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por Daniel Neves Silva

A Lei Áurea foi um momento crucial na história do Brasil e ficou marcada por grandes celebrações. Os ex-escravos, todavia, após a
abolição, enfrentaram inúmeros desafios em vida.
Após a abolição decretada em 1888, muitos dos escravos abandonaram os locais no qual viviam e procuraram outras fazendas para viver.
A abolição da escravatura, que aconteceu por meio da Lei Áurea, foi um acontecimento marcante na história do Brasil e, apesar da
aparente distância temporal, esse é um assunto que ainda gera inúmeros reflexos na nossa sociedade. A abolição, que aconteceu em
1888, foi resultado de uma intensa campanha popular que pressionou o Império para abolir a instituição da escravidão no Brasi l.
Uma pergunta que é feita por muitos em relação a esse assunto é a respeito da vida do escravo após o Treze de Maio. Pois bem, o nosso
objetivo é trazer alguns esclarecimentos a respeito disso, principalmente sobre como ficou a vida dos escravos após a Lei Áur ea.
Contexto histórico
A escravidão foi uma instituição que existiu no Brasil durante mais de 300 anos, e sua introdução em nosso território ocorreu por meio dos
portugueses ainda no século XVI. Inicialmente, a escravidão no Brasil explorava apenas o trabalho do indígena, mas uma série de fatores
levou os portugueses a iniciar a exploração do africano.
Isso levou ao início de um negócio extremamente lucrativo e desumano que existiu no Brasil até o ano de 1850: o tráfico negre iro. O
comércio ultramarino de escravos só foi proibido no Brasil após déca das de pressão da Inglaterra, o que levou nosso país a decretar a Lei
Eusébio de Queirós. Caso você tenha interesse em saber mais sobre esse assunto, sugerimos a leitura deste texto: Tráfico negr eiro.
Iniciou-se nesse período um lento processo que levou o Brasil a abolir o trabalho escravo em definitivo. Esse processo, no entanto,
fortaleceu-se de maneira notável a partir da década de 1870, quando a sociedade brasileira, em grande volume, começou a se mobilizar
na defesa da causa abolicionista. Essa mobilização aconteceu em diversas instâncias de nossa sociedade e alcançou grupos elitizados,
marginalizados, intelectualizados, movimentos de trabalhadores e, claro, os próprios escravos.
A resistência à escravidão na sociedade brasileira aconteceu de diversas formas. Os escravos rebelavam -se organizando fugas e, muitas
vezes, tomando o controle da propriedade na qual eram escravizados. Outros grupos da sociedade incentivavam escravos a fugir, davam-
lhes proteção quando fugiam, incentivavam revoltas, usavam espaços públicos para defender a causa, ajudavam com dinheiro, roubavam
escravos de seus senhores para libertá-los em seguida etc. O enfraquecimento da escravidão em nosso país, ao longo do século XIX,
sobretudo depois da década de 1850, é perceptível pelos núm eros trazidos pelo historiador João José Reis, que mostra a redução da
população de escravos no país:
1818: 1.930.000 escravos 1864: 1.715.000 escravos 1874: 1.540.829 escravos 1884: 1.240.806 escravos 1887: 723.419 escr avos
Esses números transparecem, claramente, o enfraquecimento da escravidão pela diminuição na população de cativos em nosso país. A
mobilização popular e as insurreições de escravos forçaram o Império a decretar a Lei Áurea em 13 de maio de 1888. Essa lei, depois de
aprovada no Senado, foi levada para a assinatura da regente do Brasil, a princesa Isabel.
A Lei Áurea decretou, de maneira bem simples, a extinção da escravidão no Brasil de maneira imediata e sem nenhum tipo de ind enização
para os antigos senhores de escravos. Com essa lei, a grande questão que surgia era como seria a vida dos escravos ao conquistarem
sua liberdade. Veremos a seguir como foi o dia após a abolição e como foi a vida do ex-escravo no contexto imediato da pós -abolição.
A lei saiu do Senado e logo depois foi encaminhada para ser assinada pela princesa Isabel. A assinatura da princesa aconteceu no meio
da tarde e confirmou a abolição da escravidão. Com a notícia, a cidade do Rio de Janeiro entrou em festa.
Walter Fraga explica bem o motivo de tanta celebração p or conta da proibição da escravidão no Brasil: A festa tinha razão de ser. Afinal,
era o fim da escravidão. Além disso, representava a vitória do movimento popular sobre aqueles que resistiram à abolição até as vésperas
do Treze de Maio. Mas o que embalava também a festa era a expectativa de que dali por diante dias melhores viriam
A preocupação com o futuro era algo marcante para os ex-escravos, desejosos de construir um futuro melhor para si e para sua família. A
historiadora Wlamyra Albuquerque conseguiu exemplificar bem essa preocupação dos ex-escravos por meio de uma carta escrita por
libertos e enviada para Rui Barbosa, em 1889: “Nossos filhos jazem imersos em profundas trevas. É preciso esclarecê -los e guiá-los por
meio da instrução.”
Certamente, muitas mudanças aconteceram, mas até que ponto a vida do ex-escravo melhorou? A falta de iniciativas do governo para
integrar o ex-escravo na sociedade e dar-lhe algo para sobreviver contribuiu para que os antigos senhores, muitas vezes, continuassem
explorando os negros libertos.
A primeira grande reação dos ex-escravos foi a celebração. Uma outra reação foi a de mudar-se de lugar. Com isso, muitos ex-escravos
abandonaram as fazendas e engenhos em que foram escravizados e mudaram-se para outras fazendas ou foram para outras cidades. As
migrações dos ex-escravos, segundo Walter Fraga, era parte de um esforço para “distanciar-se do passado de escravidão”. Além disso,
muitos se mudavam para retornar ao seu local de nascimento, para rever parentes, para procurar pa rentes dos quais foram separados,
para conseguir um trabalho com melhor remuneração etc.
As migrações de ex-escravos geraram insatisfação de grandes proprietários, assim, esses grupos passaram a pressionar as autoridades
para que essas reprimissem os ex-escravos por vadiagem e vagabundagem. Essa forma de repressão era, por diversas vezes, utilizada
por grandes proprietários para reprimir e perseguir ex-escravos que não aceitavam as péssimas condições impostas pelos senhores.
Um outro mecanismo de repressão desenvolvido pelos grandes proprietários contra a liberdade dos ex-escravos era impedir que eles se
mudassem. Existiram casos de ex-escravos que eram ameaçados e agredidos fisicamente para que não se mudassem. Já outros
senhores acionavam a Justiça para exercer a tutoria sobre os filhos de ex-escravos como forma de impedir que eles abandonassem sua
fazenda. Muitas vezes os senhores também se negavam a pagar os salários acertados com os ex-escravos e utilizavam de ameaças
quando estes demonstravam sua insatisfação.
Outro fenômeno importante foi as fugas de senhores de escravos, nos dias logo após a abolição da escravidão, por temerem que os
escravos, então libertos, voltassem -se contra si e contra sua família. Walter Fraga destaca um caso na Bahia – no Engenho Maracangalha
– onde isso aconteceu. Lá, os ex-escravos, aproveitando-se da ausência de seu antigo senhor, apoderaram -se das terras|9|.
A questão da terra também foi um fator relevante e que definiu como seria a vida do ex-escravo com a abolição. A Lei Áurea não foi
acompanhada por nenhuma medida que garantisse o sustento do ex-escravo. A situação, pelo contrário, foi o inverso, pois, conforme
mencionado, a lei e o aparato do Estado, muitas vezes, foram utilizados para reprimir os ex-escravos e para podar-lhes a liberdade.
O não acesso às terras que permaneceram nas mãos dos grandes proprietários e ex-donos de escravos foi um problema grave que
contribuiu para reforçar o papel de dependência dos ex-escravos em relação aos senhores. As condições ruins e os salários baixos
garantiam aos ex-escravos uma posição subalterna e marginalizada na sociedade.
O mesmo aconteceu nas grandes cidades, uma vez que esses libertos, sem oportunidades e sem estudo, eram sujeitos a empregos r uins
e mal remunerados. A pobreza e a falta de oportunidades contribuíram para perpetuar essa parcela de ex-escravos em posições marginais
de nossa sociedade, o que contribuía, inclusive, para o crescimento da criminalidade. Houve também ex-escravos que optaram por
retornar para o continente africano.
De toda forma, a abolição da escravatura seguiu como um momento marcante para os ex-escravos. Muitos deles, em suas formas de se
manifestar, procuravam exaltar e relembrar o 13 de Maio e a conquista da sua liberdade por meio do samba, da capoeir a, da religião etc.
1.O que foi a Lei Áurea? 16. Observe as imagens e produza um texto:
2. Quando essa Lei foi decretada?
3. A abolição, que aconteceu em 1888, foi resultado de que?
4. Como aconteceu a resistência à escravidão na sociedade
brasileira?
5. Qual foi a primeira grande reação dos ex-escravos?
6. As migrações dos ex-escravos, segundo Walter Fraga, era
parte de um esforço para que?
7. As migrações de ex-escravos geraram insatisfação de
grandes proprietários, o que eles fizeram nessa situação?
8. Qual foi o outro mecanismo de repressão desenvolvido pelos
grandes proprietários contra a liberdade dos ex-escravos?
9.Por que os senhores de escravos, nos dias logo após a
abolição da escravidão fugiram?
10. O que Walter Fraga explica sobre o motivo da festa por conta
da proibição da escravidão no Brasil?
11. A preocupação com o futuro era algo marcante para os ex -
escravos. O que diziam sobre isso?
12. A abolição da escravidão foi marcante, mas como passaram
a sobreviver os escravos após a Lei Áurea?
13. O que os ex-escravos fizeram depois da abolição? Por que
agiram assim?
14. Complete:
1. A escravidão foi uma __________ que existiu no Brasil
durante mais de ___ anos, e sua introdução em nosso território
ocorreu por meio dos ___________ ainda no século XVI.
2. Inicialmente, a escravidão no Brasil explorava apenas o
trabalho do __________, mas uma série de fatores levou os
portugueses a iniciar a exploração do __________.
3. A exploração levou ao início de um negócio extremamente
___________ e desumano que existiu no Brasil até o ano de
1850: o ______________.
4. O comércio _____________ de escravos só foi proibido no
Brasil após décadas de pressão da ____________, o que levou
nosso país a decretar a Lei ______________.
5. Iniciou-se nesse período um lento processo que levou o Brasil
a abolir o trabalho ___________ em definitivo. Esse processo,
no entanto, fortaleceu-se de maneira notável a partir da década
de 1870, quando a sociedade brasileira, em grande volume,
começou a se mobilizar na defesa da causa ______________.
6. Essa mobilização aconteceu em diversas instâncias de nossa
sociedade e alcançou grupos ____________, _____________,
______________, movimentos de ______________ e, claro, os
próprios escravos.
15. De acordo com o texto, coloque V ou F:
( ) A resistência à escravidão na sociedade brasileira aconteceu
de diversas formas.
( ) O enfraquecimento da escravidão em nosso país foi notório,
ao longo do século XIX, sobretudo depois da década de 1850.
( ) A mobilização popular e as insurreições de escravos
forçaram o Império a decretar a Lei Áurea em 13 de maio de
1888.
( ) A Lei Áurea decretou, de maneira bem simples, a extinção da
escravidão no Brasil de maneira imediata e sem nenhum tipo de __________________________________________________.
indenização para os antigos senhores de escravos. __________________________________________________.
( ) A questão da terra também foi um fator relevante e que __________________________________________________.
definiu como seria a vida do ex-escravo com a abolição. A Lei __________________________________________________.
Áurea não foi acompanhada por nenhuma medida que __________________________________________________.
garantisse o sustento do ex-escravo. __________________________________________________.
( ) Esses libertos, sem oportunidades e sem estudo, eram __________________________________________________.
sujeitos a empregos ruins e mal remunerados. A pobreza e a __________________________________________________.
falta de oportunidades contribuíram para perpetuar essa parcela
__________________________________________________.
de ex-escravos em posições marginais de nossa sociedade, o
__________________________________________________.
que contribuía, inclusive, para o crescimento da criminalidade.
( ) A abolição da escravidão foi assinada por causa da bondade __________________________________________________.
da Princesa Isabel. __________________________________________________
1.Lei que libertou os escravizados
2. 13 de maio de 1888
3. uma intensa campanha popular que pressionou o Império para abolir a instituição da escravidão no
Brasil.
4. Os escravos rebelavam-se organizando fugas e, muitas vezes, tomando o controle da propriedade na
qual eram escravizados. Outros grupos incentivavam escravos a fugir, davam-lhes proteção, incentivavam
revoltas, usavam espaços públicos para defender a causa, ajudavam com dinheiro, roubavam escravos de
seus senhores para libertá-los em seguida etc.
5. a celebração
6. distanciar-se do passado de escravidão
7. passaram a pressionar as autoridades para que essas reprimissem os ex-escravos por vadiagem e
vagabundagem.
8. era impedir que eles se mudassem
9. por temerem que os escravos, então libertos, voltassem-se contra si e contra sua família
10. A festa tinha razão de ser. Afinal, era o fim da escravidão. Além disso, representava a vitória do
movimento popular sobre aqueles que resistiram à abolição até as vésperas do Treze de Maio.
11. desejosos de construir um futuro melhor para si e para sua família. A historiadora Wlamyra
Albuquerque conseguiu exemplificar bem essa preocupação dos ex-escravos por meio de uma carta
escrita por libertos e enviada para Rui Barbosa, em 1889: “Nossos filhos jazem imersos em profundas
trevas. É preciso esclarecê-los e guiá-los por meio da instrução.”
12. A falta de iniciativas do governo para integrar o ex-escravo na sociedade e dar-lhe algo para sobreviver
contribuiu para que os antigos senhores, muitas vezes, continuassem explorando os negros libertos.
13. A primeira grande reação dos ex-escravos foi a celebração. Uma outra reação foi a de mudar-se de
lugar. Com isso, muitos ex-escravos abandonaram as fazendas e engenhos em que foram escravizados e
mudaram-se para outras fazendas ou foram para outras cidades. As migrações dos ex-escravos, segundo
Walter Fraga, era parte de um esforço para “distanciar-se do passado de escravidão”|

14)instituição, 300, portugueses 2) indígena, africano 3) lucrativo, trafico negreiro. 4)ultramarino, Inglaterra,
Lei Eusébio de Queirós. 5)escravo, abolicionista 6) elitizados, marginalizados, intelectualizados,
trabalhadores
15. VVVVVVF

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