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Módulo Tributo e Segurança Jurídica

SEMINÁRIO I - DIREITO TRIBUTÁRIO E CONCEITO DE “TRIBUTO”

Leitura básica

• CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. São Paulo:


Noeses, Capítulo I e itens 1 (acepções do vocábulo “tributo”) e 2 (a
definição do art. 3º do CTN) do Capítulo II.
• CARVALHO. Paulo de Barros. Direito tributário, linguagem e método. São
Paulo: Noeses, Capítulo 2 da segunda parte, Item 2.2.2 (conceito de
tributo).
• BRITTO, Lucas Galvão de. Sobre o uso de definições e classificações na
construção do conhecimento e na prescrição de condutas. In:
CARVALHO, Paulo de Barros (Coord.). Lógica e Direito. São Paulo:
Noeses, 2016.

Vídeo básico

• CARVALHO, Paulo de Barros. Canal PPGD UNIMAR. Constructivismo


Lógico-Semântico e Norma Jurídica. Disponível em:
https://www.youtube.com/live/SQQdWl8ZeDM?si=tE2Je9UK2J7U1t_q .
Acesso em 30 de janeiro de 2024.

Leitura complementar
• CARVALHO. Paulo de Barros. Direito tributário: fundamentos jurídicos da
incidência. São Paulo: Noeses, Itens 1 (texto e contexto) a 6 (normas
primárias e secundárias) do Capítulo I.
• COPI, Irving. Introdução à lógica. Capítulo 4.
• SOUZA, Priscila de. Intertextualidade no Direito Tributário. São Paulo:
Noeses, 2021.
• CARVALHO, Aurora Tomazini de. Curso de teoria geral do direito (o
constructivismo lógico-semântico). São Paulo: Noeses, Capítulos III e VIII.
• FAVACHO, Fernando Gomes. Definição do conceito de tributo. São
Paulo: Quartier Latin, Capítulo IV.
• CARVALHO. Paulo de Barros. “Breves considerações sobre a função
descritiva do direito tributário”. In CARVALHO, P. B; LINS, R. M. (Coord.).
Ensaios sobre jurisdição federal. São Paulo: Noeses.

Questões
1. Que é Direito? Há diferença entre direito positivo e Ciência do Direito?
Com base em sua resposta, critique a seguinte afirmação: “Direito
tributário é o ramo do Direito público positivo que estuda as relações
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jurídicas entre o Fisco e os contribuintes, concernentes à instituição,


arrecadação e fiscalização de tributos”, e propor definição para “direito
tributário”.

RESPOSTA: Direito na concepção comum do homem é aquele que é


correto, honesto e justo; já na concepção do ambito juridico, dirieto é o
conjunto de normas jurídicas vigentes em um determinado país, sendo
assim, as normas que regem a sociedade, dando a estes imposições de
boas condutas e consequências perante a infrações cometidas por
aquele que está incerido na sociedade, bem como é as normas quais
regem as relações entre as partes diante de seu convivio na sociedade.
O Direito Positivo é o conjunto de normas que regulamentam a relação
entre as partes de uma determinada sociedade, sendo, portanto, a
Ciência do Direito o estudo dessas normas, para que sejam aplicadas da
melhor maneira aquela sociedade em questão. Portanto, não há
diferença entre o Direito Positivo e a Ciência do Dirieto, mas sim a
complementação e a aplicação de um com o outro, sendo um a
aplicação das normas para determinada sociedade e o outro a discução
juridica para adequar de melhor maneira a aplicação destas normas.
O Direito Tributário não se baseia apenas no estudo das relações entre
fisco e contribuinte, sendo, portanto, nas palavras de PAUO DE
BARROS CARVALHO, “o ramo diaticamente autônomo do direito,
integrado pelo conjunto das proposições jurídico-normativas que
correspondam, direta ou indiretamente, à instituição, arrecadação e
fiscalização de tributos.”.
Por fim, direito tributário é o ramo do direito que estuda as modificações,
extinções e criações das realações jurídicas tributarias existentes dentro
de uma determinada sociedade, afim de disciplinar um processo de
retirada/contribuição dos montantes financeiros de um indivíduo para
com o Estado.

2. Diferenciar “termo”, “conceito” e “definição”, trazendo exemplos para


cada um deles. O que é “conceito” e “definição”? Há definições no
âmbito da Ciência do Direito? E no âmbito do direito positivo? E o que é
tributo? Explique apontando se há uma “definição” ou “conceito” de
tributo no direito positivo? Com base na sua definição de tributo, quais
dessas hipóteses são consideradas tributos? Não esqueça de
fundamentar suas respostas. (Vide anexos I, II, III e IV):
(i) valor cobrado pela União a título de ressarcimento de despesas
com selos de controle de IPI fabricado pela Casa da Moeda;
(ii) contribuição sindical (considerar as alterações da lei 13.467/171);

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Art. 545. Os empregadores ficam obrigados a descontar da folha de pagamento dos seus empregados, desde que
por eles devidamente autorizados, as contribuições devidas ao sindicato, quando por este notificados.
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(iii) tributo instituído por meio de decreto (inconstitucional);


(iv) o tributo inserido na base de cálculo de outro tributo;
(v) prestação pecuniária exigida pelo solo criado (solo criado = solo
criado artificialmente pelo homem sobre ou sob o solo).

RESPOSTA: Termo, no âmbito jurídico possui como significado a


“decisão”, sendo, omo exemplo “de ofíco”, ou seja, termo refere-se ao
ato praticado por imperativo legal, ainda, Termo pode ser destacado
como limite que se tem entre relações; Já a palavra Conceito vem da
faculdade cognoscitiva do ser humano para a compreensão, noção e
compecpção da algo, sendo, portanto, conceito uma opinão sobre algo,a
expemplo temos uma discussão entre partes acerca de conceitos
direitentes, ou seja, pessoas que tem a compreensão diversa daquilo
que ambas estão debatendo; E por último Definição entende-se por ato
de definir, delimitar, exatidão, exposição de clareza e exatidão para os
caracteres de uma coisa, sendo como exemplo de definição ato
praticado por um indivíduo qual expõe a diferença exate entre direito
penal e direito tributário.
O conceito é algo percebido pelo indivíduo mediante a uma construção
de seu tema e ou objeto determinado, e a Definição é aquilo que
representa aquele objeto ou tema como ele realmente é. Neste sentido,
ambos se destinguem na sua extensão, haja vista que os conceitos
possuem interpretações mais livres, e as definições visam impedir a
ambiguidade do tema ou objeto, vindo a ser o ponto final. No âmbito do
Direito Positivo e na Ciência do Direito, o conceito tende para a ciência
do dirieto, visto que esta é o debate, o estudo, a melhor aplicação das
normas, sendo, portanto, o conceito e a ciência do direito igualitários
perante suas funções. Já ao que diz respeito ao Dirieto Positivo e
Definição, ambos tendem a colocar em “xeque” o que o conceito/ ciência
do direito buscam, sendo os estudos e debates, colocados em “prática”
pela definição e pelo direito positivio, neste sentido, vê-se que ambos
possuem caráter final, de apresentar o real.
Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo
valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito,
instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente
vinculada (Art. 3º do CTN), assim, o tributo para o direito positivo é o
núcleo da construção do interprete que visa reunir a prestação
pecunuária em moeda, prestação compulsória, prestação que não
constitua sanção de ato ilícito, que esteja intituida na lei e seja cobrada
mediante atividade administrativa plenamente vinculada, assim, o tributo
é a definição de diversos conceitos que englobam sua existência,
estando, portanto, no direito positivo, bem como na ciência do direito.
Anexo (I), neste caso, há um vício na cobrança do tributo, conforme o
Art. 97 do CTN e o Art. 28, §4º da Lei 11.488 de 2007, há uma
formalidade de lei a ser seguida para a cobrança, sendo, assim, eivado
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de vício a forma apresentada; Anexo (II), a reforma trabalhista não


considera mais como tributo a contribuição sindical, sendo este
facultativo; Anexo (III), O tributo instituído por meio de decreto
(inconstitucional) não é considerado como tributo em virtude da sua
instituição (por meio de decreto), sendo, portanto, inconstitucional e
indevido; Anexo (IV), o tributo inserido por na bae de cálculo de outro
tributo é considerado tributo, pois, o ordenamento jurídico não viabiliza a
tomada de valor certo, sendo, a inclusão de tributo na base de cálculo
de outros tributos ou na sua própria base de cálculo como coerente, sem
que haja qualquer menção à inconstitucionalidade dete ato; Anexo (V),
mediante a Lei Federal nº 10.257, não se constitui como tributo, no caso
em questão, está diante de um ato de aquisição de um direito não
compulsório, tratando-se de um ato voluntário, no qual a remuneração é
contratual e não “legal”, conforme denota-se no RE nº 226922 de 2008.

3. Diferencie “enunciado” de “proposição” e “proposição descritiva” de


“proposição prescritiva”. Com base na resposta aos dois
questionamentos anteriores, qual a relação entre proposição e norma
jurídica?

RESPOSTA: Enunciado é a manifestção de uma atividade verbal de


forma concreta, sendo, a comunicação de algo, sequência de palavras
expostas por uma ou mais oração. Já a proposição é um oração
declarativa, sendo todo encadeamento de termos, palvaras ou simbolos
que expressam o pensamento em sentido complexo.
As proposições descritivas são o uso das palavras, conceitos, definições
que dão a idéia de um objeto/coisa, fato ou assunto, suportando a
obrigação juridica de tutelar, sendo, portanto, a categoria geral das
normas jurídicas. Já as proposições prescritivas são aquelas que visam
exerceer influência no comprotamento individual ou coletivo de
determinada sociedade, buscam, portanto, o atendimento às exigências
dos indivíduos sociais de uma forma direta.

4. Diferencie norma jurídica em “sentido amplo” e norma jurídica em


“sentido estrito”. O que é norma jurídica primária e norma jurídica
secundária?

RESPOSTA: A norma jurídica é a significação e não o suporte


propriamente ditio (suporte físico), assim, a norma jurídica em sentido
amplo é a significação contruída a partir do suporte físico dado pelo
direito positivo, sendo, ainda, a norma jurídica em sentido amplo o texto
de lei. Neste aspecto, as normas jurídicas se dividem em normas
jurídicas primárias quais são responsáveis por instituir relações juridicas,
fatos sociais e atriuições dos acontecimentos decorridos de fatos, e a
norma jurídica secundária, que, são as responsáveis por trazer a
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previsão de sanções processuais diante do descumprimento do preceito


da norma jurídica primária, que, mediante a força impositiva do Estado,
se fazem valer as normas jurídicas.

5. Dada a seguinte lei (texto fictício):


Estado de Minas Gerais, Lei Estadual nº 2.017, de 10/10/2017

A Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais Decretou e eu


sanciono a seguinte lei:
Art. 1º Esta Taxa de Controle, Monitoramento e Fiscalização de Atividades
de Pesquisa, Lavra, Exploração e Aproveitamento de Recursos Hídricos,
que tem como fato gerador o exercício do poder de polícia do Estado sobre
estas atividades.
Art. 2º A base de cálculo dessa taxa é a receita bruta obtida com a
comercialização de mercadorias ou de serviços que utilizem recursos
hídricos.
Art. 3o. A alíquota é de 3%.
Art. 4º Contribuinte é a pessoa, física ou jurídica, que utilize recursos
hídricos com a finalidade de exploração ou aproveitamento econômico.
Art. 5º A taxa será apurada mensalmente e recolhida, mediante
preenchimento da guia de recolhimento, até o último dia útil do mês seguinte
ao da exploração ou do aproveitamento do recurso hídrico, sob pena de
multa de 10% sobre o valor do tributo devido.
Art. 6º Na ausência de apuração e recolhimento da taxa pelo contribuinte,a
autoridade fiscal competente deverá lavrar “Auto de Infração e Imposição de
Multa”, aplicando multa de 50% sobre o valor da taxa devida.
Art. 7º É isenta do pagamento da taxa a utilização de recurso hídrico na
captação e consumo destinados à atividade agropecuária.
Art. 8º. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Pergunta-se:
a) Aponte a concepção de “norma jurídica” adotada por você e indique
quantas e quais normas há nessa lei? Identifique-as.
b) Qual dessas normas institui tributo? Institui-se como tributo os Artigos
2º e 3º da norma supra apresentada.
c) Qual dessas normas é estudada pela Ciência do Direito Tributário?
Justificar. Das normas apresentadas, tem-se que a ciência do direito
tributário estuda o artigo 1º e o artigo 4º da norma fictícia apresentada,
posto que as outras aplicações se dão pelo direito positivo, sendo a
aplicação dos estudos e aplicação dos indíces tributários expostos.
d) O texto legal, acima transcrito, é Ciência do Direito? Justificar; Não o
texto legal acima, tras a tona a incidência do Dirieto Positivo, qual seja,
a aplicação da ciência do direito perante a uma determinada sociedade.
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Sugestão para pesquisa suplementar


• Capítulos I, II, V e item 6 do Capítulo VII do livro Curso de teoria geral do
direito (o constructivismo lógico-semântico), de Aurora Tomazini de
Carvalho. São Paulo: Noeses.
• Capítulo I (definição de tributo), art. 3º e art. 4º do livro Comentários ao
Código Tributário Nacional, de Rubens Gomes de Sousa, Geraldo Ataliba
e Paulo de Barros Carvalho. São Paulo: Quartier Latin.
• Capítulo II do livro Lançamento tributário, de Eurico M. Diniz de Santi. São
Paulo: Max Limonad.
• Capítulo I do livro A prova no direito tributário, de Fabiana Del Padre
Tomé, São Paulo: Noeses.
• Capítulo I, itens I.2 a I.4 do livro Presunções no direito tributário, de Maria
Rita Ferragut. São Paulo: Quartier Latin.
• Capítulo II item 2.4 do livro Contribuições: regime jurídico, destinação e
controle, de Paulo Ayres Barreto. São Paulo: Noeses.
• Capítulo I do livro Estruturas lógicas e o sistema do direito positivo, de
Lourival Vilanova. São Paulo: Noeses.
• Hipótese de incidência tributária, primeira parte: “Noções introdutórias”, e
terceira parte: “Classificação jurídica dos tributos”, de Geraldo Ataliba.
São Paulo: Malheiros.
• Itens: 3. (Sistema dos fundamentos óbvios), 10. (O maior equívoco), 11.
(Diagnóstico da demência e a terapêutica), 12. (A doutrina do direito
tributário a des raisons que la raison ne conntaît pas), 16. (Ciência do
Direito), 17. (Lei científica e lei jurídica – Ser e dever ser – Causação e
normatividade), 18. (Crítica aos críticos da teoria normativa do direito –
Kelsen) e 19. (Direito é instrumento), do livro Teoria geral do direito
tributário, de Alfredo Augusto Becker. São Paulo: Noeses.

Anexo I
ADI 447

NA EXCLUSAO DA INCIDENCIA ESTABELECIDA PELO PAR. 3. DO


ART. 155 DA CONSTITUIÇÃO, SITUA-SE A TAXA DE CONSERVAÇÃO
RODOVIARIA, CRIADA PELA LEI N. 8.155, DE 28.12.90, CUJO FATO
GERADOR E A AQUISIÇÃO DE COMBUSTIVEL LIQUIDO.
(ADI 447, Relator(a): OCTAVIO GALLOTTI, Tribunal Pleno, julgado em 05-
06-1991, DJ 05-03-1993 PP-02896 EMENT VOL-01694-01 PP-00025 RTJ
VOL-00145-01 PP-00015)
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Passagem do voto do Ministro Carlos Velloso:


“Os tributos, nas suas diversas espécies, compõem o Sistema
Constitucional Tributário brasileiro, que a Constituição inscreve nos seus arts.
145 a 162. Tributo, sabemos todos, encontra definição no art. 3º do CTN,
definição que se resume, em termos jurídicos, no constituir ele uma obrigação
que a lei impõe às pessoas, de entrega de uma certa importância em dinheiro
ao Estado. As obrigações são voluntárias ou legais. As primeiras decorrem da
vontade das partes, assim, do contrato; as legais resultam da lei, por isso são
denominadas obrigações ex lege podem ser encontradas tanto no direito
público quanto no direito privado. A obrigação tributária, obrigação ex lege, a
mais importante do direito público, ‘nasce de um fato qualquer da vida
concreta, que antes havia sido qualificado pela lei como apto a determinar o
seu nascimento.’ (Geraldo Ataliba, ‘Hermenêutica e Sistema Constitucional
Tributário’, in ‘Diritto e pratica tributaria’, volume L, Padova, Cedam, 1979).
As diversas espécies tributárias, determinadas pela hipótese de incidência
ou pelo fato gerador da respectiva obrigação (CTN, art. 4º), são a) os impostos
(CF, art. 145, I, arts. 153, 154, 155 e 156), b) as taxas (CF, art. 145, II), c) as
contribuições, que são c.l) de melhoria (CF, art. 145, III), c.2) sociais (CF, art.
149), que, por sua vez, podem ser c.2.1) de seguridade social (CF, art. 195,
CF, 195, § 4º) e c.2.2) salário educação (CF, art. 212, § 5º) e c.3) especiais:
c.3.1.) de intervenção no domínio econômico (CF, art. 149) e c.3.2) de
interesse de categorias profissionais ou econômicas (CF, art. 149). Constituem,
ainda, espécie tributária, d) os empréstimos compulsórios (CF, art. 148). (...)”

Anexo II
RE 387.047

EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. LEI N. 3.338/89 DO MUNICÍPIO


DE FLORIANÓPOLIS/SC. SOLO CRIADO. NÃO CONFIGURAÇÃO COMO
TRIBUTO. OUTORGA ONEROSA DO DIREITO DE CRIAR SOLO.
DISTINÇÃO ENTRE ÔNUS, DEVER E OBRIGAÇÃO. FUNÇÃO SOCIAL DA
PROPRIEDADE. ARTIGOS 182 E 170, III DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. 1.
SOLO CRIADO Solo criado é o solo artificialmente criado pelo homem [sobre
ou sob o solo natural], resultado da construção praticada em volume superior
ao permitido nos limites de um coeficiente único de aproveitamento. 2.
OUTORGA ONEROSA DO DIREITO DE CRIAR SOLO. PRESTAÇÃO DE DAR
CUJA SATISFAÇÃO AFASTA OBSTÁCULO AO EXERCÍCIO, POR QUEM A
PRESTA, DE DETERMINADA FACULDADE. ATO NECESSÁRIO. ÔNUS. Não
há, na hipótese, obrigação. Não se trata de tributo. Não se trata de imposto.
Faculdade atribuível ao proprietário de imóvel, mercê da qual se lhe permite o
exercício do direito de construir acima do coeficiente único de aproveitamento
adotado em determinada área, desde que satisfeita prestação de dar que
consubstancia ônus. Onde não há obrigação não pode haver tributo. Distinção
entre ônus, dever e obrigação e entre ato devido e ato necessário. 3. ÔNUS
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DO PROPRIETÁRIO DE IMÓVEL URBANO. Instrumento próprio à política de


desenvolvimento urbano, cuja execução incumbe ao Poder Público municipal,
nos termos do disposto no artigo 182 da Constituição do Brasil. Instrumento
voltado à correção de distorções que o crescimento urbano desordenado
acarreta, à promoção do pleno desenvolvimento das funções da cidade e a dar
concreção ao princípio da função social da propriedade [art. 170, III da CB]. 4.
Recurso extraordinário conhecido, mas não provido.
(RE 387047, Relator(a): EROS GRAU, Tribunal Pleno, julgado em 06-03-2008,
DJe-078 DIVULG 30-04-2008 PUBLIC 02-05-2008 EMENT VOL-02317-04
PP-00799 RTJ VOL-00204-03 PP-01314 LEXSTF v. 30, n. 355, 2008, p. 263-
287)

Passagem do voto do Ministro Eros Grau (relator):

“14. Observe-se que tributo é prestação de caráter obrigacional. O Código


Tributário Nacional, ao referir a conduta “pagamento de tributo”, a ela atribui
esse caráter. A comprovação disso é alcançada mediante o simples exame,
por exemplo, dos textos dos seus artigos 113, 114, 119 e 121. Essa atribuição
de caráter obrigacional àquela conduta é unanimemente reconhecida pela
doutrina.
15. A amplitude do enunciado do artigo 3º do CTN é afetada pelo caráter
obrigacional do tributo. O texto desse artigo 3º há de ser interpretado em
coerência com a sistemática da codificação, que impede a intrusão, no conceito
de tributo, de prestação de dar não obrigacionais.
(...)
17. Aparentemente caberiam no interior do enunciado do artigo 3º do CTN
todas as entradas compulsórias de moeda nos cofres públicos, decorrentes de
obrigação ex lege, que não constituam sanção por ato ilícito. Um determinado
ponto, todavia, é unanimemente reconhecido pela doutrina: ele é objeto de uma
relação jurídica de natureza obrigacional. Aqui estão de acordo gregos e
troianos: a relação jurídico-tributária, é de natureza obrigacional. Logo, não é
possível a afirmação da existência de tributo onde não ocorra relação jurídica
de natureza obrigacional.
(...)
56. Já o tributo consubstancia objeto de obrigação. Seu pagamento é
procedido no interesse alheio, isto é, do Estado. Trata-se, pois, de ato devido.
(...)”

Anexo III
RE 94.001

ACRÉSCIMO DE 200% AO IMPOSTO IMOBILIÁRIO SOBRE IMÓVEIS


ONDE HAJA CONSTRUÇÕES IRREGULARES. ACRÉSCIMO QUE
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CONFIGURA SANÇÃO A ILICITO ADMINISTRATIVO. O ARTIGO 3. DO CTN


NÃO ADMITE QUE SE TENHA COMO TRIBUTO PRESTAÇÃO PECUNIARIA
COMPULSORIA QUE CONSTITUA SANÇÃO DE ATO ILICITO. O QUE
IMPLICA DIZER QUE NÃO E PERMITIDO, EM NOSSO SISTEMA
TRIBUTÁRIO, QUE SE UTILIZE DE UM TRIBUTO COM A FINALIDADE
EXTRAFISCAL DE SE PENALIZAR A ILICITUDE. TRIBUTO NÃO E MULTA,
NEM PODE SER USADO COMO SE O FOSSE. SE O MUNICÍPIO QUER
AGRAVAR A PUNIÇÃO DE QUEM CONSTROI IRREGULARMENTE,
COMETENDO ILICITO ADMINISTRATIVO, QUE CRIE OU AGRAVE MULTAS
COM ESSA FINALIDADE. O QUE NÃO PODE - POR SER CONTRARIO AO
ARTIGO 3. DO CTN, E, CONSEQUENTEMENTE, POR NÃO SE INCLUIR NO
PODER DE TRIBUTAR QUE A CONSTITUIÇÃO FEDERAL LHE CONFERE -
E CRIAR ADICIONAL DE TRIBUTO PARA FAZER AS VEZES DE SANÇÃO
PECUNIARIA DE ATO ILICITO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONHECIDO
E PROVIDO, DECLARADA A INCONSTITUCIONALIDADE DA REDAÇÃO
DADA, PELA LEI 7.785, DE 20 DE SETEMBRO DE 1972, AO INCISO I DO
ARTIGO 15 DA LEI 6.989, JA ALTERADO PELA LEI 7.572, DE 29 DE
DEZEMBRO DE 1970, TODAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO.
(RE 94001, Relator(a): MOREIRA ALVES, Tribunal Pleno, julgado em 11-
03-1982, DJ 11-06-1982 PP-05680 EMENT VOL-01258-02 PP-00537 RTJ
VOL-00104-03 PP-01129)

Anexo IV
ADI 5.794

Ementa: Direito Constitucional e Trabalhista. Reforma Trabalhista.


Facultatividade da Contribuição Sindical. Constitucionalidade. Inexigência de
Lei Complementar. Desnecessidade de lei específica. Inexistência de ofensa à
isonomia tributária (Art. 150, II, da CRFB). Compulsoriedade da contribuição
sindical não prevista na Constituição (artigos 8º, IV, e 149 da CRFB). Não
violação à autonomia das organizações sindicais (art. 8º, I, da CRFB).
Inocorrência de retrocesso social ou atentado aos direitos dos trabalhadores
(artigos 1º, III e IV, 5º, XXXV, LV e LXXIV, 6º e 7º da CRFB). Correção da
proliferação excessiva de sindicatos no Brasil. Reforma que visa ao
fortalecimento da atuação sindical. Proteção às liberdades de associação,
sindicalização e de expressão (artigos 5º, incisos IV e XVII, e 8º, caput, da
CRFB). Garantia da liberdade de expressão (art. 5º, IV, da CRFB). Ações
Diretas de Inconstitucionalidade julgadas improcedentes. Ação Declaratória de
Constitucionalidade julgada procedente. 1. À lei ordinária compete dispor sobre
fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes quanto à espécie tributária
das contribuições, não sendo exigível a edição de lei complementar para a
temática, ex vi do art. 146, III, alínea ‘a’, da Constituição. 2. A extinção de
contribuição pode ser realizada por lei ordinária, em paralelismo à regra
segundo a qual não é obrigatória a aprovação de lei complementar para a
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criação de contribuições, sendo certo que a Carta Magna apenas exige o


veículo legislativo da lei complementar no caso das contribuições
previdenciárias residuais, nos termos do art. 195, § 4º, da Constituição.
Precedente (ADI 4697, Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Tribunal Pleno,
julgado em 06/10/2016). 3. A instituição da facultatividade do pagamento de
contribuições sindicais não demanda lei específica, porquanto o art. 150, § 6º,
da Constituição trata apenas de “subsídio ou isenção, redução de base de
cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão”, bem como
porque a exigência de lei específica tem por finalidade evitar as chamadas
“caudas legais” ou “contrabandos legislativos”, consistentes na inserção de
benefícios fiscais em diplomas sobre matérias completamente distintas, como
forma de chantagem e diminuição da transparência no debate público, o que
não ocorreu na tramitação da reforma trabalhista de que trata a Lei nº
13.467/2017. Precedentes (ADI 4033, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA,
Tribunal Pleno, julgado em 15/09/2010; RE 550652 AgR, Relator(a): Min.
RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda Turma, julgado em 17/12/2013). 4. A Lei
nº 13.467/2017 emprega critério homogêneo e igualitário ao exigir prévia e
expressa anuência de todo e qualquer trabalhador para o desconto da
contribuição sindical, ao mesmo tempo em que suprime a natureza tributária da
contribuição, seja em relação aos sindicalizados, seja quanto aos demais,
motivos pelos quais não há qualquer violação ao princípio da isonomia
tributária (art. 150, II, da Constituição), até porque não há que se invocar uma
limitação ao poder de tributar para prejudicar o contribuinte, expandindo o
alcance do tributo, como suporte à pretensão de que os empregados não-
sindicalizados sejam obrigados a pagar a contribuição sindical. 5. A Carta
Magna não contém qualquer comando impondo a compulsoriedade da
contribuição sindical, na medida em que o art. 8º, IV, da Constituição remete à
lei a tarefa de dispor sobre a referida contribuição e o art. 149 da Lei Maior, por
sua vez, limita-se a conferir à União o poder de criar contribuições sociais, o
que, evidentemente, inclui a prerrogativa de extinguir ou modificar a natureza
de contribuições existentes. 6. A supressão do caráter compulsório das
contribuições sindicais não vulnera o princípio constitucional da autonomia da
organização sindical, previsto no art. 8º, I, da Carta Magna, nem configura
retrocesso social e violação aos direitos básicos de proteção ao trabalhador
insculpidos nos artigos 1º, III e IV, 5º, XXXV, LV e LXXIV, 6º e 7º da
Constituição. 7. A legislação em apreço tem por objetivo combater o problema
da proliferação excessiva de organizações sindicais no Brasil, tendo sido
apontado na exposição de motivos do substitutivo ao Projeto de Lei nº
6.787/2016, que deu origem à lei ora impugnada, que o país possuía, até
março de 2017, 11.326 sindicatos de trabalhadores e 5.186 sindicatos de
empregadores, segundo dados obtidos no Cadastro Nacional de Entidades
Sindicais do Ministério do Trabalho, sendo que, somente no ano de 2016, a
arrecadação da contribuição sindical alcançou a cifra de R$ 3,96 bilhões de
reais. 8. O legislador democrático constatou que a contribuição compulsória
gerava uma oferta excessiva e artificial de organizações sindicais, configurando
uma perda social em detrimento dos trabalhadores, porquanto não apenas uma
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parcela dos vencimentos dos empregados era transferida para entidades sobre
as quais eles possuíam pouca ou nenhuma ingerência, como também o
número estratosférico de sindicatos não se traduzia em um correspondente
aumento do bem-estar da categoria. 9. A garantia de uma fonte de custeio,
independentemente de resultados, cria incentivos perversos para uma atuação
dos sindicatos fraca e descompromissada com os anseios dos empregados, de
modo que a Lei nº 13.467/2017 tem por escopo o fortalecimento e a eficiência
das entidades sindicais, que passam a ser orientadas pela necessidade de
perseguir os reais interesses dos trabalhadores, a fim de atraírem cada vez
mais filiados. 10. Esta Corte já reconheceu que normas afastando o pagamento
obrigatório da contribuição sindical não configuram indevida interferência na
autonomia dos sindicatos: ADI 2522, Relator(a): Min. EROS GRAU, Tribunal
Pleno, julgado em 08/06/2006. 11. A Constituição consagra como direitos
fundamentais as liberdades de associação, sindicalização e de expressão,
consoante o disposto nos artigos 5º, incisos IV e XVII, e 8º, caput, tendo o
legislador democrático decidido que a contribuição sindical, criada no período
autoritário do estado novo, tornava nula a liberdade de associar-se a
sindicatos. 12. O engajamento notório de entidades sindicais em atividades
políticas, lançando e apoiando candidatos, conclamando protestos e mantendo
estreitos laços com partidos políticos, faz com que a exigência de
financiamento por indivíduos a atividades políticas com as quais não
concordam, por meio de contribuições compulsórias a sindicatos, configure
violação à garantia fundamental da liberdade de expressão, protegida pelo art.
5º, IV, da Constituição. Direito Comparado: Suprema Corte dos Estados
Unidos, casos Janus v. American Federation of State, County, and Municipal
Employees, Council 31 (2018) e Abood v. Detroit Board of Education (1977).
13. A Lei nº 13.467/2017 não compromete a prestação de assistência judiciária
gratuita perante a Justiça Trabalhista, realizada pelos sindicatos inclusive
quanto a trabalhadores não associados, visto que os sindicatos ainda dispõem
de múltiplas formas de custeio, incluindo a contribuição confederativa (art. 8º,
IV, primeira parte, da Constituição), a contribuição assistencial (art. 513, alínea
‘e’, da CLT) e outras contribuições instituídas em assembleia da categoria ou
constantes de negociação coletiva, bem assim porque a Lei n.º 13.467/2017
ampliou as formas de financiamento da assistência jurídica prestada pelos
sindicatos, passando a prever o direito dos advogados sindicais à percepção
de honorários sucumbenciais (nova redação do art. 791-A, caput e § 1º, da
CLT), e a própria Lei n.º 5.584/70, em seu art. 17, já dispunha que, ante a
inexistência de sindicato, cumpre à Defensoria Pública a prestação de
assistência judiciária no âmbito trabalhista. 14. A autocontenção judicial requer
o respeito à escolha democrática do legislador, à míngua de razões teóricas ou
elementos empíricos que tornem inadmissível a sua opção, plasmada na
reforma trabalhista sancionada pelo Presidente da República, em homenagem
à presunção de constitucionalidade das leis e à luz dos artigos 5º, incisos IV e
XVII, e 8º, caput, da Constituição, os quais garantem as liberdades de
expressão, de associação e de sindicalização. 15. Ações Diretas de
Inconstitucionalidade julgadas improcedentes e Ação Declaratória de
Módulo Tributo e Segurança Jurídica

Constitucionalidade julgada procedente para assentar a compatibilidade da Lei


n.º 13.467/2017 com a Carta Magna.
(ADI 5794, Relator(a): EDSON FACHIN, Relator(a) p/ Acórdão: LUIZ FUX,
Tribunal Pleno, julgado em 29-06-2018, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-083
DIVULG 22-04-2019 PUBLIC 23-04-2019)

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