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O princípio da legalidade tributária é o responsável por controlar a imposição de

tributos. Ou seja, ele exige legislação tributária para que sejam efetuadas cobranças aos
contribuintes. 
Dentre os diversos princípios constitucionais que definem o Direito Tributário, o
princípio da legalidade tributária talvez seja um dos mais icônicos. 

Por outro lado, a própria Constituição Federal possui um princípio da legalidade. Sendo
esse princípio de natureza geral, ele é aplicável a todas as áreas do direito, incluindo à
tributária. 

Sendo assim, qual a distinção entre esses dois princípios? E qual a razão do legislador
constituinte ter criado uma previsão específica no direito tributário?

Continue a leitura para descobrir! 😉

O que é o princípio da legalidade tributária? 

O princípio da legalidade geral se encontra previsto no art. 5º, inciso II, da Constituição
Federal. Por consequência, ele é aplicável a todas as áreas do direito.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude
de lei;”

No que diz respeito respeito à Legalidade Tributária, a Constituição Federal prevê que:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

I –  exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;”

Imediatamente conseguimos entender do enunciado que sua aplicação alcança


qualquer tributo. Sendo assim, esses tributos podem ser:
 impostos;
 taxas;
 contribuições de melhoria;
 contribuições especiais;
 empréstimos compulsórios.

Além disso, a previsão se refere tanto à exigência (ou instituição) quanto ao


aumento. Podendo ser esse aumento de alíquota, base de cálculo ou qualquer outro
meio que importe em maior onerosidade.

É importante lembrar que a Constituição não institui qualquer tributo, mas confere
competência aos entes federativos para que o façam. 

Qual a finalidade do princípio da legalidade tributária?

O conteúdo de ambos princípios parece bastante similar à primeira vista. Assim, vale
ressaltar que aquele disposto no art. 5º não necessariamente aborda a Lei em sentido
estrito. 

Por exemplo, ainda que com apoio genérico em lei, não é incomum a imposição de
deveres ao cidadão por meio de:

 Decretos;
 Portarias;
 Legislação complementar.

Pelo princípio da Legalidade Tributária, a Constituição Federal se reporta à Lei strictu


sensu. Isto é, aquelas que fazem menção ao art. 61 e seguintes da Constituição Federal
(Lei Ordinária e Lei Complementar).

Uma vez que a legislação tributária não se resume somente às leis em sentido estrito, a
distinção entre os princípios é de grande importância. Segundo o Código Tributário
Nacional, a legislação tributária compreende também: 
Art. 96. A expressão “legislação tributária” compreende as leis, os tratados e as
convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no
todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes.”

Portanto, como regra geral à instituição e majoração de tributos, o Princípio da


Legalidade Tributária impõe a necessidade de Lei em sentido estrito (Lei Ordinária
ou Lei Complementar).

Em quais tributos se aplica o princípio da legalidade?

Primeiramente, é importante frisar que o Princípio da Legalidade Tributária representa


a regra geral do ordenamento jurídico. 

Ou seja, toda instituição ou majoração de tributos deve ser realizada por lei em sentido
estrito, salvo exceções de texto constitucional expresso em contrário.

Com isso, o estudo da aplicação do Princípio da Legalidade Tributária se baseia


justamente nessas exceções constitucionalmente previstas.

Exceções ao princípio da legalidade tributária

De acordo com o art. 153, § 1º, da Constituição Federal, as alíquotas dos seguintes
impostos pode ser realizada por meio de Decreto do Executivo: 
 Imposto de Importação (II)
 Imposto de Exportação (IE)
 Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)
 Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio, Seguro ou Relativas a Títulos, ou
Valores Mobiliários (IOF).

A exceção se encontra na finalidade extrafiscal dos referidos impostos. Por


exemplo, regular a balança comercial interna/externa (II e IE) ou facilitar e estimular a
aquisição de determinados produtos industrializados.
Outra exceção pode ser encontrada no § 4º, do art. 177, da Constituição. Nela, é
permitido a redução ou o restabelecimento da alíquota da CIDE combustíveis por ato do
Poder Executivo.

Apesar de não figurar como verdadeira exceção, também é previsto no art. 97 do


Código Tributário Nacional:

Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito


tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios.

§ 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste


artigo, a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo.”

Sendo assim, temos como exemplo a atualização monetária do valor dos imóveis
previsto na planta genérica de valores (base de cálculo do IPTU) não exigindo Lei em
sentido estrito.

Dicas para advogados

O Princípio da Legalidade Tributária pode ser um forte aliado dos profissionais da


advocacia.

Em especial, quando a Administração Tributária ou o Poder Executivo extrapolam sua


competência e instituem ou majoram tributos por meio de decretos, portarias, normas
complementares etc.

Nesses casos, é essencial o reconhecimento da inconstitucionalidade da instituição ou


majoração. Como também, o reconhecimento de  eventual repetição de indébito por
parte dos contribuintes lesados pela exigência indevida.

Dúvidas Frequentes sobre o tema

O que é o princípio da legalidade tributária?


Regido pelo Art. 150, inciso I, da Constituição Federal, o princípio da legalidade
tributária é o responsável por controlar a imposição de tributos.

Para que serve o princípio da legalidade tributária?

Seu objetivo é impedir que sejam cobrados tributos dos contribuintes sem que tenha
legislação prevista para tal. Com isso, é possível garantir o princípio do Art. 5, inciso II,
da Constituição Federal. 

Conclusão 

Por se tratar de princípio constitucional, a Legalidade Tributária é imperativa e deve


sempre ser observada quando há exigência ou majoração de tributos. 

Portanto, cabe ao contribuinte se atentar quanto ao instrumento legislativo utilizado. Ou


seja, se é lei estrito ou outra espécie de legislação. 

Caso não configure nenhuma exceção expressamente disposta na constituição, a


instituição e majoração de qualquer tributo deve sempre ser realizada por Lei Ordinária
ou Lei Complementar.

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