Você está na página 1de 3

Bom dia!

Agora daremos início a apresentação do teatro mudo em homenagem ao dia da


Consciência Negra. Os temas abordados são a escravidão no Brasil, a resistência dos povos
negros, e a origem desta data tão especial. Nesta peça, iremos fazer uma viagem pela linha do
tempo, e a nossa primeira parada é por volta da década 1530, época em que os portugueses
teriam implantado as bases para a colonização da América portuguesa.

Embora não tivesse começado aqui, a escravidão já tem sua origem a muitos séculos atrás. No
Brasil, isso foi instalado com a chegada dos portugueses. Portugal já era conhecido por ser um
país escravista, ou seja, que apoiava e aderia a escravidão dos povos negros apenas pela
distinção de cor de pele e etnia. Os portugueses iniciaram essas práticas sujas aqui no Brasil com
a escravização dos indígenas, e tempos depois substituíram os escravos nativos por escravos de
origem africana. Os africanos eram trazidos para o continente através dos chamados tráficos
negreiros, que consistiam em levá-los forçadamente para serem escravizados no Brasil. Seu meio
de transporte eram os navios, onde os povos negros se amontoavam e seguiam viagem até as
Américas. Na representação, vocês podem ver um soldado português tratando de arrastar um
grupo de escravos africanos a força. Esta simples demonstração do sofrimento dos povos negros,
carrega um significado cruel e desumano.

A partir daí, a desonra e o silêncio dos povos negros eram iminentes. Sem voz, sem direito, e
sem liberdade. Uma vida sem carinho, sem cor, apenas dor. A época da escravidão foi o período
mais sombrio pelo qual o Brasil já passou, e ainda sofre impactos causados nesse tempo. Assim,
por meio do tráfico negreiro, cerca de 4 milhões de africanos foram desembarcados no Brasil. O
trabalho forçado dos africanos eram duríssimos e pautado na violência, se estendendo por até 20
horas de trabalho diário. Sem tempo para descanso ou intervalo. Sem pagamento ou recompensa
pelos feitos realizados. O ofício no engenho era bastante exaustivo e perigoso. Nas moendas
onde as canas de açúcar eram processadas, era comum que os escravos perdessem suas mãos
ou braços, e nas fornalhas, eram comuns as queimaduras. Ao fim do dia eles eram reunidos nas
senzalas, que eram os galpões ou casas abandonadas onde ficavam amontoados para passar a
noite, e lá eram monitorados para que não fugissem. Eles tinham uma alimentação muito pobre e
insuficiente, chegando a passar fome muitas vezes. Também não tinham nenhum saneamento
básico onde residiam, e como consequência, eram expostos as mais diversas doenças com
facilidade. Viviam em condições desumanas, enquanto aqueles que os escravizavam comiam do
bom e do melhor e ganhavam o crédito por todo o ofício escravo. A violência também era algo
muito rotineiro na vida dos povos negros, e vez ou outra eles apanhavam, eram torturados, e
tinham que retomar o trabalho mesmo estando ferido. Isso se eles não fossem mortos! Na
representação, é possível ver um coronel ou latifundiário monitorando o trabalho forçado
enquanto açoita os escravos... É minha gente, os povos africanos eram tratados como objetos.
Mas não eram. São gente. Pessoas como você e eu. Distintos apenas pela sua etnia e nada
mais.

Agora, daremos um grande salto no tempo, e vamos parar no ano de 1888. Percebam a grande
diferença entre as datas, e o pulo que damos na linha do tempo. Estávamos explorando o início e
o desenrolar da escravatura a partir de 1530, e agora iremos para 1888, o período em que
ocorreria a grande virada e os povos negros assumiriam a sua liberdade. Ou ao menos era isso
que deveria ter acontecido.
Saibam que nesta época o Brasil já tinha se tornado um país independente de Portugal, e
alcançado conquistas inestimáveis. Uma curiosidade é que em 1888 estávamos a um passo da
proclamação da República, que viria a tona um ano depois, em 1889.
Agora, voltando ao tema principal, vejam que a escravidão e o trabalho forçado continuam. Os
tempos mudaram, mas a repressão não. Porém, é neste mesmo ano que as coisas mudam por
completo. Com revolta, a libertação dos povos negros é proclamada através da Abolição da
Escravatura. Um dos acontecimentos mais marcantes da história do Brasil que determinou o fim
da escravização dos negros no país. A abolição do trabalho escravo ocorreu por meio da Lei
Áurea, aprovada no dia 13 de maio de 1888 com a assinatura da regente do Brasil, a princesa
Isabel. Na representação, vocês podem ver a princesa Isabel firmar a declaração no papel,
assinando-o.
Mas saibam que isso não foi resultado da benevolência do Império, como muitos acreditam. Essa
conquista foi graças ao engajamento do povo contra a lei escravista, e a pressão DO POVO
sobre o Império, foi o fator que fez com que a escravidão tivesse seu fim no Brasil.

Finalmente, com a abolição da escravatura em 13 de maio de 1888, cerca de 700 mil escravos
conquistaram sua liberdade e enfrentaram novos desafios na condição de libertos. E embora a
repressão continuasse, a vitória do povo negro era iminente. Assim, a primeira grande reação dos
libertos com a Lei Áurea foi, naturalmente, comemorar. À medida que a notícia se espalhava,
grandes comemorações eram realizadas e festas aconteceram tanto nas grandes cidades, como
também nas zonas rurais do Brasil. E uma vez passada a euforia, a nova situação levou os ex-
escravos a procurarem melhores alternativas para viver. De fato, a abolição da escravatura foi um
motivo de imensurável alegria, e que trouxe esperança para aquele povo sofredor, que mereciam
sentir o gosto da liberdade mais do que qualquer outro. Assim, muitos libertos acabaram
abandonando as fazendas nas quais foram escravizados e decidiram migrar para outros locais.
Contudo, a migração dos ex-escravos gerou uma reação de grandes proprietários e das
autoridades daquela época, trazendo a elas muita insatisfação. Porém, isso não foi o bastante
para deter a resistência negra.
Mas o maior problema era a repressão contra esse povo, que continuou mesmo após a
libertação. Muitas vezes eles não eram aceitos na sociedade, ou não conseguiam se adaptar.
Também não tinham acesso a educação, e sem isto, esse grupo permaneceu sem oportunidades
para melhorar sua vida.
Na representação, é possível ver uma família de ex-escravos em uma residência alheia, ou seja,
a terra não é deles. Na porta da casa, há uma mãe juntamente de seus filhos. E o pai,
trabalhando para manter e sustentar a esposa e a criança. Portanto, notem que não houve
melhoria alguma na vida dessas pessoas. Vejam que a condição de escravos foi inibida, mas o
trabalho pesado teve continuidade. A única coisa que mudou foi a escolha: Ou eles trabalhavam
para conseguir viver e manter a família, ou não trabalhavam e morriam por falta de recursos...
Pois é minha gente, mesmo depois de tudo, esse povo continuou sofrendo.
E agora, daremos outro pulo no tempo, só que este é diferente. Um super salto na linha temporal
nos levará a época atual. Assim, faremos uma reflexão de tudo que aconteceu, e a
apresentaremos a mensagem final.
Desde o início da colonização dos povos, a negritude forte e batalhadora que tinha tudo para
resplandecer, teve seu brilho ofuscado por uma maldita ideia de superioridade, resultando na
escravização de diversos povos negros. A principal definição dessa prática desumana é a
exclusão daquilo que é mais valiosos para o ser humano. A SUA DA LIBERDADE!
Veja bem. Olhe para mim, e olhe para você. Não. Nós não somos iguais. Nós somos diferentes.
Não somente pela etnia, ou pelo tom de pele, mas pela nossa essência, que é individual. Mas
isso não é um motivo para que haja o preconceito, e sim para que tenha união. E acima de tudo,
respeito. A nossa diferença deve resultar no partilhar do nosso pão. A nossa diferença deve
resultar na ajuda ao próximo, independente de quem ele seja, ou de onde ele venha, ou qual seja
o seu tom de pele. Portanto, mesmo sendo diferentes, devemos ser iguais no modo agir para com
o próximo. A cor da sua pele não define o seu lugar ou o seu valor. Você é a única pessoa que
decide isto, através não somente do quem você diz ser, mas também de quem você demonstra
ser. E toda essa unanimidade nos torna especial. Nos torna quem somos. E nos torna humanos.
Atualmente, o preconceito ainda é algo que persiste. E mesmo depois de tantos anos lutando
contra isso, ainda vivemos sob os ecos desse racismo. Mas eu sei que juntos nós podemos
vencer essa causa!
Comparado aos tempos passados, hoje os povos negros têm muito mais liberdades e direitos do
que outrora teve. Mas isso não é o suficiente. Imagine você, ser discriminado, desrespeitado e
desprezado apenas por ter o tom de sua pele, ou por vir de um lugar diferente. Imagine o quão
ruim seria! Pois é. É por isso que devemos lutar. Lutar pela nossa honra. Devemos seguir juntos
nessa batalha, com esperança, a na certeza de que juntos iremos vencer!
Viva ao dom da negritude. Viva a esperança por um mundo melhor. Viva ao dia da Consciência
Negra.

Você também pode gostar