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AO JUIZO DA 1ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE SÃO PAULO – SP

REVOGAÇÃO DE PRISAO PREVENTIVA

FULANO DE TAL, brasileiro, solteiro, portador do RG de número xxxxxxxxx , e CPF


xxxxxxxxxxxx , residente e domiciliado na Rua xxxxxxxxx , nº xxxx , Cidade de São
Paulo – SP, através de seu advogado regularmente constituído, vem
respeitosamente apresentar REVOGAÇAO DE PRISAO PREVENTIVA , com
fundamento no art. 316, do Código de Processo Penal pelos seguintes fatos e
fundamentos:

DOS FATOS

A autoridade policial estava fazendo uma investigação decorrente de uma denúncia


anônima, onde foi flagrado o Sr. Fulano de tal dentro de sua residência com vários
comprimidos de ecstasy. Os policiais civis entraram em sua residência sem
mandado judicial, valendo-se do conceito de que o crime é classificado como
permanente, podendo o flagrante ser dado a qualquer momento e sem autorização
judicial , ao qual o Fulano de tal foi preso preventivamente, e os autos foram
enviados para o Delegado de Polícia Responsável, onde foi feito e distribuído para o
Juiz da 1ª Vara Criminal da Capital.

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Com sua prisão ocorrida, o acusado compareceu na sua a audiência de custódia
após um mês decorrido fato. Ressalta que até o presente momento não houve
indiciamento, já se ultimando 90 diais de investigação, ultrapassando o prazo
previsto no art. 51 da Lei nº 11.343/06.

Art. 51 O inquérito policial será concluído no prazo de 30 (trinta) dias, se o


indiciado estiver preso, e de 90 (noventa) dias, quando solto.

Parágrafo único. Os prazos a que se refere este artigo podem ser duplicados pelo
juiz, ouvido o Ministério Público, mediante pedido justificado da autoridade de polícia
judiciária.
Ademais a autoridade policial não requereu a realização do laudo definitivo e nem
procedeu a oitiva das testemunhas, inexistindo, assim, sequer o indiciamento do
acusado. Tendo em vista que o Juízo decretou a prisão preventiva do acusado,
embasando a decisão para o fim de assegurar a ordem pública.

DO DIREITO

Conforme previsto no Art. 312 do CPP, caput: A prisão preventiva poderá ser
decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência
da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver
prova da existência do crime e indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo
estado de liberdade do imputado).

Entretanto, a referida PRISÃO neste caso constitui uma coação ilegal contra o
requerente, tratando-se de uma medida de extrema violência, uma vez que não foi
julgado dentro de 24H como prevê o Art. 310 § 4º e esteve preso por mais de 30
dias aguardando o julgamento, infligindo princípio fundamental discriminado no
Art.5º, LXV da Constituição Federal.

Ressaltando que o descumprimento do mandamento legal não foi cumprido como


determina o Art. 316, par. Único, CPP, bem como na aplicação de medidas
cautelares elencadas nos incisos do art.319 do CPP, ocorrendo assim a nulidade
prevista Art. 564, inciso III alínea e), do Código de Processo Penal.

Ainda, que mesmo que as nulidades do auto de prisão em flagrante tivessem sido
sanadas, caberia no caso, a prisão provisória. Ausentes os requisitos que autorizam

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a decretação da prisão preventiva, o juiz deverá conceder liberdade provisória,
impondo, se for o caso, as medidas cautelares previstas no art. 319 do CPP.

Vale ressaltar que o acusado possui trabalho e residência fixa (CTPS e


Comprovante anexo), e é réu primário, não obstando qualquer condenação criminal,
comprometendo-se a comparecer em todos os atos processuais solicitados.

Apesar do acusado estar sendo investigado, isto não pode ser considerado como
fato desabonador de sua conduta, tendo em vista que a Constituição Federal afirma
que somente é considerado culpado após condenação penal transitada em julgado:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:

LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de


sentença penal condenatória. (Grifo Nosso)
Referido dispositivo consolida o Princípio da Presunção de Inocência, garantia
constitucional que permite ao acusado não ser condenado culpado, até esgotadas
todas as fases do processo, e ao final haja sentença penal condenatória com
transito em julgado. Diante disso, não se pode considerar, por si só, inquéritos
policiais em curso com instrumento idôneo a justificar a manutenção da previsão
preventiva do requerente. Segue jurisprudência neste sentido:

PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA DECRETADA


NA SENTENÇA DE PRIMEIRO GRAU. RÉU QUE PERMANECERA SOLTO
DURANTE A INSTRUÇÃO CRIMINAL. EXISTÊNCIA DE INQUÉRITOS POLICIAIS
EM ANDAMENTO. FUNDAMENTO QUE, POR SI SÓ, NÃO JUSTIFICA A PRISÃO
PREVENTIVA. ORDEM CONCEDIDA. 1. A existência de inquéritos policiais em
andamento não justifica, por si só, a decretação da prisão preventiva.
Precedentes do Superior Tribunal de Justiça. 2. Ordem concedida. (TRF-3 – HC
2501 SP 2010.03.00.002501-2. Rel.: Nelton dos Santos. Data Julg.: 08/06/2010.
Segunda turma).

Nesta linha de raciocino, o Código de Processo Penal estabelece medidas que


assegurem o desenvolvimento regular do processo com a presença do acusado sem
sacrifício de sua liberdade, deixando a prisão cautelar apenas para as hipóteses de
absoluta necessidade. Passa-se a analisar a ausência do requisito ensejador da
prisão cautelar, previsto no artigo 312 do Código Processo Penal.

O Requerente não apresenta nenhum risco para a ordem pública, pelo


qual entende-se pela expressão da necessidade de se manter em ordem a

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sociedade, que, como regra, é abalada pela prática de um delito. Verifica-se que o
acusado foi preso em flagrante em sua residência, estando atualmente preso,
restabelecendo a ordem pública, não existindo nenhum fato que demonstre que a
sociedade encontra-se abalada pelo crime, razão pela qual não se pode cometer a
injustiça de presumir uma periculosidade inexistente.

Sendo assim, nota-se que houve descumprimento das disposições previstas no art.
50 e §§ da Lei 11.343/06 in verbis:

Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de polícia judiciária fará,


imediatamente, comunicação ao juiz competente, remetendo-lhe cópia do auto
lavrado, do qual será dada vista ao órgão do Ministério Público, em 24 (vinte e
quatro) horas.
§ 1º Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e estabelecimento da
materialidade do delito, é suficiente o laudo de constatação da natureza e
quantidade da droga, firmado por perito oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea.
§ 2º O perito que subscrever o laudo a que se refere o § 1º deste artigo não ficará
impedido de participar da elaboração do laudo definitivo.
§ 3º Recebida cópia do auto de prisão em flagrante, o juiz, no prazo de 10 (dez)
dias, certificará a regularidade formal do laudo de constatação e determinará a
destruição das drogas apreendidas, guardando-se amostra necessária à realização
do laudo definitivo. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014)
§ 4º A destruição das drogas será executada pelo delegado de polícia competente
no prazo de 15 (quinze) dias na presença do Ministério Público e da autoridade
sanitária. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014)
§ 5º O local será vistoriado antes e depois de efetivada a destruição das drogas
referida no § 3º, sendo lavrado auto circunstanciado pelo delegado de polícia,
certificando-se neste a destruição total delas. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014).

DO PEDIDO

Diante do exposto, respeitosamente, requer a revogação da prisão preventiva, haja


vista que:

a) Não foram preenchidos, de forma concreta, os requisitos do art. 312,CPP,


pois não se demonstrou com elementos hábeis a presença da garantia da
ordem pública ou qualquer outro elemento autorizador.
b) Não se cumpriu o mandamento legal do art. 316 do CPP, inexistindo razão
para o seu descumprimento, uma vez que trata de imposição legislativa,
bem como não atenderam aos dispositivos legais previstos na Lei nº
11.343/06 e artigos 50 e seguintes.

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c) Requer, caso não seja revogada a prisão preventiva, pelo princípio da
eventualidade, a aplicação das medidas cautelares diversas da prisão,
conforme prudente arbítrio de Vossa Excelência, na forma do art.319, CPP.
d) Requer, ainda, a imediata expedição de alvará de soltura de Fulano de tal,
para que possa, em liberdade, defender-se no curso da ação penal,
comprometendo-se a comparecer a todos os atos processuais.
e) Por fim, seja ouvido o ilustre representante do Ministério Público.

Nestes termos, pede e espera deferimento.

São Paulo, xx, de xxxxxxxxxxx, de xxxx.

Advogado (a)

OAB-SP n.º XXXXX

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