Você está na página 1de 4

RELAXAMENTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE

Conceito de prisão em flagrante


A prisão em flagrante possui natureza administrativa e ocorre quando a infração
penal está ocorrendo ou após sua conclusão.
A Constituição Federal, em seu art. 5o, LXI, autoriza essa modalidade de prisão sem a
necessidade da expedição de um mandado de prisão, podendo, inclusive, partir de qualquer
pessoa (flagrante facultativo), além das autoridades policiais e seus agentes (flagrante
obrigatório) (art. 301 do CPP).
Entretanto, a prisão em flagrante está sujeita à avaliação imediata da autoridade
judiciária, a qual poderá relaxá-la, quando vislumbrar qualquer ilegalidade. É o que dispõe o
art. 5o, LXV, da CF.

Espécies de prisão em flagrante


a) Flagrante próprio ou perfeito (art. 302, I e II, do CPP): ocorre quando o agente está
cometendo a infração ou acaba de cometê-la;
b) Flagrante impróprio ou imperfeito (art. 302, III, do CPP): ocorre quando o agente é
perseguido pela polícia, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, logo após a tentativa
ou a prática da infração penal;
c) Flagrante presumido ou ficto (art. 302, IV, do CPP): ocorre quando o agente é
encontrado, logo depois da tentativa ou a prática da infração penal, na posse de
instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele o autor do delito;
d) Flagrante esperado: ocorre quando a autoridade policial, mediante a notícia de que
será cometida uma infração penal, desloca agentes para o local e fica aguardando a
sua ocorrência.
e) Flagrante retardado ou diferido: trata-se da hipótese de flagrante prevista no art. 53
da Lei no 11.343/2006 e art. 8º da Lei no 12.850/2013, que autoriza a autoridade policial
retardar a realização da prisão em flagrante, para poder obter mais informações
acerca da atividade da organização criminosa.
f) Flagrante preparado: ocorre quando a pessoa é induzida por terceiro (policial ou não)
a praticar a infração penal. Nesse caso, a infração penal só tem início por conta da
ação do agente provocador e, por consequência a prisão.
g) Flagrante forjado: caracterizado pela criação de provas para fazer existir um crime
inexistente.

Outras situações
a) Crimes permanentes: enquanto não cessar a permanência, o agente estará em
situação de flagrante (art. 303 do CPP).
b) Crimes habituais: não admitem prisão em flagrante, uma vez que o delito habitual se
consuma mediante a prática de várias condutas, de modo reiterado.
c) Crime de ação penal privada: admite prisão em flagrante; entretanto, para a lavratura
do auto, é necessária a autorização da vítima ou de seu representante legal,
conforme o art. 5o, § 5o, do CPP.
d) Crime de ação penal pública condicionada: admite prisão em flagrante; entretanto,
para a lavratura do auto, é necessária a representação da vítima ou de seu
representante legal ou, ainda, a requisição do Ministro da Justiça, conforme o art. 5º
combinado com o art. 24 do CPP
e) Uso de drogas: não cabe prisão em flagrante no caso de pessoa usando drogas (art.
28 c/c art. 48, § 2º da Lei no 11.343/2006).
Lavratura do Auto de prisão em flagrante (APFD)
➢ Elaborado pela autoridade policial
➢ Formalidades previstas pelo CPP
➢ Arts. 304 e seguintes do CPP
➢ Objetivos:
➢ Legalidade para a prisão – não houve mandado
➢ Retratar os fatos
➢ Reunir os primeiros elementos de prova

Os arts. 304 e ss. do CPP elencam as formalidades a serem observadas pela autoridade
no momento da lavratura do auto de prisão em flagrante:
1. Imediata comunicação da prisão ao juiz, ao MP e à família do preso (ou à pessoa por
ele indicada);
2. Lavratura do auto de prisão em flagrante (APFD) – oitiva do condutor e das
testemunhas, seguida do interrogatório do preso;
3. Entrega da nota de culpa ao preso (prazo máximo de 24 horas);
4. Remessa do APFD ao juiz competente e à defesa ou à defensoria (se o preso não
indicar advogado) – prazo de 24 horas após a realização da prisão;
5. Apresentação do preso para a realização da audiência de custódia, no prazo de 24
horas (Resolução no 213/2015 do CNJ).

Durante a audiência, o juiz analisa a legalidade da prisão em flagrante, bem como


eventuais ocorrências de tortura, maus-tratos ou outras irregularidades praticadas contra o
preso. Se for verificada a ilegalidade da prisão, o juiz deverá imediatamente relaxá-la. Por
outro lado, se a prisão em flagrante for considerada legal, o juiz avalia a
necessidade/adequação da continuidade da prisão.
Se for necessária a continuidade, o juiz decreta a prisão preventiva. Caso contrário,
concede a liberdade provisória com ou sem a imposição de medidas cautelares diversas.
Verifica-se, portanto, que o requerimento de relaxamento de prisão em flagrante será
cabível nas hipóteses de flagrante ILEGAL. Essa ilegalidade pode ocorrer de duas formas:
1. Não está presente a situação de flagrante – situações em que não houve flagrante. A
prisão não se enquadra em nenhuma das hipóteses de flagrante descritas no art. 302
do CPP.
2. Vício na lavratura do APFD – circunstâncias em que houve situações de flagrante,
mas, no momento da lavratura do auto de prisão, o Delegado não observou as
formalidades legais.

Tendo em vista a possibilidade de o juiz relaxar o flagrante e decretar a prisão preventiva, na


peça, elaborar um parágrafo argumentando sobre o não cabimento da prisão preventiva.
Apoie seu argumento nos requisitos para a decretação da preventiva e mostre que não estão
presentes.
FICHA DA PEÇA
Fundamento Jurídico Art. 5º, LXI, da CF e 310, I do CPP
Cabimento O relaxamento de prisão em flagrante deverá ser elaborado quando
restar configurada ilegalidade na prisão. Esta ilegalidade poderá
derivar dos seguintes fatores:
a) Ausência de situação de flagrante;
b) Inobservância das formalidades legais na lavratura do APF (auto
de prisão em flagrante);
c) Excesso de prazo na prisão em flagrante;
d) Atipicidade da conduta (o fato imputado ao preso não constitui
crime).
Prazo Não há
Quantidade de peças 01
Estrutura Petição simples
Destinatário Juiz de Direito – conforme competência
Terminologia Acusado / Requerente
Verbo Requerer
Teses a serem desenvolvidas Demonstrar o vício no APFD ou que a situação não se enquadra nas
espécies de flagrante.
Pedido Relaxamento da prisão em flagrante, expedição do alvará de soltura,
vista ao MP.
MODELO DE RELAXAMENTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da... Vara Criminal da Comarca de.... (competência
estadual e crimes comuns).
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da... Vara do Júri da Comarca de... (competência estadual
e crimes dolosos contra a vida).
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito Corregedor do Departamento de Inquéritos Policiais da
Capital. (somente na capital/SP – fase de inquérito policial – crimes comuns)
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da... Vara Criminal da Subseção Judiciária de.../...
(competência federal e crimes comuns).
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da... Vara do Júri da Subseção Judiciária de.../...
(competência federal e crimes dolosos contra a vida).

..., (nacionalidade), (estado civil), (profissão), residente e


domiciliado na Rua..., nesta comarca, por seu advogado que esta subscreve (procuração anexa –
documento...), vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 5º,
LXV da Constituição Federal e no art. 310, I, do CPP, requerer o RELAXAMENTO DA PRISÃO EM
FLAGRANTE pelas razões a seguir aduzidas:

DOS FATOS
Narrar os acontecimentos contidos no problema, sem
inventar nenhum dado. Também não é aconselhável copiar o problema.
DO DIREITO
A defesa, segura do conhecimento de Vossa Excelência e
certa de que nenhum detalhe escapará da análise criteriosa dos autos em apreço, vem aduzir os
argumentos que demonstram a ilegalidade da prisão em flagrante e que, por consequência, autorizam
o relaxamento da prisão imposta ao requerente.
Com efeito.. (desenvolver a argumentação, apontando e
justificando a ilegalidade da prisão em flagrante).

Outra não é a posição da jurisprudência dominante: (copiar


jurisprudência).

DO PEDIDO
Diante do exposto, requer a Vossa Excelência, digne-se
determinar:
1. O relaxamento da prisão em flagrante, a fim de que
possa o requerente responder em liberdade a
eventual processo;
2. A expedição do competente alvará de soltura;
3. Vista ao Ministério Público.

Termos em que,
Pede deferimento.

Local..., data...

___________________________
Advogado... – OAB/... nº....

Você também pode gostar