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A questão do fim da escravidão no Brasil foi pensada desde

o início do século XIX enquanto processo que deveria


ocorrer de forma gradual e, nesse sentido, várias leis foram
promulgadas limitando o número de escravizados. Dentre
essas leis, destaca-se a Lei Euzébio de Queiroz (1850), que
proibia a entrada de escravizados no Brasil, e a Lei do
Ventre Livre (1871), que teve como principal consequência
o envelhecimento dos escravizados e sua desvalorização
enquanto força de trabalho (COSTA, 2010, p. 260).

Outra questão que se impôs foi a influência inglesa que,


desde o início do século XIX, pressionou o governo brasileiro
no sentido de proibir o tráfico de escravizados, mas essa
pressão foi relativizada devido à resistência brasileira. O
tráfico foi mantido enquanto oferecia respostas ao
capitalismo e abolido quando o amplo progresso capitalista
o superou (COSENTINO, acesso em 12 agosto 2017).
O projeto político de substituição da mão de obra aparece de
forma recorrente ligado à ideia de imigração estrangeira. A
formação de colônias de imigrantes estrangeiros, pelo governo
imperial, está diretamente atrelada à necessidade de substituição
da mão de obra cativa pela livre. O núcleo de povoamento estava
relacionado à ideia de que, no futuro, essas colônias de imigrantes
serviriam de seleiros de mão de obra para as fazendas (ROCHA
2000, p. 24).

Nas regiões cafeeiras brasileiras, o número de fazendeiros que


consideravam o fim da escravidão como uma catástrofe diminui
sensivelmente entre os anos de 1850 e 1870. Esses eram
geralmente fazendeiros das zonas mais antigas que, incapazes de
adotar uma solução para a mão de obra, esperavam ser
indenizados pela perda de seus escravos. Ao lado desse antigo
grupo, surge um novo e mais poderoso grupo para o qual o fim da
escravidão não representava mais um problema gravíssimo. Esses
fazendeiros já usavam a mão de obra de imigrantes e de
trabalhadores nacionais. Na cidade, o trabalho servil já havia sido
substituído pelo livre e no campo estava ocorrendo o mesmo, ainda
que de forma mais lenta (COSTA, 2010, p. 259-260).
Com o fim da escravidão no Brasil,
muitos negros foram expulsos das
fazendas e ficaram sem ter onde morar
nem como sobreviver. Uma boa parte da
elite brasileira não queria que os negros
assumissem os novos postos de
trabalho que estavam surgindo no Brasil,
à preocupação da elite era
embranquecer o país com imigrantes
vindos da Europa. Essa política de
segregação racial fez com os negros
vivessem as margens da sociedade.
Formas de escravidão contemporânea
 Após a abolição do trabalho escravo formal pela Lei
Áurea de 1888, muitas pessoas permaneceram
trabalhando em condições precárias.
 Admissão de que ainda existia trabalho escravo no
Brasil ocorreu apenas em 1995 pelo governo
federal juntamente com a Organização
Internacional do Trabalho, fazendo com que o país
se tornasse uma das primeiras nações mundiais a
reconhecer, de forma oficial, a escravidão
contemporânea em seu território.
 Mesmo após este reconhecimento, o trabalho
escravo perdura até a atualidade, fazendo que com
o passar do tempo houvesse a criação de novas
expressões relacionadas ao trabalho escravo, tais
como trabalho análogo ao de escravo, trabalho
escravo contemporâneo e trabalho forçado (OIT
BRASÍLIA, 2019, p.1).
O conceito de trabalho escravo utilizado pela Organização
Internacional do Trabalho (OIT) é o seguinte:

“Toda a forma de trabalho escravo é trabalho degradante,


mas o recíproco nem sempre é verdadeiro. O que
diferencia um conceito do outro é a liberdade. Quando
falamos de trabalho escravo, estamos nos referindo a
muito mais do que o descumprimento da lei trabalhista.
Estamos falando de homens, mulheres e crianças que não
têm garantia da sua liberdade. Ficam presos a fazendas
durante meses ou anos por três principais razões:
acreditam que têm que pagar uma dívida ilegalmente
atribuída a eles e por vezes instrumentos de trabalho,
alimentação, transporte estão distantes da via de acesso
mais próxima, o que faz com que seja impossível qualquer
fuga, ou são constantemente ameaçados por guardas que,
no limite, lhes tiram a vida na tentativa de uma fuga.
Comum é que sejam escravizados pela servidão por dívida,
pelo isolamento geográfico e pela ameaça às suas vidas.
Isso é trabalho escravo”.
Perfil geral sobre o trabalho
escravo no Brasil
Extraído da cartilha “Qual é o papel da Assistência Social na Extraído do fascículo Trabalho escravo contemporâneo: + de 20
erradicação do trabalho escravo?”. Dados do Ministério do anos de combate (desde 1995). Dados do Ministério do Trabalho
Trabalho e Previdência. e Previdência.
Com o objetivo de erradicar o trabalho
escravo, o Estado brasileiro tem
historicamente centrado esforços na
repressão ao crime, dedicando-se a
medidas como a fiscalização de
propriedades privadas, a restituição dos
direitos dos trabalhadores resgatados e
a punição administrativa, econômica e
criminal dos empregadores flagrados
utilizando-se dessa prática.
Pensando nossa atualidade

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