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I – Princípio da Legalidade
Art. 150, I , CF.
Consiste na proibição de instituir ou majorar tributos sem
prévia autorização legislativa, ou seja, sem lei que
discipline tal questão.
Princípios Jurídicos da Tributação
II – Princípio da Anterioridade
Art. 150,III, CF.
Este princípio impede que se cobre tributos antes da
vigência da lei que os instituiu, e impede também a
cobrança ou a majoração dos tributos no mesmo
exercício financeiro da lei que os criou ou majorou. O
Estado tem a faculdade de criar tributos ou majorar os já
existentes quando quiser, entretanto a sua cobrança fica
diferida para o próximo ano. Este princípio possibilita ao
contribuinte realizar seu planejamento financeiro sem ser
surpreendido com o aumento de tributos, ou ainda a
cobrança de novos tributos.
Princípios Jurídicos da Tributação
Cada ramo do Direito tem a sua forma de limitar ou evitar a insegurança jurídica. No
Direito Tributário, temos como resultado genericamente três grandes princípios –
legalidade, tipicidade e não surpresa –, que, estendidos, correspondem a cinco
normas princípios: legalidade, tipicidade, irretroatividade, anterioridade e noventena.
Aliás, é importante que se esclareça que “a natureza jurídica das limitações ao poder
de tributar é de garantia constitucional”.
Isso porque elas não deverão ser suprimidas ou reduzidas sequer por uma emenda
constitucional.
Legalidade
Medida provisória não é lei. Mas tem força de lei. Apesar de ela ser ato normativo
editado diretamente pelo executivo e que já começa a produzir efeitos antes mesmo
de qualquer chancela do legislativo– poder que representa a vontade do povo na
criação de atos normativos –, o STF nunca reconheceu nenhuma inconstitucionalidade
em medida provisória, e recorrentemente temos novas medidas provisórias sobre a
matéria. Aliás, a EC 32/2001, que introduziu novas regras relativas à medida provisória,
determina a sua possibilidade e a sua aplicação. O texto poderia ser inconstitucional –
já que o poder de reforma da Constituição não é ilimitado –, mas, como foi dito, tal
inconstitucionalidade nunca foi reconhecida pelo STF.
Exceções
É por isso que esses quatro impostos acima relatados são, na forma do art.153, §
1º, da CRFB/88, verdadeiras exceções à legalidade. Mas isso só no que diz respeito
às suas alíquotas, ou seja, ao percentual correspondente. Todos os outros
elementos desses tributos deverão ser fixados por lei.
Nesse sentido, também devemos somar a regra contida no art. 152, § 2º, IV, da
CRFB/88, que atribui à resolução do Senado Federal, de iniciativa do Presidente da
República ou de um terço dos Senadores, estabelecer as alíquotas do ICMS
aplicáveis às operações e às prestações interestaduais e de exportação.
Irretroatividade
Não basta para a segurança que o tributo seja fixado por lei, até
porque a lei poderia criar regras para situações já ocorridas, e
isso traria uma grande insegurança.
A EC nº 42/03 incluiu no artigo 150, III, a alínea “c” da CRFB/88 que exige,
para além da irretroatividade e da anterioridade, um prazo de 90 dias a
contar da publicação para que a lei possa ser aplicada.
A carga tributária brasileira é uma das mais altas do mundo. Na tentativa de proteger o
contribuinte e sua existência digna, a Constituição estabelece limites a essa fome de
tributar.
Isonomia
Esse primeiro princípio seria capaz de englobar todos os demais princípios que serão
neste tópico tratados. A isonomia é tratar os iguais de forma igual e os desiguais de
forma desigual na exata medida de suas desigualdades.
Encontra-se no art. 150, II, da CRFB/88 e proíbe qualquer tratamento diferenciado que
se constitua em verdadeiro privilégio odioso – benefício que não encontre qualquer
justificativa ou razão. E não apenas no que diz respeito à fixação de tributos por lei,
mas também ao tratamento imposto pela Administração.
Princípios constitucionais vinculados ao valor justiça
Generalidade e universalidade
Parte da doutrina vai afirmar que generalidade é uma expressão que traz
uma ideia de subjetividade, de sujeito. Assim, generalidade significa que
todo aquele que manifestar riqueza será, em princípio, contribuinte. É por
isso que a Constituição veda tratamento privilegiado a determinadas
categorias – como é comum ocorrer em regimes ditatoriais que tendem a
privilegiar a categoria que se encontra no poder.
De igual forma, afirma-se que universalidade traz uma ideia de
objetividade, de objeto. Universalidade significa que todo fato que
demonstre riqueza será em princípio gerador de tributo. Então,
encontramos aqui o fundamento para a tributação de várias
situações, até mesmo do ato ilícito – princípio do pecunia non olet.
Cada um deve contribuir (ainda que forçosamente) para as despesas públicas na medida
das forças de sua riqueza.
O art. 145, § 1°, da CRFB/88 merece uma interpretação cuidadosa. A primeira expressão a
merecer destaque é “Sempre que possível”, pois nem sempre será possível tratar o
contribuinte conforme sua capacidade econômica. Nos chamados tributos indiretos
(aqueles que vêm embutidos no preço daquilo que compramos, que quem recolhe é o
comerciante ou mesmo a indústria), o fisco não teria como saber se aquele que suporta o
encargo tributário tem condições de pagar, uma vez que o contribuinte de fato é
desconhecido por ele.
No dizer da Constituição, o ideal é que essa classificação não seja fechada. Então, não
seria correto dizer que o IPTU é exclusivamente imposto real, e isso porque nenhum
tributo deveria ser sempre real. Deveria o legislador buscar sem- pre transformá-los
em pessoais – ao menos, sempre que possível. E vemos muitas dessas situações:
municípios que concedem isenção de IPTU para idosos de baixa renda. Isso é
pessoalização do tributo!
A quarta expressão é “capacidade econômica”. Capacidade econômica é diferente de
capacidade financeira. Capacidade financeira diz respeito à liquidez, ou seja, a possuir
ou não o contribuinte dinheiro para pagar o tributo. Já a capacidade econômica diz
respeito a possuir patrimônio, ainda que não em espécie. Se o cons- tituinte falasse em
capacidade financeira, bastaria comprometer todos os recursos com bens e deixar a sua
conta no banco zerada.
Ainda assim, não é o critério mais justo. Se o imposto de renda tivesse uma
alíquota só, se todos tivéssemos de pagar 10% de imposto de renda, não seria
nada justo. Afinal, quem seria mais sacrificado: o pobre, ao pagar 10% de seu
salário mí- nimo, ou o rico, ao pagar 10% de um rendimento de 100 mil reais,
por exemplo? Se você pensou que era o rico, imagine-se tentando sobreviver e
pagar suas contas com o que sobra do salário mínimo e com o que sobra do
rendimento de 100 mil reais.
Progressividade. A progressividade pode ser fiscal quando guarda relação
com a capacidade contributiva. Ou a progressividade pode ser extrafiscal –
a alíquota será aumentada de forma a desestimular algum
comportamento do contribuinte, como forma, portanto,
pública. Essa
de é prevista
políticana Constituição para o ITR (art. 153, § 4º, II,I da
CRFB/88) e para o IPTU (art. 182, § 4º, II, da CRFB/88) como forma de
estimular a função social da propriedade.
Outro princípio afeito ao valor justiça é o não confisco, com previsão expressa no art.
150, IV, da CRFB/88. Uma definição de não confisco estabelece que a tributação
confiscatória é aquela que é tão elevada ao ponto de extinguir a riqueza tributada.
Assim, há uma divergência no fato de como fazer essa análise. Para uns, o confisco
deveria ser analisado de forma geral – pela soma de todos os tributos devidos– ou de
forma isolada – por cada tributo. A última é mais comumente adotada pelo STF. Até
porque, se já o tivesse feito de forma geral, poderia, segundo muitos, ter reconhecido o
confisco no Direito Brasileiro. Afinal, temos uma das maiores cargas tributárias do
mundo.
Esse princípio, como quase todos, não é absoluto e cede espaço para a extra-
fiscalidade. É claro que objetivos maiores podem fazer com que o não confisco seja
abandonado. Por exemplo, uma alíquota de 330% para o cigarro não é con- siderada
como confiscatória. Nem uma alíquota de 60% para as importações. Em ambos os
casos, o propósito do fisco é evitar a ocorrência desses fatos geradores.
Não cumulatividade
Esse princípio está afeito ao valor justiça, pois evita que cada cadeia seja
onerada cada vez mais. Há tributos que se classificam como plurifásicos, ou
seja, incidem por várias vezes na cadeia de circulação do mesmo bem. Caso a
incidência em uma fase fosse completamente independente da outra, haveria
a incidência do mesmo tributo sobre ele várias vezes. Portanto, a não
cumulatividade determina que o valor pago em operações anteriores seja
compensado nas operações seguintes.
Note bem que, em via que não é conservada pelo poder público, não
podemos falar de pedágio como espécie de tributo, pois o tributo tem de
ser cobrado pelo poder público. Senão não é tributo.
Aliás, aqui se levanta a grande controvérsia sobre a natureza jurídica do
pedágio. Segundo autores como Misabel Derzi, Roque Antônio Carrazza e
Luciano Amaro, esse dispositivo justifica o reconhecimento de que o
pedágio é um tributo, que se submeterá sempre aos limites
constitucionais.
Essa proteção está no art. 152 da CRFB/88. Assim como o princípio visto
acima, a liberdade tutelada é a de ir e vir. Isso porque origem e destino
trazem a ideia de deslocamento, mas os destinatários dessa regra são
somente os Estados e Municípios.
É por isso que não podemos ter alíquota de IPVA diferenciada em razão dos
veículos serem ou não importados, enquanto o ICMS interestadual pode ter
alíquota distinta conforme o Estado de origem.
É por isso que veremos na próxima disciplina que não estamos em verdade
diante de uma relação de acessoriedade, e sim de uma relação de
instrumentalidade. Isso porque, pela teoria da gravitação jurídica, o acessório
segue a sorte do principal. Mas aqui o principal (recolhimento do tributo) não
existe, mas o “acessório” (ex. declaração) persiste.
Princípios constitucionais vinculados ao valor federalismo
Para fecharmos o estudo dos princípios, é importante tratarmos de um valor que não é
adotado nem pode ser por outros países: o federalismo. Para esclarecermos, federalismo
é o sistema político pelo qual vários Estados se reúnem para formar um Estado Federal,
sem abrir mão de sua autonomia. Assim, é importante em um Estado como o Brasil o
respeito pela União da autonomia de estados e municípios.
A União, na forma do art. 151, III, da CRFB/88, somente pode conceder isenção dos
tributos de sua competência. A Constituição atribui a cada ente fede- rativo o poder de
instituir tributos de forma que se garanta autonomia financeira. Dessa maneira, se a
União pudesse conceder qualquer benefício para tributos estaduais e municipais, isso
poderia desequilibrar financeiramente suas contas.
Uniformidade geográfica
Não é só intervindo na tributação dos outros entes que a União pode afron-
tar o pacto federativo e colocar em conflito os vários entes federativos. Isso
pode ocorrer também quando ela conceder algum tratamento mais benéfico
aos contribuintes que estejam em um ente da federação.
Assim, o art. 151, I, da CRFB/88 proíbe que a União conceda tratamento que
não seja uniforme no território nacional, à exceção da concessão de benefício
que tenha por escopo o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico nas
diversas regiões do país. O exemplo disso é a Zona Franca de Manaus.
Obrigação Tributária