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ESTADO DE SANTA CATARINA

PODER JUDICIÁRIO
Vara Criminal da Comarca de Laguna
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7362 - Email: laguna.criminal@tjsc.jus.br

AÇÃO PENAL - PROCEDIMENTO ORDINÁRIO Nº 5005084-


25.2023.8.24.0040/SC
AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SANTA CATARINA
RÉU: ODAIR JOSE MANNRICH
RÉU: NERCI KURZ
RÉU: MARCIO PIRES DE MORAES
RÉU: JONES RODRIGO GAUGER
RÉU: DEYVISONN DA SILVA DE SOUZA
RÉU: DAVID DO PRADO
RÉU: CRISTIANE RUON DOS SANTOS
RÉU: ALTEVIR SEIDEL

DESPACHO/DECISÃO

Trata-se de novo pedido de Revogação da


Prisão Preventiva, formulado pela Defesa do
acusado DEYVISONN DA SILVA DE SOUZA, dessa vez, ante
o argumento de que a instrução já se encerrou, e que inexiste
risco à ordem pública, visto que o réu renunciou ao cargo de
Prefeito Municipal de Pescaria Brava (Evento 599).

O Ministério Público opinou pelo indeferimento do


pleito, bem como requereu diligências, com fulcro no art. 402 do
CPP (Eventos 605, 610 e 619).

Os autos vieram conclusos.

É o relatório.

DECIDO
:
Em que pese o parecer do Ministério
Público, verifico que não mais subsistem os requisitos
ensejadores da manutenção da segregação do acusado
DEYVISONN DA SILVA DE SOUZA, desde que substituída
pela aplicação de medidas cautelares.

Isso porque além do fato do réu ter renunciado à


Chefia do Poder Executivo - de modo que, a princípio, não se
corre o risco de que o mesmo possa influir na produção de provas
-, tem-se que a instrução sobejou praticamente encerrada, no
último dia 14 de setembro de 2023 (ev. 593), ou seja, os
interrogatórios já foram devidamente finalizados, só restando o
cumprimento de diligências, o que evidencia a possibilidade de
continuar respondendo ao processo em liberdade, com a
aplicação de medidas menos gravosas, ante o término de colheita
da prova oral.

Ademais, depreende-se que desde a sua segregação


(06/12/2022) até a presente data, transcorreram 09 (nove) meses
e 19 (dezenove) dias, tendo sido realizados todos os
interrogatórios, estando o feito em fase de diligências, inexistindo
circunstâncias que indique a necessidade da manutenção da
medida extrema, motivo pelo qual a revogação da prisão
preventiva merecer ser acolhida.

Consoante a redação do art. 282 e incisos do


Código de Processo Penal, in verbis, as medidas cautelares
devem ser aplicadas observando-se sempre os critérios de
necessidade e adequação ao caso concreto, levando-se em
consideração a questão da proporcionalidade da medida, diante a
situação fática apresentada:

Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título


deverão ser aplicadas observando-se a:

I - necessidade para aplicação da lei penal, para a


investigação ou a instrução criminal e, nos casos
expressamente previstos, para evitar a prática de infrações
penais;
II - adequação da medida à gravidade do crime,
circunstâncias do fato e condições pessoais do indiciado
ou acusado.

Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão:


:
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas
condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar
atividades;
II - proibição de acesso ou frequência a determinados
lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao fato,
deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses
locais para evitar o risco de novas infrações;
III - proibição de manter contato com pessoa determinada
quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o
indiciado ou acusado dela permanecer distante;
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a
permanência seja conveniente ou necessária para a
investigação ou instrução;
V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias
de folga quando o investigado ou acusado tenha
residência e trabalho fixos;
VI - suspensão do exercício de função pública ou de
atividade de natureza econômica ou financeira quando
houver justo receio de sua utilização para a prática de
infrações penais;
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de
crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando
os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável
(art. 26 do Código Penal) e houver risco de reiteração;
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar
o comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução
do seu andamento ou em caso de resistência injustificada
à ordem judicial;
IX - monitoração eletrônica.

Desta
feita, REVOGO A PRISÃO PREVENTIVA decretada em face
do acusado DEYVISONN DA SILVA DE SOUZA e lhe
CONCEDO a LIBERDADE PROVISÓRIA, mediante
monitoração eletrônica, com uso de tornozeleira, observadas as
seguintes condições:

a) fornecer o endereço da residência, do local de


trabalho e, se for o caso, de estudo ou daquele onde poderá ser
encontrado durante o período de monitoramento, bem como
telefone para contato;

b) respeitar a área de inclusão;

c) não se afastar do Juízo por mais de 10 (dez) dias


seguidos sem prévia autorização judicial;

d) não ingerir bebidas alcoólicas ou fazer o uso de


drogas ilícitas; e
:
e) comparecer a todos os atos do processo para os
quais for intimado;

Nesse passo, FIXO o endereço de sua residência,


local que deve ser informado de forma detalhada quando da
afixação da tornozeleira eletrônica, como área de inclusão
domiciliar, com raio de circulação de 100m (cem metros),
devendo recolher-se na moradia em período noturno (21h as
06h), inclusive finais de semana e feriados.

Deverá ser colhida a anuência expressa do acusado


quando da afixação da tornozeleira (art. 3º, I, da Resolução
Conjunta GP/CGJ n. 4 de 07/07/2016).

O acusado deverá ser intimado de que a violação


das condições elencadas acima, bem como dos deveres previstos
no art. 11 da Resolução Conjunta GP/CGJ n. 4/de 07/07/2016 –
os quais deverão ser comunicados no momento da colocação da
tornozeleira – poderá acarretar, a critério do Juízo, a revogação
do monitoramento.

Destaca-se que
o monitoramento eletrônico obedece às premissas de respeito à
integridade física, moral, social e o sigilo dos dados.

Para o encaminhamento de relatórios, comunicação


de violação do aparelho e/ou de outras ocorrências, deverá o
Centro de Ações Penitenciárias – CAP enviar e-mail para
laguna.criminal@tjsc.jus.br.

Comunique-se à Administração do Presídio


Regional de Criciúma a fim de que proceda à instalação da
tornozeleira eletrônica.

Expeça-se ofício às Polícias Militar e Civil.

Por fim, considerando que o Ministério Público,


requereu diligências cuja necessidade se originou durante a
instrução, DEFIRO todas as diligências elencadas nos eventos
605 e 619, em atenção ao art. 402 do CPP, as quais deverão ser
cumpridas, com urgência.

Intimem-se os defensores dos colaboradores, e por


último defesa do acusado, a fim de que se manifestem quanto a
fase de diligências, conforme já determinado em audiência
:
(Evento 593).

Intimem-se.

Cumpra-se, com urgência.

Documento eletrônico assinado por RENATO MULLER BRATTI, Juiz de Direito,


na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006. A
conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico
https://eproc1g.tjsc.jus.br/eproc/externo_controlador.php?
acao=consulta_autenticidade_documentos, mediante o preenchimento do código
verificador 310049253054v19 e do código CRC 9fb6be11.

Informações adicionais da assinatura:


Signatário (a): RENATO MULLER BRATTI
Data e Hora: 25/9/2023, às 17:6:0

5005084-25.2023.8.24.0040 310049253054 .V19


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