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São Paulo
2023
Introdução
A abolição da escravidão no Brasil foi um marco histórico que ocorreu no final
do século XIX, representando o fim de uma prática que perdurou por séculos
no país. Oficialmente, a escravidão foi abolida em 13 de maio de 1888, com a
assinatura da Lei Áurea pela Princesa Isabel. No entanto, o processo de
libertação dos escravizados foi resultado de uma série de eventos, lutas e
pressões sociais que se desenrolaram ao longo do tempo.
Durante o período, Isabel foi exaltada pelo povo. Mas a abolição não foi uma
ação benevolente da princesa e do Senado. Tampouco derivava apenas da
exaustão do modelo econômico baseado no trabalho escravo, que precisava
ser substituído pelo trabalho livre.
O fim da escravidão no Brasil foi impulsionado por diversos fatores, entre eles,
uma importante participação popular. Cada vez mais escravos, negros livres e
brancos se juntaram aos ideais abolicionistas. Sobretudo, na década de 1880.
A lei assinada pela princesa - e apelidada de Lei Áurea - vinha tarde. Todos os
países da América já tinham abolido a escravidão. O primeiro, foi o Haiti, 95
anos antes, em 1793. A maioria demorou para seguir o pioneiro, e fez suas
abolições entre os anos 1830 e 1860. Os Estados Unidos, em 1865. Cuba, a
penúltima a abolir a escravidão, o fez dois anos antes do Brasil.
A lei também vinha curta e seca. Artigo 1: "É declarada extinta desde a data
desta Lei a escravidão no Brazil. Artigo 2: Revogam-se as disposições em
contrário". Nada mais. Nenhuma indenização ou compensação para os recém-
libertos, estimados em 1,5 milhão de pessoas naquela época, nenhuma política
de emprego ou de acesso à terra. Isso dificultou a integração dos ex-escravos.
“(A alegria trazida pela lei da abolição) havia de ser geral pelo país, porque já
tinha entrado na consciência de todos a injustiça originária da escravidão. Mas
como ainda estamos longe de ser livres! Como ainda nos enleamos nas teias
dos preceitos, das regras e das leis!”, ponderou Lima Barreto, ao se recordar
da festa da abolição.
- O movimento abolicionista
Em 1886, a célebre cantora lírica russa Nadina Bulicioff veio ao Brasil para
fazer uma série de espetáculos, a convite do imperador Pedro II. Estava em
cartaz com a peça Aida - nome da personagem principal, filha do rei da Etiópia,
escravizada no Egito.
A temporada teve grande sucesso. Especialmente, a última apresentação. Em
certa altura da história, Aida foge do cativeiro, ainda com algemas. Nesse
momento, o abolicionista José do Patrocínio interrompeu a cena e subiu ao
palco com seis mulheres escravizadas.
Além das artes, outra tática usada pelos abolicionistas foi a judicial. Luís Gama,
um ex-escravo que se tornou advogado dos escravos, ajudou a libertar cerca
de 500 pessoas graças a processos nos tribunais, e fez seguidores.
Gama nasceu livre na Bahia. Mas, ainda criança, acabou vendido como
escravo e foi levado para São Paulo. Aos 17 anos, aprendeu a ler e escrever.
Em seguida, reivindicou sua liberdade ao seu proprietário - e conseguiu. Afinal,
nascera livre, e livre era.
Alguns anos depois, Gama se tornou rábula (advogado auto-didata, sem
diploma) e fez da profissão uma forma de luta contra a escravidão. Um dos
seus argumentos mais vitoriosos para obter a libertação era provar que os
africanos haviam sido trazidos para o Brasil quando o tráfico negreiro já era
ilegal.
Foi assim que foi aprovado, primeiro, o fim do tráfico; 19 anos depois, o fim
definitivo do tráfico; após mais 21 anos, a liberdade das crianças; passados
outros 14 anos, a dos idosos, protelando o fim definitivo da escravidão.
Um deles foi Pio, ex-escravo que tinha se tornado estivador em Santos. Nas
vésperas da abolição, Pio organizou uma fuga em massa na região de Itu,
interior de São Paulo, rumo a um quilombo no litoral. O grupo, porém, foi
massacrado por forças policiais na Serra do Mar.
- E depois da abolição?
É por isso que o movimento negro não comemora a data , mas sim o 20 de
novembro, que marca a morte de Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos
Palmares, representando a resistência negra.
Isso não significa, no entanto, que o 13 de maio não deva ser lembrado, diz
Oliveira: “A abolição foi fruto de uma pressão social. A gente precisa recontar
essa história, dos heróis e heroínas que lutaram pelo fim da escravidão”. Sem
esquecer que, 130 anos depois da abolição, a desigualdade persiste.
“Durante esses 130 anos somos maioria no país - 54% da população é afro-
brasileira. Mas não somos 54% no Congresso Nacional, nos ministérios, nos
tribunais, nas universidades, nas grandes empresas privadas. Isso precisa
mudar”, completa Oliveira.
E se os abolicionistas vissem o Brasil hoje, 130 anos depois? “Acho que eles
entrariam em campanha, fariam um movimento de novo. Inclusive com as
mesmas bandeiras que eles tinham (de promoção de oportunidades para os
negros), que não foram implementadas”, opina Alonso.
CONCLUSÃO
Referencias:
https://www.bbc.com/portuguese/resources/idt-sh/lutapelaabolicao