Você está na página 1de 4

UM GOLPE DE HUMANIDADE

13 de Maio - Dia de alegria e reflexão.

Por : Gabriel Maruo

Do Paço Imperial no Rio de Janeiro, no dia 13 de Maio de 1888 às 15 horas


de um domingo, o Brasil - nas palavras da própria Princesa Isabel - “Se
nivelava moralmente aos demais países civilizados”.

Há 133 anos atrás, nosso país se livrava de sua maior vergonha, a


escravidão. Através da Lei Áurea (Lei Imperial Nº. 3.353) assinada pela
Princesa Imperial Dona Isabel de Bragança, então Princesa-Regente do
Império Brasileiro, que declarava extinto o regime de trabalho escravo e
libertando aproximadamente 700 mil cativos.
Hoje, qualquer pessoa em pleno uso de suas faculdades mentais, entende
absolutamente que a escravidão é algo inadmissível. Porém, nos séculos
passados, tal condição era normal e fazia parte da triste realidade daquele
tempo.
O Brasil já nasce dentro de um regime escravista. Isso desde a colonização
no século XVI, nossa elevação a Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves
em 1815, e posteriormente já na Independência em 1822. Costumes
escravistas e a condição cativa dos negros já estava enraizada na sociedade,
ao ponto dos próprios escravos ou negros libertos terem também seus
escravos.
A política era dominada majoritariamente por escravocratas, grandes
fazendeiros e agricultores. Fazendo com que cada vez mais protelemos a
questão da abolição; uma vez que essa, deveria ser aprovada pelo
parlamento. Afinal, éramos uma Monarquia Parlamentar.

A Família Imperial Brasileira sempre foi declaradamente abolicionista, desde


Dom Pedro I, que dizia que seu sangue era da mesma cor de um negro,
alforriava escravos e concedia lotes de terra, tinha a pretensão de abolir a
escravidão mas não conseguiu. Da mesma forma que, Dom Pedro II herda
de seu pai o espírito abolicionista, teve como seu pajem o negro Rafael.
Imperador este, que nunca possuiu escravos, gastava boa parte de seu
dinheiro com caridade e alforrias, e dizia que a escravidão era um cancro
para o Brasil. Nesse mesmo ambiente, cresceu sua filha, a Princesa Isabel,
uma ferrenha abolicionista.
Mesmo havendo esse anseio por parte dos Imperadores e de alguns políticos
e intelectuais da época, a proposta de abolição não agradava aos aristocratas
e aos grandes fazendeiros. Esses, viam os escravizados como suas
propriedades que o Império queria lhes tirar.

Tivemos, primeiramente, a Lei Eusébio de Queiroz em 1850, e depois a Lei


do Ventre Livre em 1871 e do Sexagenário em 1885. Devido a imensidão do
território brasileiro e falta de meios, a fiscalização era dificultada e assim os
resultados dessas leis não eram absolutos. Precisávamos de acabar de vez
com isso.

O Brasil tinha como exemplo os Estados Unidos, na década de 1860, que em


seu processo de abolição desencadeou uma guerra civil, seguida por anos de
segregação racial. O Imperador Dom Pedro II, sabia que isso precisava ser
gradual para o país não entrar em colapso, mas não poderia mais demorar,
éramos o único país das Américas mantendo esse inescrupuloso regime
escravista.
Se até então a abolição não era um ponto importante para a sociedade e para
os políticos, na década de 1880 surge um grande Movimento em favor da
causa abolicionista. Liderada por gigantes como André Rebouças, José do
Patrocínio, Joaquim Nabuco e Luiz Gama, que construíram o ambiente
psicológico e político para a abolição. Criaram associações, promoveram
grandes eventos abolicionistas e de alforrias.
A Princesa Imperial do Brasil, Dona Isabel, sempre foi uma grande defensora
da causa dos escravizados. Tento sustentado quilombos (como o do Leblon),
abrigava escravos fugidos no próprio palácio e alforriava todos que
conseguia. Esteve diretamente ligada à causa.

Até que, após a deposição do gabinete do Barão de Cotegipe, os


abolicionistas viam sua grande oportunidade no gabinete de João Alfredo.
Ministério esse, que assegurou a rápida aprovação do projeto de lei
apresentado pelo Ministro da Agricultura Rodrigo Augusto da Silva, que
previa a extinção da escravidão.
Às 15 horas do dia 13 de Maio de 1888, Sua Alteza Imperial Dona Isabel de
Bragança, Princesa Imperial e Regente do Império Brasileiro, no uso de suas
atribuições, tomada por uma consciência cristã, dotada de coragem e firmeza,
num grande golpe de humanidade, assinava a Lei Imperial Nº 3.353, Lei
Áurea, que declarava extinta a escravatura!
Nunca houve na história brasileira, tamanha agitação popular como nas
comemorações da Lei Áurea. Dos palácios às senzalas. Dos nobres aos
escravos. O povo brasileiro comemorava fraternalmente a liberdade! (Menos
os escravagistas, claro. rsrs)
A Redentora satisfazia o anseio de seu povo e o sonho da vida de seu pai,
Dom Pedro II, de ver os negros livres (O Imperador que naquela altura já
estava bastante doente). Com toda certeza, seu avô Dom Pedro I e seu
bisavô Dom João VI, se juntariam ao povo nas grandes comemorações.

Agora faremos uma breve reflexão:


De fato, a Lei Áurea não continha dispositivos que tratavam da integração dos
libertos ou indenização. A Lei foi clara e curta, a fim de que se aprovasse e
sancionasse rapidamente. Os escravocratas brigavam para receber
indenização, sendo severamente negados pelo Imperador. Uma vez que, a
corte queria indenizar os ex-escravos.

Propostas como a “Democracia Rural” de André Rebouças, e a própria


vontade de Dª Isabel de fazer uma reforma agrária e indenizar os libertos, não
foram adiante. Isso porque, os escravocratas aliaram-se à pequena facção
republicana, dominada pelo pensamento positivista das escolas militares; e
estes, deram o Golpe da República em 15 de Novembro de 1889.
Atualmente, os discursos ideologizados desmerecem a figura da Princesa
Isabel e dos demais líderes abolicionistas como André Rebouças, dizendo
que “a mão branca sequestrou a luta de um povo”, ou até mesmo a famosa
falácia da pressão inglesa na abolição. Mas se alguém tem culpa do
abandono dos negros e da favelização dos mesmos, a culpada é a República.
Republiqueta essa, instaurada por escravocratas e sem apoio popular,
inclusive assassinando os integrantes da Guarda Negra da Redentora.
Republiqueta essa, que abandonou os ex-cativos e seus descendentes,
negando tudo que a Monarquia lhes queria fazer.

O Terceiro Reinado, de Dª Isabel, teria feito grandes mudanças sociais,


promovido a indenização desses negros e a integração deles à sociedade. E
isso, foi brutalmente interrompido pelo golpe de 1889. Destruindo todos os
planos de um povo.

Neste dia tão importante para todos nós, jamais poderemos esquecer de tão
ilustres personagens abolicionistas como: André Rebouças, José do
Patrocínio, Luiz Gama, Princesa Isabel, Dom Pedro II, Conde D'Eu, João
Alfredo, Joaquim Nabuco, Rodrigo Augusto, Ferreira de Menezes, Vicente
Ferreira de Souza, Carlos Gomes, Castro Alves, Chiquinha Gonzaga, Dom
Obá II, Luísa Regadas... E todos os bravos brasileiros que lutaram por tão
gloriosa conquista.

13 de Maio de 2021

Gabriel Maruo
Chanceler do Círculo Monárquico de Luziânia

Viva a LIBERDADE!
#ARedentora #IsabelRedentora

Você também pode gostar