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HISTÓRICO DAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS

1) CONSTITUIÇÃO DE 1824

Sendo, assim, a primeira constituição brasileira vem se estabelecer


com a Constituição Política do Império do Brasil, de 25 de março de 1824,
outorgada por D. Pedro I, quando cumpriu o prometido ao dissolver a
Assembléia Geral Constituinte e Legislativa, em 12 de novembro de 1823.

Ela vem com 179 artigos e com organização estrutural dos poderes
imperiais, estabelecendo como forma de Estado um regime unitário que
culminou com o chamado Poder Moderador exercido pelo próprio
Imperador.

A Constituição prescrevia as normas fundamentais da organização


das Províncias e do Governo municipal (art. 165).

A Constituição prescrevia o enunciado das Garantias dos Direitos


Civis e Políticos, idealizado nos princípios do liberalismo, protegendo a
liberdade, a segurança individual e a propriedade (art. 179).

Como já vimos anteriormente, a Constituição declarava matéria


constitucional, sujeita ao processo de reforma, o que se referisse aos
limites e atribuições dos Poderes Políticos, aos Direitos Políticos e
Individuais, tudo o mais poderia ser alterado pela legislatura ordinária.

Na sua longa vigência, que completou sessenta e cinco anos, a


Constituição de 1824 foi emendada uma vez, pela Lei n. 16 de
12.08.1834, denominado “Ato Adicional”, que criou as Assembléias
Legislativas Provinciais, substituindo os Conselhos Gerais de Províncias,
dando-lhes ampla expansão, com nítidos sinais de tendência federalista.

Percebe-se, pois, que o sistema já sinalizava a forma federativa de


Estado.

O regime parlamentar implantou-se no Império, a partir da criação


do Presidente do Conselho de Ministros, em 1847, à margem da
Constituição do Império, surgindo, pois, na prática, de maneira moderada.

Nesse contexto, o Segundo Reinado sustentou-se, em um regime


conservador, economicamente baseado na aristocracia dos cultivadores de
açúcar e café, cujo desmoronamento com o abolicionismo acelerou a
precipitação do movimento republicano.

CARACTERÍSTICAS:

- Nome do país – Império do Brasil.


- Carta outorgada.
- Estado centralizado - Monarquia hereditária e constitucional.
- Quatro poderes - (Executivo, Legislativo, Judiciário, Moderador).
- O mandato dos senadores era vitalício.
- Voto censitário - (só para os ricos). Antigo rendimento que servia de
base ao exercício de certos direitos.
- Estado confessional - (ligado à Igreja – catolicismo como religião oficial).
- Foi a de maior vigência. (vigeu por mais de 65 anos).

Obs.: foi emendada em pelo ato adicional de 1834, durante o


período regencial, para proporcionar mais autonomia para as
províncias. Essa emenda foi cancelada pela lei interpretativa do
ato adicional, em 1840.

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CONSTITUIÇÃO DE 1891

Vem surgir em função da crise institucional monarca quando esta,


ao abolir o trabalho escravo veio acelerar a utilização do braço livre e
ampliação da indústria, ocasionando um declínio rural em função do êxodo
aos grandes centros resultando no desencadeamento inflacionário, sem
contar o abandono pela república dos modelos do parlamentarismo
franco-britânico, em proveito do presidencialismo norte-americano.

A República foi proclamada pelo Decreto n. 1 de 15.11.1889, que


também estabeleceu o regime federal. Pelo Decreto n. 29 de 03.12.1889,
o Marechal Deodoro da Fonseca (Proclamador da República), Chefe do
Governo Provisório, tendo por Vice-Chefe Rui Barbosa, nomeou uma
comissão de cinco membros para apresentar um projeto que servisse de
exame à futura Assembléia Constituinte.

A Constituição de 24.02.1891 implantou a forma republicana de


governo, a forma federal de Estado e o regime presidencial, estabelecendo
a separação de poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), como órgãos
autônomos e independentes, inaugurando novo ciclo constitucional
(artigos 1 a 15).

O Executivo era exercido pelo presidente da República, substituído


nas suas faltas, impedimentos e vagas pelo vice-presidente. O prazo de
mandato era de quatro anos e a eleição direta, por maioria absoluta. Os
ministros eram nomeados e demitidos livremente pelo presidente.

Enfim, o Judiciário tinha por órgãos o STF, afora juizes e Tribunais


Federais espalhando-se pelo país inteiro, quantos o Congresso criar.

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O Municipalismo foi amplamente desenvolvido, assegurando-se a
autonomia dos municípios pela eletividade dos vereadores e prefeitos.

Capítulo importante foi, ainda, o da declaração de direitos e


garantias (art. 69 e seguintes), destacando-se nesse conjunto o hábeas
corpus, para reprimir violência ou coação por ilegalidade ou abuso de
poder, e a garantia contra prisão arbitrária.

A Reforma de 1926:

Em 07.09.1926, a Constituição de 1891 foi emendada, para


introduzir alterações que ampliaram os casos de intervenção federal,
regularam o processo interventivo, criaram ou modificaram atribuições
privativas do Congresso Nacional, incluindo nesse elenco a legislação
sobre o trabalho, consagraram o veto parcial, explicitaram a competência
do Supremo Tribunal e de Juizes Federais, excluíram a possibilidade de
recurso judiciário, para a Justiça Federal ou local, contra a intervenção
federal, a declaração do estado de sítio, a verificação de poderes e outros
casos, vincularam o hábeas corpus à proteção da liberdade de locomoção,
dirimindo tendências ampliativas da doutrina e jurisprudência, tornaram
expresso que a irredutibilidade de vencimentos não eximia a obrigação de
pagar impostos gerais.
Deu também ao governo da União competência para regular o
comércio em ocasiões graves que reclamassem uma atitude de defesa
econômica ou de prevenção contra as anormalidades

3.2. A Revolução de 1930:

A intransigência do governo central brasileiro fez com que a


inevitável transformação política viesse de baixo para cima, partindo das
camadas populares que, sob a liderança dos Estados do Rio Grande do

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Sul, Minas Gerais e Paraíba, empunharam a libertação nacional com a
Revolução de outubro de 1930, propagando-se rapidamente, com apoio
do povo, dos estudantes, dos operários e das Forças Armadas, estas
últimas depondo o Presidente Washington Luiz e, compondo-se numa
Junta Governativa Provisória. Getúlio Vargas assume o governo provisório,
expedindo-se a Lei Orgânica do Governo Provisório, pelo Decreto n.
19.398 de 11.11.30, a fim de organizar a nova República.

CARACTERÍSTICAS:

- Nome do país – Estados Unidos do Brasil.


- Carta promulgada (feita legalmente).
- Estado Federativo - República Presidencialista.
- Três poderes - (extinto o poder moderador).
- Voto Universal - (para todos - muitas exceções, ex. analfabetos).
- Estado Laico - (separado da Igreja). Que pertence ao povo (mundano) e
não à Hierarquia eclesiástica.
- Modelo externo – constituição norte-americana.

Obs.: as províncias viraram estados, o que pressupõe maior


autonomia.

3) CONSTITUIÇÃO DE 1934

Os primeiros anos da Era de Vargas caracterizaram-se por um


governo provisório (sem constituição). Só em 1933, após a derrota da
Revolução Constitucionalista de 1932, em São Paulo, é que foi eleita a
Assembléia Constituinte que redigiu a nova constituição.

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No Executivo, eliminou-se o vice-presidente da República,
conservando o exercício monocrático desse Poder pelo presidente da
República. Permitiu-se que os ministros comparecessem ao Congresso
para esclarecer ou solicitação de medidas.

No Judiciário, deu-se a integração das Justiças Militar e Eleitoral


como órgãos desse Poder.

A instituição do mandado de segurança ampliou a proteção dos


direitos individuais. O direito de propriedade passou a sofrer o contraste
do interesse social ou coletivo, reduzindo a plenitude asseguradora da
Constituição de 1981.

O intervencionismo econômico conferiu à União a faculdade de


monopolizar determinada indústria ou atividade econômica, por motivo de
interesse público.

O texto de 1934 sofreu três emendas, em dezembro de 1935,


reforçando a segurança do Estado e as atribuições do Poder Executivo,
para coibir “movimento subversivo das instituições políticas e sociais”.

Tais emendas foram: a primeira equiparava o estado de comoção


intestina grave ao estado de guerra; a segunda permitia a perda da
patente e posto, sem prejuízo de outras penas, ao oficial das Forças
Armadas que participasse do movimento subversivo ou praticasse ato
subversivo das instituições político-sociais; a terceira, permitia a demissão
de funcionário civil, sem prejuízo de outras penas, em idênticas condições
à dos oficiais.

CARACTERÍSTICAS:

- Nome do país – Estados Unidos do Brasil.

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- Carta promulgada - (feita legalmente).
- Reforma Eleitoral – introduzidos o voto secreto e o voto feminino.
- Criação da Justiça do Trabalho.
- Leis Trabalhistas – jornada de 8 horas diárias, repouso semanal, férias
remuneradas (13º salário só mais tarde com João Goulart).
- Foi a de menor duração - já em 1935, Vargas suspendia suas garantias
através do estado de sítio.

Obs.: Vargas foi eleito indiretamente para a presidência.

4) CONSTITUIÇÃO DE 1937

Getúlio Vargas, antevendo que seu mandato terminaria em 1938, e


querendo permanecer no poder, deu um golpe de estado tornando-se
ditador.

Usou como justificativa a necessidade de poderes extraordinários


para proteger a sociedade brasileira da ameaça comunista, exemplificada
pelo plano “Cohen” (falso plano comunista inventado por seguidores de
Getúlio).

O regime implantado, de clara inspiração fascista, ficou conhecido


como Estado Novo.

Getúlio Vargas diante dos receios das mudanças na estrutura sócio-


econômica vigente não excitou e, numa violação à ordem constitucional
vigente e aos princípios democráticos instalou o regime autoritário com o
Golpe de Estado em 10.11.1937, outorgando uma nova Constituição,
modificando, pois as bases da ordem constitucional anterior.

Em 10 de novembro de 1937, Getúlio Vargas, revoga a Constituição


de 1934, dissolve o Congresso e outorga ao país, sem qualquer consulta

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prévia, a Carta Constitucional do Estado Novo, de tipo fascista, com a
supressão dos partidos políticos e a concentração de poder nas mãos do
chefe supremo, ele, Getúlio Vargas.

As modificações foram as seguintes: suprimiu-se o nome de Deus;


outorgou-se poderes amplos ao presidente como a suprema autoridade do
Estado, alterando a sistemática do equilíbrio dos poderes; restringiu as
prerrogativas do Congresso Nacional e a autonomia do Judiciário, já que
em certas hipóteses, o Presidente podia ir de encontro com aquele,
fazendo valer a lei se o Judiciário a considerasse inconstitucional; ampliou
ao prazo do mandato do presidente da República; mudou o nome do
Senado para Conselho Federal; instituiu o Conselho de Economia Nacional
como órgão consultivo; limitou a autonomia dos Estados-membros; criou
a técnica do estado de emergência, que foi declarado pelo art. 186;
dissolveu a Câmara, o Senado, as Assembléias Legislativas e Câmaras
Municipais; marcou novas eleições após o plebiscito a que se refere o
artigo 187, o qual nunca chegou a se efetivar; restaurou a pena de morte.

Na realidade, a Carta nunca foi cumprida: o Governo nunca a


respeitou, pois, não realizou a consulta plebiscitária nem convocou as
eleições para composição do Legislativo. Acumulando as funções
legislativas com a faculdade de expedir decretos-lei, até mesmo sobre
assuntos constitucionais e, exercendo, ainda, controle político sobre o
Judiciário, o Chefe de Estado personificava todo o poder de Estado.

Contudo, com a derrota da Alemanha na Segunda Guerra, houve


uma profunda crise nas ditaduras direitistas internacionais e, o Brasil, não
podia deixar de acompanhar a derrota daquele regime. Getúlio Vargas
tentou, em vão, sobreviver e resistir.

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No entanto, diante da reação popular e com apoio das Forças
Armadas, o poder é entregue ao Presidente do STF (José Linhares), após
a deposição do ditador, ocorrida em 29.10.45.

O novo presidente constituiu logo outro Ministério revogou o artigo


167(estado de emergência) da Carta Constitucional e pela Lei
Constitucional n. 14 de 17.11.1945 acabou com o Tribunal de Segurança
Nacional.

As eleições realizadas ao fim de 1945 deram a vitória ao General


Eurico Gaspar Dutra, empossado em 31.01.1946 e, que governou
mediante decretos-lei, enquanto a nova Constituição não fora votada.

CARACTERÍSTICAS:

- Nome do país – Estados Unidos do Brasil.


- Carta outorgada - (imposta).
- Inspiração fascista – regime ditatorial, perseguição e opositores.
- Abolidos os partidos políticos e a liberdade de imprensa.
- Mandato presidencial prorrogado até a realização de um plebiscito - (que
nunca existiu).
- Modelo externo – Ditaduras fascistas tal qual as da Itália, Polônia,
Alemanha.

Obs.: Apelidada de "polaca".

5) CONSTITUIÇÃO DE 1946

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Diante do processo de redemocratização posterior à queda de
Vargas, fazia-se necessária uma nova ordem constitucional. Daí o
Congresso Nacional, recém eleito, assumir tarefas constituintes.

Restabeleceu-se o sistema bicameral, fundado na equivalência das


competências da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. O regime
presidencial continuou dominado pela figura solar do presidente da
República. Seu vice-presidente retorna à composição do Executivo,
cabendo-lhe a presidência do Senado. Incorporam-se ao Judiciário a
Justiça do trabalho e o Tribunal Federal de Recursos.

Consagrou-se a ortodoxia do regime, vedando a organização, o


registro ou o funcionamento de partido político ou associação que
contrariasse o regime democrático, fundado na pluralidade dos partidos e
na garantia dos direitos fundamentais do homem.

Estipulou-se na Ordem Econômica Social o condicionamento do uso


da propriedade ao bem-estar social. Manteve-se a faculdade
intervencionista da União no domínio econômico, limitando a intervenção
à exigência do interesse público e o respeito aos direitos fundamentais
assegurados.

A dimensão da matéria constitucional dilatou-se para abranger as


disposições sobre a Família, a educação, a Cultura, as Forças Armadas e
os Funcionários Públicos.

A Emenda Parlamentarista:

Entre as emendas promulgadas no regime de 1946, destacamos, a


Emenda Constitucional n. 4, de 02.09.1961(denominado Ato Adicional),
motivada por outra crise político-militar com a renúncia de Jânio Quadros,

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então presidente, a qual instituiu o regime parlamentarista, que já era
conhecido de nós no período imperial.

O parlamentarismo admitiu uma dualidade de Poder Executivo, com


o Presidente da República e um Presidente do Conselho de Ministros.
Contudo, considerando que a referida Emenda previa a consulta popular,
através de um plebiscito, este realizado em janeiro de 1963, consagra o
regime presidencialista, restaurando-se os poderes tradicionais ao
Presidente da República.

O Golpe de 1964:

João Goulart se empenha nas suas tendências reformistas e as


questões sociais deslocam-se para as grandes massas rurais, onde se
inicia um movimento de iniciativa da classe trabalhadora, antes passiva e,
agora, atuante reivindicando antigos pleitos camponeses, como a reforma
agrária, entre outras e, nesse clima, setores conservadores da sociedade
e militares, receosos das mudanças pretendidas, depõem, em 31.03.1964,
o então Presidente João Goulart e, elegem o Presidente Marechal Castelo
Branco, valendo-se do Congresso Nacional, para legitimá-lo.

A partir daí e, especialmente com a edição do Ato Institucional n. 5,


de 13.12.68, surge um novo ciclo na história recente do país:
governos(militares) autoritários onde, gradativamente, as liberdades
públicas do cidadão foram ameaçadas e violadas em nome de uma
ideologia de segurança nacional.

A pluralidade de emendas (vinte) constitucionais fragmentou a


Constituição em normas esparsas e a expedição de quatro Atos
Institucionais apressaram a ruptura do texto, mergulhando o regime

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político no autoritarismo incompatível com as fontes liberais da
Constituição de 1946.

CARACTERÍSTICAS:

- Nome do país – Estados Unidos do Brasil.


- Carta promulgada - (feita legalmente).
- Mandato presidencial de 5 anos - (qüinqüênio).
- Ampla autonomia político-administrativa para estados e municípios.
- Defesa da propriedade privada - Principalmente o latifundiário.
- Assegurava direito de greve e de livre associação sindical.
- Garantia liberdade de opinião e de expressão.
- Contraditória na medida em que conciliava resquícios do autoritarismo
anterior (intervenção do Estado nas relações patrão x empregado) com
medidas liberais - (favorecimento ao empresariado).

Obs.: Através da emenda de 1961 foi implantado o


parlamentarismo, com situação para a crise sucessória após a
renúncia de Jânio Quadros. Em 1962, através de plebiscito, os
brasileiros optam pela volta do presidencialismo.

6) CONSTITUIÇÃO DE 1967

Nesta constituição, na passagem do governo Castelo Branco para o


Costa e Silva, predominavam o autoritarismo e o arbítrio político.

A Constituição de 1967, mais sintética que a precedente, manteve a


federação, com maior expansão da própria União, exigindo uma maior
simetria constitucional dos Estados-membros.

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O processo legislativo abreviou-se com a adoção da legislação de
urgência, dentro de prazos constitucionalmente fixados. Outro acelerador
da legislação residiu na delegação legislativa, que não se utilizou,
preferindo o Executivo valer-se da legislação de urgência e da legislação
direta por intermédio dos decretos-lei. Esses instrumentos ampliaram os
poderes presidenciais e levaram à exacerbação do presidencialismo.

A Constituição adotou a eleição indireta do Presidente da República,


por colégio eleitoral formado pelos membros do Congresso e delegados
indicados pelas Assembléias Legislativas, suprimindo a eleição popular
invariavelmente adotada nas Constituições Federais anteriores.

Contudo, a Constituição de 1967 foi também rompida, como a de


1946, pela sucessiva expedição de Atos Institucionais a começar do Ato
no. 5 de 13 de dezembro de 1968, motivado por uma nova “crise político-
militar”, no mesmo modelo do Ato Institucional no. 1, a que se segui o Ato
Complementar n. 38, de 13.12.68, pelo qual se decretou o recesso do
Congresso Nacional, substituindo o regime presidencial pela ditadura
presidencial. Durante sua vigência, que durou vinte e um anos, até a
promulgação da Constituição de 1988, a Constituição recebeu vinte e sete
emendas.

A Emenda Constitucional n. 1/1969:

A Emenda referida constitui verdadeira consolidação do texto único


constitucional, que muitos a confundem com nova Constituição, com as
seguintes alterações: elevação do mandato presidencial para cinco anos;
eleições indiretas para Governadores dos Estados, em 1970, entre outras.

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Entre as posteriores emendas, destacamos: a Emenda n. 7/1977
introduziu significativas mudanças no Judiciário; a Emenda n. 11/1978
reforçou os poderes extraordinários de crise, instituindo as Medidas de
Emergência e o Estado de Emergência; a Emenda n. 15/1980, já em fase
da gradativa liberalização do regime político, restabeleceu o voto direto
nas eleições para Governador de Estado e Senador; as Emendas ns.
22/1982 e 25/1985 restabelecem, respectivamente, as eleições diretas
para Prefeitos, Presidente e Vice-Presidente da República e, finalmente, a
Emenda Constitucional no. 26/1985 que dispôs sobre a Assembléia
Nacional Constituinte, livre e soberana e encarregada de elaborar a nova
Constituição Federal.

Consta de documento autoritário, foi largamente emendada em


1969, absorvendo instrumentos ditatoriais como os do AI-5 (ato
institucional nº 5), de 1968.

CARACTERÍSTICAS:

- Nome do país – República Federativa do Brasil.


- Documento promulgado.
- Confirmava os Atos Institucionais e os Atos Complementares do governo
militar.

Obs.: reflexo da conjuntura de "guerra fria" na qual sobressaiu a


"teoria da segurança nacional" (combater os inimigos internos
rotulados de subversivos).

7) CONSTITUIÇÃO DE 1988 - (Constituição cidadã)

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Desde os últimos governos militares (Geisel e Figueiredo) nosso país
experimentou um novo momento de redemocratização, conhecido como
abertura.

Esse processo se acelerou a partir do governo Sarney no qual o


Congresso Nacional produziu nossa atual constituição.

A Constituição de 1988 não se limitou à consolidação e ao


aprimoramento das instituições. Desde logo, consagrou cláusulas
transformadoras com o objetivo de alterar relações econômicas, políticas
e sociais, dentro de concepção mais avançada sobre os fins do Estado, do
Poder, da Sociedade e da Economia. Ainda não é uma Constituição
socialista, mais as regras socializantes são abundantes.

Saliente-se que a Constituição, logo em sua abertura, no Título II,


adotou a expressão “Dos Direitos e Garantias Fundamentais”,
acompanhando o constitucionalismo europeu, procurando dar ao tema,
destaque especial, dando-lhe precedência sobre a Organização do Estado
e dos Poderes, invertendo, pois a técnica formal das anteriores
Constituições.

Os Direitos e Garantias Fundamentais expandiram-se nos Direitos e


Deveres Individuais e Coletivos, prestigiando uma tendência processual da
ação coletiva, de maior alcance social, e nos Direitos Sociais, aumentando
o conteúdo material desse campo constitucional.

Concebeu nova repartição de competências entre a União, os


estados e o Distrito Federal. Conferiu ao Município poder de auto-
organização. O Congresso Nacional recebeu amplas atribuições,
compatíveis com sua função de órgão ativo na elaboração legislativa e no
controle do Executivo e da Administração Federal.

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No Judiciário, novos órgãos passaram a integrá-lo, visando a
descentralização jurisdicional e o descongestionamento dos Tribunais.
Regras de idêntica inspiração foram endereçadas à Justiça dos Estados, de
forma assegurar a prestação jurisdicional.

No sistema tributário, promoveu-se profunda reformulação na


distribuição dos impostos e na repartição das receitas tributárias federais,
com o propósito de fortalecer financeiramente os Estados e Municípios.

Por outro, o conteúdo material da Constituição ampliou-se


consideravelmente pela inclusão de temas novos. Na Ordem Econômica
introduziram-se as regras e os novos títulos que designam a Política
Urbana, a Política Agrícola e Fundiária e o Sistema Financeiro Nacional.

Na Ordem Social, a temática inovadora acha-se distribuída no


capítulo da Seguridade Social e Assistência Social. Constituem matéria
nova, os temas relativos à Ciência e Tecnologia, Comunicação, Meio
Ambiente, Criança, Adolescente e Idoso. Alargou-se, por igual,
materialmente, o tratamento dispensado aos povos indígenas e os
recursos.

Lembramos, que é função da Constituinte captar e depositar na


estrutura normativa da Constituição as aspirações coletivas da época de
sua elaboração. A permanência da Constituição dependerá do êxito do
constituinte na recepção das aspirações de seu tempo, de modo a
estabelecer a coincidência entre a Constituição normativa e a Nação que
ela deverá servir.

CARACTERÍSTICAS:

- Nome do país – República Federativa do Brasil.

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- Carta promulgada (feita legalmente).
- Reforma eleitoral - (voto para analfabetos e para brasileiros de 16 e 17
anos).
- Terra com função social - (base para uma futura reforma agrária).
- Combate ao racismo (sua prática constitui crime inafiançável e
imprescritível, sujeito à pena de reclusão).
- Garantia aos índios da posse de suas terras - (a serem demarcadas).
- Novos direitos trabalhistas – redução da jornada semanal, seguro
desemprego, férias remuneradas acrescidas de 1/3 do salário, os direitos
trabalhistas aplicam-se aos trabalhadores urbanos e rurais e se estendem
aos trabalhadores domésticos.

Obs.: Em 1993, 5 anos após a promulgação da constituição, o povo


foi chamado a definir, através de plebiscito, alguns pontos sobre
os quais os constituintes não haviam chegado a acordo, forma e
sistema de governo. O resultado foi a manutenção da república
presidencialista.

BIBLIOGRAFIA:

SILVA, José Afonso. CURSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL


POSITIVO, 21ª edição, Editora Malheiros Ltda, 2002, São Paulo.

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