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Poder Judiciário da União

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS

VARA DE EXECUÇÕES PENAIS DO DF


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Ofício nº 14462/2018

Distrito Federal, 8 de Junho de 2018.

Autos nº 00029581520188070015
(Processo antigo nº 20180110081600)

A Sua Excelência o Senhor


Ministro LUÍS ROBERTO BARROSO
Supremo Tribunal Federal, Praça dos Três Poderes
Brasília/DF - CEP 70.175-900

Assunto: Informações para instruir o julgamento da Reclamação 30524/DF

Excelentíssimo Senhor Ministro,

Em resposta à Reclamação distribuída sob o número 30524/DF, informo a


Vossa Excelência que não obstante não tenha recebido cópia da reclamação interposta
contra ato por mim praticado e, apesar de o processo relativo ao encarcerado não estar
em Cartório, haja vista ter sido remetido com vista ao Ministério Público, é possível
informar a Vossa Excelência que João Rodrigues não está cumprindo pena em regime
fechado.

2. No Distrito Federal, o regime semiaberto é cumprido intramuros, nos


seguintes estabelecimentos prisionais:

a) Penitenciária Feminina do Distrito Federal - PFDF, onde estão alocadas


as mulheres e 23 (vinte e três) homens que ali exercem trabalho externo visando a
manutenção da referida unidade prisional.

b) Núcleo de Custódia da Polícia Militar - NCPM, destinado a alocação de


presos militares que foram condenados, porém não foram desligados das fileiras militares
e, ainda, presos provisórios que possuam prerrogativa de alocação em Sala de Estado
Maior.

c) o Centro de Internamento e Reeducação - CIR, que possui características


de colônia agrícola penal, abrigando oficinas agropecuárias, além de oficinas
profissionalizantes, geridas pela Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso.

d) O Centro de Progressão Penitenciária - CPP, estabelecido no Setor de


Indústrias e Abastecimentos, abriga os reeducandos do regime semiaberto, com trabalho

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externo implementado, seja por meio de proposta particular de emprego, aprovação em


concurso público, ou convênios da FUNAP.

e) A Penitenciária do Distrito Federal II, situada no Complexo Penitenciário da


Papuda, abriga 800 sentenciados que, embora condenados ao cumprimento de pena em
regime semiaberto, estão com os benefícios externos (trabalho e saídas temporárias)
suspensos, em razão da prática de infração disciplinar, do decreto de suas prisões
preventivas em ações penais ainda em trâmite, ou porque aguardam a consolidação de
suas situações processuais.

f) O Bloco 5 do Centro de Detenção Provisória - CDP, onde estão alocados


os presos considerados vulneráveis em relação a massa carcerária, os ex-policiais, e ex-
servidores do próprio sistema penitenciário ou que tenham trabalhado junto à Justiça
Criminal

3. O Bloco 5 do CDP, presídio situado no Complexo Penitenciário da


Fazenda Papuda, que tem natureza de colônia agrícola, por sua própria especificidade,
abriga presos de todas as situações processuais e neles os presos estão assim
distribuídos:

a) Ala A , destinada a alocação de presos ex-policiais ou que tenham curso


superior, enquanto sejam provisórios, estejam cumprindo pena em regime fechado, ou
em regime semiaberto sem benefício externo.

b) Ala B , presos idosos e vulneráveis em relação a massa carcerária,


enquanto sejam provisórios, estejam cumprindo pena em regime fechado, ou em regime
semiaberto sem benefício externo.

c) Ala C, destinada a alocação de presos das duas primeiras Alas e que


tenham progredido para o regime semiaberto com benefício externo.

4. Atendendo a pedido de declaração de vaga formulado em favor do


sentenciado JOÃO RODRIGUES, filho de Edelbrando Rodrigues e Maria Conceição
Marcandes Rodrigues, após oitiva da administração penitenciária local, autorizei a
transferência do processo de seu execução penal do Estado de Santa Catarina para o
Distrito Federal.

5. Na mesma oportunidade, considerando a prerrogativa legal do


sentenciado, que é membro do Parlamento Nacional, com fundamento no artigo 295, III
do Código de Processo Penal, determinei sua alocação no Centro de Detenção
Provisória - CDP, Bloco 5, Ala B.

6. Destarte, além da prerrogativa de Parlamentar, a ele foi imputada a prática


de crime que repercutiu sobremaneira em todo o país e, até mesmo, foi alvo de notícias
internacionais, pois inseriu-se no contexto de crime contra a adminsitração pública. Tais
características, o colocam como vulnerável em relação à massa carcerária, formada em
sua grande maioria por jovens, entre 18 e 23 anos, com maior força física e, em razão da
natureza do crime pelo qual ele cumpre pena, costuma ficar mais exposto a possíveis
extorsões ou violações por parte dos demais detentos.

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7. Considerando que o apenado foi condenado a iniciar o cumprimento da


pena em regime semiaberto, faz jus a iniciá-lo gozando do benefício do trabalho externo,
desde que haja vaga de trabalho junto a Fundação de Amparo ao Preso - FUNAP ou seja
apresentada e autorizada judicialmente proposta particular de trabalho.

8. No caso de João Rodrigues, seus advogados formularam pedido no


sentido de que ele desenvolvesse atividade laborativa como parlamentar.

9. Após tramitação regular do pedido, com manifestação prévia do Ministério


Público, analisei o pedido e o indeferi, por entender que a proposta não era compatível
com o norteamento previsto na Lei de Execução Penal - LEP.

10. Daquela decisão, a Defesa interpôs agravo de instrumento que foi


distribuído sob o nº 0004192-32.2018.807.0015, o qual foi remetido ao TJDFT aos
04/6/2018 e ainda pende de julgamento.

11. Concomitante a defesa reiterou o pedido de trabalho externo perante este


Juízo, agora contendo requerimento para aposição de tornozeleira eletrônica, o qual
igualmente indeferi, por entender que os requisitos legais da monitoração eletrônica não
estavam configurados.

12. O apenado permaneceu alocado na Ala B do Bloco 5 do CDP, que, repita-


se, tem natureza de colônia agrícola, porque lá é o único presídio destinado aos presos
vulneráveis, sejam eles, provisórios, ou estejam cumprindo pena em regime fechado ou
semiaberto ainda sem benefício externo, valendo ressaltar que embora a situação
processual individual seja levada em consideração para a alocação nas respectivas
celas, em razão das situações de vulnerabilidade, exatamente como é do ora reclamante,
prepondera a necessidade de garantia do resguardo de sua integridade física.

13. Nessa linha de raciocínio, informo a Vossa Excelência, que no âmbito do


sistema penitenciário do Distrito Federal não há qualquer outro presídio que tenha Ala
para abrigamento de presos com o perfil de João Rodrigues, sob pena colocar em risco
sua integridade moral e física.

14. A douta defesa não ofertou outra proposta de trabalho externo e os


recursos interpostos contra as decisões que proferi indeferindo a proposta anteriormente
feita por não serem condizentes com os parâmetros legais ainda não foram julgados.

15. Além do mais, pela conta de liquidação vinculada aos autos, o apenado
ainda não alcançou os requisitos para a progressão de regime, de forma que não havia
outra alternativa senão acompanhar o trâmite regular dos autos, motivo pelo qual, com as
mais respeitosas vênias, informo a Vossa Excelência que ele não estava cumprindo sua
pena em regime fechado como alegado pela douta defesa, tampouco estava alocado em
local inadequado. Ao contrário, transferi-lo para outro presídio equivaleria levá-lo para o
CIR ou para o CPP, ao arrepio de sua prerrogativa legal de alocação em cela especial e
deixá-lo cumprirpena junto a sentenciados de perfis diversos, ignorando o grave risco de
vir a ser alvo de crimes de toda espécie e natureza, notadamente junto ao CPP onde
existem celas coletivas, habitadas por mais de 400 (quatrocentos) presos, cada.

16. Outrossim, na ala em que está alocado, durante o dia, pode frequentar

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livremente a biblioteca daquele bloco, bem como transitar entre o pátio, a área de
convivência coletiva e a cantina, o que confirma que, de modo algum está submetido aos
rigores do regime fechado.

17. Informo que, na presente data, em cumprimento à decisão de Vossa


Excelência, que autorizou que o sentenciado continue exercendo suas atividades
Parlamentares, determinei a sua transferência para a Ala C, do Bloco 5 do CDP, a fim de
que passe a usufruir do benefício do trabalho externo.

18. Por fim, informo a Vossa Excelência que este Juízo sempre agiu e sempre
agirá no sentido de proferir decisões isonômicas, aptas a dar tratamento igual para os
iguais e desigual para os desiguais na medida de suas igualdades e de suas
desigualdades, por entender que assim agindo dará suporte a um dos pilares da
estabilidade do sistema penitenciário como um todo.

19. Coloco-me à disposição de Vossa Excelência para prestar os demais


esclarecimentos que porventura se façam necessários.

Respeitosamente,

LEILA CURY
Juíza de Direito

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