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REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA e/ou CONCESSÃO DE

LIBERDADE PROVISÓRIA COM OU SEM IMPOSIÇÃO DE MEDIDAS


CAUTELARES

REVOGAÇÃO DA PREVENTIVA
A- Cabimento
O pedido de revogação da prisão preventiva será utilizado
quando a prisão for considerada legal, mas não estiverem mais
presentes os fundamentos que ensejaram sua decretação.
A prisão é medida de exceção. Não havendo razões sérias e
objetivas para a sua decretação, não há motivos para ser decretada ou
mantida.
A necessidade da revogação da prisão é uma forma de
reforçar o Princípio da Presunção de Inocência previsto na Constituição
Federal, artigo 5º, inciso LVII, combinado com o artigo 8º, I, do Pacto de
San José da Costa Rica, recepcionado em nosso ordenamento jurídico
(artigo 5º, §2º, CF88 – Decreto Executivo nº 678/1992 e Decreto
Legislativo nº 27/1992).
A revogação reafirma a necessidade da tutela da liberdade
pessoal, um dos fundamentos da dignidade da pessoa humana,
prerrogativa de todo ser humano de ser respeitado como pessoa, de não
ser prejudicado em sua existência (vida, corpo e saúde) de forma a
garantir o patamar existencial mínimo.

Prisão Preventiva: principal modalidade de prisão cautelar


(artigos 282, 312 e 313, CPP).
Artigo 313, CPP – hipóteses de cabimento da prisão
preventiva.
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a
decretação da prisão preventiva: (Redação dada pela Lei nº
12.403, de 2011).
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade
máxima superior a 4 (quatro) anos; (Redação dada pela Lei
nº 12.403, de 2011).
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença
transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do
art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código
Penal; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a
mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com
deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de
urgência; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
IV - (revogado). (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
§ 1º Também será admitida a prisão preventiva quando houver
dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não
fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso
ser colocado imediatamente em liberdade após a identificação,
salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da
medida. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º Não será admitida a decretação da prisão preventiva com a
finalidade de antecipação de cumprimento de pena ou como
decorrência imediata de investigação criminal ou da apresentação
ou recebimento de denúncia. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

Artigo 312, CPP – requisitos para a decretação da preventiva.

Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia


da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal,
quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de
autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do
imputado. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de
descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de
outras medidas cautelares (art. 282, § 4o). (Redação dada pela Lei
nº 13.964, de 2019)
§ 2º A decisão que decretar a prisão preventiva deve ser motivada
e fundamentada em receio de perigo e existência concreta de fatos
novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida
adotada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

Requisitos para a prisão preventiva (cumulativos):


- materialidade do crime (prova da existência do crime)
- indícios de autoria

De forma alternativa (requisitos do art. 312):


- para a garantia da ordem pública: abrange enorme espectro
subjetivo do juiz. Para Nucci – gravidade da infração + periculosidade do
réu (antecedentes e reincidência) + repercussão do crime.
- para garantia da ordem econômica: magnitude da lesão concreta
à ordem econômica.
- conveniência da instrução criminal: garantir a produção de
provas – se o réu provoca situação que impeça a colheita de forma
idônea e imparcial. Ex.: ameaça testemunha/ destrói documento.
- aplicação da lei penal: a tentativa de fuga do réu é a causa
determinante.

B – Competência
A peça deverá ser endereçada para o juízo que decretou a
prisão preventiva. Pode ser tanto da Justiça Estadual quanto da Federal.
Caso a conduta imputada seja crime doloso contra a vida, a peça deverá
ser endereçada para o Juízo da Vara do Júri.

C – Legitimidade

O requerimento é feito pela pessoa que está presa


preventivamente, representada por advogado.

D – Prazo

Não há prazo estipulado para o requerimento. Enquanto perdurar


a prisão preventiva, poderá ser utilizado o pedido de revogação da
prisão.

E – Principais teses

Toda a argumentação será no sentido da excepcionalidade da


prisão preventiva e pela ausência do disposto nos artigos 312 e 313, do
CPP. O pedido principal é a revogação da prisão preventiva, mas também
deverá ser requerida a expedição do alvará de soltura, ou
contramandado de prisão nos casos em que o mandado de prisão ainda
não tiver sido cumprido.
Exemplos:
a) Não fundamentação, em discordância ao disposto no artigo
315, do CPP, combinado com o artigo 93, inciso IX, da CF;
Art. 315. A decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão
preventiva será sempre motivada e fundamentada. (Redação
dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º Na motivação da decretação da prisão preventiva ou de
qualquer outra cautelar, o juiz deverá indicar concretamente a
existência de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a
aplicação da medida adotada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
§ 2º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja
ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: (Incluído pela Lei
nº 13.964, de 2019)
I - limitar-se à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato
normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão
decidida; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o
motivo concreto de sua incidência no caso; (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra
decisão; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo
capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo
julgador; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
V - limitar-se a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem
identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que
o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou
precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de
distinção no caso em julgamento ou a superação do
entendimento. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a
prisão preventiva se, no correr da investigação ou do processo,
verificar a falta de motivo para que ela subsista, bem como
novamente decretá-la, se sobrevierem razões que a
justifiquem. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

b) Fundamentação baseada em proposições abstratas;


c) Pela falta de prova da materialidade do delito ou por
inexistirem indícios suficientes de autoria;
d) Não cabimento da prisão para certos crimes, como os culposos,
p. ex.;
e) Pela não ocorrência dos requisitos de cautelaridade do artigo
312, do CPP.
F – Peça
1) Endereçamento: ao juiz que decretou a prisão preventiva.
2) Qualificação: Se for antes da denúncia, tem que qualificar: nome,
nacionalidade, estado civil, profissão, RG, CPF, endereço,
Se for depois da denúncia: “já qualificado nos autos da ação penal
em epígrafe”.
3) Fundamento: Princípio Constitucional da Presunção de Inocência
e Direito de Permanecer em Liberdade Provisória.
4) Relatório resumido
5) Demonstrar que a razão que determinou a preventiva cessou.
Dizer que nenhum dos outros requisitos encontram-se presentes.
Para afastar a necessidade da prisão para a garantia da ordem
pública: réu primário, que não ostenta antecedentes criminais –
não há evidencia de que possa colocar em risco a ordem pública.
Para afastar a necessidade da prisão para a garantia da aplicação
da lei penal: fala-se que tem endereço fixo e emprego (labor lícito).
Fala-se que o requerente tem “vínculo com o distrito da culpa”,
donde não há porque se presumir que o mesmo irá fugir ou se
furtar da aplicação da lei penal.
Para afastar a necessidade da prisão por conveniência da
instrução criminal: não há qualquer evidência de que possa
perturbar o correto trâmite da ação penal (não destruiu qualquer
prova, não ameaça testemunhas).
6) Pedido: revogação da prisão preventiva. Expedição do alvará de
soltura, se estiver preso; contramandado de prisão, se estiver
solto.
G- Modelo da peça
LIBERDADE PROVISÓRIA

A - Cabimento
Quando se pede? Quando houver prisão em flagrante válida, mas
o acusado/indiciado não necessita ficar preso enquanto transcorre o
processo. PQ? Porque nunca estiveram presentes quaisquer dos
requisitos da prisão preventiva.
Assim, será cabível o pedido de liberdade provisória quando
ocorrer a prisão em flagrante e esta for legal, mas não estiverem
presentes os requisitos da prisão preventiva.
É válido lembrar que a prisão em flagrante, quando realizada de
maneira indevida, por razões intrínsecas (não era hipótese de flagrante)
ou extrínsecas (aspectos formais do auto de prisão em flagrante não
foram observados), não pode subsistir, merecendo ser relaxada pela
autoridade judiciária competente. Logo, não é caso de concessão de
liberdade provisória.
Por outro lado, quando o juiz decretar a prisão preventiva, se,
porventura, cessar a razão que a determinou, deve o magistrado revogá-
la simplesmente, retornando o indiciado/acusado à situação de
liberdade anterior. Também não é o caso de concessão de liberdade
provisória.
Concede-se, pois, a liberdade provisória quando houver prisão em
flagrante válida, mas o indiciado/acusado não necessita ficar detido
enquanto transcorre o processo. Tal se dará quando os requisitos para
a decretação da prisão preventiva nunca estiveram presentes.
Normalmente, quando se impugna uma prisão cautelar, o pedido
é cumulado: Pedido de concessão da liberdade provisória ou de
Revogação da Prisão Preventiva. No desenrolar da peça, evidencia-se
que as razões pelas quais a prisão preventiva foi decretada nunca
existiram (por isso a liberdade provisória) ou, se é que existiram, não
existem mais (revogação da prisão preventiva).

B- Competência/ Endereçamento
A competência para analisar o pedido de liberdade provisória é do
juiz da causa, que poderá ser tanto o estadual quanto o federal.
Caso a conduta imputada seja crime doloso contra a vida, a peça
deverá ser endereçada para o Juízo da Vara do Júri.

C – Legitimidade
O requerimento é feito pela pessoa que se encontra presa, sendo,
entretanto, representado por seu advogado.
Se for antes da denúncia, tem que qualificar: nome, nacionalidade,
estado civil, profissão, RG, CPF, endereço, por seu advogado que esta
subscreve, (...)
Se for depois da denúncia : “Fulano de tal, já qualificado nos autos
da ação penal em epígrafe, vem à presença de V. Exa., por seu advogado
que esta subscreve, requerer a
CONCESSÃO DA LIBERDADE PROVISÓRIA COM OU SEM A IMPOSIÇÃO
DE MEDIDAS CAUTELARES ou a REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA
(...)”.

D – Fundamentação
Fundamento constitucional: art. 5.°, LXVI, da CF.
A fundamentação deve se pautar no fato de que não estão
presentes os fundamentos que autorizam a prisão preventiva (artigo
321, CPP), podendo ser requerida a concessão da liberdade provisória
mediante aplicação das medidas cautelares diversas da prisão
constantes do artigo 319, do CPP.

Art. 321. Ausentes os requisitos que autorizam a decretação da


prisão preventiva, o juiz deverá conceder liberdade provisória,
impondo, se for o caso, as medidas cautelares previstas no art. 319
deste Código e observados os critérios constantes do art. 282 deste
Código. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

Art. 319. São medidas cautelares diversas da


prisão: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições
fixadas pelo juiz, para informar e justificar
atividades; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares
quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou
acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco de
novas infrações; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando,
por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado
dela permanecer distante; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de
2011).
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja
conveniente ou necessária para a investigação ou
instrução; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga
quando o investigado ou acusado tenha residência e trabalho
fixos; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de
natureza econômica ou financeira quando houver justo receio de sua
utilização para a prática de infrações penais; (Incluído pela Lei
nº 12.403, de 2011).
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes
praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos
concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código
Penal) e houver risco de reiteração; (Incluído pela Lei nº
12.403, de 2011).
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o
comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu
andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem
judicial; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
IX - monitoração eletrônica. (Incluído pela Lei nº 12.403, de
2011).
§ 1o (Revogado).
§ 2o (Revogado).
§ 3o (Revogado).
§ 4o A fiança será aplicada de acordo com as disposições do Capítulo
VI deste Título, podendo ser cumulada com outras medidas
cautelares. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

Também poderá ser levantada a tese de que o agente praticou o


fato acobertado por causas excludentes de ilicitude (art. 310, §1º, do
CPP)
Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo
de até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, o juiz deverá
promover audiência de custódia com a presença do acusado, seu
advogado constituído ou membro da Defensoria Pública e o membro do
Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz deverá,
fundamentadamente: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de
2019) (Vigência)
I - relaxar a prisão ilegal; ou (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os
requisitos constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem
inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão;
ou (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
III - conceder liberdade provisória, com ou sem
fiança. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que
o agente praticou o fato nas condições constantes dos incisos I a III
do caput do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 -
Código Penal, poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado
liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a todos os atos
processuais, sob pena de revogação. (Redação dada pela Lei nº
12.403, de 2011).
§ 1º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente
praticou o fato em qualquer das condições constantes dos incisos I,
II ou III do caput do art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 (Código Penal), poderá, fundamentadamente,
conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de
comparecimento obrigatório a todos os atos processuais, sob pena
de revogação. (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 13.964,
de 2019) (Vigência)
§ 2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que integra
organização criminosa armada ou milícia, ou que porta arma de fogo de
uso restrito, deverá denegar a liberdade provisória, com ou sem medidas
cautelares. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
§ 3º A autoridade que deu causa, sem motivação idônea, à não realização
da audiência de custódia no prazo estabelecido no caput deste artigo
responderá administrativa, civil e penalmente pela
omissão. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
§ 4º Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas após o decurso do prazo
estabelecido no caput deste artigo, a não realização de audiência de
custódia sem motivação idônea ensejará também a ilegalidade da prisão,
a ser relaxada pela autoridade competente, sem prejuízo da
possibilidade de imediata decretação de prisão preventiva. (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
Modelo

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