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Estratégia Africana de Economia Azul

Technical Report · October 2019


DOI: 10.13140/RG.2.2.33192.39682

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6 authors, including:

Pierre Failler Patrick Karani


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Hachim El Ayoubi Asmerom M. Gilau


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Estratégia Africana de Economia Azul
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Os pedidos para tal permissão devem ser endereçados para o:


Director
Gabinete Interafricano dos Recursos Animais (IBAR) da União Africana (UA)
Kenindia Business Park
Museum Hill, Westlands Road
Caixa Postal 30786-00100,
Nairobi, Quénia
ou por correio electrónico para: ibar.office@au-ibar.org

ISBN: 978-9966-077-36-3

© AU-IBAR 2019
Citação: IBAR-UA, 2019. Estratégia Africana de Economia Azul. Nairobi, Quénia
Prefácio
O continente africano é dotado de enormes recursos
aquáticos e marinhos, incluindo oceanos, mares, rios e lagos
com grande potencial para o crescimento da economia
azul. O continente conta com 38 Estados costeiros e
vários Estados insulares que incluem Cabo Verde, São
Tomé e Príncipe, Maurícias, Seychelles, Madagáscar e
Comores. Entre estes Estados insulares estão os Pequenos
Estados Insulares em Desenvolvimento (PEID), que são
vulneráveis às alterações climáticas e a eventos climáticos
extremos, colectivamente, os Estados costeiros e insulares
africanos abrangem vastos territórios oceânicos com uma
superfície estimada em 13 milhões de km². Estas massas de água e zonas húmidas
são certamente de importância estratégica para o continente e proporcionam
oportunidades para a pesca, aquacultura, transporte marítimo, turismo costeiro,
exploração de petróleo e gás offshore e outras actividades relacionadas com a
economia azul.

A União Africana (UA) reconhece os desafios inerentes enfrentados pelos seus


Estados-Membros na concretização de todos os benefícios dos vários sectores
da economia azul; nomeadamente, a crescente ameaça da pesca ilegal nas Zonas
Económicas Exclusivas (ZEE). Isto, resultou numa perda maciça de capturas
valiosas, estimadas de forma conservadora em 10 mil milhões de USD por ano.
A pirataria marítima e o tráfico ilegal de drogas constituem sérios desafios
enfrentados no sector da economia azul, uma vez que estes incidentes de pirataria
representam uma ameaça real não só para a segurança dos navios e da sua
tripulação, mas também para as economias dos países afectados, particularmente
no Golfo da Guiné e no Sudoeste do Oceano Índico. A poluição através do
despejo de resíduos tóxicos, bem como o descarte indiscriminado de plásticos
de uso único e a aleatoriedade ambiental também prejudicam a realização do
Crescimento da Economia Azul em África. É, hoje, do conhecimento geral que
as alterações climáticas e a variabilidade climática já estão a propalarem-se aos
sistemas aquáticos e à produção alimentar em geral em África. Subjacentes a estes
desafios registam-se os desafios institucionais e de governação significativos que
continuam a restringir a capacidade de os Estados-Membros da UA formular e
implementar eficazmente políticas relacionadas com o crescimento do conceito
sobre o novo da economia azul. Além disso, as leis e as políticas ambientais
de muitos Estados-Membros são da geração mais antiga, quando as questões
da economia azul e das alterações climáticas eram ignoradas na agenda do
desenvolvimento.

Estratégia Africana de Economia Azul iii


A União Africana (UA) reconhece estes desafios e, assim, definiu uma visão clara
continental, tal como consagrado em vários instrumentos e declarações pan-
africanas; nomeadamente o Quadro Político e Estratégia de Reforma das Pescas
e Aquacultura em África (PFRS), a Estratégia Marítima Integrada Africana (AIMS),
2050; a Carta de Lomé, 2016, e, acima de tudo, o projecto e Plano Director de
África para transformar a África numa potência global da futura “Agenda 2063”,
uma visão pan-africana duradoura centrada na realização de uma África integrada,
próspera e pacífica, impulsionada pelos seus próprios cidadãos e representando
uma força dinâmica na arena global.

Sem dúvida, a Conferência de Economia Azul Sustentável realizada em Novembro


de 2018, em Nairobi, Quénia, foi uma revelação dos desafios e das oportunidades
de crescimento da economia azul no mundo, principalmente em África. A
Conferência de Nairobi desvendou e clarificou as complexidades envolvidas na
promoção do desenvolvimento sustentável da economia azul e, portanto, criou
um ímpeto para a proliferação contínua de iniciativas em todo o mundo e dentro
do continente africano. Os líderes africanos comprometeram-se a desenvolver a
Estratégia Africana de Economia Azul, na sequência da realização da Conferência
de Nairobi. Este compromisso baseou-se na lógica de desenvolver um quadro
que fornece orientação ou que constituísse um documento de referência para
os Estados-Membros da UA, Comunidades Económicas Regionais (CER) e outras
instituições regionais no âmbito da formulação coerente de estratégias nacionais
e regionais da economia azul. Como testemunho do empenho da União Africana
em explorar plenamente o potencial dos recursos aquáticos africanos, a Comissão
da União Africana (CUA) alargou a portfólio do Departamento de Economia
Rural e Agricultura (DREA) com as tarefas de coordenar o desenvolvimento da
estratégia de crescimento da economia azul em África e o Gabinete Interafricano
de Recursos Animais (IBAR) da União Africana (UA) foi encarregado das
responsabilidades específicas de coordenar a formulação da Estratégia Africana
de Economia Azul.

Regozijo-me por poder sublinhar que a Estratégia Africana de Economia


Azul desenvolvida é abrangente e incorpora os melhores padrões e práticas
internacionais no desenvolvimento do crescimento azul, bem como adaptada às
necessidades e às aspirações do continente. As estratégias de aproveitamento
das oportunidades nos diversos componentes da economia azul são bem
articuladas e sustentadas. Como claramente enunciado, o objectivo da iniciativa
da UA é dar orientação aos Estados-Membros da UA e às instituições regionais
no quadro de desenvolvimento de uma economia azul inclusiva e sustentável.
Tal economia torna-se um factor contribuinte significativo para a transformação
e o crescimento. Isto, é possível através do avanço dos conhecimentos em
biotecnologia marinha e aquática, da sustentabilidade ambiental, do crescimento

iv Estratégia Africana de Economia Azul


de uma indústria naval africana, do desenvolvimento do transporte marítimo,
fluvial e lacustre, da gestão das actividades pesqueiras nestes espaços aquáticos, e
da exploração e beneficiamento de recursos minerais de profundidade e outros
recursos.

Estou confiante que a presente Estratégia Africana de Economia Azul tem tudo o
que é preciso para avançar significativamente na transformação socioeconómica
inclusiva, integrada e sustentável deste continente. Para tal, é necessário para as
presentes gerações, mas também das gerações vindouras. A Estratégia Africana
de Economia Azul promoverá uma direcção estratégica, um aproveitamento
prudente e eficaz dos recursos aquáticos para o crescimento sustentável da
economia azul. A este respeito, gostaria de exortar os Estados-Membros da UA
e as instituições regionais a aproveitarem as oportunidades proporcionadas pela
presente Estratégia para uma formulação coerente de estratégias nacionais e
regionais, como um passo significativo rumo à consecução das aspirações do
nosso continente expressamente consagradas na Agenda 2063 da União Africana.

Aproveito esta oportunidade para expressar o meu profundo apreço aos seis
(6) consultores e às diversas categorias de especialistas e partes intervenientes
que contribuíram para a realização deste brilhante trabalho. Ademais, gostaria de
expressar a minha gratidão à União Europeia e aos Estados-Membros da União
Africana pelo apoio financeiro prestado na formulação da presente Estratégia.
Finalmente, mas não menos importante, gostaria de agradecer os funcionários
do Departamento de Economia Rural e Agricultura da CUA (em particular do
IBAR-UA) pelo esforço incessante na produção do presente documento dentro
de um calendário muito apertado.

Embaixador Yosefa Sacko


Comissário do Departamento de Economia Rural e Agricultura da União Africana

Estratégia Africana de Economia Azul v


Índice
Prefácio iii

Acrónimos viii

Preâmbulo x

Agradecimentos xii

Sumário Executivo xiii

Contexto, perspectivas, visão e desafios da economia azul em


África 1
Contexto e perspectivas 1
Estratégias e iniciativas africanas actuais 1
África Hoje e nos Horizontes 2030 e 2063 4

Principais factores de mudança 10

Visão 12

Objectivo da Estratégia Africana de Economia Azul 12

Desafios 12

Referências bibliográficas 30

Estratégia Africana de Economia Azul vii


Acrónimos
AZCLCA Acordo sobre a Zona de Comércio Livre Continental
Africana
AIMS Estratégia Marítima Integrada Africana
UA União Africana
AUDA-NEPAD Agência de Desenvolvimento da União Africana/Nova
Parceria para o Desenvolvimento Africano
EA Economia Azul
CBD Convenção sobre Diversidade Biológica
AC Alterações Climáticas
DARBE Departamento de Agricultura, Desenvolvimento Rural,
Economia Azul e Ambiente Sustentável
ZEE Zona Económica Exclusiva
APE Acordo de Parceria Económica
FPV Fotovoltaico Flutuante
PIB Produto Interno Bruto
IGAD Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento
COI Comissão do Oceano Índico
IORA Associação da Orla do Oceano Índico
IUU Pesca Ilegal, Não Reportada e Não Regulamentada
GEM Grande Ecossistema Marinho
MCS Monitorização, Controlo e Vigilância
MSP Planeamento Espacial Marítimo
NAPA Plano de Acção Nacional de Adaptação
NDC Contribuições Determinadas ao Nível Nacional
PFRS Quadro de Política e a Estratégia de Reforma das Pescas e da
Aquacultura em África
PIDA Programa de Desenvolvimento de Infra-estruturas em África
PPP Parcerias Público-Privadas
PD Pesquisa e Desenvolvimento
CER Comunidades Económicas Regionais
REDD+ Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação da
Terra em Países em Desenvolvimento
SADC Comunidade de Desenvolvimento da África Austral
SAPFA Plano de Acção Estratégico para a Pesca e Aquacultura
ODS Objectivos de Desenvolvimento Sustentável
PEID Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento
ASS África Subsaariana
CTI Ciência, Tecnologia e Inovação
TFE Unidade Equivalente a 20 Pés

viii Estratégia Africana de Economia Azul


ONU Organização das Nações Unidas
UNFCCC Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações
Climáticas
USD Dólar Norte Americano
WSA Abordagem da Bacia Hidrográfica

Estratégia Africana de Economia Azul ix


Preâmbulo
Regista-se uma dinâmica crescente para um aproveitamento
e utilização de todas as potencialidades dos recursos dos
oceanos, mares, rios e lagos no quadro da emancipação
socioeconómica do continente africano. O continente
conta com uma localização geográfica privilegiada sendo
adjacente a alguns dos ambientes oceânicos e marítimos
altamente produtivos, tais como o Oceano Atlântico, o
Oceano Índico, o Mar Vermelho e o Mar Mediterrâneo.
Estes ecossistemas aquáticos proporcionam abundantes
oportunidades para os Estados-Membros da União
Africana participarem numa economia oceânica (azul) sustentável, aproveitando
o potencial para melhorar a produtividade do ambiente oceânico, criação de
emprego, reforço da segurança alimentar e nutricional, oportunidades de criação
de riqueza e sustentabilidade ambiental para o desenvolvimento sustentável da
economia azul. A rede altamente produtiva de rios e lagos, muitos dos quais são
transfronteiriços tais como o Lago Vitória, o Lago Tanganica, o Lago Chade, o
Rio Nilo, o Rio Congo etc. também proporcionam vias para o crescimento da
economia azul em África.

Dadas as complexidades associadas com a governação destas massas de água


e zonas húmidas, é necessária uma mudança de paradigma da abordagem
anquilosada (ou formas tradicionais de fazer as coisas) para poder acumular
plenamente os benefícios associados de uma forma sustentável para a
emancipação socioeconómica e industrialização em África. No entanto, apesar
dos potenciais benefícios e oportunidades associados a estes recursos aquáticos,
os recursos dos oceanos e águas interiores estão sob sérias ameaças devido, em
grande parte, a questões de governação e capacidade, bem como a alterações
climáticas e eventos climáticos extremos.

A Estratégia Africana de Economia Azul foi formulada com o intuito de sobreviver


ao desafio do tempo, assim como orientar e apoiar os Estados-Membros da UA
e as instituições regionais com vista a enfrentar eficazmente os desafios críticos
para o crescimento da economia azul. Por conseguinte, a Estratégia define
acções prioritárias para iniciar acções que permitam aproveitar este potencial
e maximizar as oportunidades para uma economia azul mais evoluída e eficaz
em África. Tomando em consideração que a economia azul tem componentes
diversos, a Estratégia centra-se em cinco (5) vectores críticos da economia azul,
considerados como áreas temáticas, a saber:
i. Pesca, aquacultura e conservação dos ecossistemas;

x Estratégia Africana de Economia Azul


ii. Transporte marítimo, transporte e comércio;
iii. Energia sustentável, minerais extractivos, gás, indústrias inovadoras;
iv. Sustentabilidade ambiental, alterações climáticas e infra-estruturas costeiras;
v. Governação, instituições e acções sociais.

A Estratégia Africana de Economia Azul é, portanto, uma versão popular


consolidada a partir dos relatórios detalhados das áreas temáticas que são
apresentados em anexos à Estratégia.

É de salientar que a formulação da presente Estratégia reconheceu e tomou em


consideração outros instrumentos relacionados com a União Africana, incluindo
a Estratégia Marítima Integrada Africana (AIMS2050), a Carta de Lomé, o Quadro
Político e Estratégia da Reforma do Sector das Pescas e Aquacultura em África,
etc. Supõe-se que a implementação de todos estes vários instrumentos da
UA deverá ser coordenada e harmonizada para assegurar um impacto realista
e sustentável sobre a população africana. A Estratégia sublinha ainda que a
governação e a coordenação do desenvolvimento da economia azul é uma área
de intervenção transversal, pelo que se tenta deliberadamente identificar um
nexo que visa estabelecer mecanismos de coordenação das várias componentes
da economia azul.

Assim, tendo em conta a natureza multifacetada do conceito de economia


azul, durante o processo de formulação da Estratégia Africana da Economia
Azul, foi solicitada a colaboração das agências congéneres da UA, incluindo dos
Departamentos de Comércio e Indústria, Energia e Infra-estruturas, da Divisão
do Ambiente da DREA e da Agência de Desenvolvimento da União Africana
(AUDA)-NEPAD, bem como dos parceiros de desenvolvimento, tais como a
Comissão Económica das Nações Unidas para África (UNECA), a Autoridade
Intergovernamental para o Desenvolvimento (IGAD), a Comunidade de
Desenvolvimento da África Austral (SADC). A Estratégia também beneficiou da
contribuição de especialistas substanciais de partes intervenientes em África e
não só, que contribuíram tanto com suas experiências como com perspectivas
internacionais para suportar a qualidade do produto final - A Estratégia Africana
de Economia Azul.

Prof. Ahmed Elsawalhy


Director do IBAR-UA/Chefe da Missão

Estratégia Africana de Economia Azul xi


Agradecimentos
Expresso a minha profunda gratidão a Sua Excelência Senhor Embaixador Yosefa
Sacko pela sua visão ao iniciar o processo de formulação de uma Estratégia
Africana de Economia Azul imediatamente após a Conferência Global de
Economia Azul Sustentável realizada em 2018, em Nairobi, Quénia. Gostaria
também de expressar o meu apreço ao Director do DREA, Dr. Godfrey Bahiigwa,
pelo apoio prestado e facilitação do processo, aos Departamentos de Comércio
e Indústria, Energia e Infra-estruturas da CUA e à AUDA-NEPAD pela sua
colaboração durante a formulação da presente Estratégia Africana de Economia
Azul.

Reconhecemos devidamente a colaboração técnica do Governo das Seychelles


durante a formulação da presente Estratégia da Economia Azul. Ademais, gostaria
de expressar os meus agradecimentos aos consultores que elaboraram a
presente Estratégia, em particular ao consultor chefe Professor Pierre Failler
pela coordenação e consolidação das áreas temáticas; aos consultores das áreas
temáticas, Dr. Patrick Karani, (Sustentabilidade ambiental, alterações climáticas
e infra-estruturas costeiras); ao Sr. Hachim El-Youbi (Governança, instituições e
acções sociais); Dr.Asmerom Gilau (Energia sustentável, minerais extractivos, gás e
indústrias inovadoras); Dr. Hashali Hamukuaya (Pesca, aquacultura e conservação
de ecossistemas) e Sr. Serigne Diop (Transporte marítimo, transporte, comércio
e fiscalização). Gostaria de apresentar os meus sinceros agradecimentos à União
Europeia e aos Estados-Membros da UA pelo apoio financeiro prestado na
formulação da presente Estratégia.

Gostaria também de expressar a minha gratidão aos funcionários do IBAR-UA


pelo apoio prestado, em particular ao Dr. Mohamed Seisay, Oficial Superior das
Pescas e ao Sr. Kennedy Oroko, Planificador, pela supervisão técnica do processo
de formulação da Estratégia. Do igual modo, reconheço e aprecio muito a
inestimável contribuição dos especialistas que participaram na reunião consultiva
das partes intervenientes.

Prof. Ahmed Elsawalhy


Director do IBAR-UA/Chefe da Missão

xii Estratégia Africana de Economia Azul


Sumário Executivo
A Estratégia Africana de Economia Azul foi desenvolvida após a Conferência da
Economia Azul Sustentável de Nairobi realizada em 2018, em Nairobi, Quénia. Os
líderes africanos nessa Conferência exortaram a União Africana (UA) a trabalhar
com as partes intervenientes relevantes para desenvolver a Estratégia Africana
de Economia Azul. Tal estratégia orientaria o desenvolvimento sustentável e a
utilização dos recursos aquáticos em África. A Estratégia Africana de Economia
Azul foi aprovada pela 3.ª sessão da Comissão Técnica Especializada em
Agricultura, Desenvolvimento Rural, Água e Ambiente em Outubro de 2019.

A União Africana identificou o desenvolvimento da economia do oceano azul


como um objectivo prioritário para alcançar a aspiração de “Uma África próspera
baseada no crescimento inclusivo e no desenvolvimento sustentável no contexto
da Agenda 2063 da União Africana”. Consequentemente, o Gabinete Interafricano
dos Recursos Animais (IBAR) da União Africana (UA), um gabinete técnico do
Departamento de Desenvolvimento Rural e Agricultura (DREA) da Comissão da
União Africana (CUA), foi encarregada da responsabilidade específica de apoiar o
desenvolvimento da Estratégia Africana de Economia Azul.

A Estratégia Africana de Economia Azul é consolidada tomando como base cinco


(5) relatórios técnicos temáticos detalhados apresentados em anexos à presente
Estratégia:
1. Pesca, aquacultura, conservação e ecossistemas aquáticos sustentáveis;
2. Transporte marítimo/transporte, comércio, portos, segurança marítima,
segurança e aplicação da lei;
3. Turismo costeiro e marítimo, alterações climáticas, resiliência, ambiente,
infra-estruturas;
4. Energia sustentável e recursos minerais e indústrias inovadoras;
5. Políticas, instituições e governação, emprego, criação de emprego e
erradicação da pobreza, financiamento inovador.

Visão
A visão da Estratégia de Economia Azul é uma economia azul inclusiva e sustentável
que contribui significativamente para a transformação e o crescimento de África.

Objectivo da Estratégia Africana de Economia Azul


O objectivo da Estratégia Africana de Economia Azul é orientar a formulação
de uma economia azul inclusiva e sustentável que se torna um contribuinte
significativo para a transformação e crescimento continental através de promoção
de conhecimento sobre biotecnologia marinha e aquática, sustentabilidade

Estratégia Africana de Economia Azul xiii


ambiental, do crescimento de uma indústria de navegação em toda a África,
do desenvolvimento do transporte marítimo, fluvial e lacustre e pesca; e da
exploração de recursos minerais em águas profundas e outros recursos.

A Estratégia Africana de Economia Azul delineou os principais factores


dinamizadores de mudança que moldam o desenvolvimento da economia azul
em África; desafios estratégicos e técnicos para o desenvolvimento da economia
azul e identificou áreas prioritárias de intervenção para o desenvolvimento
sustentável da economia azul em África.

O processo de formulação da presente Estratégia envolveu a revisão bibliográfica


sobre as áreas temáticas, estudos de campo de consultores para recolher lições
e melhores práticas sobre questões relacionadas com o desenvolvimento da
economia azul a 13 Estados-Membros da UA, nomeadamente Djibuti, Egipto,
Etiópia, Gana, Quénia, Maurícias, Marrocos, Namíbia, Senegal, Seychelles, África do
Sul, Tanzânia (incluindo Zanzibar) e Togo. Os consultores elaboraram projectos
de relatórios das áreas temáticas com base nos resultados da revisão bibliográfica
e das visitas de campo. Para assegurar uma abordagem inclusiva no processo de
formulação, foi organizado um Workshop Consultivo das Partes intervenientes,
que contou com a presença de 125 delegados, nos dias 30 e 31 de Agosto de
2019, no IBAR-UA, em Nairobi, Quénia, com o objectivo rever e melhorar
criticamente as áreas temáticas. As partes intervenientes deram os seus valiosos
contributos para a conclusão destes cinco (5) relatórios temáticos.

A Estratégia visa apoiar e orientar os Estados-Membros da União Africana e as


instituições regionais no quadro de formulação coerente das suas estratégias
nacionais e regionais de economia azul que promovam a transformação e o
crescimento socioeconómico.

xiv Estratégia Africana de Economia Azul


Contexto, perspectivas, visão e
desafios da economia azul em África
Contexto e perspectivas
Estratégias e iniciativas africanas actuais
O conceito de Economia Azul (EA) faz parte de numa nova abordagem a
exploração económica dos recursos dos oceanos, lagos, rios e outras massas de
água e a conservação dos ecossistemas aquáticos. Ademais, representa uma base
para o aproveitamento racional e sustentável e para a conservação dos recursos
naturais (renováveis e não renováveis) e dos seus habitats naturais.

Como tal, a Economia Azul integra uma série de políticas e iniciativas africanas
e globais, incluindo a Agenda 2063 da União Africana; a Estratégia Marítima
Integrada Africana, 2014 (2050 AIMS); o Quadro Político e a Estratégia de
Reforma do Sector das Pescas e da Aquacultura em África (PFRS); a Agenda
2015 da ONU (Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)); e a Carta
Africana sobre Segurança Marítima e Desenvolvimento (Carta de Lomé), 2016.
Estes são abordados de forma mais detalhada abaixo:

Agenda 2063 - O quadro estratégico para a transformação socioeconómica


do continente nos próximos 50 anos refere-se especificamente à Economia
Azul e Oceânica como o Objectivo 6 d crescimento económico acelerado,
especialmente para as áreas prioritárias de Recursos Marinhos e Energia; e
Operações Portuárias e Transporte Marítimo. O Objectivo 7 também aborda
a economia azul, mediante a definição de áreas prioritárias, tais como a gestão
sustentável dos recursos naturais e a conservação da biodiversidade; os padrões
de consumo e produção sustentáveis; a segurança hídrica; a resiliência climática
e a preparação e prevenção de catástrofes naturais; energias renováveis que são
integrais para o desenvolvimento da economia azul em África.

PFRS - O documento fornece orientações para a transição da pesca africana


para a produtividade, sustentabilidade e rentabilidade com opções para uma
melhor gestão regional colaborativa dos recursos compartilhados. O PFRS
permite que os governos africanos desenvolvam mecanismos apropriados de
aproveitamento das pescas e desenvolvimento da aquacultura, dois (2) sectores-
chave da Economia Azul, com reformas fiscais acompanhadas que devem resultar
na geração sustentável de benefícios ao nível comunitário, bem como na criação
de riqueza em toda a cadeia de valor.

Estratégia Africana de Economia Azul 1


AIMS 2050 - A Estratégia foi concebida como uma ferramenta para enfrentar
os desafios marítimos em África para o desenvolvimento sustentável e a
competitividade. O seu objectivo é fomentar a criação de mais riqueza a partir
dos oceanos, mares e águas interiores em África, desenvolvendo uma economia
marítima próspera e realizando todo o potencial das actividades baseadas no
mar de uma forma ambientalmente sustentável. Alguns sectores e componentes
da economia azul (conservação, investigação, educação e governação) estão
delineados na estratégia, mas estão em grande parte limitados às áreas marítimas e
marinhas, enquanto a estratégia de economia azul também lidará adequadamente
com as massas de água interiores. Os minerais extractivos, petróleo e gás,
mecanismos de financiamento inovadores não foram considerados na AIMS
2050, bem como a questão dos serviços ecossistémicos como o carbono azul e
seus usos para mitigação e adaptação às mudanças climáticas, que é actualmente
uma das principais prioridades da UA.

ODS14 - Como parte do Objectivo de Desenvolvimento Sustentável 14


(ODS14) sobre a Vida Debaixo da Água, os Estados costeiros africanos aprovaram
a materialização de uma série de objectivos até 2030, a partir dos quais a maioria
deles se relaciona com uma melhor exploração do mar, a preservação do ambiente
e a prevenção da poluição e de outras alterações prejudiciais resultantes das
actividades humanas. Além disso, todos os Estados africanos estão a trabalhar no
sentido de concretizar o ODS6 dedicado à água potável e ao saneamento em
ligação directa com a dimensão continental da EA.

Carta de Lomé - A Carta refere-se à segurança e protecção da economia azul


e visa prevenir e reprimir a criminalidade nacional e transnacional, especialmente
o terrorismo, a pirataria e os assaltos à mão armada contra navios, bem como
todas as formas de tráfico no mar. Ademais, visa proteger o ambiente em geral
e o ambiente marítimo em particular nos Estados costeiros e insulares, bem
como o reforço da cooperação no terreno. A Carta compromete os signatários
a criar instituições nacionais, regionais e continentais para promover a segurança
e protecção marítima.

As actividades sectoriais da economia azul são também mencionadas em


instrumentos de política continental mais específicos, tais como a Visão Africana
de Minas, 2009, a Carta Africana de Transporte Marítimo Revista, 2010, e o
Acordo sobre a Zona de Comércio Livre Continental Africana (AZCLCA),
2019, para a circulação de bens e serviços entre os Estados-Membros da UA
sem restrições. As componentes naturais da economia azul estão, por seu
lado, incluídas na Convenção Africana sobre a Conservação da Natureza e dos
Recursos Naturais, 1969 (revista em 2017). Estão também integradas em três (3)
convenções marítimas regionais (Abidjan, Nairobi e Jeddah) que proporcionam

2 Estratégia Africana de Economia Azul


um quadro jurídico regional e coordenado que reforça a capacidade do país para
proteger, gerir e desenvolver o seu ambiente costeiro e marinho. Actualmente, a
componente de investigação da economia azul está principalmente representada
na Agência Espacial Africana devido à importância da observação por teledetecção
dos oceanos e das massas de água no contexto das alterações climáticas e no
quadro do desenvolvimento dos Centros de Excelência da Pesca e Aquacultura
em África, iniciado em 2018.

A EA está ainda a receber uma atenção dedicada da Agência de Desenvolvimento da


União Africana/Nova Parceria para o Desenvolvimento Africano (AUDA-NEPAD
) com a actual elaboração do Programa de Economia Azul que visa orientar o
apoio da Agência aos Estados-Membros da União Africana e às Comunidades
Económicas Regionais (CER). Algumas CER, tais como a IGAD e a SADC, estão
actualmente, juntamente com outras organizações designadamente a Comissão
do Oceano Índico (COI) e Associação da Orla do Oceano Índico (IORA), a
desenvolver a sua própria estratégia de economia azul. Os Pequenos Estados
Insulares em Desenvolvimento (PEID) africanos também estão envolvidos, com a
SAMOA Pathway, no processo de desenvolvimento das suas economias baseadas
nos oceanos.

Estratégia Africana de Economia Azul 3


África Hoje e nos Horizontes 2030 e 2063
Os sectores e componentes africanos da economia azul geram, hoje, um valor de
296 mil milhões de USD com 49 milhões de empregos. Prevê-se que, até 2030,
os números sejam respectivamente de 405 mil milhões de USD e 57 milhões de
empregos, enquanto em 2063 as estimativas seriam respectivamente de 576 mil
milhões de USD de valor criado e 78 milhões de empregos1 (ver figura abaixo).
O número de empregos corresponderia a cerca de 5% da população activa em
2063.

Os principais sectores impulsionadores da economia azul são o turismo, tanto


em termos de valor acrescentado como de criação de emprego; o sector de
mineração, e o do Petróleo e Gás que têm uma forte contribuição para o valor
acrescentado, mas uma baixa participação no processo de criação de emprego.
O sector das pescas permanecerá estável, com um elevado número de pessoas
empregadas enquanto a aquacultura continuará a crescer nas próximas décadas.
O porto e o transporte marítimo crescerão a um ritmo constante. O valor do
carbono azul e de outros serviços ecossistémicos gerados pelos ecossistemas
costeiro, marinho e aquático aumentará progressivamente à medida que os
esforços de conservação se expandem. A educação e a investigação seguirão o
mesmo padrão devido a uma procura crescente por conhecimento, especialmente
na área de mineração em alto-mar, exploração offshore e mitigação e adaptação
às mudanças climáticas. Os gráficos abaixo apresentam informações mais
detalhadas sobre cada categoria de economia azul.

Figura 1 : valor criado pelos sectores (valor acrescentado) e componentes (valor dos serviços) da EA

1
Consultar os Relatórios Técnicos (Anexos) para obter mais informações detalhadas.
4 Estratégia Africana de Economia Azul
Figura 2 : emprego gerado pelos sectores e componentes da EA

Porto e transporte marítimo - Embora África ainda tenha um impacto


relativamente pequeno no comércio internacional (3% dos volumes mundiais),
o transporte marítimo africano segue a tendência ascendente no mundo. Como
resultado, o tráfego nos portos de contentores africanos cresceu a uma taxa
média anual de 8% nos últimos 5 anos, em comparação com uma variação global
de 5%. O tráfego nos portos africanos deve exceder 2 mil milhões de toneladas
em 2063 contra 500 milhões em 2018. O aumento do tráfego portuário
será feito graças à modernização dos portos que podem progressivamente
acomodar a última geração de grandes navios (mais de 21 000 TFE). A criação
de companhias de navegação marítima sub-regionais, de empresas de cabotagem
e o desenvolvimento de corredores de transporte com a aplicação de tarifas
de frete permitirá ainda aos carregadores africanos transportar as suas cargas a
custos razoáveis.

Estratégia Africana de Economia Azul 5


Pesca - A produção pesqueira de captura, actualmente de 10 milhões de
toneladas, deverá permanecer bastante constante ao longo de 2063 devido, entre
outros factores, à sobrepesca, à sobrecapacidade e à má governação. O valor
acrescentado bruto total da pesca em África está estimado em 21 mil milhões de
USD ou 1,26% do PIB (1,9 biliões de USD) de todos os países africanos. A pesca
artesanal marítima contribui no máximo com 8,1 mil milhões de USD, seguida
da pesca industrial marítima e da pesca interior com 6,8 mil milhões e 6,3 mil
milhões de USD, respectivamente. Em 2018, o sector das pescas empregou cerca
de 13 milhões de pessoas, das quais 7 milhões eram pescadores e 6 milhões
eram processadores. Mais da metade dos pescadores estão empregados na pesca
interior e a maior parte dos processadores trabalha na pesca artesanal marinha.

Aquacultura - O sector da aquacultura africano registou o crescimento mais


rápido do mundo entre 2006-2018, com uma média de 10% ou mais e espera-se
que colmate parcialmente a crescente lacuna de oferta e procura de peixe até
2063. O valor da aquacultura está estimado em 2,77 mil milhões de USD. Apesar
do enorme potencial, o crescimento está confinado a menos países, com o Egipto
a representar quase 70% (1,37 milhões de toneladas) do total de 1,98 milhões
de toneladas, enquanto a Nigéria ficou em segundo lugar, com 300 mil toneladas.
Em 2018, havia cerca de 1,2 milhões de aquicultores em todo o continente, um
aumento em relação aos 920 mil em 2014.

6 Estratégia Africana de Economia Azul


Energia azul sustentável - A penetração da energia azul já começou
em muitos países africanos, designadamente no Gana (energia das ondas),
Maurícias (FPV) e projectos eólicos Offshore. Considerando como referência a
contribuição de electricidade do Gana para o PIB de cerca de 1,5% e assumindo
que, progressivamente, a quota da economia azul será de 5% da contribuição
total de energia em 2030 e 7% da contribuição total de energia em 2063, a
contribuição da energia azul para o PIB poderá atingir cerca de 1,6 mil milhões e
2,3 mil milhões de USD, respectivamente.

Mineração oceânica - A exploração do fundo do mar e da água do mar


são a nova fronteira com enorme potencial. O valor dos principais minerais
mineiros do fundo do mar, tais como diamantes, ouro, cobalto, zinco e cobre,
em África poderá atingir um valor acrescentado de cerca de 6 mil milhões de
USD. Por outro lado, se os países africanos explorarem cerca de 2% do valor de
mercado da extracção de água do mar de 10% da produção global a partir do
potencial da água do mar, tal representará cerca de 50 mil milhões de USD de
valor acrescentado. Isto dá um valor acrescentado combinado de cerca de 56 mil
milhões de USD. Pode atingir cerca de 76 USD em 2030 e 123 USD em 2063.

Petróleo e Gás - Em 2018, a contribuição total do PIB de petróleo e gás nos


principais países produtores, designadamente Angola, RDC, Costa do Marfim,
Guiné Equatorial, Gana, Moçambique, Nigéria e África do Sul é de cerca de 80
mil milhões de USD. Em 2030 e 2063, o valor acrescentado poderá atingir cerca
de 100 mil milhões e 140 mil milhões de USD, respectivamente.

Estratégia Africana de Economia Azul 7


Turismo costeiro - Em 2018 o sector contribuiu com 80 mil milhões de USD,
cerca de 3,4% do PIB à taxa de crescimento anual de 1,3% durante a última década.
O sector tem potencial de expansão e crescimento, já que a maioria das áreas
ainda não foi explorada. A contribuição para o emprego em 2018 foi estimada em
24 milhões de empregos em África, com uma taxa de crescimento anual de 5,6%
em comparação com a média global de 3,9%. Tal proporciona uma oportunidade
potencial para o desenvolvimento económico. Em 2030, o valor acrescentado
gerado pelo turismo costeiro deverá ultrapassar os 100 mil milhões, com 28
milhões de pessoas empregadas, enquanto em 2063 deverá gerar 138 mil milhões
de valor acrescentado, com um número de postos de trabalho de 35 milhões.
O forte desenvolvimento do turismo continental irá impulsionar a procura de
serviços e infra-estruturas turísticas. O desenvolvimento do ecoturismo irá
contribuir para a conservação dos ecossistemas e reduzir a pegada ecológica.

Carbono Azul e outros serviços ecossistémicos - O Carbono Azul faz


parte de uma Economia Azul com a oportunidade de desenvolver projectos de
zonas húmidas costeiras para mitigar as alterações climáticas. A planificação de
projectos de conservação de carbono azul e a avaliação de como os ecossistemas
podem ser incluídos de forma mais efectiva nos quadros políticos existentes,
mecanismos de financiamento de carbono como a Redução de Emissões por
Desmatamento e Degradação da Terra (REDD+) e outros mecanismos da
UNFCCC são essenciais para restaurar e proteger os ecossistemas marinhos.
Ademais, existe uma grande oportunidade para as Contribuições Determinadas
Nacionalmente (CDN) para a adaptação e mitigação das alterações climáticas
nos quadros existentes para as compensações de carbono referidas como
créditos de carbono. A protecção costeira, a produção de biomassa, a purificação
da água, etc., estão entre os serviços ecossistémicos mais importantes prestados
pelos ecossistemas aquáticos. O seu valor actual é estimado em valor monetário

8 Estratégia Africana de Economia Azul


médio do sequestro de carbono de cerca de 130 000 USD por km2 de mangais,
pântanos salgados e ervas marinhas. À escala de África, o valor é estimado em
40 mil milhões de USD em 2018 anualmente, com um crescimento potencial de
45 mil milhões de USD em 2030 para 70 mil milhões de USD em 2063, com uma
protecção e restauração eficazes dos ecossistemas costeiro, marinho e de água
doce.

Investigação e Educação - Ambos são pilares fundamentais para o


desenvolvimento da EA em África. Actualmente, as principais actividades de
investigação e educação estão ligadas à pesca e à aquacultura com uma enorme
lacuna de especialização em energias renováveis, exploração mineira em águas
profundas, petróleo e gás, uma vez que estes sectores são impulsionados por
empresas internacionais com baixas ligações à educação e instituições de
investigação africanas. A crescente importância dos sectores e componentes
da EA, nomeadamente o Carbono Azul, está actualmente a impulsionar o
desenvolvimento de novos programas educacionais em países piloto, como a
África do Sul, Seychelles, Maurícias e Gana. A tendência actual será mantida até
2063.

Estratégia Africana de Economia Azul 9


Principais factores de mudança
O seguinte conjunto de factores impulsionadores está a moldar o desenvolvimento
da economia azul em África:
Crescimento e procura da população africana - Com uma população
estimada em 1,6 mil milhões em 2030 e quase 3 mil milhões em 2063 contra 1,2
mil milhões em 2018, a necessidade de bens e serviços deverá multiplicar-se por
2,5. As cadeias de abastecimento terão de se adaptar: enquanto a produção e a
prestação de serviços também crescerão, a importação aumentará maciçamente,
levando a um aumento constante do tráfego portuário.

Integração Económica Regional/internacional - a AZCLCA, os APE, os


Pactos Comerciais Chineses e outros acordos comerciais irão contribuir para
facilitar a circulação de bens e serviços dentro do continente africano e entre
África e outros continentes, designadamente na Europa ou China. O fluxo de
mercadorias irá aumentar, induzindo uma expansão do transporte marítimo e
fluvial.

Contribuições determinadas ao Nível Nacional - Desde o Acordo de


Paris em 2015, os CDN são submetidos numa base quinquenal ao secretariado
da UNFCCC. A próxima rodada de CDN será apresentada em 2020 e de cinco
em cinco anos. Neste contexto, as CDN devem ser enquadrados como uma
componente essencial da Economia Azul em medidas de adaptação e mitigação
na captura e armazenamento de carbono. O progresso para economias de
‘baixo carbono’, a resiliência climática e a criação de oportunidades e opções
económicas e de subsistência misturam-se com as CDN que impulsionam
estratégias para cumprir a agenda dos ODS até 2030 e a agenda da UA até 2063.

Ambiente e protecção da biodiversidade - África reconhece uma série de


convenções (CDB, Convenções Marinhas Regionais, etc.) que fazem investimentos
de adaptação com dinâmicas de mitigação significativas. Os investimentos em
conservação serão aumentados no futuro para contribuir para melhorar a
função de sumidouro de carbono das bacias hidrográficas e recursos hídricos,
bem como para melhorar o estado de poluição das costas africanas em relação
aos produtos químicos e plásticos. Ecossistemas azuis saudáveis que estão
ligados à gestão ambiental e à protecção da biodiversidade serão beneficiados
com estas medidas. As capacidades de vários ministérios nacionais e instituições
regionais para implementar projectos em todo o país e região sobre Redução de
Emissões por Desmatamento e Degradação da Terra mais conservação (REDD+)
contribuirão ainda mais para a melhoria dos ecossistemas azuis.

10 Estratégia Africana de Economia Azul


Energia Azul Sustentável para Satisfazer a Procura de Energia
- A procura de energia está a aumentar acentuadamente e um dos factores
impulsionadores mais claros é o crescimento demográfico e os esforços de
electrificação em curso são ultrapassados pelo rápido crescimento demográfico.
Até 2030, a procura total de energia primária na África Subsaariana (ASS) deverá
crescer 30% e espera-se que as tecnologias de energias renováveis possam
fornecer cerca de 22% do consumo final total de energia em África até 2030.
Para satisfazer a crescente procura de energia e alcançar os objectivos da União
Africana 2063, é importante desbloquear o enorme potencial inexplorado e
integrar os recursos energéticos azuis sustentáveis no cabaz energético nacional.

Mineração Oceânica para Satisfazer à Procura Global e ao


Desenvolvimento Económico Nacional - A mineração é a maior actividade
industrial na ASS, contribuindo significativamente para as receitas fiscais e
para o PIB. Além disso, tem o potencial de gerar grandes impactos locais que
podem promover mudanças nas economias locais. Considerando que a procura
de minerais está a registar um aumento globalmente, a mineração em fundos
marinhos e em águas profundas torna-se uma fronteira atraente para atender
à procura, o que poderia contribuir substancialmente para o desenvolvimento
económico nacional.

Indústrias Inovadoras para Acelerar o Desenvolvimento Económico


Benefícios - A aplicação de indústrias inovadoras em todos os sectores da
economia azul em geral e da energia azul sustentável e da mineração oceânica em
particular poderia acelerar substancialmente a criação de uma África próspera
baseada em tecnologias avançadas.

Estratégia Africana de Economia Azul 11


Grandes empresas e países estratégias de transporte - Para fazer face
ao aumento do tráfego acima descrito, os países africanos estão a adoptar as
estratégias, que incluem a modernização dos portos para acomodar navios de
última geração, o desenvolvimento de infra-estruturas de transporte no âmbito
do projecto PIDA e realização de consultas para a criação por operadores
privados de empresas sub-regionais de cabotagem.

v
Visão
A visão da Estratégia de Economia Azul é uma economia azul inclusiva e sustentável
que contribui significativamente para a transformação e o crescimento de África.

Objectivo da Estratégia Africana de


Economia Azul
O objectivo da Estratégia Africana de Economia Azul é orientar a formulação
de uma economia azul inclusiva e sustentável que se torna um contribuinte
significativo para a transformação e crescimento continental através de promoção
de conhecimento sobre biotecnologia marinha e aquática, sustentabilidade
ambiental, do crescimento de uma indústria de navegação em toda a África,
do desenvolvimento do transporte marítimo, fluvial e lacustre e pesca; e da
exploração de recursos minerais em águas profundas e outros recursos.

Desafios
Os desafios decorrentes do estado actual do ambiente, perspectivas futuras e
visão são tanto estratégicos como técnicos.

Os principais desafios estratégicos são:


Governação Azul - Apesar dos progressos realizados até à data em muitas
frentes, subsistem desafios institucionais e de governação significativos, limitando
a capacidade de os Estados-Membros formular e implementar eficazmente
políticas relacionadas com o crescimento do conceito relativamente novo de
economia azul em África, juntamente com políticas a favor da protecção ambiental
e da melhoria da saúde dos ecossistemas. É necessária uma política e um quadro
regulamentar eficazes para assegurar investimentos na exploração marítima, bem
como uma política sólida de inovação, transferência de tecnologia e adaptação
para encorajar os inventores. Tais instrumentos deverão ser implementados

12 Estratégia Africana de Economia Azul


com vista a reforçar as capacidades institucionais das principais agências e
organizações nacionais e regionais para a implementação efectiva das funções
relacionadas à Economia Azul. Implicaria também o reforço da capacidade e o
incentivo das entidades e estruturas que estão relacionadas com os principais
aspectos sectoriais da economia azul, entre outros aspectos.

Desafios económicos e sociais - A maioria das comunidades costeiras e lacustres


em África são pobres, menos instruídas, sem capacidade e empobrecidas, tendo
poucos direitos de posse sobre os recursos da sua subsistência e frequentemente
excluídas do processo de tomada de decisões. Os Estados-Membros devem
envidar os seus esforços de erradicação da pobreza para a integração destas
comunidades no processo de desenvolvimento da economia azul. Isto, capacitará
as comunidades costeiras e aquáticas para um maior acesso às e controlo das
condições básicas que determinam o seu bem-estar.

Desafios nutricionais - As exportações nutricionais de produtos alimentares


não devem ser feitas em detrimento da nutrição para a população local. Dos 55
Estados-Membros da UA, pelo menos 35 Estados estão a operar com um défice
de produção de peixe e altamente dependentes das importações. A procura
global e continental de frutos do mar, impulsionada por factores tais como o
crescimento populacional, a preferência pelos peixes como dieta de escolha por

Estratégia Africana de Economia Azul 13


razões sanitárias, a crescente afluência da classe média e a crescente procura de
produtos da aquacultura continuarão a aumentar. África deve, portanto, produzir
e comercializar peixe suficiente para satisfazer as suas necessidades nutricionais
e alocar apenas o excesso para a exportação.

Desafios ambientais - As alterações climáticas e a variabilidade climática já estão


a exercer impacto nos sistemas aquáticos e na produção alimentar em geral
em África. Os Estados-Membros devem iniciar actividades para a construção
de resiliência e reduzir a vulnerabilidade das comunidades às alterações e
à variabilidade climáticas para garantir a segurança alimentar e dos meios de
subsistência. Por exemplo, os serviços ecossistémicos devem ser integrados
no Plano de Acção Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas (NAPA) e
os Estados-Membros são instados a trabalhar em colaboração com parceiros
regionais e internacionais e instituições especializadas para obter sinergias e
complementaridade. Os ecossistemas saudáveis são criticamente importantes
para que os recursos aquáticos vivos sobrevivam. Nesse sentido, a mineração
no alto-mar, a produção de petróleo e gás e a produção de energia devem ser
desenvolvidas seguindo um rigoroso plano de compensação em vigor (evitar,
reduzir, compensar).Além disso, os países devem aderir aos instrumentos, normas
e práticas nacionais, regionais e internacionais de poluição, especialmente no que
diz respeito a produtos químicos e plásticos.

14 Estratégia Africana de Economia Azul


Os principais desafios técnicos, que são transversais a todos os sectores e
componentes da EA são:
Avaliação do Potencial Azul - Enquanto o sector de petróleo e gás está sujeito
à contínua investigação para a sua exploração, o potencial energético e mineral
azul é avaliado continuamente. Conhecer o potencial da energia azul sustentável
e sua monetização é necessário para impulsionar o investimento de forma
acelerada. Além disso, existem numerosos territórios novos e emergentes onde
demasiadas incógnitas inibiram as iniciativas de desenvolvimento. Por outro lado,
é necessária uma avaliação de base detalhada que forneça o ponto de situação e
o potencial dos recursos minerais.

Contabilidade das actividades e componentes da EA para uma melhor


governação - A contabilidade das actividades e componentes da EA não é
feita de uma forma unificada. Os dados devem ser recolhidos de várias fontes
para fornecer um quadro geral da contribuição da EA para a criação de valor
acrescentado e de emprego. Deve ser criado um sistema de contabilidade
nacional adequado para registar centralmente as mudanças anuais dos sectores e
componentes ecológicos da EA. Com a implementação das CDN, a contabilidade
verde e azul tornar-se-á uma pedra angular para a avaliação das acções das AC.

Ordenamento do espaço marítimo (OEM) e melhor coordenação e sinergia


- Nos últimos anos, dezenas de Estados-Membros iniciaram o processo do OEM
como parte dos seus programas nacionais de desenvolvimento. É essencial
equilibrar os imperativos de aproveitamento sustentável e conservação, mitigar
Estratégia Africana de Economia Azul 15
conflitos e criar sinergias entre os utilizadores, particularmente durante este
período da iniciativa de EA. Por conseguinte, os Estados-Membros são instados a
institucionalizar o OEM para atribuir espaços específicos para as actividades da
EA e para a conservação dos ecossistemas azuis, a fim de garantir investimentos
públicos e privados a longo prazo.

Abordagem integrada e prospectiva dos ecossistemas marinhos - A gestão


integrada dos oceanos reúne todos os organismos governamentais, sectores
e partes intervenientes relevantes para uma gestão mais eficaz, inclusiva e
sustentável. Os Estados-Membros devem considerar a institucionalização do
Grande Ecossistema Marinho (GEM) e da Abordagem das Bacias Hidrográficas
(WSA) para a avaliação da evolução do ponto de situação do ecossistema
utilizando um conjunto de indicadores, nomeadamente, produtividade, peixe
e pescas, poluição e saúde do ecossistema, socioeconómicos e governação. A
abordagem do GEM e da WSA irá ainda melhorar a gestão regional de recursos
e ecossistemas.

Aumentar a segurança e a protecção através de uma vigilância marítima


integrada - A segurança das ZEE dos Estados-Membros é da maior importância
para desenvolver e garantir a sustentabilidade da sua economia azul, que afecta
diferentes sectores marítimos. A pirataria constitui um problema grave, pois
representa uma ameaça real não só para a segurança dos navios e da sua tripulação,
mas também para a economia dos países afectados. Os Estados-Membros
africanos devem colaborar coordenando as suas operações de monitorização,
controlo e vigilância (MCS) e partilhar informações atempadamente para
assegurar a liberdade de navegação no mar, controlar a pesca ilegal não declarada
e não regulamentada (IUU), o tráfico ilegal, a pirataria e a criminalidade marítima.
A abordagem regional através de operações conjuntas através das comissões
CER e GEM poderia ser a forma mais eficaz de superar este desafio.

16 Estratégia Africana de Economia Azul


Valor acrescentado - A maioria dos Estados-Membros continua a exportar
produtos não transformados e matérias-primas (peixe, minerais, petróleo, etc.)
que podem gerar benefícios a partir do seu processamento. É momento para
apoiar os investimentos em produtos de valor acrescentado para permitir um
óptimo lucro/ganho com os produtos aquáticos e minerais e criar o emprego
e obter os ganhos necessários em moeda estrangeira. É necessário transferir
tecnologia adequada para os Estados-Membros com vista a satisfazer os
requisitos de processamento, embalagem e comercialização. É necessário também
desenvolver actividades turísticas com alto nível de valor agregado, introduzindo
pacotes de ecoturismo na oferta actual do turismo costeiro.

Estratégia Africana de Economia Azul 17


Tabela 1: Resumo das áreas de intervenção:
A Economia Azul faz parte do Objectivo 6 da Agenda 2063 e do Objectivo
14 da Agenda 2030 da ONU. As áreas de intervenção inicialmente centradas
nos Recursos Marinhos e Energia, bem como nas Operações Portuárias e no
Transporte Marítimo foram expandidas em duas (2) vertentes: transversal e
sectorial.

A governação azul e as mudanças institucionais é uma área de intervenção


transversal que inclui, dentro dos três (3) objectivos apresentados na tabela
abaixo, a procura de Coerência e Inovação, incluindo o Financiamento Azul; o
desenvolvimento de capacidades; a Coordenação e o Planeamento do Território;
o Género, os jovens e a inclusão das pessoas vulneráveis; a resolução de conflitos;
a Democratização da EA e a Sensibilização e Comunicação; e a Transparência e
Responsabilidade.

Áreas de Intervenção Objectivos Estratégicos


Governação azul e Reforçar as Instituições para o Ambiente e Governação de
mudança institucional Políticas para coordenar a economia azul em África
Dispor de uma EA Africana que acelere a transformação
económica
África que assume a liderança no financiamento do
desenvolvimento da EA

As áreas específicas de intervenção relativas aos transportes, à pesca e à


aquacultura, à energia, aos recursos minerais, ao petróleo e gás, ao turismo
costeiro e aos serviços ecossistémicos. A seguir são apresentados os seus
objectivos estratégicos filiados.

Áreas de Intervenção Objectivos Estratégicos


Transporte Marítimo Transporte de cargas de países africanos a preços razoáveis
Portos Modernização dos portos africanos
Pesca e aquacultura Optimizar a conservação e a utilização sustentável dos recursos
pesqueiros e aquícolas, minimizando simultaneamente os conflitos
com outros subtemas da economia azul.

Alcançar o pleno potencial de geração de riqueza para o sector


das pescas e da aquacultura, a fim de contribuir de forma
optimizada para o crescimento azul

Garantir resultados sociais, económicos, ambientais e equitativos


sustentáveis e direitos humanos, salvaguardando simultaneamente
o capital natural e o investimento azul

18 Estratégia Africana de Economia Azul


Áreas de Intervenção Objectivos Estratégicos
Energia Desbloquear o potencial energético azul sustentável (Aspecto
Técnico)

Criação de um ambiente regulamentar favorável para o


desenvolvimento e aplicação de energia azul sustentável
Recursos minerais, petróleo Atender à crescente procura de recursos minerais, petróleo e gás
e gás para a prosperidade económica
Indústrias inovadoras Aproveitar o potencial das indústrias inovadoras através da ID
Turismo costeiro Desenvolvimento de um Turismo Integrado e Sustentável
Carbono azul e outros Promover a integração do carbono azul e dos serviços
Serviços e Resiliência de ecossistémicos nas políticas de AC e nas políticas costeira e
Ecossistemas aquática

Assegurar economias e comunidades ambientalmente sustentáveis


e resilientes ao clima

No conjunto de tabelas abaixo, cada área de intervenção é especificada com um


conjunto de objectivos estratégicos e metas em anexo.As informações detalhadas
sobre as intervenções, acções ou actividades para cada alvo são apresentadas nos
relatórios detalhados das áreas temáticas (Anexos 1 a 5).

Transporte marítimo e portos - A principal preocupação dos africanos é poder


transportar as suas cargas a custos razoáveis. Para lá chegar, as tarifas de frete
marítimo devem ser estabilizadas e os portos modernizados.

Áreas de Intervenção Objectivos Estratégicos Intervenções


Transporte Transporte de cargas de Controlar as taxas de frete
países africanos a preços marítimo e outros custos de
razoáveis transporte e incentivar a criação
de empresas de navegação sub-
regionais
Portos Modernização dos portos Construção de novos portos e
africanos modernização de portos existentes

Estratégia Africana de Economia Azul 19


Pesca e aquacultura - A conservação dos recursos aquáticos e a valorização
das capturas e da produção aquícola com uma parte equitativa dos benefícios
estão a impulsionar o desenvolvimento destes sectores de produção alimentar.

Áreas de Intervenção Objectivos Estratégicos Intervenções


Pesca e aquacultura Optimizar a conservação Estabelecimento de mecanismos
e a utilização sustentável de coordenação institucional para
dos recursos pesqueiros harmonizar as actividades de pesca
e aquícolas, minimizando e aquacultura com outros temas da
simultaneamente os economia azul
conflitos com outros
subtemas da economia azul. Promover a conservação e a gestão
sustentável dos recursos aquáticos

Estabelecer cooperação regional


e sub-regional nos temas da
Economia Azul
Alcançar o pleno potencial Desenvolver a pesca de pequena
de geração de riqueza escala, minimizando os impactos
para o sector das pescas negativos de outros investimentos
e da aquacultura, a fim da economia azul
de contribuir de forma
optimizada para o Promover uma cadeia de valor
crescimento azul azul inclusiva que incorpore a
aquacultura sustentável das pescas,
a pesca ornamental e o sector do
turismo

Alcançar um comércio e uma


comercialização responsáveis e
equitativos dos produtos da pesca,
incluindo o comércio inter-regional
e transfronteiriço inclusivo de
produtos da pesca

Atrair e promover os investimentos


e o financiamento dos sectores
de parceria-público-privada (PPP)
para as pescas e a aquacultura, a
fim de realizar todo o potencial do
crescimento azul

Acelerar o desenvolvimento das


capacidades de processamento e
armazenamento de pescado e peixe
aquático nas indústrias relacionadas
com a EA

20 Estratégia Africana de Economia Azul


Áreas de Intervenção Objectivos Estratégicos Intervenções
Maximizar os benefícios da pesca
de alto mar
Garantir resultados Desenvolver estratégias de
sociais, económicos, comunicação sobre o crescimento
ambientais e equitativos azul, bem como criar consciência e
sustentáveis e direitos desenvolver a capacidade humana
humanos, salvaguardando
simultaneamente o capital Garantir a segurança dos
natural e o investimento investimentos no sector das pescas
azul e da aquacultura

Criar condições de trabalho


seguras e segurança

Reforçar a resiliência e reduzir


a vulnerabilidade às alterações
climáticas

Capacitar as mulheres e os jovens


no domínio das pescas e da
aquacultura, a fim de tirar pleno
partido do crescimento azul

Reabilitar e ou proteger os zonas


pesqueiras/zonas de pesca, prevenir
a poluição de origem telúrica
e a degradação dos ambientes
aquáticos

Energia, recursos minerais e petróleo e gás, e Indústrias Inovadoras - Para


desbloquear os recursos energéticos azuis sustentáveis inexplorados, fazer o
aproveitamento dos recursos minerais do fundo do mar e da água do mar por
forma a criar um continente próspero e aproveitar o potencial das indústrias
inovadoras são necessários objectivos claros com marcos concretos. Para
objectivos específicos, são também propostas metas e acções específicas.

Áreas de Intervenção Objectivos Estratégicos Intervenções


Energia Desbloquear o potencial Aumentar a penetração da energia
energético azul sustentável azul no cabaz energético
(Aspecto Técnico)
Contribuir para o aumento da energia
fiável, acessível e moderna

Estratégia Africana de Economia Azul 21


Áreas de Intervenção Objectivos Estratégicos Intervenções
Avaliar a disponibilidade de infra-
estruturas suficientes ao nível (a)
nacional (b) regional, (c) e continental

Impulsionar a economia azul


Criação de um ambiente Reforma financeira insustentável
regulamentar favorável estruturar e criar instrumentos
para o desenvolvimento favoráveis para o financiamento do
e aplicação de energia sector de energia
azul sustentável (aspecto
político) Desenvolver um plano director de
energia azul sustentável e derivados
políticos

Desenvolver directrizes de avaliação


de impacto ambiental
Recursos minerais, Atender à crescente procura Aumentar a exploração de fundos
petróleo e gás de recursos minerais, marinhos, a exploração de água
petróleo e gás para a do mar e a produção de petróleo
prosperidade económica e gás para satisfazer a procura e a
prosperidade económica

Criar marcos regulamentares


favoráveis para a exploração de
minerais e petróleo e gás em águas
profundas do mar.

Promover a exploração sustentável


e amigável ao ambiente em águas
profundas

Capacitação e transferência de
tecnologia
Indústrias inovadoras Aproveitar o potencial das Desenvolver um quadro político para
indústrias inovadoras através acelerar a transferência e a aplicação
da ID das tecnologias da economia azul

Reforçar a capacidade institucional, de


infra-estruturas e humana

Promover a aplicação de indústrias


inovadoras

Crie bancos de dados e ferramentas


de apoio inovadores do sector

22 Estratégia Africana de Economia Azul


Turismo costeiro e serviços ecossistémicos - O desenvolvimento do turismo
deve ser feito a partir de uma abordagem integrada e prospectiva que respeite
os Ecossistemas Marinho e de Água Doce. Os serviços dos ecossistemas azuis
devem ser levados em consideração nas políticas nacionais a fim de aumentar as
suas capacidades de resistência e contribuir melhor para a adaptação e mitigação
das alterações climáticas.

Áreas de Intervenção Objectivos Estratégicos Intervenções


Turismo costeiro Desenvolvimento de um Desenvolver estratégias
Turismo Integrado e integradas para um turismo e
Sustentável infra-estruturas sustentáveis

Promover a integração do Incluir o Carbono Azul e outros


carbono azul e dos serviços serviços do Ecossistema nas
ecossistémicos nas políticas CDN
de AC e nas políticas
costeira e aquática Promover uma solução baseada
na natureza para a melhoria da
contribuição dos ecossistemas
costeiro e aquático para a
biodiversidade e as conquistas
das alterações climáticas
Carbono azul e outros Assegurar economias Desenvolver capacidades e
Serviços e Resiliência de e comunidades estratégias integradas para um
Ecossistemas ambientalmente ecossistema equilibrado, uma
sustentáveis e resilientes gestão ambiental sustentável e
ao clima comunidades mais resilientes

Desenvolver a capacidade de
estratégias integradas para
reforçar a cooperação regional,
promover a ID, um planeamento
eficaz e um mecanismo
coordenado

Desenvolver estratégias e
ligações estabelecidas com as
infra-estruturas

Estratégia Africana de Economia Azul 23


Tabela 2: Esboço detalhado de Metas e
Objectivos correspondentes
(As metas e acções detalhadas são apresentadas nos relatórios
detalhados que são anexos a presente Estratégia Africana de Economia
Azul)

Área Temática 1: Pesca, aquacultura, conservação e ecossistemas aquáticos


sustentáveis no contexto de economia azul em África

Metas But 1 But 2 But 3


Optimiser la Réaliser pleinement le Garantir des résultats
conservation et potentiel de création sociaux, économiques,
l’utilisation durable des de richesse du secteur environnementaux et
ressources halieutiques de la pêche et de équitables durables
et aquacoles tout en l’aquaculture pour et les droits humains
minimisant les conflits contribuer de manière tout en préservant le
avec les autres sous- optimale à la croissance capital naturel et les
thèmes de l’économie bleue investissements bleus
bleue
Abordagem Iniciativa dos Estados-Membros Africanos para desbloquear todo o
potencial da pesca e aquacultura no espaço da economia azul através de
intervenções específicas, apoiadas por múltiplos parceiros dentro dos sectores
governamentais, sectores privados, ONG, OSC, académicos e parceiros de
desenvolvimento, e com total apoio da UA durante a implementação.
Objectivos 1.1. Definir mecanismos 2.1. Desenvolver a 3.1. Desenvolver
de coordenação pesca de pequena estratégias de
institucional para escala, minimizando os comunicação sobre o
harmonizar as impactos negativos de crescimento azul, bem
actividades de pesca e outros investimentos da como criar consciência e
aquacultura com outros economia azul desenvolver a capacidade
temas da economia azul humana
1.2. Promover a 2.2. Promover uma 3.2. Garantir a segurança
conservação e a gestão cadeia de valor dos investimentos no
sustentável dos recursos azul inclusiva que sector das pescas e da
aquáticos incorpore a aquacultura aquacultura
sustentável das pescas,
a pesca ornamental e o
sector do turismo
1.3. Estabelecer 2.3. Alcançar um 3.3 Criar condições
cooperação regional e comércio e uma de trabalho seguras e
sub-regional nos temas comercialização segurança
da Economia Azul responsáveis e
equitativos dos produtos
da pesca, incluindo o
comércio inter-regional
e transfronteiriço

24 Estratégia Africana de Economia Azul


Metas But 1 But 2 But 3
Optimiser la Réaliser pleinement le Garantir des résultats
conservation et potentiel de création sociaux, économiques,
l’utilisation durable des de richesse du secteur environnementaux et
ressources halieutiques de la pêche et de équitables durables
et aquacoles tout en l’aquaculture pour et les droits humains
minimisant les conflits contribuer de manière tout en préservant le
avec les autres sous- optimale à la croissance capital naturel et les
thèmes de l’économie bleue investissements bleus
bleue
inclusivo de produtos
da pesca
2.4. Atrair e promover 3.4. Reforçar a
os investimentos e resiliência e reduzir
o financiamento dos a vulnerabilidade às
sectores de parceria- alterações climáticas
público-privada (PPP)
para as pescas e a
aquacultura, a fim de
realizar todo o potencial
do crescimento azul
25. Acelerar o 3.5. Capacitar as
desenvolvimento mulheres e os jovens no
das capacidades de domínio das pescas e
processamento e da aquacultura, a fim de
armazenamento de tirar pleno partido do
pescado e de produtos crescimento azul
da aquacultura nas
indústrias relacionadas
com a economia azul
2.6. Maximizar os 3.6 Reabilitar e ou
benefícios da pesca de proteger os zonas
alto mar pesqueiras/zonas de
pesca, prevenir a poluição
de origem telúrica
e a degradação dos
ambientes aquáticos

Estratégia Africana de Economia Azul 25


Área Temática 2: Transporte marítimo/transporte, comércio, portos, segurança
marítima, segurança e aplicação da lei no contexto da economia azul em África

Metas Meta 1 Meta 2


Transporte de cargas de países africanos Desenvolver o comércio interestatal
para importação e exportação a taxas
razoáveis
Abordagem Integrar uma parceria dinâmica, tanto ao nível regional, em estreita colaboração
com os Estados-Membros da UA, como ao nível internacional, através da
cooperação com várias instituições e parceiros de desenvolvimento para criar
sinergias e desenvolver capacidades.
Objectivos 1.1 Controlar as tarifas de frete marítimo 2.1 Criação e desenvolvimento de
e outros custos de transporte corredores de transporte
1.2 Promover a boa governação do 2.2 Desenvolver o transporte sub-
sector regional de cabotagem
1.3 Promover a formação de actores 2.3 Aplicação de convenções,
acordos e normas sobre livre
circulação de pessoas e bens
1.4 Garantir a segurança e protecção na
zona marítima africana

Área Temática 3: Turismo Costeiro e Marinho, Resiliência Climática, Ambiente


e Infra-estruturas no contexto da Economia Azul em África

Metas Meta 1 Meta 2 Meta 3 Meta 4


Economias Turismo Costeiro e Turismo Infraestrutura
ambientalmente Marinho Integrado Sustentável resiliente,
sustentáveis e e Sustentável Carbono Azul
resilientes ao clima e Outros
e comunidades Serviços
empoderadas Ecossistémicos
Abordagem Abordagem Integrada e Prospectiva aos Ecossistemas Marinhos e de Água Doce:
Uma África próspera, baseada no crescimento inclusivo e no desenvolvimento
sustentável
Objectivos 1.1. Desenvolver 2.1. Desenvolver 3.1. 4.1.
estratégias integradas estratégias Desenvolver Desenvolver
para a gestão integradas de estratégias estratégias
ambiental sustentável cooperação integradas para uma
regional para o turismo infra-estrutura
sustentável resiliente
1.2. Desenvolver 2.2. Desenvolver 3.2. 4.2.
capacidade para a capacidade Desenvolver Estabelecer
economias e de fortalecer estratégias ligações
comunidades as instituições integradas de estratégicas,
resilientes ao clima regionais infra-estrutura incluindo infra-
turística estruturas

26 Estratégia Africana de Economia Azul


Metas Meta 1 Meta 2 Meta 3 Meta 4
Economias Turismo Costeiro e Turismo Infraestrutura
ambientalmente Marinho Integrado Sustentável resiliente,
sustentáveis e e Sustentável Carbono Azul
resilientes ao clima e Outros
e comunidades Serviços
empoderadas Ecossistémicos
1.3 Garantir o 2.3. Harmonizar
equilíbrio dos a colaboração
ecossistemas em questões
marinhos transfronteiriças
1.4. Melhorar o 2.4. Reforçar a
modo de vida das parceria entre os
comunidades locais sectores público e
privado
1.5. Desenvolver uma 2.5. Promover a ID
estrutura de gestão e a transferência de
de risco tecnologia
1.6. Desenvolver uma 2.6. Apoiar o
estrutura de gestão mecanismo de
de risco planejamento
integrado
1.7. Desenvolver 2.7. Melhorar o
uma base de dados mecanismo de
de informação e coordenação inter
um mecanismo de e intra
divulgação

Estratégia Africana de Economia Azul 27


Área Temática 4: Energia Sustentável, Recursos Minerais e Indústrias
Inovadoras no contexto da Economia Azul em África

Metas Meta 1 Meta 2 Meta 3 Meta 4


Desbloquear Criar um ambiente Atender à Aproveitar
o potencial regulamentar crescente procura o potencial
energético azul favorável para o de recursos das indústrias
sustentável desenvolvimento minerais para inovadoras
e aplicação de a prosperidade através da ID
energia azul económica
sustentável
Abordagem Para desbloquear os recursos energéticos azuis sustentáveis inexplorados, fazer
o aproveitamento dos recursos minerais do fundo do mar e da água do mar por
forma a criar um continente próspero e aproveitar o potencial das indústrias
inovadoras são necessários objectivos claros com marcos concretos.
Objectivos 1.1. Aumentar a 2.1. Energia 3.1. Aumentar 4.1 Desenvolver
penetração da Sustentável, a produção de um quadro
energia azul no Recursos Minerais minério de fundo político para
cabaz energético e Indústrias do mar e de água acelerar a
Inovadoras no do mar para transferência e
contexto da atender à procura a aplicação das
Economia Azul em e à prosperidade tecnologias da
África económica economia azul
1.2. Contribuir 2.2. Desenvolver 3.2. Criar quadros 4.2. Reforçar
para o aumento um plano director regulamentares a capacidade
da energia fiável, de energia azul favoráveis para institucional, de
acessível e sustentável e a exploração de infra-estruturas
moderna derivados políticos águas marinhas e humana
profundas
1.3. Avaliar a 2.3. Desenvolver 3.3. Promover 4.3. Promover
disponibilidade directrizes de a exploração a aplicação
de infra- avaliação de sustentável e de indústrias
estruturas impacto ambiental amigável ao inovadoras
suficientes ao ambiente em águas
nível (a) nacional profundas
(b) regional, (c) e
continental
1.4. Impulsionar 3.4 Capacitação e 4.4. Crie bancos
a economia azul transferência de de dados e
tecnologia ferramentas
de apoio
inovadores do
sector

28 Estratégia Africana de Economia Azul


Área Temática 5: Políticas, instituições e governação, emprego, criação de
emprego e erradicação da pobreza, financiamento inovador no contexto da
economia azul em África
Metas Meta 1: Meta 2: Meta 3:
Reforçar as Instituições Dispor de uma EA África que assume
para o Ambiente e Africana que acelere a liderança no
Governação de Políticas a transformação financiamento do
para coordenar a económica desenvolvimento da EA
economia azul em África
Abordagem Approche intégrée et prospective des économies transformées et résilientes
: une Afrique prospère, fondée sur la croissance inclusive, le développement
durable, l’innovation et les capacités locales
Objectivos 1.1. Promover 2.1. Ajudar os Estados- 3.1. Desenvolver
a coerência na Membros e as CER ferramentas de
prática política e a a integrar estratégias financiamento inovadoras
harmonização dos integradas para e factores dinamizadores
quadros regulamentares uma economia azul para implementar
dentro e entre sectores sustentável e inclusiva estratégias de EA ao
e níveis com foco na melhoria da nível nacional, regional e
cadeia de valor continental
1.2. Instituições 2.2 Principais 3.2. Iniciar a reforma
capazes de promover mecanismos e estruturas fiscal e outros incentivos
a colaboração relevantes para a para melhorar o sistema
intersectorial, operacionalização financeiro e melhorar as
implementação e da AZCLCA e dos PPP e o financiamento
responsabilização na Quadros Continentais (estatais e não-estatais).
concretização dos
objectivos da economia
azul em África
1.3. Melhorar o sistema 2.3. Reforçar as de EA e 3.3. Promover a
de apoio analítico e de acelerar a CTI criação de uma aliança
informação a todos os empresarial azul
níveis para a tomada de africana para a saúde e
decisão infundada e a o uso sustentável dos
elaboração de relatórios Ecossistemas Aquáticos
Africanos

Estratégia Africana de Economia Azul 29


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Estratégia Africana de Economia Azul 33


Bureau Interafricano de Recursos de Animais da União Africana
(IBAR-UA)
Kenindia Business Park
Museum Hill, Westlands Road
P.O. Box 30786
00100, Nairobi
KENYA
Telephone : +254 (20) 3674 000
Fax : +254 (20) 3674 341 / 3674 342
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Site internet : www.au-ibar.org
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