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1 – JUIZ DE GARANTIAS
1.2 – Conceito
Art. 3º-C. A competência do juiz das garantias abrange todas as infrações penais,
exceto as de menor potencial ofensivo, e cessa com o recebimento da denúncia ou
queixa na forma do art. 399 deste Código
Cabe ao juiz das garantias receber o auto de prisão em flagrante para fins de
análise da legalidade da prisão, bem como da necessidade de convertê-la em
prisão preventiva, de acordo com o art. 310, do Código de Processo Penal. Tal
análise ocorrerá durante a audiência de custódia.
III - zelar pela observância dos direitos do preso, podendo determinar que
este seja conduzido à sua presença, a qualquer tempo;
Como tutor dos direitos fundamentais do investigado, o juiz das garantias deve
ter especial atenção com os direitos das pessoas presas, especialmente os
direitos assegurados na Constituição. Para tanto, o juiz das garantias pode
determinar a condução do preso à sua presença, o que deverá ocorrer na
audiência de custódia.
Esse dispositivo legal traz ainda importante inovação: para que se prorrogue a
prisão provisória (preventiva e temporária) ou outra medida cautelar, passa a
ser obrigatório o exercício do contraditório em audiência pública e oral.
VII - decidir sobre o requerimento de produção antecipada de provas
consideradas urgentes e não repetíveis, assegurados o contraditório e a
ampla defesa em audiência pública e oral
Pela regra estabelecida no art. 10, § 3º, do CPP, não seria possível a dilação
de prazo do inquérito se o indiciado estiver preso: “Quando o fato for de difícil
elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a
devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo
marcado pelo juiz”. Entretanto, o Pacote Anticrime, criou a figura do Juiz de
Garantias e deu a ele o poder de prorrogar o prazo de conclusão do inquérito
policial, por até 15 dias estando o indiciado preso, como determina o dispositivo
ora em comento e o § 2º do art. 3º-B, do CPP. Vejamos:
Cumpre ao juiz das garantias fazer valer o inteiro teor da Súmula Vinculante
14, do STF e do art. 7º, inciso XIV, da Lei nº 8.906/94 (Estatuto da OAB), os
quais garantem o acesso do advogado a todas as peças do Inquérito Policial.
Cumpre salientar que o dispositivo em comento vai além, pois permite também
o acesso ao inquérito pelo próprio investigado, mediante autorização do juiz
das garantias, ao passo que a Sumula Vinculante 14 e o Estatuto da OAB
permitem o acesso apenas ao advogado. Importante mencionar que o
dispositivo em análise só permite acesso àquilo que já foi produzido e juntado
ao Inquérito Policial, não dando direito de acesso às diligências em andamento.
Esse dispositivo reforça a ideia de que o rol de atribuições do juiz das garantas
é um rol exemplificativo e não taxativo, tendo o juiz das garantias competência
para determinar quaisquer outras medidas que envolvam direitos fundamentais
do cidadão e que devam ocorrer durante a investigação.
Art. 3º-C. A competência do juiz das garantias abrange todas as infrações penais,
exceto as de menor potencial ofensivo, e cessa com o recebimento da denúncia ou
queixa na forma do art. 399 deste Código. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
(Vigência)
§ 1º Recebida a denúncia ou queixa, as questões pendentes serão decididas pelo juiz
da instrução e julgamento.
Nos termos do art. 3º-C, § 2º, as decisões proferidas pelo juiz das garantias
não vinculam o juiz da instrução e julgamento.
§ 2º As decisões proferidas pelo juiz das garantias não vinculam o juiz da instrução e
julgamento, que, após o recebimento da denúncia ou queixa, deverá reexaminar a
necessidade das medidas cautelares em curso, no prazo máximo de 10 (dez) dias
Art. 3º-D
Parágrafo único. Nas comarcas em que funcionar apenas um juiz, os tribunais criarão
um sistema de rodízio de magistrados, a fim de atender às disposições deste
Capítulo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
Art. 3º-E. O juiz das garantias será designado conforme as normas de organização
judiciária da União, dos Estados e do Distrito Federal, observando critérios objetivos a
serem periodicamente divulgados pelo respectivo tribunal.
Tal liminar revogou outra liminar, concedida pelo ministro Dias Toffoli uma
semana antes. Na decisão, Toffoli adiou a eficácia do instrumento nos tribunais
por até 180 dias e suspendeu dois artigos da Lei 13.964/2019, apelidada de
"anticrime". Além disso, em portaria, aumentou prazo do grupo de trabalho que
trata do tema no Conselho Nacional de Justiça.
A previsão em lei era que o juiz das garantias começaria a valer a partir de
23/01/2020. Entretanto, com a decisão do ministro Luiz Fux, a figura do juiz de
garantias ficou suspensa até o dia 23 de agosto de 2023, quando o Plenário do
Supremo Tribunal Federal, após dez sessões, decidiu pela implantação
obrigatória do juiz das garantias em até 12 meses, com a possibilidade de uma
única prorrogação por igual período.
1 – Antecedentes Históricos
2 – Conceito
Esse requisito busca evitar que acordos de não persecução penal sejam
firmados com base em procedimentos investigatórios que não possuam os
necessários elementos mínimos para embasar a propositura de uma ação
penal.
Vale citar que vem sendo questionada sua constitucionalidade no que diz
respeito a previsão de que o investigado deve confessar o fato criminoso para
dispor do acordo de não persecução penal, violando-se assim o princípio da
presunção de inocência e o princípio de que ninguém será obrigado a produzir
prova contra si mesmo. A exigência de que tenha “o investigado confessado
formal e circunstancialmente a prática de infração penal”, em tese, viola
frontalmente a garantia constitucional de que “o preso será informado de seus
direitos, entre os quais o de permanecer calado” (CF/88, art. 5º, LXIII), bem
como o enunciado supralegal contido na Convenção Americana sobre Direitos
Humanos, Pacto de São José da Costa Rica (8º, 2, g), o qual prevê que “toda
pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência enquanto
não se comprove legalmente sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem
direito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas: g) direito de não
ser obrigado a depor contra si mesma, nem a declarar-se culpada.”
O delito praticado pelo investigado não pode ter como elementares a violência
ou grave ameaça à pessoa, visto que a violência contra o objeto não pode ser
considerada um impeditivo para a celebração do acordo de não persecução
penal.
Esse requisito exige que a pena mínima prevista no preceito secundário do tipo
penal seja inferior a 04 (quatro) anos, consequentemente, pena mínima igual
ou superior a 04 (quatro) anos impede, a princípio, o oferecimento do acordo
de não persecução penal.
a) Transação Penal
Essa benesse legal é aplicável aos delitos de menor potencial ofensivo, isto é,
todas as contravenções penais (Decreto-Lei n. 3.688/1941) e os crimes a que a
lei comine pena máxima não superior a 02 (dois) anos, cumulada ou não com
multa (art. 61 da Lei n. 9.099/95).
Por sua vez, a conduta criminal reiterada ocorre quando se constata que o
agente se encontra envolvido em atividades criminosas de modo rotineiro,
revelando a contumácia na prática de infrações penais. Esse requisito negativo,
a despeito do princípio constitucional da presunção de inocência (art. 5º, LVII,
da CF/88), restará presente quando houver diversas investigações ou
processos criminais em trâmite em desfavor do indiciado, não havendo a
necessidade da existência de condenações criminais transitadas em julgado,
porquanto, por óbvio, acaso existentes, incidiriam na proibição de oferta do
acordo de não persecução penal ao reincidente.
Por outro prisma, na segunda parte desse dispositivo legal, restou consignada
a ideia de que qualquer delito praticado contra mulher por razões da condição
de sexo feminino impedirá a pactuação do acordo de não persecução penal,
independentemente de não se tratar de crime perpetrado no ambiente
doméstico.
Por fim, essa condição poderá deixar de ser aplicada caso reste impossível ao
investigado/acusado reparar o dano ou restituir a coisa, seja em decorrência da
hipossuficiência financeira, seja em razão do perecimento do bem jurídico
tutelado.
Nos termos do art. 45, § 1º, do Código Penal, a prestação pecuniária deverá
ser fixada em valor não inferior a 01 (um) salário-mínimo nem superior a 360
(trezentos e sessenta) salários-mínimos, patamares que devem, igualmente,
ser levados em consideração no acordo de não persecução penal, tendo em
vista que o inciso IV do art. 28-A do Código de Processo Penal é claro ao
prescrever que essa condicionante deve ser estipulada nos moldes do
dispositivo legal acima mencionado.
Diante dessa situação, uma saída prática e que viabilizaria a celeridade e a não
sobrecarga de serviços ao Ministério Público, é própria autoridade policial,
percebendo o preenchimento dos requisitos necessários para o acordo de não
persecução penal, já notificar o investigado para que compareça perante o
órgão ministerial em data previamente agendada, devidamente acompanhado
de defensor, para a análise da proposta do respectivo acordo, aplicando-se,
analogicamente, o procedimento previsto no art. 174 do Estatuto da Criança e
do Adolescente.
Por fim, uma questão que pode surgir é o caso de o investigado não possuir
condições financeiras para constituir um advogado particular. Nessas
situações, é possível o próprio Ministério Público requerer ao Juiz competente
a nomeação de um defensor dativo para que acompanhe o indiciado nas
negociações do acordo de não persecução penal ou este se fazer acompanhar
por um Defensor Público, caso a localidade seja abrangida pelo atendimento
desse órgão.
Por outro lado, como visto linhas acima, um dos requisitos para o oferecimento
do acordo de não persecução penal é a necessidade de o investigado
confessar, formal e circunstancialmente, a prática do delito.
Conclui-se, portanto, que se for permitido ao Juiz participar das tratativas desse
acordo, inevitavelmente, ele terá contato com essa confissão, que,
evidentemente, em eventual caso de rescisão do negócio processual pactuado
ou recusa de sua homologação, com o consequente oferecimento de denúncia
(art. 28-A, §§ 8º e 10, do CPP), restará contaminada a formação de sua
convicção acerca do fato criminoso, isso, sem a observância da ampla defesa e
do contraditório, prejudicando, assim, a imparcialidade do órgão julgador.
A despeito dessa crítica, trata-se de lei válida e vigente e, deste modo, deve
ser aplicada.
Percebe-se que restou, uma vez mais, reforçado o sistema acusatório, tendo
em vista que se evita a participação do Poder Judiciário nessa fase do
procedimento criminal, sendo todas as questões resolvidas no âmbito do
Ministério Público.