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Legislação emancipacionista 1871 e 1885:

A legislação emancipacionista é um dos temas abordados no livro "Dicionário


da Escravidão e Liberdade", e busca entender e contextualizar os diferentes
aspectos da escravidão e da luta pela conquista da liberdade de diversas
formas. Através de um olhar crítico e analítico, o livro retrata como a legislação
foi utilizada como um instrumento tanto para reforçar o sistema escravista,
quanto para promover a emancipação dos escravizados.

A escravidão foi uma realidade presente em várias sociedades ao longo da


história. No Brasil, ela teve um papel crucial na formação da economia e da
sociedade, sendo a base do sistema produtivo por muito tempo. No entanto, a
luta contra a escravidão também esteve presente desde os primeiros
momentos da colonização. Ao longo do tempo, várias leis foram promulgadas
com o intuito de regulamentar e controlar a instituição da escravidão, bem
como promover a liberdade dos escravizados.

Nesse sentido, a legislação emancipacionista surge como uma tentativa de


amenizar os efeitos perversos da escravidão e garantir a liberdade dos
escravizados. No entanto, é importante ressaltar que nem sempre essas leis
foram efetivas ou cumpridas na prática. Muitas vezes, eram apenas
dispositivos legais que não se traduziam em mudanças concretas na vida dos
escravizados.

A primeira grande conquista no caminho da emancipação dos escravizados


ocorreu com a Lei Eusébio de Queirós, em 1850, que proibiu o tráfico de
escravos no Brasil. Essa medida teve como objetivo desestimular a escravidão
e incentivar a adoção de mão de obra livre. No entanto, é importante ressaltar
que mesmo com a proibição, o tráfico continuou de forma ilegal por mais
algumas décadas.

Outra importante legislação foi a Lei do Ventre Livre, de 1871, que estabeleceu
que os filhos de mulheres escravas nasceriam livres. Essa medida visava não
apenas reduzir o número de escravizados, mas também corrigir a injustiça de
se nascer e viver em condições de servidão por toda a vida. No entanto, a lei
não abrangia todos os escravos, privilegiando apenas os nascidos a partir da
data de sua promulgação.

Posteriormente, em 1885, foi aprovada a Lei dos Sexagenários, que concedia


liberdade aos escravos com mais de 60 anos de idade. Essa medida buscou
valorizar os idosos e proporcionar um alívio para aqueles escravizados que já
não tinham mais a mesma capacidade física para realizar trabalhos pesados.

Logo após em 1888, surge a Lei Áurea de autoria da Princesa Isabel, foi a lei
que oficialmente aboliu a escravidão no Brasil. Ela declarou todos os escravos
do país como livres, sem a necessidade de indenização aos proprietários.

Além do Brasil, outros países também adotaram legislação emancipacionista.


Nos Estados Unidos, por exemplo, a Lei de Emancipação Proclamada pelo
presidente Abraham Lincoln em 1862 libertou todos os escravos nos estados
rebeldes, durante a Guerra Civil. Já na Europa, várias nações aboliram a
escravidão ao longo do século XIX, como a Inglaterra, que a aboliu em 1833, a
França que por sua vez, a escravidão foi abolida pela primeira vez em 1794 e
posteriormente abolida completamente em 1848. E o Haiti em 1804 após a
revolta de escravos liderada por Toussaint L’Ouverture, se tornando a primeira
nação independente formada por escravos libertos.

É preciso destacar que a legislação emancipacionista, apesar de suas


limitações, foi resultado de pressões sociais e lutas dos abolicionistas, que
através de mobilizações e campanhas conseguiram chamar a atenção para a
injustiça da escravidão. Essas leis também foram influenciadas por mudanças
no cenário internacional, como a pressão de outros países para o fim da
escravidão.

Em suma, a legislação emancipacionista, abordada no livro "Dicionário da


Escravidão e Liberdade", retrata o esforço de diferentes fatores sociais para
combater e superar o sistema escravista. Apesar das limitações e de não terem
alcançado uma liberdade plena e imediata, essas leis representam um passo
importante na busca pela igualdade e dignidade para os escravizados. Através
do estudo e análise dessas leis, é possível compreender melhor os desafios
enfrentados pelos escravizados e a persistência da luta pela
liberdade no Brasil.

CONCEITOS DA LEGISLAÇÃO EMANCIPACIONISTA:

1. Abolição da escravidão: Refere-se ao ato oficial de acabar com a instituição


da escravidão em um determinado país ou região. Pode ocorrer por meio de
uma lei ou ato governamental, por revolução ou movimentos sociais.

2. Leis de emancipação gradual: São medidas adotadas para abolir a


escravidão de forma progressiva ao longo do tempo. Essas leis geralmente
estabelecem um período de transição em que os escravos são gradualmente
libertados.

3. Indenização aos proprietários de escravos: Em alguns países, como o Brasil,


a lei de emancipação previa a indenização financeira aos proprietários de
escravos como forma de compensação pela perda de sua propriedade. Essa
indenização era frequentemente paga pelo Estado.

4. Leis de imigração: Com a abolição da escravidão, muitos países enfrentaram


a necessidade de substituir a mão de obra escrava. As leis de imigração foram
promulgadas para incentivar a chegada de imigrantes contratados como
trabalhadores assalariados.

5. Leis de liberdade condicional: Em alguns casos, os escravizados eram


libertados condicionalmente, mas ainda tinham obrigações e deveres em
relação a seus antigos donos ou ao Estado. Essas leis estabeleciam condições
específicas para a liberdade dessas pessoas.
6. Leis de proibição do tráfico de escravos: Além das leis voltadas para a
emancipação dos escravizados, também havia leis que buscavam interromper
o comércio de escravos. Essas leis visavam coibir a captura e o transporte de
pessoas para fins de escravidão.

PAÍSES E MEDIDAS ADOTADAS PARA ABOLIÇÃO DA ESCRAVIDÃO:

1. Reino Unido: A Lei de Abolição do Tráfico de Escravos, de 1807, proibiu o


comércio de escravos para todas as colônias britânicas. Posteriormente, a Lei
de Abolição da Escravatura, de 1833, aboliu a escravidão em todo o Império
Britânico.

2. Estados Unidos: Durante a Guerra Civil Americana, o presidente Abraham


Lincoln emitiu a Proclamação de Emancipação, em 1862, que declarou a
liberdade de todos os escravos nos estados rebeldes. A 13ª Emenda à
Constituição dos Estados Unidos, ratificada em 1865, efetivamente aboliu a
escravidão nos Estados Unidos.

3. Haiti: Após a revolta de escravos bem-sucedida liderada por Toussaint


L'Ouverture, em 1804, o Haiti se tornou a primeira nação independente
formada por escravos libertos.

4. Brasil: A Lei Eusébio de Queirós, de 1850, proibiu o tráfico de escravos para


o Brasil. A Lei do Ventre Livre, de 1871, concedeu liberdade a todos os filhos de
escravos nascidos após a sua promulgação. A Lei do Sexagenário, de 1885,
concedeu liberdade aos escravos com mais de 60 anos de idade.

5. França: A escravidão foi abolida pela primeira vez na Revolução Francesa,


em 1794. No entanto, foi reinstaurada em algumas colônias até que a
escravidão fosse completamente abolida novamente em 1848.

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