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História

Nivelamento – O fim da escravidão no


Brasil

1o bimestre – Aula 3
Ensino Fundamental: Anos Finais
● Leis Eusébio de Queirós, do ● Retomar as Leis Eusébio de
Ventre Livre, dos Queirós, do Ventre Livre, dos
Sexagenários e Áurea; Sexagenários e Áurea;
● A abolição da escravidão no ● Relembrar os impactos
Brasil. sociais e econômicos das leis
emancipacionistas na
sociedade brasileira.
Todas as mãos

Considerando o que aprendemos no 8o


ano, levante a mão se quiser responder:
a) Qual foi o papel das chamadas leis
emancipacionistas no processo de extinção da
escravidão no Brasil?
b) Quais foram as leis emancipacionistas mais
importantes implementadas no Brasil antes da Lei
Áurea?
c) A única responsável pelo fim da escravidão no
Brasil foi a Princesa Isabel?
Todas as mãos
Correção
a) Qual foi o papel das chamadas leis emancipacionistas no processo de
extinção da escravidão no Brasil?
Resposta esperada: As chamadas leis emancipacionistas tiveram um
papel importante e contraditório no processo de extinção da
escravidão no Brasil. Uma das leis emancipacionistas mais conhecidas
foi a Lei Eusébio de Queirós, de 1850, que proibiu o tráfico de
escravizados africanos para o Brasil. Essas leis foram conquistas
importantes do movimento abolicionista, mas ao mesmo tempo foram
uma alternativa menos radical à abolição.
Todas as mãos
Correção
b) Quais foram as leis emancipacionistas mais importantes
implementadas no Brasil antes da Lei Áurea?
Resposta esperada: Antes da Lei Áurea, foram criadas a Lei Eusébio de
Queirós, de 1850, que proibiu a entrada de africanos escravizados no
Brasil; a Lei do Ventre Livre, de 1871, que instituía que todas as
crianças que nascessem de mães escravizadas seriam consideradas
livres a partir daquele momento; e, em 1885, a Lei dos Sexagenários,
que libertava os escravizados que tivessem 60 anos de idade ou mais.
Essas leis foram uma alternativa menos radical à abolição e acabaram
retardando efetivamente o fim da escravidão no Brasil.
Todas as mãos
Correção
c) A única responsável pelo fim da escravidão no Brasil foi a Princesa
Isabel?
Resposta esperada: Não. A abolição da escravidão foi um processo
complexo que envolveu diversos fatores históricos, sociais,
econômicos e políticos. A assinatura da Lei Áurea pela Princesa Isabel
foi um marco importante, mas é fundamental reconhecer que o
movimento abolicionista brasileiro foi impulsionado por décadas de
lutas, resistência e mobilizações por parte de diversos setores da
sociedade, incluindo movimentos sociais, intelectuais, escravizados,
alforriados e até mesmo setores da elite.
Leis que retardaram a abolição da escravidão
Entre a implementação da Lei Eusébio de Queirós e a Lei Áurea se
passaram 38 anos. E, apesar de muitos colocarem que essas leis
contribuíram com a abolição da escravidão no Brasil, elas
também serviram aos interesses dos que queriam retardar a abolição
da escravidão. Por trás desses interesses havia algumas motivações:
• Interesses econômicos: a elite proprietária de terras e escravizados
tinha forte influência política e temia perdas financeiras;
• Racismo: a escravidão estava enraizada em concepções racistas e
hierarquias sociais;
• Pressões políticas: as classes dominantes temiam uma instabilidade
social e a perda do controle sobre a população escravizada.
A Lei Eusébio de Queirós – 1850
A Lei no 581, de 4 de setembro de 1850, mais
conhecida como Lei Eusébio de Queirós, foi
uma importante medida estabelecida no Brasil
imperial para combater o tráfico de africanos
escravizados. Ela punia os navios negreiros e
os traficantes, mas não os senhores que
compravam os escravizados. Essa lei foi
implementada principalmente por conta da
pressão exercida pelo governo britânico sobre
o Brasil, buscando a abolição da escravidão no
país.
A lei determinou a apreensão das embarcações
brasileiras ou estrangeiras encontradas com
escravizados a bordo, considerando-as importadoras
de escravizados. A importação de escravizados
passou a ser tratada como pirataria, e a lei
estabelecia punições para as pessoas envolvidas
nesse crime. Os escravizados apreendidos deveriam
ser levados de volta para seus locais de origem ou
para outros lugares fora do império. Caso seu
retorno não fosse possível, os africanos seriam
empregados em trabalhos sob a tutela do governo
brasileiro, não sendo concedidos a particulares.
A Lei do Ventre Livre – 1871
A Lei no 2.040 é mais conhecida como Lei do Ventre
Livre, ou Lei Rio Branco. Estabelecia que toda criança
nascida de mãe escravizada era ingênua e, por isso,
passava a ser considerada livre. Mas, na prática, essas
crianças trabalhariam como escravizadas até os 21
anos. A lei estabelecia que as crianças deveriam ser
criadas pelos senhores (proprietários de escravizados)
até os 8 anos de idade. A partir dessa idade, os
senhores tinham a opção de escolher entre receber do
Estado uma indenização ou usarem o trabalho dos
menores até eles alcançarem a idade de 21 anos.
A lei também instituiu a possibilidade de libertação gradual por meio de
um fundo de emancipação, destinado a um certo número de
escravizados a cada ano. Esse fundo deveria existir em cada província
do império. Além disso, a lei autorizava os próprios escravizados a
juntarem dinheiro para comprar sua liberdade. Eles podiam receber
doações, heranças ou guardar economias que obtiveram de alguma
forma com seu próprio trabalho. Além disso, a legislação proibiu a
separação de cônjuges de filhos menores de 12 anos no caso de venda,
entre outras especificidades.
• Fundo de emancipação: contribuição que o governo imperial atribuiu
às províncias com a intenção de auxiliar na libertação dos escravizados
por meio de uma indenização que seria dada aos senhores.
A Lei dos Sexagenários – 1885
A Lei Saraiva-Cotegipe, mais conhecida como
Lei dos Sexagenários, foi uma lei brasileira
aprovada em 28 de setembro de 1885. Ela
libertou todos os escravizados com mais de
60 anos de idade e abordou outras questões
relacionadas à emancipação dos
escravizados. A lei libertou idosos, o que
significava uma quantidade pequena dos
escravizados e também aqueles que não
seriam mais tão úteis ao trabalho.
A lei propunha a libertação dos escravizados a partir dos
60 anos sem dar indenização aos senhores, que
continuariam responsáveis por cuidar dos libertos idosos
ou incapacitados de trabalhar em troca de serviços
prestados. Ela determinava que os libertos teriam que
prestar serviços aos seus antigos senhores por três anos.
Após esse período, eles estariam livres para viver e
trabalhar onde quisessem. Os escravizados também
teriam a opção de deixar a propriedade de seus senhores,
caso desejassem. Além disso, o projeto ampliava o fundo
de emancipação por meio de impostos que passaram a ser
cobrados dos proprietários de escravizados.
A Lei Áurea – 1888
Implementada em 13 de maio de 1888, a Lei
Áurea foi um dos atos jurídicos mais
importantes da História do Brasil. Com apenas
dois artigos, ela decretou o fim da escravidão
no país. Essa lei marcou o término de quase
quatro séculos de trabalho escravo. Embora as
pressões pela extinção da escravidão já
existissem desde o início do século XIX, o
Império brasileiro adiou a abolição do
trabalho escravizado por décadas.
A lei foi sancionada por Isabel, a Princesa
Imperial Regente, em nome do Imperador Dom
Pedro II. O artigo 1o declarava que a escravidão
estava extinta a partir da data da lei, enquanto o
artigo 2o revogava qualquer legislação contrária
a ela. A lei não garantiu a inclusão dos
pregressos escravizados na sociedade, com
medidas compensatórias, tampouco garantiu
justiça e igualdade social. Embora o status de
liberdade tivesse sido alcançado, iniciou-se um
percurso de desigualdade social e marginalidade
para a população negra no país.
O Brasil foi o último país independente da
América e do Ocidente a abolir a escravidão.
Mas, apesar dos desafios e das consequências
enfrentadas após a abolição, a Lei Áurea marcou
um momento crucial na luta pela igualdade e
pela justiça social no país. No entanto, mesmo
com o fim da escravidão, ainda hoje continuam a
existir formas de trabalho análogo à escravidão
no Brasil, ilegais e inaceitáveis. Em sua economia
de palavras e artigos, a lei não previa um amparo
para a sobrevivência e a dignidade ao final da
escravidão.
Vamos comparar duas imagens da época
da abolição para realizar uma atividade!
Após ter comparado as duas imagens e considerando o que foi colocado
acima, escreva uma resposta para o questionamento abaixo:
a) Quais são as diferenças entre a mensagem transmitida pela alegoria
em relação ao que realmente aconteceu no contexto da assinatura da
Lei Áurea?
Correção
a) Quais são as diferenças entre a mensagem transmitida pela alegoria
em relação ao que realmente aconteceu no contexto da assinatura
da Lei Áurea?
Resposta esperada: O contexto da assinatura da Lei Áurea foi
complexo e envolveu mobilizações da sociedade e contradições
relacionadas às diferentes perspectivas em relação à abolição da
escravidão no país. A alegoria estava embasada em uma perspectiva
simbólica e idealizada do momento, mas não deixa de demonstrar as
contradições inerentes ao contexto. Dentre os diferentes elementos
alegóricos da representação, é possível destacar dois aspectos:
Correção
Colocar a Princesa Isabel no centro da representação, cercada por
mulheres que simbolizavam as províncias brasileiras, tem por trás a
intenção de legitimar o lugar de poder da sucessora do trono, e de
colocá-la enquanto grande responsável pelo estabelecimento da
abolição no país. Outro ponto de destaque é que todas as outras
figuras além da família de escravizados são brancas, com exceção do
diabo, que fora derrotado pela deusa da Justiça. Os escravizados estão
colocados abaixo de todas as mulheres na imagem, e estão fazendo um
gesto de súplica para a representação da Justiça, colocando em cima
dessa mulher branca a responsabilidade por sua libertação.
Organizadores do conhecimento

Vamos organizar nossos conhecimentos?


• Agora que relembramos as chamadas leis emancipacionistas, em
duplas, façam um resumo do que compreenderam em relação às
propostas das leis preenchendo este quadro-síntese:
LEIS EMANCIPACIONISTAS
LEI PROPOSTA
Eusébio de Queirós
do Ventre Livre
dos Sexagenários
Áurea
Organizadores do conhecimento
Correção
• Agora que relembramos as chamadas leis emancipacionistas, em
duplas, façam um resumo do que compreenderam em relação às
propostas das leis preenchendo este quadro-síntese:
LEIS EMANCIPACIONISTAS
LEI PROPOSTA
Proibição do tráfico de escravizados africanos e a aplicação de
Eusébio de Queirós
multas para quem infringisse a lei
do Ventre Livre Concessão de liberdade aos filhos de escravizadas
Concessão de liberdade aos escravizados com mais de 60 anos
dos Sexagenários
de idade
Áurea Abolir completa e imediatamente a escravidão no Brasil
● Relembramos que a Lei Eusébio de Queirós proibiu o
tráfico de escravizados africanos para o Brasil;
● Relembramos que a Lei do Ventre Livre estabeleceu
que crianças nascidas de mães escravizadas seriam
consideradas livres e que a Lei dos Sexagenários
propôs a libertação dos escravizados com mais de 60
anos de idade sem indenização aos seus senhores;
● Compreendemos que a Lei Áurea declarou
oficialmente o fim da escravidão no Brasil, mas não
incluiu medidas compensatórias, o que resultou em
desafios para a população negra após a abolição.
Referências

ANNAES do Parlamento Brasileiro – Câmara dos Srs. Deputados, terceira sessão da Vigésima
Legislatura de 1888. Volume I. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1888.
BARROS, J. D’A . Emancipacionismo e abolicionismo. Cultura, 2008. p. 199-231. v. 25.
LEMOV, D. Aula nota 10 2.0: 62 técnicas para melhorar a gestão da sala de aula. Porto Alegre:
Penso, 2018.
SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Currículo Paulista: Etapas Educação Infantil e
Ensino Fundamental. São Paulo, 2019.
SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Currículo em Ação. Coordenadoria Pedagógica –
COPED. São Paulo, 2023.
SCHWARCZ, L.; STARLING, H. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
Referências

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https://pt.wikipedia.org/wiki/Abolicionismo_no_Brasil#/media/Ficheiro:Lei_%C3%81urea_(Golden_La
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Referências

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1885%28img1%29.jpg. Acesso em: 22 nov. 2023.
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Joaquim_de_Souza_Costa_ao_escravo_Geraldo%2C_Arquivo_P%C3%BAblico_do_Estado_de_S%C3%A
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Slides 15 e 18 –
MultiRio. Disponível em: https://multirio.rio.rj.gov.br/images/historia_do_brasil/cap_7/63_Povo_pa%C
3%A7o.jpg. Acesso em: 22 nov. 2023.
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