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A LEI ÁUREA E OS SEUS IMPACTOS SOCIAIS

O texto da Lei Áurea )lei imperial de número 3.353 foi assinado pela Princesa Isabel e por
Rodrigo Augusto da Silva com uma pena dourada, cravejada de diamantes e pedras
vermelhas, no dia 11 de maio de 1988. Veja na íntegra:

A Princesa Imperial Regente, em nome de Sua Majestade o Imperador, o Senhor D. Pedro


II, faz saber a todos os súditos do Império que a Assembléia Geral decretou e ela
sancionou a lei seguinte:

Art. 1°: É declarada extincta desde a data desta lei à escravidão no Brazil.

Art. 2°: Revogam-se as disposições em contrário.


Manda, portanto, a todas as autoridades, a quem o conhecimento e execução da referida
Lei pertencer, que a cumpram, e façam cumprir e guardar tão inteiramente como nella se
contém.
CONTEXTO DA ABOLIÇÃO

A década de 1880 foi turbulenta De 1885 a 1888, a situação nas cidades e até mesmo
para o reinado de Pedro II. em algumas fazendas começou a ficar ainda mais
Grande parte da população turbulenta, dadas as frequentes ações de fugas de
urbana, composta por escravos, bancadas por associações abolicionistas,
profissionais liberais (médicos, como destaca o historiador José Murilo de Carvalho, em
jornalistas, advogados), era seu perfil biográfico de Dom Pedro II:
favorável à abolição e muitos de
seus membros estavam
diretamente engajados na causa “A maré abolicionista tornou-se irresistível,
abolicionista. O próprio imperador transformando-se no primeiro grande movimento
também era contrário ao regime nacional de opinião pública. Nem as fazendas
escravista, mas nunca havia escaparam. Em São Paulo, um grupo abolicionista
conseguido articulação política chamado 'caifases' promovia fugas de escravos. As
necessária para que à abolição fugas multiplicaram-se, especialmente nas províncias de
ocorresse, apesar da grande São Paulo e do Rio de Janeiro. Cresceu o número de
pressão que os deputados liberais quilombos, alguns patrocinados por abolicionistas, como
exerciam sobre o seu governo. o do Leblon, na capital do Império”.
O ABOLICIONISMO POPULAR
"A história oficial do processo de abolição da escravidão no Brasil geralmente se debruça sobre o
protagonismo desempenhado pelo movimento abolicionista na libertação dos escravos a partir de 1870.
Entretanto, o movimento abolicionista apresentado como protagonista foi o liderado pela elite branca,
deixando no esquecimento outras lutas contra à escravidão: as rebeliões e fugas de escravos, além do
abolicionismo popular, dentre os quais podem se destacar os chamados Caifazes."

Um dos exemplos do abolicionismo popular foram os Apesar dessa liderança de Antônio Bento, os
Caifazes, que se organizaram na província de São Caifazes eram formados em sua maioria por
Paulo após 1880. Liderados pelo advogado, ex- tipógrafos, artesãos, pequenos comerciantes
delegado, ex-promotor e ex-juíz Antônio Bento de e ex-escravos, que constituíram redes de
Souza e Castro (1843-1898) – portanto um membro solidariedade para garantir a saída dos
da elite paulista –, os Caifazes participaram da escravos das fazendas e sua inserção no
organização de uma série de fugas das fazendas mundo do trabalho. É de se destacar a
cafeeiras e mesmo nas cidades. O nome deriva do atuação do caifaz Antônio Paciência, que
personagem bíblico que corrompeu Judas para trair ficou notabilizado pela atuação no interior de
Jesus. No caso brasileiro, os Caifazes estavam São Paulo na organização e planejamento de
promovendo a traição à escravidão. fugas."
O ABOLICIONISMO POPULAR

Foi na segunda metade do século XIX que surgiram os movimentos abolicionistas em defesa da
abolição da escravidão no Brasil, irradiando, dessa forma, seus ideais nas publicações dos jornais
de grande circulação da época, seus posicionamentos políticos abolicionistas em evidência, sempre
contrários à escravidão. Ferrenhos abolicionistas, figuras como Joaquim Nabuco e José do
Patrocínio defendiam a abolição da escravidão no Brasil e, por meio de suas atuações políticas,
apresentavam sempre no Congresso propostas pelo fim do trabalho escravo.

Havia, também nesse período, a resistência da população escravizada, que realizava


várias rebeliões em todo o país, surgindo, assim, os quilombos de negros fugitivos, se
destacando o Quilombo dos Palmares, liderado por Zumbi dos Palmares e Dandara.
OS IMPACTOS SOCIAIS DA LEI ÁUREA

A Lei Áurea, que aboliu à escravidão no A abolição fez com que os escravos se
Brasil, foi assinada em 13 de maio de tornassem pessoas livres, mas isso não lhes
1888. Data que não é lembrada com deu garantias de que ele seria aceito na
felicidade, tendo em vista as consequências sociedade, por isso os recém-libertos passaram
sociais que surgiram após o processo dias difíceis. Foi diferente do que ocorreu nos
abolicionista no Brasil, colocando os ex- Estados Unidos, pois, no Brasil, após o fim da
escravos marginalizados na sociedade escravidão, os ex-escravos foram abandonados
brasileira. Passando a ser recordada como à própria sorte. Nos Estados Unidos, com o fim
marco da resistência e luta nacional pelo da Guerra da Secessão, a vitória do Norte
fim da escravidão. sobre o Sul resultou na libertação total dos
escravos, sendo todos amparados por uma lei
que possibilitou assistência e inserção do negro
na sociedade.
OS IMPACTOS SOCIAIS DA LEI ÁUREA

Aqui no Brasil, os negros ficaram sem acesso à terra e sem qualquer tipo de
indenização por tanto tempo de trabalho forçado, geralmente analfabetos, sujeitos
a todo tipo de preconceito, levando a muitos dos recém-libertos a permanecerem
nas fazendas em que trabalhavam, vendendo seu trabalho em troca da
sobrevivência. Porém, aos negros que foram para as cidades só restaram os
subempregos, a economia autônoma e o artesanato. Isso aumentou grandemente
o número de ambulantes, empregadas domésticas, quitandeiras sem qualquer tipo
de assistência e garantia. Muitas ex-escravas eram tratadas como prostitutas. Os
libertos que não moravam nas ruas passaram a viver em míseros cortiços. Existia
preconceito e discriminação, e a ideia era de que o negro só servia para trabalhos
duros, ou seja, serviços braçais, gerando marcas profundas desde a abolição da
escravatura até os dias atuais.
OS IMPACTOS SOCIAIS DA LEI ÁUREA

PARE PARA REFLETIR

Temos então até os dias de hoje uma mentalidade colonizadora entre nós
brasileiros que se expressa no nosso cotidiano, na reprodução das
relações de desigualdade e falsa ideia de superioridade. Bem, melhor
dizendo, a mentalidade escravocrata continua existindo através do
racismo e da enorme desigualdade social, funcionando como elemento de
distinção entre brancos e negros.
Tks ☺
D&I

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