O documento descreve as três fases do constitucionalismo brasileiro e as sete constituições do Brasil desde a independência. A primeira fase foi influenciada pelo constitucionalismo europeu, a segunda pelo americano com ideais liberais, e a terceira pelo alemão com foco no estado social. As constituições marcaram a transição do império para a república e trouxeram direitos como voto, trabalho e liberdades civis.
O documento descreve as três fases do constitucionalismo brasileiro e as sete constituições do Brasil desde a independência. A primeira fase foi influenciada pelo constitucionalismo europeu, a segunda pelo americano com ideais liberais, e a terceira pelo alemão com foco no estado social. As constituições marcaram a transição do império para a república e trouxeram direitos como voto, trabalho e liberdades civis.
O documento descreve as três fases do constitucionalismo brasileiro e as sete constituições do Brasil desde a independência. A primeira fase foi influenciada pelo constitucionalismo europeu, a segunda pelo americano com ideais liberais, e a terceira pelo alemão com foco no estado social. As constituições marcaram a transição do império para a república e trouxeram direitos como voto, trabalho e liberdades civis.
O DEPUTADO ULYSSES GUIMARÃES COM UM EXEMPLAR DA CONSTITUIÇÃO DE 1988 O CONSTITUCIONALISMO BRASILEIRO O Constitucionalismo Brasileiro pode ser dividido em três fases, ou período históricos. Em um primeiro momento do constitucionalismo brasileiro, a influência marcante é das ideias dos constitucionalismos francês e inglês, ou seja, do constitucionalismo europeu. Essa primeira fase coincide com o estabelecimento do Império, com a promulgação da primeira Constituição, em 1824. Na segunda fase, a partir de 1889, com a queda da Monarquia e a Proclamação da República, a inspiração foi do constitucionalismo americano, com ideais liberais e Constituições que inauguravam um Estado Liberal, a partir de 1891. O CONSTITUCIONALISMO BRASILEIRO Por fim, a terceira fase histórica, que permanece até os dias de hoje, é influenciada pelo constitucionalismo alemão e a estruturação do Estado Social. A dificuldade atual é a concretização dos valores sociais estabelecidos pela Constituição de 1988 e a criação de mecanismos processuais que possibilitem a efetivação de direitos consagrados, mas que, muitas vezes dependem da atuação do Estado. A sua efetivação depende não apenas pela previsão constitucional, mas uma mudança ideológica dos juristas no sentido de conceber a possibilidade da juridicização dos direitos fundamentais. O CONSTITUCIONALISMO BRASILEIRO Da mesma forma, ainda persiste a necessidade do reconhecimento da necessidade de sua concretude para proteção da dignidade humana de toda a população e não apenas de uma parcela mais poderosa economicamente. Muito se evoluiu, inclusive com a previsão constitucional de instrumentos jurídicos de efetivação, como por exemplo, mandado de injunção, mandado de segurança coletivo etc., contudo, a utilização dos mesmos ainda é muito pequena se comparada com os interesses da sociedade e as necessidades de grande parcela da população brasileira. CARTA MAGNA X CONSTITUIÇÃO A Carta Magna de 1215 foi um documento medieval que resgatava privilégios de Barões ingleses. Esses privilégios tinham sido violados durante a Guerra com a França. Ou seja, a maior parte da população estava excluída daqueles direitos e de outros. Não exista uma “preocupação de universalização”. “(...) e os Barões forçaram João Sem Terra e Henrique III a pactuar essa famosa Carta, cuja principal finalidade era, na verdade, deixar os Reis submissos aos Lordes, mas na qual o restante da Nação foi pouco favorecido (...) a Carta Magna, vista como a origem sagrada das liberdades inglesas, enfatiza como a liberdade era pouco conhecida.” (VOLTAIRE) CARTA MAGNA X CONSTITUIÇÃO A Carta foi desrespeitada, republicada e permaneceu em esquecimento até o século XVII, quando foi “resgatada”. Um jurista inglês, Sir Edward Coke, “criou” o mito da Carta Magna. Assim, o uso da Carta Magna foi uma artimanha para limitar os atos reais, séculos depois da sua assinatura. Nesse contexto, o mito foi criado para deixar o controle nas mãos de alguns intérpretes, um grupo político determinado. Dessa forma, como em 1215, o resgate do texto foi um resgate de exclusão e de divisão de classes, e não de ampliação de direitos. A Carta Magna é uma carta de privilégios, não de direitos universais. O CONSTITUCIONALISMO NO BRASIL O movimento do século XIX por uma Constituição no Brasil seguiu, sobretudo em seu discurso, as mesmas bases axiológica e filosófica européias. Pregava-se a necessidade da norma escrita como meio de emancipação do ser humano, naturalmente livre e detentor de dignidade inata, não sendo legítimo que se submetesse a poderes temporais que não se calcasse na razão iluminadora e redentora. As balizes liberais encontravam-se nos objetivos dos constitucionalistas de então: separação de poderes, liberdades individuais, estruturação do Estado nacional liberal. Confundia-se mesmo com o movimento de independência do Brasil. O CONSTITUCIONALISMO NO BRASIL Oliveira Lima escreve, que nessa ocasião, “urgia dirigir um manifesto à nação portuguesa e formular as bases de uma lei orgânica a serem imediatamente concedidas, estabelecendo a divisão de poderes, a igualdade dos direitos, a liberdade de imprensa, a segurança individual e de propriedade, a responsabilidade dos ministros”. A geração da Independência, cujos líderes se formaram, na maioria, em contato com a cultura européia, impregnara-se de teorias na Ilustração, conhecera as primeiras afirmações dos economistas clássicos e não raras vezes a literatura do pré-romantismo. Os homens dessa geração familiarizaram-se com os discursos que começavam a ser veiculados no parlamento inglês. AS SETE CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS 1824 – BRASIL IMPÉRIO A primeira Constituição do Brasil foi imposta pelo Imperador Dom Pedro I, que dissolveu a Assembleia Constituinte em 1823. Em 25 de março de 1824, foi promulgada, contendo 179 artigos. A Constituição de 1824 fortaleceu a Dom Pedro I
figura do Imperador, com a criação do
Poder Moderador, que estava acima dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. As províncias passam a ser governadas por presidentes nomeados pelo próprio imperador. AS SETE CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS Segundo a primeira Constituição, as eleições eram indiretas e censitárias, ou seja, o direito ao voto era concedido somente aos homens considerados livres e com posses, de acordo com seu nível de renda, fixado na quantia líquida anual de cem mil réis por bens de raiz, indústria, comércio ou empregos. Para ser eleito, o cidadão também tinha que comprovar renda mínima proporcional ao cargo pretendido. A Constituição de 1824 durou 65 anos e foi a que teve a duração mais longa na história do Brasil. Ela deixou de valer após uma ruptura institucional: a passagem do Brasil Império para o Brasil República. AS SETE CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS 1891 – BRASIL REPÚBLICA Em 24 de fevereiro de 1891 nasceu a segunda Constituição do Brasil. Após a proclamação da República, em 1889, o Marechal Deodoro da Fonseca, quem proclamou o novo Deodoro da Fonseca
regime e se tornou chefe do
governo provisório, junto com jurista e diplomata Ruy Barbosa, nomearam uma comissão de cinco pessoas para apresentar um projeto a ser examinado pela futura Ruy Barbosa Assembleia Constituinte. AS SETE CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS As principais inovações desta Constituição foram: - Instituição da forma federativa de Estado e da forma republicana de governo - Estabelecimento da independência dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário; - Criação do sufrágio com menos restrições, impedindo ainda o voto aos mendigos e analfabetos; - Separação entre a Igreja e o Estado, não sendo mais assegurado à religião católica o status de religião oficial; - Instituição do habeas corpus. AS SETE CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS 1934 – SEGUNDA REPÚBLICA A Constituição, de 16 de julho de 1934, traz as marcas das diretrizes sociais da presidência de Getúlio Vargas. Entre as medidas da Carta, aprovada pela Assembleia Constituinte, estavam: - Maior poder ao governo federal; Getúlio Vargas - Voto obrigatório e secreto a partir dos 18 anos, direito de voto às mulheres, mas mantendo proibição do voto aos mendigos e analfabetos; - Criação da Justiça Eleitoral e da Justiça do Trabalho; AS SETE CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS
- Criação de leis trabalhistas: A nova Constituição
instituiu jornada de trabalho de oito horas diárias, repouso semanal e férias remuneradas; - Criação do Mandado de Segurança e Ação Popular.
Essa Constituição sofreu três emendas em dezembro
de 1935, destinadas a reforçar a segurança do Estado e as atribuições do Poder Executivo, para coibir, segundo o texto, “movimento subversivo das instituições políticas e sociais”. AS SETE CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS 1937 – ESTADO NOVO Em 1937 nasceu uma nova Constituição, imposta por Getúlio Vargas. Ele revogou a Constituição de 1934, dissolveu o Congresso e impôs a nova Constituição, de inspiração fascista. Os partidos Getúlio Vargas políticos foram abolidos e aprovada a concentração de poder nas mãos do chefe do Executivo. A Constituição perdeu força depois da derrota da Alemanha na 2ª Guerra. Vargas deixou o poder em 1945, depois de uma reação popular, com apoio das Forças Armadas. AS SETE CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS Entre as principais medidas adotadas, destacam-se: - Instituição da pena de morte; - Supressão da liberdade de imprensa; - Anulação da independência dos Poderes Legislativo e Judiciário; - Restrição das prerrogativas do Congresso Nacional; - Suspensão da imunidade parlamentar; - Prisão e exílio de opositores do governo; - Eleição indireta para presidente da República, com mandato de seis anos. AS SETE CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS 1946 – NOVA CONSTITUINTE A Constituição de 1946 retomou a linha democrática de 1934 e foi promulgada pelo presidente Eurico Gaspar Dutra, após as deliberações do Congresso recém-eleito, que assumiu as tarefas de Assembleia Nacional Constituinte. Entre as medidas adotadas, estão: Eurico Gaspar Dutra - Restabelecimento dos direitos individuais, - Fim da censura e da pena de morte, - Independência aos Três Poderes. - Autonomia a estados e municípios. - Eleição direta para o Presidente da República, com mandato de cinco anos. AS SETE CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS Outras normas estabelecidas por essa Constituição : - Incorporação da Justiça do Trabalho e do Tribunal Federal de Recursos ao Poder Judiciário; - Pluralidade partidária; - Direito de greve e livre associação sindical; - Função social da terra: condicionamento do uso da propriedade ao bem-estar social, possibilitando a desapropriação por interesse social. Em 1961, uma emenda à Constituição instituiu o regime parlamentarista no país, depois da crise político-militar com a renúncia de Jânio Quadros, então presidente do país. A emenda previa a realização de um plebiscito para confirmar o novo regime, mas a população decidiu, em 1963, retomar o regime presidencialista. AS SETE CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS 1967 – REGIME MILITAR O presidente Humberto Castelo Branco implementou a política de segurança nacional, que visava combater os inimigos internos apontados pelo Regime Militar. Instalado em 1964, o novo governo conservou o Congresso Nacional, mas controlava o Legislativo. Dessa forma, o Executivo encaminhou Humberto Castelo ao Congresso uma proposta de uma Branco
nova Constituição, aprovada pelos
parlamentares e promulgada em 24 de janeiro de 1967. AS SETE CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS Essa Constituição manteve a Federação, com expansão da União, mas adotou a eleição indireta para presidente da República, por meio de Colégio Eleitoral formado pelos integrantes do Congresso e delegados indicados pelas Assembleias Legislativas. O Judiciário também sofreu mudanças, e foram suspensas as garantias dos magistrados. Essa Constituição foi emendada por sucessiva expedição de Atos Institucionais (AIs), que serviram de mecanismos de legitimação e legalização das ações políticas dos militares, dando a eles poderes extra-constitucionais. AS SETE CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS De 1964 a 1969, foram decretados 17 atos institucionais, regulamentados por 104 atos complementares. Um deles, o AI-5, de 13 de dezembro de 1968, foi um instrumento que deu ao regime poderes absolutos e cuja primeira consequência foi o fechamento do Congresso Nacional por quase um ano e o recesso dos mandatos de senadores, deputados e vereadores, que passaram a receber somente a parte fixa de seus subsídios. AS SETE CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS Entre outras medidas do AI-5, destacam-se: - Suspensão de qualquer reunião de cunho político; - Censura aos meios de comunicação, estendendo-se à música, ao teatro e ao cinema; - Suspensão do habeas corpus para os chamados crimes políticos; - Decretação do estado de sítio pelo presidente da República em qualquer dos casos previstos na Constituição; - Intervenção em estados e municípios. A Assembleia Nacional Constituinte de 1987-1988 AS SETE CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS 1988 – NOVA REPÚBLICA A Constituição de 1988 nasceu depois do processo de redemocratização do Brasil, após o fim do Regime Militar. Ela foi elaborada por uma Assembleia Nacional Constituinte em 1985. Datada de 5 de outubro de 1988, a nova Constituição ampliou as liberdades civis e os direitos e garantias individuais, consagrando cláusulas com o objetivo de alterar relações econômicas, políticas e sociais, concedendo direito de voto aos analfabetos e aos jovens de 16 a 17 anos. Estabeleceu novos direitos trabalhistas, com redução da jornada semanal, seguro-desemprego e férias remuneradas. AS SETE CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS Outras medidas adotadas Constituição de 88 foram: - Instituição de eleições majoritárias em dois turnos; - Direito à greve e liberdade sindical; - Aumento da licença-maternidade para quatro meses; - Licença-paternidade de cinco dias; - Criação do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em substituição ao Tribunal Federal de Recursos (TFR); - Criação dos mandados de injunção, de segurança coletivo e restabelecimento do habeas corpus. - Foi também criado o habeas data, que é um instrumento que garante o direito de informações relativas à pessoa do interessado, mantidas em registros de entidades governamentais ou banco de dados particulares que tenham caráter público. AS SETE CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS Destacam-se ainda as seguintes mudanças: - Reforma no sistema tributário e na repartição das receitas tributárias federais, com propósito de fortalecer estados e municípios; - Reformas na ordem econômica e social, com instituição de política agrícola e fundiária e regras para o sistema financeiro nacional; - Leis de proteção ao meio ambiente; - Fim da censura em rádios, TVs, teatros, jornais e demais meios de comunicação; - Alterações na legislação sobre seguridade e assistência social. NOVOS ESTUDOS CONSTITUCIONALISTAS Novas ideias nos estudos Federalistas, como os Estados plurinacionais, constituições subnacionais (estaduais) e o Constitucionalismo supra e Constitucionalismo subnacional, estão entre as novas abordagens de juristas que repensam os limites dos direitos fundamentais no plano nacional e também latino-americano. Nesse sentido, apesar de receber influências de novas teorias, advindas da Itália, Alemanha e até dos Estados Unidos, atualmente, o Constitucionalismo brasileiro, está construindo os seus referenciais a partir de novos estudos, voltados para a produção constitucionalista a partir do Brasil e de outros países da América.