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Direito Tributário

 Entende-se o Direito Tributário como: Ramo do Direito Financeiro, que


compreende e regula as relações jurídicas fiscais entre o Estado e o
Contribuinte, por meio de obrigações de dar, fazer e não fazer.
 Conceitos de Direito Tributário, segundo os principais Doutrinadores:
 Paulo de Barros Carvalho - É o ramo didaticamente autônomo do direito,
integrado pelo conjunto das proposições jurídico normativas que
correspondam, direta ou indiretamente, à instituição, arrecadação e
fiscalização de tributos.
 Hugo de Brito Machado - O ramo do Direito que se ocupa das relações entre o
fisco e as pessoas sujeitas a imposições tributárias de qualquer espécie,
limitando o poder de tributar e protegendo o cidadão contra abusos desse
poder.
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
TRIBUTÁRIOS
 Os princípios constitucionais tributários estão inseridos no Código Tributário
Nacional obedecendo às imposições elencadas na Constituição Federal de
1988, sendo classificados da seguinte maneira:
 a) Gerais :
 Da Estrita Legalidade artigo150, inciso I
 Da Anterioridade artigo150, inciso III, alínea b
 Da Igualdade artigo150, inciso II
 Do Não-Confisco artigo 150, inciso IV
 Da Irretroatividade artigo150, inciso III, alínea a
 Da Limitação de Tráfego de Pessoas ou Bens artigo 150, inciso
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
TRIBUTÁRIOS -LEGALIDADE
 O Estado de Direito limita os poderes públicos. No Brasil, só a lei pode
compelir as pessoas a fazer ou deixar de fazer alguma coisa.
 O princípio da legalidade não é apenas aplicável ao direito tributário, é
inserto no rol dos direitos individuais, mas se projeta por todos os ramos do
direito, está estatuído na Constituição Federal artigo 5º, inciso II e, encerra
dogma fundamental.
 É este princípio um dos mais importantes pilares de sustentação do Direito
Tributário. Através dele resta claro que a obrigação tributária depende de
estipulação expressa e anterior da lei. Em respeito a ele, o poder público está
impedido de aumentar ou exigir qualquer tributo sem que lei anterior o
estabeleça
EXCEÇÕES AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
TRIBUTÁRIA
 EXCEÇÕES AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE TRIBUTÁRIA :

 Não obstante a rigidez do princípio da legalidade cumpre observar que a


Constituição estatuiu, para algumas situações excepcionais, a sua atenuação,
em virtude de aspectos de urgência e relevância que estas exceções
demandariam.
 Enquadram-se entre as situações de exceção as de instituição de empréstimo
compulsório, em caso de guerra e calamidade pública, assim como a
faculdade que tem o executivo de alterar, dentro de determinados limites, as
alíquotas dos impostos de importação e exportação, IPI e ISOF.
PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE DO
EXERCÍCIO FINANCEIRO
 Este princípio determina que os tributos sejam instituídos ou aumentados no
ano anterior ao que será exigido, vedando à União, Estados, Distrito Federal e
Municípios cobrar tributos no mesmo exercício financeiro.
 A lei fiscal deve ser anterior ao exercício financeiro que o Estado arrecada o
tributo. Assim, o aludido princípio existe para proteger o contribuinte, não
impedindo mudanças que diminuam a carga tributária ou que não tenham
qualquer impacto sobre ela.
 Desse modo, os contribuintes podem fazer o planejamento anual de suas
atividades econômicas, sem a insegurança, a incerteza da instituição do
tributo.
Exceções ao principio da Anterioridade

 A própria Constituição, no corpo de suas disposições estabelece as exceções


ao princípio da não-surpresa tributária, tornando possível a cobrança de
tributos como :
 os impostos extraordinários de guerra,
 os empréstimos compulsórios por motivo de guerra ou em razão de
calamidade pública, dada a urgência da situação a exigir imediatos recursos
(CF - artigo148, inciso I) e a concessão emitida ao poder executivo para
alterar as alíquotas – dentro dos limites impostos pela lei – do Imposto de
importação e exportação, imposto sobre produtos industrializados, imposto
sobre operações de crédito, câmbio, seguros, títulos e valores mobiliários (CF
– artigo 153, § 1º).
Princípio da isonomia (Direito Tributário)

O princípio da isonomia (também conhecido como princípio da igualdade


tributária), em Direito Tributário, prescreve que não poderá haver instituição e
cobrança de tributos de forma desigual entre contribuintes que se encontram em
condições de igualdade jurídica. É corolário do princípio constitucional de
igualdade jurídica, encontrado no art. 5º, caput, da Constituição Federal. O
princípio da isonomia, do mesmo modo, é encontrado na Carta Magna, em seu
art. 150, II, in verbis:
II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em
situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação
profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação
jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos;
Constitui, ao lado de outros princípios tributários, uma vedação ao arbítrio do
Estado, e, portanto, garantia assegurada ao indivíduo-contribuinte. É definido,
portanto, como cláusula pétrea da Constituição, não podendo ser abolida nem
mesmo através do expediente da Emenda Constitucional.
PRINCÍPIO DO Não-Confisco

 CONCEITO DE CONFISCO
 Sem adentrar na seara tributária, pode-se aduzir que “confisco, ou confiscação, é [...] o ato pelo
qual se apreendem e se adjudicam ao fisco bens pertencentes a outrem, por ato administrativo ou
por sentença judicial, fundados em lei.”
 Para Goldschmidt, confisco é “o ato de apreender a propriedade em prol do Fisco, sem que seja
oferecida ao prejudicado qualquer compensação em troca. Por isso, o confisco apresenta o caráter
de penalização, resultante da prática de algum ato contrário à lei.”
 O PRINCÍPÍO EM SI
 A Constituição estabelece em seu artigo 150, inciso IV, o Princípio do Não-Confisco Tributário, assim
redigido: “sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...]; IV – Utilizar tributo com efeito de confisco.”[10]
 Esta vedação constitucional do confisco tributário nada mais representa senão a coibição, pela Lex
Legum, de qualquer aspiração estatal que possa levar, na seara da fiscalidade, à injusta apropriação
pelo Estado, no todo ou em parte, do patrimônio ou das rendas dos contribuintes, de forma a
comprometer-lhes, em razão da insuportabilidade da carga tributária, o exercício do direito a uma
existência digna, ou, também, a prática de atividade profissional lícita ou, ainda, a regular
satisfação de suas necessidades vitais básicas.
PRINCÍPIO Da Irretroatividade

O princípio da irretroatividade tributária, também conhecido apenas


como irretroatividade, é o princípio de Direito Tributário que estabelece que não haverá
cobrança de tributo sobre fatos que aconteceram antes da entrada em vigor da lei que o
instituiu. Segundo a doutrina majoritária, tal princípio decorre da ideia de irretroatividade das
normas, segundo a Constituição, art. 5º, segundo a qual "a lei não prejudicará o direito
adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada". De forma mais específica, a
irretroatividade tributária encontra seu fundamento legal na Constituição Federal, em seu art.
150, III, "a":
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
III - cobrar tributos:
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver
instituído ou aumentado;
Da mesma forma que outros princípios de Direito Tributário, como a legalidade e
a anterioridade, a irretroatividade é, na realidade, uma limitação ao poder de tributar, e que
confere ao sujeito passivo um direito à imunidade tributária em face do Estado.
PRINCÍPIO Da Limitação de Tráfego de
Pessoas ou Bens
 Princípio da não-limitação ao tráfego de bens e pessoas (também conhecido
como princípio da ilimitabilidade ao tráfego), em Direito Tributário,
estabelece que o trânsito de pessoas e bens, entre Municípios, Estados e
o Distrito Federal, não pode ser impedido por decorrência da imposição de
um tributo. Desta forma, o tráfego entre estas unidades da federação não
será fato gerador de qualquer tributo. Possui seu fundamento legal
na Constituição, art. 150, V, cuja redação segue abaixo:
 Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é
vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
 V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos
interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela
utilização de vias conservadas pelo Poder Público;
PRINCÍPIO Da Limitação de Tráfego de
Pessoas ou Bens

 Como se pode ver pela leitura do referido dispositivo, há a ressalva


constitucional da cobrança de pedágios em vias públicas.
 A doutrina diverge a respeito da natureza jurídica do pedágio – alguns autores
o descreve como preço público e há os que defendam a sua natureza
tributária, classificando-o como tarifa.
 Caso o pedágio em questão tenha características tributárias, deve obedecer
a todos os princípios tributários inerentes às outras exações.
UNIDADE I – SISTEMA TRIBUTÁRIO
NACIONAL
 1.1 Conceito de tributo;
 TRIBUTO é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor
nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em
lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
 Assim dispõe o art. 3° - CTN: Desta feita,
 TRIBUTO é.... prestação pecuniária;
 prestação compulsória;
 não é multa;
 instituído por meio de lei;
 cobrado mediante lançamento.
SUJEITOS DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

 Toda relação jurídica obrigacional possui sujeitos, os quais são as pessoas (físicas ou jurídicas)
que estão vinculadas em torno do objeto, sendo denominado sujeito ativo (CREDOR) aquele
que possui interesse em que a prestação que constitui o objeto da obrigação seja cumprida,
tendo poder de exigir seu cumprimento. O outro sujeito é denominado de sujeito passivo
(DEVEDOR), sendo aquele que possui o dever de realizar a prestação que constitui o objeto da
obrigação.
Qualquer obrigação jurídica tem a seguinte estrutura:
 SUJEITO ATIVO:é a pessoa jurídica de direito público titular da competência para exigir seu
cumprimento.
 O sujeito passivo é o devedor da obrigação tributária, é a pessoa (física ou jurídica) que tem
o dever de cumprir, em benefício do credor, a prestação que constitui o objeto da obrigação.
 O fato gerador do tributo é a ocorrência, em si, que traz a tona a exigência do respectivo
ônus para o contribuinte.
 A lei descreve situações que, ao ocorrerem na vida real, fazem com que se fixe o momento
do nascimento da obrigação tributária.
1.2 Espécies de tributo

 O tributo é um gênero que abrange várias espécies. O entendimento da doutrina é


que existem 5 (cinco)espécies de tributos, assim, chamada teoria pentapartite.
 Em termos gerais classificam-se cinco espécies de tributos: impostos, taxas,
contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios e contribuições parafiscais,
as quais se identificam como segue:
 a) Impostos: incidem, por exemplo, sobre a propriedade de imóvel
urbano (IPTU), a disponibilidade de renda (Imposto sobre a Renda), a
propriedade de veículo automotor (IPVA), entre outros.
 b) Taxas: as taxas decorrem de atividades estatais, tais como os serviços públicos
ou do exercício do poder de polícia. Exemplos: custas judiciais e a taxa
de licenciamento de veículos.
 c) Contribuições de Melhoria: as contribuições de melhoria se originam da
realização de obra pública que implique valorização de imóvel do contribuinte.
Por exemplo: benfeitorias no entorno do imóvel residencial.
1.2 Espécies de tributo

 ) Empréstimos compulsórios: têm por finalidade buscar receitas para o


Estado a fim de promover o financiamento de despesas extraordinárias
ou urgentes, quando o interesse nacional esteja presente e;

 e) Contribuições Parafiscais: são tributos instituídos para promover o


financiamento de atividades públicas. São, portanto, tributos finalísticos, ou
seja, a sua essência pode ser encontrada no destino dado, pela lei, ao que foi
arrecadado.
Competência Tributária

 Competência tributária é a aptidão para criar tributos em abstrato, por meio


de lei, com todos os elementos essenciais (hipótese de incidência, sujeito
ativo, sujeito passivo, base de cálculo, alíquota). Abrange também a aptidão
para aumentar, parcelar, diminuir, isentar, modificar, perdoar tributos e etc.
(princípio de que quem pode o menos pode o mais).
 Normalmente, quem tem competência é o sujeito ativo da relação jurídica
tributária, pois também têm capacidade tributária ativa (aptidão para cobrá-
lo). Mas nada impede que a pessoa política, por meio de lei, delegue a
capacidade tributária ativa a terceiros, figurando este terceiro como sujeito
ativo do tributo.
 “Exercitar a competência tributária é dar nascimento no plano abstrato
ao tributo”.
Competência Tributária

A expressão competência tributária pode ser definida como sendo o


poder, atribuído pela Constituição Federal, observadas as normas
gerais de Direito Tributário, de instituir, cobrar e fiscalizar o tributo,
compreendendo a competência legislativa, administrativa e judicante.
Noutras palavras, pode-se definir competência tributária como sendo
"a parcela do poder de tributar conferida pela Constituição a cada ente
político para criar tributos", ou, ainda,"a aptidão para criar, in
abstracto, tributos". Não destoa o entendimento segundo o qual se
conceitua competência tributária" como o limite do poder fiscal para
legislar e cobrar tributos ".
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

 Denomina-se "obrigação tributária" o dever de fazer de um contribuinte, responsável ou


terceiro em função da lei.
 De acordo com o artigo 113 do CTN — Código Tributário Nacional a obrigação tributária
divide-se em:
 1) Principal.
 2) Acessória.
 OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PRINCIPAL
 A obrigação é principal quando o contribuinte tem por prestação (por dever) o pagamento de
tributo ou penalidade pecuniária (multa em dinheiro).
 A obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e extingue-se
juntamente com o crédito tributário dela decorrente (artigo 113, § 1, do CTN). Exemplo: fato
gerador - circulação de mercadorias, sujeita ao ICMS.
 A obrigação principal somente se extingue com o pagamento (recolhimento) do valor integral
devido. Se for recolhido parcialmente, não se considera extinto.
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA ACESSÓRIA

 A obrigação é acessória quando, por força de lei, a prestação a ser cumprida é a


de fazer ou não fazer alguma coisa, ou permitir que ela seja feita pelo Fisco, tudo
no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos (artigo 113, § 2, do
CTN).
 Exemplo: escrituração das operações de circulação de mercadoria (notas fiscais),
sujeitas ao ICMS, e apuração do respectivo saldo devedor (ou credor) nos livros
fiscais.
 Ressalve-se que, independentemente de ser exigido ou não o cumprimento de
obrigação principal, o contribuinte é sempre obrigado a cumprir a obrigação
acessória.
 É o caso, por exemplo, de uma venda estar isenta do ICMS, mas de esse fato não
desobrigar o comerciante a emissão da respectiva Nota Fiscal, acobertando a
operação. Ou de se apurar saldo credor do ICMS (saldo a favor do contribuinte,
onde não haverá recolhimento do imposto).
CRÉDITO TRIBUTÁRIO

 Crédito Tributário" a prestação em moeda ou outro valor nela se possa exprimir,


que o sujeito ativo da obrigação tributária (União, Estados, Distrito Federal e
Municípios) tem o direito de exigir do sujeito passivo direto ou indireto
(contribuinte, responsável ou terceiro).
 Dispõe o artigo 139 do nosso Código Tributário Nacional que o crédito tributário
decorre da obrigação principal (pagamento do tributo ou da penalidade
pecuniária) e tem a mesma natureza desta.
 O crédito tributário é a própria obrigação tributária já lançada, titulada,
individualizada é o reflexo desta. O crédito tributário nasce da obrigação e é
consequência desta, dentro de uma única relação jurídica.
 A obrigação tributária quantifica-se, valoriza-se e materializa-se pelo crédito
tributário que lhe corresponde, ou seja, pelo quantum devido pelo sujeito passivo.
O crédito tributário é a determinação quantitativa do tributo.
 O lançamento é o ato que constitui o crédito tributário, praticado, privativamente
pela respectiva Autoridade Administrativa.
CRÉDITO TRIBUTÁRIO

 O artigo 142 do CTN define o lançamento como sendo o procedimento


administrativo tendente a:
 a) verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente;
 b) determinar a matéria tributável;
 c) calcular o montante do tributo devido, ou seja, o débito a pagar;
 d) identificar o sujeito passivo; e
 e) propor a aplicação da penalidade cabível, quando for o caso.

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