Você está na página 1de 13

Aula 4 – Sistema Tributário Constitucional

Imunidades Subjetivas

Prof. Ricardo Cunha Chimenti


PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DO TRIBUTO COM EFEITO DE CONFISCO
(TAMBÉM DENOMINADO PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE
RAZOÁVEL OU DA RAZOABILIDADE DA CARGA TRIBUTÁRIA –
ART. 150, IV, DA CF)

O caráter confiscatório do tributo é analisado pelo Judiciá­rio no caso


concreto e deve considerar a carga tributária decorrente da totalidade
dos tributos. Da MC na ADC 08/STF extrai-se que para a apuração do
excesso devem ser considerados os tributos exigidos por uma mesma
pessoa política.

Entende-se como confiscatório o tributo que consome grande parte


da propriedade ou inviabiliza o exercício da atividade lícita. São os
“impostos esmagadores”, segundo a doutrina argentina. Nesse sentido
decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal ao apreciar a medida
cautelar na Ação Direta de Inconsti­tucionalidade n. 2.010.
Ano: 2010 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão:
DETRAN-ES Prova: CESPE - 2010 - DETRAN-ES -
Advogado
Com relação ao sistema constitucional tributário, julgue o
item seguinte.
Considere que certo contribuinte tenha sido compelido a
pagar multa de cerca de 300% sobre o valor do tributo
devido, em razão de descumprimento de obrigação
tributária. Nessa situação, é aplicável o princípio da
vedação do uso de multa com efeito de confisco.
Alternativas
Certo
Errado
Há precedente do Supremo Tribunal Federal no sentido de que
também as multas fiscais estão sujeitas ao princípio que veda o
confisco (ADI-MC 1.075, na qual se questionava o art. 3º da
Lei n. 8.846/94, revogado pela Lei n. 9.532/97, e que
estabelecia multa de 300%).

As taxas devem observar uma razoável equivalência entre


aquilo que é oferecido e o valor cobrado (ADI/STF – MCRO
2.551).

Os impostos extrafiscais podem ter alíquotas elevadas sem


que necessariamente sejam confiscatórias.
PRINCÍPIO DA LIBERDADE DE TRÁFEGO DE PESSOAS
OU BENS (ART. 150, V, DA CF, E ART. 9º, III, DO CTN)
O princípio não impede a cobrança de impostos sobre a cir­culação
de mercadorias em operações interestaduais ou inter­muni­cipais,
expressamente prevista na própria Lei Maior, nem afasta a cobrança
de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público ou
seus concessionários.
O que se quer vedar é o tributo que tenha como hipótese de
incidência o tráfego intermunicipal ou interestadual de pessoas
ou bens, o ir e vir dentro do território nacional.
Ano: 2016 Banca: FCC Órgão: PGE-MT Prova: FCC - 2016 - PGE-MT - Analista –
Bacharel em Direito
Um determinado Estado brasileiro, famoso pelas lindas paisagens que ornamentam
muitas de suas cidades, estava passando por severa crise econômica. Decidiu, em razão
disso, investir fortemente no turismo destas cidades, com a finalidade de atrair pessoas
com alto poder aquisitivo e que estivessem predispostas a gastar neste “Estado
paradisíaco”. Paralelamente, com o intuito de evitar a afluência e o tráfego de turistas
provenientes de unidades federadas com baixo ou nenhum poder aquisitivo, o governo
deste “Estado paradisíaco” criou uma exação que denominou de “Taxa Interestadual de
Compensação Financeira”, e que tinha o intuito específico de impedir, ou, pelo menos,
de reduzir o tráfego de pessoas provenientes de outros Estados sem poder aquisitivo
naquelas cidades turísticas do Estado. De acordo com a Constituição Federal, essa taxa
A poderia ser cobrada, desde que obedecido o princípio da anterioridade.
B poderia ser cobrada, desde que obedecidos os princípios da anterioridade e da
anterioridade nonagesimal (noventena).
C não poderia ser cobrada.
D poderia ser cobrada, desde que obedecidos os princípios da anterioridade e da
irretroatividade.
E não poderia ser cobrada pelo Estado em que se localizam essas cidades, pois a
competência para instituir essa taxa é do Estado de proveniência dos turistas.
As imunidades

A imunidade é uma hipótese de não incidência


constitucio­nalmente qualificada. Vale dizer: a
Constituição impede que a lei de tributação inclua
certos fatos na hipótese de incidência de impostos
(impõe uma regra negativa de competência)
Só há imunidade, em regra, quanto aos impostos.
Excepcionalmente, porém, no art. 5º, XXXIV,
LXXIII, LXXVI e LXXVII, da Constituição Federal
está prevista a imunidade de taxas em relação ao
direito de petição e certidão, à ação popular, ao
registro de nascimento e à certidão de óbito para os
reconhecidamente pobres e para as ações de habeas
corpus e habeas data. No art. 149, § 2º, I, há
imunidade da CIDE e outras contribuições sociais em
relação às receitas decorrentes de exportação
Na isenção, ao contrário, é a lei
infraconstitucional que exclui algumas
ocorrências da obrigação de pagar tributos.

A não incidência pura, por sua vez, decorre da


impre­visi­bilidade do fato na hipótese de
incidência, podendo ser expressa (mera
explicitação do legislador) ou tácita.
Ano: 2014 Banca: MPE-MA Órgão: MPE-MA Prova: MPE-MA - 2014 - MPE-MA
- Promotor de Justiça
Acerca da imunidade e isenção tributária, é incorreto afirmar:
A As imunidades fazem parte do delineamento da competência tributária conferida
pela Constituição aos entes tributantes;
B Na isenção, acontece o fato gerador, mas o crédito é excluído;
C A isenção decorre de disposição expressa de uma lei específica, editada,
obrigatoriamente, pela pessoa política que tem competência tributária em relação
ao respectivo tributo, ressalvada a possibilidade de ser prevista por convênios entre
os Estados e o Distrito Federal, em relação ao Imposto sobre Operações relativas à
Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e
Intermunicipal e de Comunicação;
D As imunidades são extensivas aos partidos políticos, no que se refere ao
patrimônio, à renda e aos seus serviços vinculados ou não a suas finalidades
essenciais;
E A despeito de o art. 195, parágrafo 7º, da Constituição Federal, estabelecer que
são isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de
assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei, não há, no
presente caso, isenção.
Art. 151, III, CF - veda as chamadas isenções
heterônomas, ou seja, veda que a União conceda
isenção de tributos da competência dos Estados ou dos
municípios, salvo quando, excepcionalmente, exista
autorização constitucional em sentido diverso (art. 156,
§ 3º, II, da CF).

A vedação do art. 151, III, da Constituição Federal se


impõe nas relações internas dos entes políticos. Não
impede que a União celebre tratados que concedam
isenção de tributo estadual ou municipal (ADIn 1.600
do STF e RE 229.096
Princípio da Imunidade Recíproca ou
Intergovernamental (art. 150, VI, a, da CF, e arts. 9º, 11
e s. do CTN)
A imunidade é uma hipótese de não incidência constitucio­
nalmente qualificada. Vale dizer: a Constituição impede
que a lei de tributação inclua certos fatos na hipótese de
incidência de impostos (impõe uma regra negativa de
competência). Só há imunidade, em regra, quanto aos
impostos. Excepcionalmente, porém, no art. 5º, XXXIV,
LXXIII, LXXVI e LXXVII, da Constituição Federal
está prevista a imunidade de taxas em relação ao direito
de petição e certidão, à ação popular, ao registro de
nascimento e à certidão de óbito para os
reconhecidamente pobres e para as ações de habeas
corpus e habeas data
Pelo princípio da imunidade recíproca (art. 150, VI, a),
também denominada intergovernamental, é vedado à
União, aos Estados-Membros, ao Distrito Federal e aos
Municípios instituir impostos sobre patrimônio, renda ou
serviços, uns dos outros, bem como sobre as autarquias e
fundações mantidas pelo Poder Público (são as chamadas
pessoas jurídicas de direito público, e a extensão quanto
às autarquias e fundações, naquilo que está vinculado
às suas atividades essenciais, está prevista no § 2º do
art. 150 da CF).

Tema terá sequência na aula 5

Você também pode gostar