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RESUMO DE DIREITO TRIBUTÁRIO I:

I. AULA 11 - LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR E


PRINCÍPIOS JURÍDICOS TRIBUTÁRIOS:

No contexto do Direito Tributário, as limitações constitucionais ao poder de tributar e


os princípios jurídicos tributários desempenham papéis fundamentais na definição da estrutura
tributária de um país, bem como na regulação das relações entre o Estado e os contribuintes.
As limitações constitucionais ao poder de tributar são elementos fundamentais inseridos no
ordenamento jurídico com o propósito de restringir a atuação do Estado no campo tributário.
Elas asseguram a proteção de direitos individuais e coletivos dos contribuintes, estabelecendo
limites ao exercício da competência tributária do Estado, seja em aspectos materiais ou
formais. Essas limitações podem ser encontradas no texto constitucional ou decorrer de
princípios implícitos em seu contexto.

Por sua vez, os princípios jurídicos tributários representam diretrizes fundamentais que
orientam a interpretação e aplicação das normas tributárias. Esses princípios refletem valores
constitucionais e buscam assegurar a justiça fiscal, a equidade na tributação, a segurança
jurídica e a observância dos direitos fundamentais dos contribuintes. A noção de princípios
jurídicos possui uma evolução histórica que reflete não apenas a mutabilidade das relações
sociais, mas também a complexidade e a dinâmica dos sistemas jurídicos. No âmbito
tributário, esses princípios evoluíram em resposta às demandas sociais, econômicas e
políticas, buscando assegurar a eficiência do sistema tributário em conformidade com os
valores constitucionais vigentes.

a. Pacto Federativo: Este princípio delineia a repartição de competências tributárias


entre os entes federativos. Ele influencia diretamente a autonomia financeira de
estados, municípios e União, estabelecendo os limites e a distribuição de poderes na
instituição de tributos;

b. Separação dos Poderes: Garante a independência e a harmonia entre os poderes


Executivo, Legislativo e Judiciário. No contexto tributário, este princípio impede
interferências indevidas de um poder sobre o outro na criação ou aplicação das normas
tributárias;
c. Estado de Direito e Estado Democrático de Direito: Ambos os princípios reforçam
a ideia de que a tributação deve ser realizada conforme a lei, respeitando os direitos
individuais e coletivos dos cidadãos. Eles enfatizam a legalidade, a previsibilidade e a
igualdade perante a lei no contexto tributário;

d. Fiscalidade e Extrafiscalidade: Atribuem à tributação não apenas a função


arrecadatória, mas também a função regulatória de comportamentos e políticas
públicas. Esses princípios refletem a aplicação dos tributos não somente para
arrecadação, mas também como instrumento de incentivo ou desestímulo a
determinadas condutas;

e. Segurança Jurídica: Essencial para a certeza e previsibilidade nas relações entre o


Fisco e os contribuintes. O princípio da segurança jurídica visa assegurar que as
normas tributárias sejam estáveis, claras e aplicadas de forma estável ao longo do
tempo.

As limitações constitucionais ao poder de tributar e os princípios jurídicos tributários


são pilares fundamentais do Direito Tributário, estabelecendo as bases para um sistema
tributário equitativo, justo e em conformidade com os princípios constitucionais. Sua
compreensão e aplicação correta são cruciais não apenas para garantir a observância dos
direitos dos contribuintes, mas também para promover a estabilidade, segurança e efetividade
das relações tributárias, cumprindo assim o papel fundamental do Direito no contexto da
sociedade.

II. Legalidade Tributária (art. 150, I da Constituição Federal):

A legalidade tributária é um dos pilares fundamentais do Direito Tributário,


estabelecendo que a instituição ou majoração de tributos somente pode ocorrer por meio de
lei, conforme disposto no artigo 150, I da Constituição Federal. Esse princípio impõe ao
Estado o dever de previsibilidade e segurança jurídica, garantindo que a criação ou aumento
de tributos seja realizado somente por meio de lei específica, emanada do Poder Legislativo.

A legalidade tributária possui um significado político essencial na medida em que


assegura a preservação da esfera legislativa como responsável pela definição das obrigações
tributárias. Ao reservar ao Congresso Nacional a competência exclusiva para criar ou
aumentar tributos, a norma consagra a participação democrática na instituição de obrigações
fiscais, impedindo que o Poder Executivo atue unilateralmente nessa matéria.

Apesar da regra da legalidade tributária, a Constituição Federal prevê exceções para


certos impostos considerados extrafiscais. O artigo 153, § 1º, da CF estabelece que impostos
com finalidade extrafiscal, como o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), podem ser
alterados por ato do Poder Executivo, desde que sejam respeitados os limites fixados em lei.
A Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico incidente sobre combustíveis (CIDE-
Combustíveis) possui uma exceção específica à regra da legalidade. O artigo 177, § 4º, I, “b”
da Constituição Federal determina que a alíquota dessa contribuição pode ser alterada por ato
do Poder Executivo, mediante decreto, quando for necessária a manutenção do equilíbrio
econômico-financeiro da Petrobras, desde que a alíquota não ultrapasse os percentuais
estabelecidos em lei.

A Constituição Federal, no artigo 62, § 2º, estabelece que a instituição ou majoração


de impostos só pode ser feita por medida provisória em casos específicos de guerra ou
calamidade pública, desde que cumpridos requisitos como urgência e relevância. Nesse
contexto, a Medida Provisória pode ser utilizada como instrumento excepcional para criação
ou aumento de tributos, mas sujeita a condições rigorosas estabelecidas pela própria
Constituição. A legalidade tributária representa um dos princípios basilares do Direito
Tributário, assegurando a segurança jurídica e a participação do Poder Legislativo na criação
e majoração de tributos. Contudo, algumas exceções foram estabelecidas pela própria
Constituição, permitindo que determinados impostos extrafiscais sejam alterados por atos do
Poder Executivo ou por medidas provisórias, sob condições e limitações específicas. Essas
exceções, embora restritas, refletem a complexidade e as nuances do sistema tributário,
garantindo a flexibilidade necessária para questões de urgência e relevância econômica.

III. Isonomia Tributária (Art. 150, II) e Capacidade Contributiva (Art. 145, § 1º):

O princípio da igualdade ou isonomia tributária, previsto no artigo 150, II da


Constituição Federal, determina que a tributação deve ser igual para todos, garantindo
tratamento equânime aos contribuintes diante das normas fiscais. No entanto, esse princípio
pode ser compreendido sob duas perspectivas distintas: Refere-se à igualdade perante a lei
tributária, onde indivíduos que se encontram na mesma situação jurídica são tratados de forma
idêntica pela norma tributária. Este princípio impede discriminações arbitrárias ou tratamentos
diferenciados por parte do legislador, garantindo a aplicação igualitária das regras tributárias a
todos os contribuintes em situações idênticas.

Enquanto a isonomia formal se preocupa com a igualdade perante a norma, a isonomia


material busca equilibrar as diferenças socioeconômicas entre os contribuintes. Ela reconhece
que pessoas em situações econômicas desiguais devem ser tratadas de maneira desigual, de
forma a garantir maior justiça social. Assim, a tributação pode considerar a capacidade
contributiva de cada contribuinte, ajustando-se às suas condições financeiras, sem
desconsiderar a igualdade perante a lei. O princípio da capacidade contributiva, previsto no
artigo 145, § 1º da Constituição Federal, estabelece que os tributos devem ser graduados
conforme a capacidade econômica do contribuinte. Ele reconhece que pessoas com maior
capacidade financeira podem suportar uma carga tributária mais elevada em comparação
àquelas com menor capacidade econômica. Este princípio busca garantir maior justiça social
na tributação, considerando a capacidade de pagamento de cada contribuinte.

Os princípios da igualdade ou isonomia tributária, tanto em sua forma formal quanto


material, juntamente com a capacidade contributiva, representam pilares fundamentais no
sistema tributário. Enquanto a isonomia formal preconiza a igualdade perante a norma, a
isonomia material busca equilibrar as desigualdades sociais na tributação, e a capacidade
contributiva visa assegurar uma tributação justa, proporcional e adequada às condições
econômicas de cada contribuinte. Esses princípios são essenciais para garantir a justiça fiscal
e a equidade no sistema tributário, evitando excessos ou abusos por parte do Estado na
imposição de tributos.

IV. Irretroatividade no Contexto Constitucional e no Código Tributário Nacional


(CTN):

O princípio da irretroatividade está consagrado no artigo 150, III, “a” da Constituição


Federal, que proíbe a cobrança de tributos com efeito retroativo, ou seja, tributar fatos
geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os instituiu ou aumentou. Este
dispositivo constitucional visa garantir a segurança jurídica aos contribuintes, impedindo a
aplicação retroativa de normas tributárias que possam surpreender ou prejudicar os
contribuintes em relação a fatos passados. O Código Tributário Nacional, em seu artigo 106,
estabelece diretrizes semelhantes às presentes na Constituição Federal, reforçando a vedação à
retroatividade das normas tributárias. Ele estipula que a lei tributária não pode alterar o
regime de responsabilidade tributária vigente no momento do fato gerador, salvo se for para
favorecer o contribuinte, respeitando, assim, o princípio da irretroatividade.

A Lei Complementar 118/2005 é um exemplo significativo sobre a aplicação do


princípio da irretroatividade. Essa lei trouxe alterações quanto ao prazo prescricional para o
direito de repetir ou compensar indébitos tributários, estabelecendo a contagem a partir do
pagamento indevido. Antes dessa alteração, o prazo era contado a partir do lançamento do
tributo. A LC 118/2005 gerou debate quanto à sua aplicabilidade, uma vez que foi publicada
para disciplinar uma questão processual (prazo prescricional) e não o próprio fato gerador do
tributo. Houve questionamentos sobre a possibilidade de aplicar essa lei a casos ocorridos
antes da sua vigência, o que confrontaria o princípio da irretroatividade. O Supremo Tribunal
Federal (STF) se pronunciou e definiu que a LC 118/2005 não teria efeito retroativo,
aplicando-se apenas aos casos posteriores à sua entrada em vigor.

A irretroatividade, presente tanto na Constituição Federal quanto no Código Tributário


Nacional, assegura que as normas tributárias não sejam aplicadas retroativamente, respeitando
a segurança jurídica dos contribuintes. A LC 118/2005 exemplifica a relevância desse
princípio, demonstrando a necessidade de respeitar o direito adquirido e a segurança jurídica,
mesmo diante de alterações legislativas posteriores.

V. Anterioridade Tributária na Constituição Federal:

O princípio da anterioridade, estabelecido no artigo 150, III, “b” e “c” da Constituição


Federal, determina que nenhum tributo poderá ser cobrado no mesmo exercício financeiro em
que haja sido instituído ou aumentado, ressalvando-se as exceções.

a. Anterioridade Comum: Refere-se à regra que estipula que um tributo só pode ser
cobrado no exercício financeiro seguinte àquele em que foi publicada a lei que o
instituiu ou aumentou. Isso garante um intervalo de tempo entre a criação ou aumento
do tributo e sua efetiva cobrança, proporcionando previsibilidade aos contribuintes;

b. Anterioridade Nonagesimal: Estabelece que, além de respeitar o exercício financeiro


seguinte à publicação da lei, deve-se aguardar um período de noventa dias após a sua
vigência para a cobrança do tributo. Essa regra visa dar tempo suficiente para que os
contribuintes se ajustem às novas obrigações tributárias;
c. Anterioridade para as Contribuições à Seguridade Social: O artigo 195, § 6º da
Constituição Federal estabelece a anterioridade nonagesimal para as contribuições
sociais, garantindo que tais tributos só sejam exigíveis após noventa dias da
publicação da lei que os instituiu ou aumentou.

 Exceções à Anterioridade:

a. Empréstimos Compulsórios, Impostos Extrafiscais e Extraordinários: O § 1º do


artigo 150 da CF, em sua primeira parte, prevê exceções à regra da anterioridade,
permitindo a cobrança imediata de empréstimos compulsórios, impostos extrafiscais e
extraordinários em caso de guerra ou sua iminência;

b. Não Aplicação da Anterioridade Nonagesimal: A segunda parte do § 1º do artigo


150 da CF também estabelece exceção à anterioridade nonagesimal, possibilitando a
cobrança imediata de tributos quando a lei que os instituiu ou aumentou tenha sido
publicada após o dia 1º de julho;

c. Regra Específica para Fixação da Base de Cálculo do IPVA e do IPTU: A parte


final do § 1º do artigo 150 da CF determina que a lei que instituir ou aumentar a base
de cálculo do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e do
Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) deverá respeitar o
princípio da anterioridade;

d. ICMS Incidente sobre Combustíveis e Lubrificantes e CIDE-Combustíveis: O


artigo 155, § 4º, IV, “c” e o artigo 177, § 4º, I “b” da CF estabelecem regras
específicas para o ICMS incidente sobre combustíveis e lubrificantes, bem como para
a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico incidente sobre combustíveis,
respectivamente, desconsiderando a anterioridade nonagesimal.

 Caso IPI - ADI 4661 MC: A ADI 4661 MC refere-se a uma Ação Direta de
Inconstitucionalidade que discute a aplicação do princípio da anterioridade no caso do
Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre bebidas frias. Essa ação questiona se a
majoração do IPI sobre tais produtos deveria respeitar a anterioridade nonagesimal.
O princípio da anterioridade tributária visa garantir segurança jurídica aos
contribuintes, estabelecendo prazos para a cobrança de novos tributos ou aumento de
alíquotas. Suas regras são fundamentais para a previsibilidade e planejamento dos
contribuintes, salvo nas exceções previstas na própria Constituição, as quais permitem a
cobrança imediata em determinadas situações específicas. O caso da ADI 4661 MC ilustra a
complexidade e os debates que envolvem a aplicação desse princípio em casos específicos.

VI. Vedação ao Confisco (CF, art. 150, IV):

O artigo 150, IV da Constituição Federal estabelece a vedação ao confisco como


princípio fundamental do sistema tributário brasileiro. Esse dispositivo proíbe que os tributos
tenham natureza confiscatória, garantindo que não sejam instituídos impostos com a
finalidade de expropriar totalmente os bens do contribuinte, impedindo que a carga tributária
seja excessiva, desproporcional ou configurada como confisco.

Essa proibição busca proteger os contribuintes de uma tributação que possa


comprometer sua capacidade econômica ou representar uma injustiça fiscal. A ideia é
assegurar que os tributos sejam proporcionais à capacidade contributiva do sujeito passivo,
não inviabilizando sua subsistência ou atividades econômicas.

VII. Limitação ao Tráfego e Pedágio (CF, art. 150, V):

O artigo 150, V da Constituição Federal estabelece a limitação ao poder de tributar em


relação ao tráfego de pessoas ou bens. Ele impede que os Estados, o Distrito Federal ou os
Municípios instituam impostos sobre tráfego, circulação de bens ou serviços ou pedágios,
exceto se houver autorização específica prevista na Constituição. Essa proibição visa garantir
a livre circulação de pessoas e mercadorias no território nacional, sem a criação de
empecilhos tributários que possam prejudicar a mobilidade ou onerar excessivamente o
deslocamento de bens ou indivíduos.

A vedação ao confisco e a limitação ao tráfego e pedágio, estabelecidas nos artigos


150, IV e V da Constituição Federal, respectivamente, representam importantes limites ao
poder de tributar. A proibição do confisco visa impedir uma tributação excessiva e
desproporcional que possa comprometer a subsistência dos contribuintes, enquanto a
limitação ao tráfego busca garantir a livre circulação de pessoas e bens, sem a criação de
empecilhos tributários que dificultem ou onerem excessivamente o deslocamento. Esses
dispositivos são essenciais para assegurar um sistema tributário justo, equitativo e compatível
com os princípios fundamentais estabelecidos na Constituição Federal.

VIII. Distinção entre Imunidade, Isenção e Não Incidência:

a. Imunidade: É uma limitação constitucional ao poder de tributar, prevista na


Constituição Federal, que impede a instituição de tributos sobre determinados fatos,
bens ou pessoas. As imunidades são estabelecidas pela própria Constituição e não
dependem de lei ordinária para sua aplicação.

b. Isenção: Trata-se de uma dispensa legal do pagamento de um tributo que, diferente da


imunidade, depende da edição de uma norma específica para sua concessão. As
isenções são estabelecidas por meio de lei e podem ser ampliadas, revogadas ou
modificadas pelo legislador.

 Não Incidência: Refere-se à situação em que a lei tributária não prevê a ocorrência do
fato gerador, ou seja, não há previsão legal para a tributação em determinada situação.
Diferencia-se da isenção, pois enquanto esta é uma dispensa legal de pagamento do
tributo, na não incidência não há previsão legal do fato gerador que desencadearia a
obrigação tributária.

 Imunidades na Constituição Federal:

a. Imunidade Recíproca (CF, art. 150, VI, “a”): O artigo 150, VI, “a” da Constituição
Federal estabelece a imunidade recíproca, proibindo a União, Estados, Distrito Federal
e Municípios de instituírem impostos sobre patrimônio, renda ou serviços uns dos
outros. Isso significa que nenhum ente federativo pode ser tributado por outro,
assegurando a autonomia tributária de cada um;

b. Imunidade das Autarquias, Fundações Mantidas pelo Poder Público e das


Estatais (CF, art. 150, § 2º e 3º): O parágrafo 2º e 3º do artigo 150 da CF estendem a
imunidade às autarquias e fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, desde
que seus rendimentos sejam destinados ao cumprimento de suas finalidades essenciais.
Há ainda a previsão de imunidade para as empresas públicas e sociedades de economia
mista, como os Correios, desde que a receita decorra de suas atividades próprias;

c. Imunidade dos Templos (CF, art. 150, VI, “b” c/c § 4º): O artigo 150, VI, “b” da
Constituição Federal concede imunidade aos templos de qualquer culto, garantindo
que estes não sejam tributados sobre patrimônio, renda ou serviços relacionados com
suas finalidades essenciais. O parágrafo 4º do mesmo artigo estende essa imunidade a
edifícios ou parte deles destinados exclusivamente à realização dos cultos religiosos e
à sua administração.

As imunidades tributárias representam exceções ao poder de tributar, estabelecidas na


Constituição Federal, visando proteger determinados entes, atividades ou bens de serem
tributados. Elas garantem a preservação de áreas consideradas relevantes para o interesse
público, como instituições religiosas, entidades mantidas pelo Estado e as próprias entidades
federativas. Esses dispositivos são importantes para garantir a proteção de determinados
setores e atividades consideradas fundamentais para a sociedade.

IX. Súmulas do STF:

As súmulas do Supremo Tribunal Federal (STF) e as súmulas vinculantes representam


a síntese das interpretações consagradas em decisões reiteradas do tribunal. Têm como
objetivo a consolidação da jurisprudência e a uniformização das decisões judiciais. A Súmula
STF 724, por exemplo, estabelece que mesmo quando um imóvel é alugado a terceiros,
continua imune ao Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) se pertencer a uma das
entidades descritas no artigo 150, VI, "c" da Constituição Federal. Essa imunidade é válida
desde que os valores provenientes dos aluguéis sejam destinados às atividades essenciais
dessas entidades, de acordo com o mencionado dispositivo constitucional.

No âmbito constitucional, diversas imunidades tributárias são previstas para garantir a


preservação de determinados setores ou atividades, tais como:

a. Isenção fiscal para partidos políticos, fundações dos partidos, sindicatos de


trabalhadores e instituições de educação e assistência social sem fins lucrativos (CF,
art. 150, VI, “c” – c/c § 4º);
b. Imunidade de impostos sobre livros, jornais, periódicos e papel destinado à sua
impressão (CF, art. 150, VI, “d”);

c. Isenção de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para produtos exportados


(CF, art. 153, § 3º, III);

d. Imunidade de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para


produtos e serviços destinados ao exterior, petróleo, lubrificantes, combustíveis e
energia elétrica a outros estados da federação (CF, art. 155, § 2º, X, “a” e “b”);

e. Isenção de Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) em casos de


incorporação ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital, e outras
situações específicas (CF, Art. 156, § 2º, I);

f. Imunidade de Imposto sobre Serviços (ISS) para a exportação de serviços (CF, art.
156, § 3º, III);

g. Isenção de contribuições sociais para entidades beneficentes de assistência social (CF,


art. 195, § 7º);

h. Isenção de taxas judiciárias (custas judiciais) para ações específicas, como ação
popular, habeas corpus e habeas data (CF, art. 5º, LXXIII, LXXVII).

Tais dispositivos visam garantir a preservação de áreas fundamentais para o interesse


público, como educação, liberdade de expressão, fomento às exportações, assistência social,
entre outros. Essas imunidades, inseridas na Constituição Federal, reforçam políticas públicas
específicas e garantem a efetivação de determinados direitos fundamentais, promovendo,
assim, o desenvolvimento social e econômico do país.

X. BIBLIOGRAFIA:

ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário. 17ª ed. JusPodivm, 2023.

CÔELHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de Direito Tributário Brasileiro. 18ª Ed.
Forense, 2022.

COSTA, Regina Helena. Curso de Direito Tributário. 11ª Ed. Saraiva Jur, 2021.

MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 42ª Ed. JusPodivm, 2022.

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