Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PRISÃO TEMPORÁRIA
Lei nº 7.960/89
ATUALIZADO em 30/08/20221.
Trata-se de legislação com alta carga de pertinência temática para o cargo de Delegado, tendo
em vista que essa espécie de prisão cautelar é restrita a fase da investigação criminal. Dessa forma,
caso a sua preparação seja voltada ao cargo de delegado ou as carreiras policiais, destacamos a
importância do estudo da legislação em comento.
Por fim, por se tratar de uma legislação mais curta, destacamos as questões são extraídas
predominantemente da legislação, portanto, fique #DeOlhoNaLeiSECA. Feita as devidas considerações
iniciais, vamos ao conteúdo.
1. Noções Introdutórias
A Lei de prisão temporária surge com o objetivo de pôr fim à famigerada prisão para
averiguações, que consiste no arrebatamento de pessoas pelos órgãos de investigação para aferir sua
possível vinculação auma infração ou para investigar a sua vida pregressa.
Desse modo, temos que a atual prisão temporária não se confunde com a extinta prisão para
averiguações. Antigamente, o delegado de polícia deixava uma pessoa presa por alguns dias para
averiguar um crime supostamente cometido, era uma prisão para averiguações, para investigações.
A prisão para averiguações já se encontra extinta no Ordenamento Jurídico Brasileiro, era uma prisão
totalmente arbitrária, que vinha a ser determinada pelo delegado de polícia. A prisão temporária
deve ser decretada pelo juiz, mas nunca de ofício.
A prisão temporária é uma prisão investigativa que precisa de alguns fundamentos, de alguns
requisitos legais para que seja decretada. Já a prisão para averiguações era simplesmente algo
arbitrário.
1
Revisto, atualizado e editado em 30/08/2022. O manual caseiro é constantemente atualizado e aperfeiçoado. Caso o
aluno identifique algum ponto que demande atualização, entre em contato através do nosso e-mail:
manualcaseir@outlook.com. Nossa Equipe encontra-se à disposição para juntos sempre melhorarmos o material.
1
Nesse sentido, explica Rafael Dantas:
Nesta senda, temos que prisão temporária nasceu para substituir a antiga “prisão para
averiguações” – na qual a polícia investigava e mantinha indivíduos presos com vista a averiguar seu
envolvimento com crimes, sem que houvesse situação flagrancial ou prévia autorização judicial.
Portanto, com o advento da Constituição Federal, a prisão para averiguação passou a ser considerada
ilegal, podendo constituir, inclusive,crime de abuso de autoridade.
2
Corte, os quais veremos adiante.
Prisão temporária é que uma espécie de prisão cautelar, decretada pela autoridade judiciária
competente, com prazo preestabelecido de duração, cabível exclusivamente durante a fase preliminar
de investigações. Desta feita é um tipo de prisão restrita ao Delegado de Polícia. Lembrando que
realizada a denúncia, acaba a fase de investigação e, portanto, não será mais cabível a prisão temporária.
Nessa linha, corroborando ao exposto, conceitua Távora e Alencar (2020, pág. 1118):
A temporária é a prisão de natureza cautelar, com prazo preestabelecido de duração,
cabível exclusivamente na fase do inquérito policial – ou de investigação preliminar
equivalente, consoante art. 283, CPP, com redação dada pela Lei no 12.403/2011 –,
objetivando o encarceramento em razão das infrações seletamente indicadas na legislação.
A Lei n° 7.960/1989só indica o cabimento de prisão temporária durante a tramitação de
inquérito policial, porém o CPP ampliou o âmbito de incidência da medida cautelar ao
disciplinar o seu cabimento duranteas investigações, sem restringir-se ao inquérito policial
(art. 282, § 2°, CPP).
A Lei n° 13.964/19 denominada de Pacote Anticrime alterou a redação do §2º do art. 282 do
CP, proibindo o juiz decretar qualquer medida cautelar sem provocação, seja na fase da investigação,
seja na fasedo processo. Rende-se, assim, obediência ao sistema acusatório.
3
preventiva, ex officio, desde que no bojo do processo penal e não no decorrer da investigação preliminar.
Com o PAC, o magistrado não pode ter iniciativa ex officio na decretação das medidas, estando submetido
ao requerimento das partes.
Diante do exposto, contemplamos que no atual cenário, nem mesmo a prisão preventiva
poderá ser decretada de ofício.
Vamos a análise dos requisitos da prisão, incluindo os que foram fixados pela Corte.
Candidato, quando será cabível a prisão temporária? O art. 1° da Lei n. 7.960/89 nos traz
ao teor de seu art. 1° alguns dos requisitos autorizadores da prisão temporária, vejamos:
4
ao esclarecimento de sua identidade;
III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na
legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes3:
“ Pela análise do inciso I do art. 1º, percebe-se que a prisão temporária é uma prisão
criada para servir aos interesses da investigação criminal. O objetivo dessa prisão é
facilitar a investigação criminal. Diante disso, indaga-se: esse inciso I é
constitucional? É possível uma espécie de prisão criada com esse objetivo?
SIM.
A prisão temporária, como vimos acima, é uma espécie de prisão de natureza
cautelar.
A CF/88 autoriza a imposição de prisões cautelares no inciso LXI do art. 5º:
Art. 5º (...)
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão
militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
No entanto, como a Constituição consagra o princípio da presunção de inocência
(art. 5º, LVII), toda prisão cautelar (inclusive a prisão temporária) deve ser
considerada como medida excepcionalíssima e somente se mostra cabível quando
5
preenchidos os estritos requisitos legais e de forma devidamente fundamentada pela
autoridade judicial competente.
Assim, desde que respeitado o princípio da não culpabilidade (que veda a execução
antecipada da pena), nada impede que o legislador ordinário estabeleça uma
modalidade de prisão cautelar voltada a assegurar o resultado útil da investigação
criminal ou do processo penal.
Vale ressaltar que, além da Constituição Federal, a Convenção Americana de
Direitos Humanos e o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos também
não impedem ou proíbem a criação de prisões cautelares pelos Estados-partes.
Importante esclarecer, contudo, que a prisão temporária não pode servir como uma
prisão para averiguação.”
2.2 Residência fixa ou ausência de elementos necessários para sua identificação. (Inciso II)
Contempla-se neste inciso os casos de quando o agente não fornece o endereço ou oferece
dados falsos sobre sua identificação. Dessa forma, o delegado comunicaria ao juiz e este poderia
decretar prisão temporária, tendo em vista a incerteza completa da identidade do indivíduo.
Ocorre que o STF no julgamento das ADINs decidiu que o inciso II é dispensável para decretar
a prisão temporária e quando interpretado isoladamente, é inconstitucional. O entendimento do Supremo
é de que “a prisão temporária não pode ser utilizada quando fundada tão somente porque o representado
não possui residência fixa, o que vai de encontro ao princípio constitucional da igualdade em sua
dimensão material, já que essa circunstância pode revelar-se como uma situação de vulnerabilidade
econômico-social”.
O STF já tinha precedentes explicando que o fato de ser morador de rua não deverá ser
compreendido como “sem residência fixa”, a situação de miserabilidade não poderá servir de causa
para uma constrição grave em face de sua ausência de condições, e desta forma não é motivo plausível
para prisão temporária apenas sob o requisito de não ter residência fixa.
Na doutrina havia mais de uma corrente no que tange a aplicação dos requisitos da prisão
temporária dispostos nos incisos do artigo 1º. A primeira afirmava que os incisos I, II e III erão
cumulativos, enquanto a segunda corrente, que prevalecia na doutrina e jurisprudência, afirmava ser
necessário a combinação dos incisos I com inciso III ou inciso II com inciso III, mas sempre estando o
inciso III presente.
6
Lembre-se: a doutrina e jurisprudência majoritária entende que o inciso III do art. 1° da
Lei n. 7.960/89 sempre está presente, sendo este combinando com o inciso I. Porém, com relação ao
inciso II, o entendimento jurisprudencial atual é de que este é dispensável.
EM RESUMO:
Cabimento da Esta hipótese mostra-se adequada!
Inciso III + Inciso I
prisão temporária
Esta hipótese mostra-se dispensável!
Cabimento da Inciso III + Inciso II
prisão temporária Observação: o inciso II quando interpretado
isoladamente, é inconstitucional.
Além dos incisos I e III, existem mais três requisitos que são cumulativos para
garantir a validade na decretação da prisão temporária. Vejamos:
2.3 Fundadas razões de autoria ou participação nos crimes descritos no inciso III (vedada a
analogia ou a interpretação extensiva do rol previsto)
Este é um ponto crítico da decisão do STF, pois foi decidido que o rol do inciso III do art.
1º da Lei nº 7.960/89 é taxativo. Trata-se de uma opção feita pelo Poder Legislativo, que, dentro de
sua competência constitucional, entendeu que deveria dar especial atenção a determinados crimes.
Essa escolha é perfeitamente compatível com a Constituição Federal.
Lei n. 8.072/1990 Art. 2º (...) § 4º A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no 7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos
crimes previstos neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e
comprovada necessidade.
7
Vejamos o rol do inciso III do art. 1º da Lei nº 7.960/89:
Quando o homicídio for qualificado (CP, art. 121, §2º, I, II, II, IV, V, VI e VII, IX) e o
homicídio simples (CP, art. 121, caput), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio,
são considerados hediondos, desta forma a prisão temporária poderá ser decretada pelo prazo de 30
(trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade, diferente
dos 5 (cinco) dias prorrogáveis por mais 5 (cinco) dias quando for homicídio simples.
Atente para o fato de que o PAC fez algumas alterações no CP e incluiu o § 2º-A no crime de
roubo, não estando presente no rol taxado na Lei de prisão temporária, no entanto a inclusão desse
parágrafo não importa na criação de um novo crime, mas apenas um desdobramento do crime de
roubo, e desta forma a doutrina entende que esse novo parágrafo também está incluído.
Houve uma inclusão de mais um parágrafo no crime de extorsão, só que pela Lei 11.923/09,
tipificando o denominado sequestro relâmpago. E da mesma forma que foi realizada a análise
interpretativa para o novo parágrafo no crime de roubo, ocorre no novo parágrafo do crime de
extorsão.
b) extorsão mediante sequestro (art. 159, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
c) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e
parágrafo único); (Vide Decreto-Lei nº 2.848, de 1940).
O estupro de vulnerável não encontra previsão legal nesse rol. Não seria cabível a prisão
temporária em estupro de vulnerável se fosse apenas analisada essa lei, mas estupro de vulnerável é
crime hediondo e, por ser um crime hediondo, para ele também é cabível a prisão temporária.
8
1940).
O atentado violento ao pudor foi revogado, mas hoje foi transmutado para o atual art. 213 do
CP.
e) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art. 223 caput, e
parágrafo único); (Vide Decreto-Lei nº 2.848, de 1940).
Não houve a abolitio criminis, na medida em que o art. 148, § 1º, V do CP, acabou absorvendo
a figura típica do antigo art. 219.
Embora mencione a antiga Lei 6.368/76 que foi revogada, o entendimento é válido para a
nova Lei 11.343/06.
9
Observação. A prisão temporária NÃO é admissível em contravenções penais, bem como,
não se admite em crimes culposos.
Observação². A Lei 8.072/90 menciona no art. 2º, caput, os crimes hediondos (consumados ou
tentados), a pratica de tortura e o terrorismo, não constantes do rol do art. 1º, inciso III, da Lei 7.960/89,
mas que entram na lista de crimes cabíveis a prisão temporária.
Em análise aos critérios estabelecidos pelo Supremo, denota-se que a prisão temporária se
aproximou ainda mais dos critérios legais estabelecidos para a prisão preventiva. Dessa forma, percebe-
se que os novos requisitos estabelecidos pelo STF, na verdade são requisitos idênticos já estabelecidos
para esta última.
Art. 312, § 2º. A decisão que decretar a prisão preventiva deve ser motivada e fundamentada
em receio de perigo e existência concreta de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem
a aplicação da medida adotada.
“Ainda que esse dispositivo tenha sido pensado para a prisão preventiva, o STF
afirmou que ele deve ser obrigatoriamente aplicado também para a prisão
temporária. Trata-se não apenas de uma decorrência lógica da própria cautelaridade
das prisões provisórias, como também consequência do princípio constitucional da
não culpabilidade. Vale ressaltar, que esse dispositivo não impede que a prisão
temporária seja decretada por crimes antigos. O que se proíbe apenas é a imposição
de prisão caso não haja fato contemporâneo ao decreto que justifique, de maneira
objetiva, o periculum libertatis. ”
10
A doutrina denomina isso de princípio da atualidade ou contemporaneidade,
segundo o qual a urgência no decreto de uma medida cautelar deve ser contemporânea à ocorrência do
fato que gera os riscos que tal medida pretende evitar. Na esteira da jurisprudência do STJ, “o §2° do
art. 312 do CPP, acrescentado pela Lei 13.964/19, reconhece que a urgência intrínseca às cautelares
exige a contemporaneidade dos fatos justificadores dos riscos que se pretende evitar com a segregação
processual. Tese outra não se coaduna com a excepcionalidade da prisão preventiva, princípio que há
de ser observado para a convivência harmônica da cautela pessoal extrema com a presunção de não
culpabilidade (STJ - HC 509.878/SP, j. 05/09/2019) ”.
Nesse contexto, foi deliberado na decisum que a premissa de examinar a gravidade concreta do
crime, as circunstâncias do fato e as condições pessoais do investigado previstas no art. 282, inciso II,
do Código de Processo Penal, deve se estender à prisão temporária, uma vez que se tratando de regra
geral, a qual deve se aplicar uniformemente a todas as modalidades de medidas cautelares pessoais.
Este requisito sempre foi lembrado pela doutrina e jurisprudência, assim, nos termos da
Jurisprudência de Teses nº 9 do ST], "a alusão genérica sobre a gravidade do delito, o clamor público
ou a comoção social não constituem fundamentação idônea a autorizar a prisão preventiva". Neste viés,
o professor Rogério Sanches explica que:
“Não significa dizer, por óbvio, que a gravidade do crime, sua repercussão no meio
no qual cometido, o desassossego que acarreta à sociedade, devam ser ignorados
pelo julgador. Ao contrário, devem ser considerados, mas a partir de fundamentos
precisos, extraídos da análise do caso concreto, e não buscados em afirmações
genéricas, em frases feitas, de cunho abstrato, incompatíveis com a excepcionalidade
que marca a prisão preventiva. Tal excepcionalidade, a conferir à prisão preventiva
a característica de última ratio e, bem por isso, a possibilidade da adoção de medidas
cautelares alternativas, exige do Magistrado que se abstenha da retórica vazia,
procedendo a análise fundamentada e precisa quanto à necessidade da medida de
exceção. Não implica afirmar, contudo, que deva se derramar em longas e
enfadonhas citações doutrinárias e jurisprudenciais, de tudo desnecessárias. Basta a
fundamentação, concreta, direta e objetiva. A propósito, segundo a tese n. 11, da
"Jurisprudência de Teses", do STJ, "a prisão cautelar deve ser fundamentada em
elementos concretos que justifiquem, efetivamente, sua necessidade".
11
Ainda sobre o cabimento da prisão temporária discorre Távora e Alencar (2020):
Por fim, o critério, constante do art. 282, §6°, do Código de Processo Penal, pelo qual a prisão
temporária somente pode ser decretada desde que não seja cabível sua substituição por alguma medida
cautelar. Cumpre ao juiz, assim, justificar as razões pelas quais, ao impor a prisão temporária do agente,
afastou a possibilidade de substituir a drástica medida por uma cautelar.
Dessa forma, assim como já ocorria para a prisão preventiva, a cautelar da prisão temporária
agora, também, deve ser a ultima ratio, tendo em vista que a prisão só poderá ser determinada quando
a imposição de outra medida cautelar diversa da prisão for inapta e consequentemente trazer prejuízos
irreparáveis à investigação em razão do investigado estar em liberdade. Busca-se, mais uma vez,
contemplar o princípio constitucional da não culpabilidade, de onde se extrai que a liberdade é a
regra, a imposição das medidas cautelares diversas da prisão é a exceção e a prisão (preventiva ou
temporária) é à exceção da exceção (ultima ratio).
12
Diante do exposto, verifica-se que hoje está superada a decretação da prisão temporária se
utilizando apenas dos critérios estampados na Lei nº 7.960/89, visto que a referida cautelar não pode
ser entendida como uma mera medida investigativa de caráter compulsório, pois, para sua decretação,
não basta elencar sumariamente a imprescindibilidade da medida e o crime estar taxativamente previsto
no rol legal, mas deve-se demonstrar a presença dos requisitos legais acompanhados, também, dos
fundamentos aptos a justificar a implementação da medida cautelar, evitando-se, por consequência, o
encarceramento para fins de averiguação ou pela mera conveniência da investigação.
Vale ressaltar que, na decisão do STF ficou expressamente determinado que a prisão temporária
NÃO pode ser utilizada:
b) Quando fundada tão somente porque o representado não possui residência fixa, o que vai de
encontro ao princípio constitucional da igualdade em sua dimensão material, já que essa circunstância
pode revelar-se como uma situação de vulnerabilidade econômico-social.
a) A expressão “será” (art. 2º, caput, da Lei 7.960/1989)1, já que a decretação da prisão temporária
não se revela como medida compulsória, devendo ser obrigatoriamente fundamentada (§ 2º do art.
2º da Lei 7.960/1989 e art. 93, IX, da CF/1988);
b) O prazo de 24 horas previsto no art. 2º, § 2º, da Lei 7.960/1989 2, porque, além de impróprio,
justifica-se pela urgência na análise do pedido pelo magistrado visando à eficiência das
investigações.
[STF. Plenário. ADI 3360/DF e ADI 4109/DF, Rel. Min. Carmen Lúcia, redator para o acórdão Min.
Edson Fachin, julgados em 11/2/2022 (Info 1043)]
1Lei 7.960/89, Art. 2° A prisão temporária SERÁ decretada pelo Juiz, em face da representação da
autoridade policial ou de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias,
prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade. [...]
13
2 § 2° O despacho que decretar a prisão temporária deverá ser fundamentado e prolatado dentro do
prazo de 24 (vinte e quatro) horas, contadas a partir do recebimento da representação ou do
requerimento.
O Ministério Público sempre vai se manifestar seja na hipótese em que a prisão temporária
foi por ele requerida ou então diante da representação da autoridade policial, respondendo ao
encaminhamento dado a ele pelo juiz.
O despacho deve ser fundamentado. Toda decisão judicial deve ser fundamentada. O detalhe
é que o despacho que decreta a prisão temporária tem que ser realizado dentro de 24 horas,
contadas a partir do recebimento da representação ou do requerimento.
5. Procedimento
Mediante
REPRESENTAÇÃO da
Autoridade Policial
Juiz DECRETA
Mediante
REQUERIMENTO do MP
A prisão temporária será decretada pelo juiz, em face da representação da autoridade policial
(nestecaso deverá ser ouvido o MP) ou de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5
14
(cinco) dias(contado apenas da efetiva prisão), prorrogável por igual período em caso de extrema
e comprovada necessidade âmbito da Lei n. 7.960, enquanto que no âmbito da Lei n. 8.072 (Lei dos
Crimes Hediondos) será de 30 dias + 30 dias.
Art. 2° da Lei 7.960/89: “A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da
representaçãoda autoridade policial ou de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo
de 5 (cinco) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada
necessidade.”
A prisão temporária é decretada pelo juiz, observando assim a cláusula de reserva de jurisdição.
Nessesentido, preleciona Távora e Alencar (2020, pág. 1118).
Nos crimes hediondos e assemelhados, quais sejam, tráfico de drogas, terrorismo e tortura
(parágrafo 4°, art. 2°, Lei no 8.072/1990), o prazo da prisão temporária é de 30 dias,
prorrogáveispor mais 30 dias, em caso de comprovada e extrema necessidade, atendidas as
mesmas formalidades acima destacadas.
15
Regra Geral: Hediondos e equiparados:
No tocante a contagem desse prazo, este começa a fluir no exato momento em que a prisão é
cumprida. A contagem do prazo segue o disposto no Art. 10 do CP (prazo material), ou seja, inclui-
se o diado começo, mesmo em se tratando de feriados ou fim de semana. Uma vez encerrado o prazo
da prisão temporária, o preso deve ser colocado imediatamente em liberdade, mesmo que o dia
fatal recaia sobre fim de semana ou feriado.
Cumpre recordamos que a prorrogação desses prazos, quando admitida, não se dará de forma
automática, o delegado de polícia terá de solicitar a prorrogação antes de vencer o prazo, tendo em
vista queapós vencido a soltura será automática, sem alvará. Caso seja desnecessário manter a prisão,
poderá ser soltoantes do prazo, e segundo a doutrina deverá ser comunicado ao juiz para que proceda
a soltura.
Da leitura do art. 2º, caput, da Lei n. 7.960/89, depreende-se que a prisão temporária não
pode ser decretada de ofício pelo juiz. Preserva-se assim, o sistema acusatório e o princípio da
imparcialidade do juiz.Atente-se ainda para o fato de que a Lei nº 7.960/89 não atribui legitimidade
ao querelante para requerera prisão temporária.
Conforme prevê o art. 2°§ 6° da Lei n. 7.960/89, o preso será informado pela autoridade
policial a respeito de seus direitos.
16
7. Prazo da Prisão Temporária
Lei n. 7.960/1989 Art. 2º A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da
representação da autoridade policial ou de requerimento do Ministério Público, e terá o
prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada
necessidade.
Lei 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos) Art. 2º § 4º A prisão temporária, sobre a
qual dispõe a Lei no 7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos neste
artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema
e comprovada necessidade.
A prisão temporária é uma prisão que tem um prazo determinado, diferentemente da prisão
preventiva, que pode durar por prazo indeterminado até que venha a ser revogada (desde que
observado o princípio da razoável duração do processo). A prisão temporária tem um prazo pré-
estabelecido pelo juiz quando ela vier a ser decretada. Está prevista na Lei n. 7.960/1989.
Na prática, são poucos os artigos dessa lei que realmente interessam e que são cobrados em
provas de concursos públicos. O tema, contudo, é muito cobrado e foi recentemente alterado pela
nova Lei de Abuso de Autoridade, Lei n. 13.869/2019.
17
Decretação pelo Juiz, mediante requerimento do Investigação criminal – decretação pelo juiz a
MP ou representação da Autoridade Policial – requerimento do MP ou representação da
não cabe decretação de ofício. autoridadepolicial;
Fase processual – requerimento do MP,
requerimento do Querelante, do Assistente de
acusação ou decretação de ofício.
1. Ano: 2021 Banca: NC-UFPR Órgão: PC-PR Prova: NC-UFPR - 2021 - PC-PR - Delegado de Polícia.
Sobre a prisão temporária (Lei nº 7.960/1989 com alterações posteriores), assinale a alternativa correta.
A. A prisão temporária poderá ser representada pela autoridade policial, requerida pelo Ministério
Público ou decretada de ofício pelo juiz.
B. Em caso de feminicídio, pode ser decretada a prisão temporária, pelo prazo máximo de 5 dias,
prorrogável por igual período.
C. Uma vez decorrido o prazo contido no mandado de prisão, a autoridade responsável pela custódia
deverá consultar ao Juízo responsável pelo decreto sobre a manutenção da prisão ou colocação do
preso em liberdade.
D. O mandado de prisão temporária indicará o dia em que o preso deverá ser libertado.
E. Os crimes previstos na Lei de Terrorismo não comportam a decretação de prisão temporária.
2. Ano: 2021 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-SE Prova: CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-SE
- Escrivão de Polícia. No que tange à implantação das audiências de custódia no estado de Sergipe e
às modalidades de prisão previstas no ordenamento jurídico brasileiro, julgue o item a seguir.
A prisão temporária poderá ser decretada somente em determinados crimes, não abrangendo toda e
qualquer infração penal.
3. Ano: 2018 Banca: FUNDATEC Órgão: PC-RS - Delegado de Polícia - Bloco II. Acerca da prisão,
medidas cautelares e liberdade, é correto afirmar que:
A) É cabível medida cautelar diversa da prisão a crime cuja pena cominada seja de multa.
B) A prisão temporária será decretada pelo Juiz, de ofício, em face da representação da autoridade
policial ou de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por
igual período em caso de extrema e comprovada necessidade.
C) Ausentes os requisitos da prisão preventiva, é cabível liberdade provisória para o crime de tráfico
de drogas.
D) É constitucional a expressão "e liberdade provisória", constante do caput do artigo 44 da Lei nº
11.343/2006, conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal.
E) A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de
liberdade máxima seja inferior a 4 (quatro) anos.
4. Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-BA - Delegado de Polícia. No que concerne à prisão em
flagrante, à prisão temporária e à prisão preventiva, assinale a alternativa correta, nos estritos termos
legais e constitucionais.
18
B) A primeira pode ser realizada pela autoridade policial, violando domicílio e sem ordem judicial, a
qualquer horário do dia ou da noite.
C) A segunda somente é cabível em crimes hediondos ou assemelhados, podendo durar 30 (trinta) ou
60 (sessenta) dias.
D) A segunda demanda ordem judicial e prévio parecer favorável do Ministério Público.
E) A terceira pode ser decretada de ofício pelo Juiz durante o inquérito policial.
5. Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-MA - Delegado de Polícia Civil. Considere que,
no curso de determinada investigação, a autoridade policial tenha representado ao competente juízo
pela prisão temporária do indiciado. Nessa situação,
A) a prisão requerida apenas poderá ser decretada para se inquirir o indiciado, devendo a autoridade
policial, após o ato, representar pela sua soltura.
B) mesmo que a autoridade policial não tivesse requerido a prisão temporária, o juiz poderia tê-la
decretado de ofício.
C) caso se trate de crime hediondo, o prazo máximo da prisão eventualmente decretada será de noventa
dias.
D) a prisão não poderá ser decretada após a fase inquisitória da persecução penal.
E) decretada a prisão temporária, o inquérito policial deverá ser concluído no prazo máximo de dez
dias.
6. Ano: 2016 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-PE - Delegado de Polícia. Considerando-se que
João tenha sido indiciado, em inquérito policial, por, supostamente, ter cometido dolosamente
homicídio simples, e que Pedro tenha sido indiciado, em inquérito policial, por, supostamente, ter
cometido homicídio qualificado, é correto afirmar que, no curso dos inquéritos,
A) se a prisão temporária de algum dos acusados for decretada, ela somente poderá ser executada
depois de expedido o mandado judicial.
B) João e Pedro podem ficar presos temporariamente, sendo igual o limite de prazo para a decretação
da prisão temporária de ambos.
C) o juiz poderá decidir sobre a prisão temporária de qualquer um dos acusados ou de ambos,
independentemente de ouvir o MP, sendo suficiente, para tanto, a representação da autoridade
policial.
D) o juiz poderá decretar, de ofício, a prisão temporária de Pedro mas não a de João.
E) o juiz poderá decretar, de ofício, a prisão temporária de João e de Pedro.
7. Ano: 2015 Banca: FUNIVERSA Órgão: PC-DF - Delegado de Polícia. Com base na legislação, na
jurisprudência e na doutrina majoritária, assinale a alternativa correta acerca do inquérito policial, da
prisão temporária e da participação do Ministério Público na investigação criminal.
19
D) O descumprimento do prazo previsto em lei para concluir o inquérito policial justifica, ipso facto,
o relaxamento da prisão por excesso de prazo.
E) Após recente inovação legislativa, o prazo da prisão temporária foi unificado, independentemente
de o crime ser hediondo ou a ele equiparado.
8. Ano: 2019 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TJ-AM - Analista Judiciário – Direito. Lúcio é
investigado pela prática de latrocínio. Durante a investigação, apurou-se a participação de Carlos no
crime, tendo sido decretada de ofício a sua prisão temporária. A partir dessa situação hipotética e do
que dispõe a legislação, julgue o item seguinte. Recebida a denúncia, não será mais cabível prisão
temporária para Lúcio e Carlos.
9. Ano: 2019 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TJ-AM - Analista Judiciário – Direito. Lúcio é
investigado pela prática de latrocínio. Durante a investigação, apurou-se a participação de Carlos no
crime, tendo sido decretada de ofício a sua prisão temporária. A partir dessa situação hipotética e do
que dispõe a legislação, julgue o item seguinte. É ilegal a prisão temporária de Carlos, porque, apesar
de o crime de latrocínio admiti-la, não poderia ter sido decretada de ofício pelo juiz.
10. Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: EBSERH – Advogado. Julgue o seguinte item, acerca
do habeas corpus e de medidas coativas de prisão. Desde que ajuizada a queixa-crime, o ofendido ou
querelante tem legitimidade para requerer à autoridade judiciária competente a decretação da prisão
temporária do querelado.
11. Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: STJ - Técnico Judiciário – Administrativa. No que se
refere aos tipos de prisão e aos meios processuais para assegurar a liberdade, julgue o seguinte item.
Situação hipotética: Pedro teve a prisão temporária decretada no curso de uma investigação criminal.
Ao final de cinco dias, o Ministério Público requereu a conversão de sua segregação em prisão
preventiva. Assertiva: Nessa situação, o prazo para o término do inquérito policial será contado da data
em que a prisão temporária tiver sido convertida em prisão preventiva.
12. Ano: 2017 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TRF - 1ª REGIÃO - Oficial de Justiça Avaliador
Federal. Com relação a prisão temporária, normas dos juizados especiais criminais e questões e
processos incidentes no processo penal, julgue o item subsecutivo. A prisão temporária pode ser
decretada pelo juiz, de ofício, pelo prazo de cinco dias, prorrogável, excepcionalmente, por igual
período em caso de extrema e comprovada necessidade para as investigações policiais.
Gabarito
1-D; 2-C; 3-C; 4-B; 5-D;6-A; 7-B;8-C;9-C;10-E;11-C;12-E.
10. Legislação
II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao
esclarecimento de sua identidade;
20
III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação
penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes:
f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo
único); (Vide Decreto-Lei nº 2.848, de 1940)
g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e
parágrafo único); (Vide Decreto-Lei nº 2.848, de 1940)
h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art. 223 caput, e parágrafo
único); (Vide Decreto-Lei nº 2.848, de 1940)
Art. 2° A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da representação da autoridade
policial ou de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por
igual período em caso de extrema e comprovada necessidade.
§ 2° O despacho que decretar a prisão temporária deverá ser fundamentado e prolatado dentro
do prazo de 24 (vinte e quatro) horas, contadas a partir do recebimento da representação ou do
requerimento.
21
§ 3° O Juiz poderá, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público e do Advogado,
determinar que o preso lhe seja apresentado, solicitar informações e esclarecimentos da autoridade
policial e submetê-lo a exame de corpo de delito.
§ 4° Decretada a prisão temporária, expedir-se-á mandado de prisão, em duas vias, uma das
quais será entregue ao indiciado e servirá como nota de culpa.
§ 6° Efetuada a prisão, a autoridade policial informará o preso dos direitos previstos no art. 5°
da Constituição Federal.
Art. 4° O art. 4° da Lei n° 4.898, de 9 de dezembro de 1965, fica acrescido da alínea i, com a
seguinte redação:
"Art. 4° ...............................................................
22
uma predileção na cobrança do art. 1° e art. 2° da Lei n. 7.960/89. Dessa moda, reforçamos a
importância da leitura atenciosa dos dispositivos mencionados.
Nucci, Guilherme de Souza. Curso de direito processual penal / Guilherme de Souza Nucci. – 17. ed.
– Riode Janeiro: Forense, 2020.
Távora, Nestor. Curso de direito processual penal / Nestor Távora, Rosmar Rodrigues Alencar - 15.
ed. reestrut., revis. e atual. - Salvador: Ed. JusPodivm, 2020.
Távora, Nestor. Curso de Processo Penal comentado / Nestor Távora, Fábio Roque Araújo - 11. ed.
rev., ampl. e atual. - Salvador: Ed. JusPodivm, 2020.
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É possível liberdade provisória para acusados por tráfico de
drogas.Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/23c97e9cb93576e45d2feaf00d0e8
502 >. Acesso em: 27/06/2020.
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Requisitos estipulados pelo STF para a validade da
decretação da prisão temporária. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/7bcbf838aad2d6d4f975380ee4
5ef8d8 >. Acesso em: 29/08/2022.
23