nova, n. 38,
p. 125-145.
_______________. (2011). “The economic theory of rent seeking”. In: Public Choice, vol.
152, p.73-82.
Ulrich,H. (2011) . Public Finance in Theory and Practice. 2 ed. Routledge Press
VITA, A. (2011). “Liberalismo, justiça social e responsabilidade individual”. Dados vol. 54,
4, p. 569-650.
________. (2007). A Justiça Igualitária e seus críticos. São Paulo: Martins Fontes.
YOUNG, I. M. (1999). Justice and the politics of dierence. New Jersey: Princeton University
Press.
26