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PRISÃO TEMPORÁRIA
Lei nº 7.960/89
ATUALIZADO em 30/08/20221.

Prezado aluno, passaremos nesse momento ao estudo da Lei de Prisão Temporária. O


presente material tem por objetivo reunir todas as informações que o candidato precisa para resolver
questões dos certames públicos. Dessa forma, nosso material trouxe uma abordagem doutrinária sobre
o tema objeto de estudo, a legislação (lei seca), e, por fim, questões já cobradas em concurso público
pelas diversas bancas.

Trata-se de legislação com alta carga de pertinência temática para o cargo de Delegado, tendo
em vista que essa espécie de prisão cautelar é restrita a fase da investigação criminal. Dessa forma,
caso a sua preparação seja voltada ao cargo de delegado ou as carreiras policiais, destacamos a
importância do estudo da legislação em comento.

Por fim, por se tratar de uma legislação mais curta, destacamos as questões são extraídas
predominantemente da legislação, portanto, fique #DeOlhoNaLeiSECA. Feita as devidas considerações
iniciais, vamos ao conteúdo.

1. Noções Introdutórias

A Lei de prisão temporária surge com o objetivo de pôr fim à famigerada prisão para
averiguações, que consiste no arrebatamento de pessoas pelos órgãos de investigação para aferir sua
possível vinculação auma infração ou para investigar a sua vida pregressa.
Desse modo, temos que a atual prisão temporária não se confunde com a extinta prisão para
averiguações. Antigamente, o delegado de polícia deixava uma pessoa presa por alguns dias para
averiguar um crime supostamente cometido, era uma prisão para averiguações, para investigações.
A prisão para averiguações já se encontra extinta no Ordenamento Jurídico Brasileiro, era uma prisão
totalmente arbitrária, que vinha a ser determinada pelo delegado de polícia. A prisão temporária
deve ser decretada pelo juiz, mas nunca de ofício.
A prisão temporária é uma prisão investigativa que precisa de alguns fundamentos, de alguns
requisitos legais para que seja decretada. Já a prisão para averiguações era simplesmente algo
arbitrário.

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Revisto, atualizado e editado em 30/08/2022. O manual caseiro é constantemente atualizado e aperfeiçoado. Caso o
aluno identifique algum ponto que demande atualização, entre em contato através do nosso e-mail:
manualcaseir@outlook.com. Nossa Equipe encontra-se à disposição para juntos sempre melhorarmos o material.

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Nesse sentido, explica Rafael Dantas:

Quando do advento da Constituição Federal em 1988, houve comemoração pela extinção da


malafamada prisão por averiguação. Decerto que abusos aconteceram por meio da prisão
por averiguação. Porém, o melhor teria sido o aperfeiçoamento e não sua abrupta extinção.

Um ano depois, em 1989, percebeu-se que ao se enfraquecer o trabalho policial, abriu-se


espaçopara o fortalecimento da criminalidade. Surgiu uma nova forma de prisão com vistas
a auxiliar as atividades investigativas. Trata-se da prisão temporária, trazida por meio da
lei 7960/891.

Nesta senda, temos que prisão temporária nasceu para substituir a antiga “prisão para
averiguações” – na qual a polícia investigava e mantinha indivíduos presos com vista a averiguar seu
envolvimento com crimes, sem que houvesse situação flagrancial ou prévia autorização judicial.
Portanto, com o advento da Constituição Federal, a prisão para averiguação passou a ser considerada
ilegal, podendo constituir, inclusive,crime de abuso de autoridade.

No tocante ao seu contexto de processo de legalização, surgiu no Ordenamento Jurídico


Brasileiro a partir da Medida Provisória n° 111/89, sendo posteriormente convertida na Lei n° 7.960/89.
Essa conversão da MP na atual lei de prisão temporária é objeto de discussão até os dias atuais, isso
porque se questiona a sua constitucionalidade, posto que medida provisória não seria instrumento hábil
a restringir o direito fundamental da liberdade de ir e vir (liberdade ambulatorial), sem que tivéssemos
lei em sentido estrito. Inobstante os debates, o STF reconhece a constitucionalidade da referida lei,
argumentando no sentido de que a Lei n. 7.960/89 não foi originada da conversão dessa medida
provisória, que, em verdade, o CN modificou a medida, por isso, na sua visão não há que se falar em
inconstitucionalidade, sendo ela plenamente válida à luz da Constituição Federal.

Recentemente, o Supremo Tribunal Federal julgou duas Ações Diretas de Inconstitucionalidade


questionando a constitucionalidade da Lei 7.960/1989. No caso, as ADINs foram impetradas com
argumentos de que a Lei de Prisão Temporária contrariaria os direitos fundamentais
constitucionalmente assegurados, como por exemplo, o direito à liberdade provisória e da presunção
de inocência, por ser uma modalidade de prisão que apresenta poucos e imprecisos requisitos para sua
decretação. Além disso, sustentou-se nestas ações que em ofensa à cláusula do devido processo legal
material, haviam controvérsias interpretativas com soluções desarrazoadas, diante da redação
inconsistente do art. 1º da referida lei. Nessa esteira, o Plenário, em julgamento conjunto, conheceu da
ADI 3360/DF e em parte da ADI 4109/DF e, no mérito, julgou parcialmente procedentes os pedidos
para dar interpretação conforme a Constituição Federal ao art. 1º da Lei 7.960/89 afirmando que a
prisão temporária é constitucional, mas desde que siga os critérios de interpretação fixados pela

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Corte, os quais veremos adiante.

Prisão temporária é que uma espécie de prisão cautelar, decretada pela autoridade judiciária
competente, com prazo preestabelecido de duração, cabível exclusivamente durante a fase preliminar
de investigações. Desta feita é um tipo de prisão restrita ao Delegado de Polícia. Lembrando que
realizada a denúncia, acaba a fase de investigação e, portanto, não será mais cabível a prisão temporária.

Nessa linha, corroborando ao exposto, conceitua Távora e Alencar (2020, pág. 1118):
A temporária é a prisão de natureza cautelar, com prazo preestabelecido de duração,
cabível exclusivamente na fase do inquérito policial – ou de investigação preliminar
equivalente, consoante art. 283, CPP, com redação dada pela Lei no 12.403/2011 –,
objetivando o encarceramento em razão das infrações seletamente indicadas na legislação.
A Lei n° 7.960/1989só indica o cabimento de prisão temporária durante a tramitação de
inquérito policial, porém o CPP ampliou o âmbito de incidência da medida cautelar ao
disciplinar o seu cabimento duranteas investigações, sem restringir-se ao inquérito policial
(art. 282, § 2°, CPP).

Noutra banda, preleciona Nucci, 2020:


É uma modalidade de prisão cautelar, cuja finalidade é assegurar uma eficaz investigação
policial, quando se tratar de apuração de infração penal de natureza grave. Está prevista na
Lei 7.960/89 e foi idealizada para substituir, legalmente, a antiga prisão para averiguação,
que a polícia judiciária estava habituada a realizar, justamente para auxiliar nas suas
investigações. A partir da edição da Constituição de 1988, quando se mencionou,
expressamente, que somente a autoridade judiciária, por ordem escrita e fundamentada,
está autorizada a expedir decreto de prisão contra alguém, não mais se viu livre para fazê-
lo a autoridade policial, devendo solicitar a segregação de um suspeito ao juiz.

Analisando o conceito da prisão temporária acima proposto, podemos extrair previamente


algumas conclusões, entre elas, a de que a prisão temporária não poderá ser decretada de ofício
pelo juiz, isso porque trata-se de prisão restrita a fase investigatória, que não se admite atos de ofício
do magistrado, buscando garantir a imparcialidade do julgador. No tocante a vedação de ato de ofício
do juiz ainda na fase das investigações/inquérito policial, o Pacote Anticrime reforçou de forma
significativa essa proibição, excluindo do Código de Processo Penal várias situações em que se
admitia a decretação de ofício do juiz.

A Lei n° 13.964/19 denominada de Pacote Anticrime alterou a redação do §2º do art. 282 do
CP, proibindo o juiz decretar qualquer medida cautelar sem provocação, seja na fase da investigação,
seja na fasedo processo. Rende-se, assim, obediência ao sistema acusatório.

Corroborando ao exposto Estácio Luiz e Pedro Tenório (2020):2


Antes do PAC o CPP previa a possibilidade de o juiz decretar medidas cautelares, inclusive a prisão

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preventiva, ex officio, desde que no bojo do processo penal e não no decorrer da investigação preliminar.
Com o PAC, o magistrado não pode ter iniciativa ex officio na decretação das medidas, estando submetido
ao requerimento das partes.

Diante do exposto, contemplamos que no atual cenário, nem mesmo a prisão preventiva
poderá ser decretada de ofício.

2. Requisitos para a decretação da Prisão Temporária

Prezado candidato, muita atenção aqui! ATUALIZAÇÃO JURISPRUDENCIAL! As


bancas corriqueiramente exigem o conhecimento da Jurisprudência, e conforme já dito trata-
se de legislação com alta carga de pertinência temática para o cargo de Delegado, tendo em vista
que essa espécie de prisão cautelar é restrita a fase da investigação criminal!
Nesse sentido, vale ressaltar que o STF fixou o entendimento de que a decretação de prisão
temporária somente está autorizada quando forem cumpridos cinco requisitos, cumulativamente:
1) for imprescindível para as investigações do inquérito policial, constatada a partir de
elementos concretos, e não meras conjecturas, vedada a sua utilização como prisão para averiguações,
em violação ao direito à não autoincriminação, ou quando fundada no mero fato de o representado
não ter residência fixa;
2) houver fundadas razões de autoria ou participação do indiciado nos crimes descritos no
artigo 1°, inciso III, da Lei 7.960/1989, vedada a analogia ou a interpretação extensiva do rol previsto;
3) for justificada em fatos novos ou contemporâneos;
4) for adequada à gravidade concreta do crime, às circunstâncias do fato e às condições
pessoais do indiciado;
5) não for suficiente a imposição de medidas cautelares diversas, previstas nos artigos 319 e
320 do Código de Processo Penal (CPP).

Vamos a análise dos requisitos da prisão, incluindo os que foram fixados pela Corte.

Candidato, quando será cabível a prisão temporária? O art. 1° da Lei n. 7.960/89 nos traz
ao teor de seu art. 1° alguns dos requisitos autorizadores da prisão temporária, vejamos:

Art. 1° Caberá prisão temporária:


I - quando imprescindível para as investigações do inquérito policial;
II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários

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ao esclarecimento de sua identidade;
III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na
legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes3:

2.1 Da imprescindibilidade da prisão temporária para as investigações. (Inciso I)

É indispensável a existência de prévia investigação (não necessariamente de um inquérito


policial),apresentando-se a privação cautelar da liberdade de locomoção do indivíduo como recurso
indispensável para a colheita de elementos de informação quanto à autoria e materialidade da conduta
delituosa.
Nesse sentido, a lei foi expressa ao mencionar “quando imprescindível as investigações do
inquéritopolicial”. Assim, o dispositivo em exame revela a estrita necessidade para que a temporária
seja decretada. Não é a mera conveniência, e sim a essencialidade da medida para que as
investigações possam lograr êxito, já que o indiciado, se em liberdade, será um obstáculo ao
desvendamento integral do crime, pois a sua liberdade é um risco ao sucesso das diligências 3.
Prestando-se a prisão temporária a resguardar, tão somente, a integridade das investigações,
forçoso é concluir que, uma vez recebida a denúncia, não mais subsiste o decreto de prisão
temporária, devendo o denunciado ser colocado em liberdade, salvo se sua prisão preventiva for
decretada.
Nesse sentido, explica o professor Márcio André (Dizer o Direito)4:

“ Pela análise do inciso I do art. 1º, percebe-se que a prisão temporária é uma prisão
criada para servir aos interesses da investigação criminal. O objetivo dessa prisão é
facilitar a investigação criminal. Diante disso, indaga-se: esse inciso I é
constitucional? É possível uma espécie de prisão criada com esse objetivo?
SIM.
A prisão temporária, como vimos acima, é uma espécie de prisão de natureza
cautelar.
A CF/88 autoriza a imposição de prisões cautelares no inciso LXI do art. 5º:
Art. 5º (...)
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão
militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
No entanto, como a Constituição consagra o princípio da presunção de inocência
(art. 5º, LVII), toda prisão cautelar (inclusive a prisão temporária) deve ser
considerada como medida excepcionalíssima e somente se mostra cabível quando

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preenchidos os estritos requisitos legais e de forma devidamente fundamentada pela
autoridade judicial competente.
Assim, desde que respeitado o princípio da não culpabilidade (que veda a execução
antecipada da pena), nada impede que o legislador ordinário estabeleça uma
modalidade de prisão cautelar voltada a assegurar o resultado útil da investigação
criminal ou do processo penal.
Vale ressaltar que, além da Constituição Federal, a Convenção Americana de
Direitos Humanos e o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos também
não impedem ou proíbem a criação de prisões cautelares pelos Estados-partes.
Importante esclarecer, contudo, que a prisão temporária não pode servir como uma
prisão para averiguação.”

2.2 Residência fixa ou ausência de elementos necessários para sua identificação. (Inciso II)

Contempla-se neste inciso os casos de quando o agente não fornece o endereço ou oferece
dados falsos sobre sua identificação. Dessa forma, o delegado comunicaria ao juiz e este poderia
decretar prisão temporária, tendo em vista a incerteza completa da identidade do indivíduo.

Ocorre que o STF no julgamento das ADINs decidiu que o inciso II é dispensável para decretar
a prisão temporária e quando interpretado isoladamente, é inconstitucional. O entendimento do Supremo
é de que “a prisão temporária não pode ser utilizada quando fundada tão somente porque o representado
não possui residência fixa, o que vai de encontro ao princípio constitucional da igualdade em sua
dimensão material, já que essa circunstância pode revelar-se como uma situação de vulnerabilidade
econômico-social”.

O STF já tinha precedentes explicando que o fato de ser morador de rua não deverá ser
compreendido como “sem residência fixa”, a situação de miserabilidade não poderá servir de causa
para uma constrição grave em face de sua ausência de condições, e desta forma não é motivo plausível
para prisão temporária apenas sob o requisito de não ter residência fixa.

Na doutrina havia mais de uma corrente no que tange a aplicação dos requisitos da prisão
temporária dispostos nos incisos do artigo 1º. A primeira afirmava que os incisos I, II e III erão
cumulativos, enquanto a segunda corrente, que prevalecia na doutrina e jurisprudência, afirmava ser
necessário a combinação dos incisos I com inciso III ou inciso II com inciso III, mas sempre estando o
inciso III presente.

Desta forma, o entendimento atual é d e q u e ap en a s h a v er á a junção dos pressupostos


fumus comissi delicti previsto noinciso III com o periculum libertatis, quando previsto no inciso I.

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Lembre-se: a doutrina e jurisprudência majoritária entende que o inciso III do art. 1° da
Lei n. 7.960/89 sempre está presente, sendo este combinando com o inciso I. Porém, com relação ao
inciso II, o entendimento jurisprudencial atual é de que este é dispensável.

• Inciso III + Inciso I


• Inciso II dispensável.

EM RESUMO:
Cabimento da Esta hipótese mostra-se adequada!
Inciso III + Inciso I
prisão temporária
Esta hipótese mostra-se dispensável!
Cabimento da Inciso III + Inciso II
prisão temporária Observação: o inciso II quando interpretado
isoladamente, é inconstitucional.

Além dos incisos I e III, existem mais três requisitos que são cumulativos para
garantir a validade na decretação da prisão temporária. Vejamos:

2.3 Fundadas razões de autoria ou participação nos crimes descritos no inciso III (vedada a
analogia ou a interpretação extensiva do rol previsto)

Este é um ponto crítico da decisão do STF, pois foi decidido que o rol do inciso III do art.
1º da Lei nº 7.960/89 é taxativo. Trata-se de uma opção feita pelo Poder Legislativo, que, dentro de
sua competência constitucional, entendeu que deveria dar especial atenção a determinados crimes.
Essa escolha é perfeitamente compatível com a Constituição Federal.

Prisão Temporária e Crimes Hediondos

Com relação a Lei de Crimes Hediondos, alguns professores em análise ao julgado do


Supremo dizem que por se tratar de uma Lei de regência na qual determina que seja aplicada a prisão
temporária para aqueles crimes, não se trata de analogia ou a interpretação extensiva. Portanto,
mantem-se a aplicação para estes crimes inclusive com o prazo maior.

Lei n. 8.072/1990 Art. 2º (...) § 4º A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no 7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos
crimes previstos neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e
comprovada necessidade.

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Vejamos o rol do inciso III do art. 1º da Lei nº 7.960/89:

a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2°);

Quando o homicídio for qualificado (CP, art. 121, §2º, I, II, II, IV, V, VI e VII, IX) e o
homicídio simples (CP, art. 121, caput), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio,
são considerados hediondos, desta forma a prisão temporária poderá ser decretada pelo prazo de 30
(trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade, diferente
dos 5 (cinco) dias prorrogáveis por mais 5 (cinco) dias quando for homicídio simples.

b) seqüestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus §§ 1° e 2°);

c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);

Atente para o fato de que o PAC fez algumas alterações no CP e incluiu o § 2º-A no crime de
roubo, não estando presente no rol taxado na Lei de prisão temporária, no entanto a inclusão desse
parágrafo não importa na criação de um novo crime, mas apenas um desdobramento do crime de
roubo, e desta forma a doutrina entende que esse novo parágrafo também está incluído.

a) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°);

Houve uma inclusão de mais um parágrafo no crime de extorsão, só que pela Lei 11.923/09,
tipificando o denominado sequestro relâmpago. E da mesma forma que foi realizada a análise
interpretativa para o novo parágrafo no crime de roubo, ocorre no novo parágrafo do crime de
extorsão.
b) extorsão mediante sequestro (art. 159, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);

c) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e
parágrafo único); (Vide Decreto-Lei nº 2.848, de 1940).

O estupro de vulnerável não encontra previsão legal nesse rol. Não seria cabível a prisão
temporária em estupro de vulnerável se fosse apenas analisada essa lei, mas estupro de vulnerável é
crime hediondo e, por ser um crime hediondo, para ele também é cabível a prisão temporária.

d) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua combinação com


o art.223, caput, e parágrafo único); (Vide Decreto-Lei nº 2.848, de

8
1940).

O atentado violento ao pudor foi revogado, mas hoje foi transmutado para o atual art. 213 do
CP.

e) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art. 223 caput, e
parágrafo único); (Vide Decreto-Lei nº 2.848, de 1940).

Não houve a abolitio criminis, na medida em que o art. 148, § 1º, V do CP, acabou absorvendo
a figura típica do antigo art. 219.

f) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1°);

Observe que é apenas a epidemia COM RESULTADO MORTE. A epidemia na modalidade


prevista no caput do art. 267 do CP não admite a prisão temporária.

d) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou


medicinal qualificado pela morte (art. 270, caput, combinado com art.
285);

l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal;

Houve uma mudança de nomenclatura, agora passa a ser associação criminosa.

m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1° de outubro de


1956), em qualquer de sua formas típicas;

n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de 21 de outubro de 1976);

Embora mencione a antiga Lei 6.368/76 que foi revogada, o entendimento é válido para a
nova Lei 11.343/06.

o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492, de 16 de junho de


1986).

p) crimes previstos na Lei de Terrorismo. (Incluído pela Lei nº 13.260,


de 2016).

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Observação. A prisão temporária NÃO é admissível em contravenções penais, bem como,
não se admite em crimes culposos.

Observação². A Lei 8.072/90 menciona no art. 2º, caput, os crimes hediondos (consumados ou
tentados), a pratica de tortura e o terrorismo, não constantes do rol do art. 1º, inciso III, da Lei 7.960/89,
mas que entram na lista de crimes cabíveis a prisão temporária.

Observação³. A Lei 8.072/90 refere-se ao tráfico ilícito de entorpecentes de forma ampla


(art. 2º caput), enquanto que a Lei 7.960/89 (art. 1º, III, “n”) menciona expressamente somente o tráfico
de drogas previsto no art. 12 da Lei 6.368/76. O entendimento é que para fins de tráfico de drogas, a
prisão temporária cabe de forma ampla por força da Lei de Crimes Hediondos.

2.4 Justificada em fatos novos ou contemporâneos

Em análise aos critérios estabelecidos pelo Supremo, denota-se que a prisão temporária se
aproximou ainda mais dos critérios legais estabelecidos para a prisão preventiva. Dessa forma, percebe-
se que os novos requisitos estabelecidos pelo STF, na verdade são requisitos idênticos já estabelecidos
para esta última.

No que se refere ao critério sobre a justificativa em fatos novos ou contemporâneos, percebe-


se que se trata de uma réplica do requisito estabelecido para a decretação da prisão preventiva,
conforme art. 312, § 2º, do Código de Processo Penal. O art. 312, § 2º do CPP prevê o seguinte:

Art. 312, § 2º. A decisão que decretar a prisão preventiva deve ser motivada e fundamentada
em receio de perigo e existência concreta de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem
a aplicação da medida adotada.

Nesse sentido, explica o professor Márcio André (Dizer o Direito)4:

“Ainda que esse dispositivo tenha sido pensado para a prisão preventiva, o STF
afirmou que ele deve ser obrigatoriamente aplicado também para a prisão
temporária. Trata-se não apenas de uma decorrência lógica da própria cautelaridade
das prisões provisórias, como também consequência do princípio constitucional da
não culpabilidade. Vale ressaltar, que esse dispositivo não impede que a prisão
temporária seja decretada por crimes antigos. O que se proíbe apenas é a imposição
de prisão caso não haja fato contemporâneo ao decreto que justifique, de maneira
objetiva, o periculum libertatis. ”

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A doutrina denomina isso de princípio da atualidade ou contemporaneidade,
segundo o qual a urgência no decreto de uma medida cautelar deve ser contemporânea à ocorrência do
fato que gera os riscos que tal medida pretende evitar. Na esteira da jurisprudência do STJ, “o §2° do
art. 312 do CPP, acrescentado pela Lei 13.964/19, reconhece que a urgência intrínseca às cautelares
exige a contemporaneidade dos fatos justificadores dos riscos que se pretende evitar com a segregação
processual. Tese outra não se coaduna com a excepcionalidade da prisão preventiva, princípio que há
de ser observado para a convivência harmônica da cautela pessoal extrema com a presunção de não
culpabilidade (STJ - HC 509.878/SP, j. 05/09/2019) ”.

2.5 Adequada à gravidade concreta do crime, às circunstâncias do fato e às condições pessoais


do indiciado

Nesse contexto, foi deliberado na decisum que a premissa de examinar a gravidade concreta do
crime, as circunstâncias do fato e as condições pessoais do investigado previstas no art. 282, inciso II,
do Código de Processo Penal, deve se estender à prisão temporária, uma vez que se tratando de regra
geral, a qual deve se aplicar uniformemente a todas as modalidades de medidas cautelares pessoais.

Este requisito sempre foi lembrado pela doutrina e jurisprudência, assim, nos termos da
Jurisprudência de Teses nº 9 do ST], "a alusão genérica sobre a gravidade do delito, o clamor público
ou a comoção social não constituem fundamentação idônea a autorizar a prisão preventiva". Neste viés,
o professor Rogério Sanches explica que:
“Não significa dizer, por óbvio, que a gravidade do crime, sua repercussão no meio
no qual cometido, o desassossego que acarreta à sociedade, devam ser ignorados
pelo julgador. Ao contrário, devem ser considerados, mas a partir de fundamentos
precisos, extraídos da análise do caso concreto, e não buscados em afirmações
genéricas, em frases feitas, de cunho abstrato, incompatíveis com a excepcionalidade
que marca a prisão preventiva. Tal excepcionalidade, a conferir à prisão preventiva
a característica de última ratio e, bem por isso, a possibilidade da adoção de medidas
cautelares alternativas, exige do Magistrado que se abstenha da retórica vazia,
procedendo a análise fundamentada e precisa quanto à necessidade da medida de
exceção. Não implica afirmar, contudo, que deva se derramar em longas e
enfadonhas citações doutrinárias e jurisprudenciais, de tudo desnecessárias. Basta a
fundamentação, concreta, direta e objetiva. A propósito, segundo a tese n. 11, da
"Jurisprudência de Teses", do STJ, "a prisão cautelar deve ser fundamentada em
elementos concretos que justifiquem, efetivamente, sua necessidade".

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Ainda sobre o cabimento da prisão temporária discorre Távora e Alencar (2020):

Sendo a cautelaridade da prisão temporária sua tônica, é essencial a presença


do fumus commissi delicti e do periculum libertatis para que a medida seja
decretada, pois estes elementos é que podem denotar a necessidade da
prisão. Para a decretação da medida temporária, devem ser atendidos os
requisitos específicos, a par dos pressupostos gerais regrados no art. 282, do
CPP, com redação determinada pela Lei nº 12.403/2011, que impõe, para a
imposição de toda medida cautelar, que seja observado juízo de
proporcionalidade a partir:

1) da necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a


instrução criminal e, nos casos expressamente previstos, para evitar a prática
de infrações penais; e

2) da adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e


condições pessoais do indiciado ou acusado.

O cabimento da prisão temporária é excepcionalíssimo, pelo que, além


desses pressupostos, devem ser preenchidos os requisitos específicos para a
sua decretação que, com supedâneo no art. 1° da Lei no 7.960/1989.

2.6 Não for suficiente a imposição de medidas cautelares diversas.

Por fim, o critério, constante do art. 282, §6°, do Código de Processo Penal, pelo qual a prisão
temporária somente pode ser decretada desde que não seja cabível sua substituição por alguma medida
cautelar. Cumpre ao juiz, assim, justificar as razões pelas quais, ao impor a prisão temporária do agente,
afastou a possibilidade de substituir a drástica medida por uma cautelar.
Dessa forma, assim como já ocorria para a prisão preventiva, a cautelar da prisão temporária
agora, também, deve ser a ultima ratio, tendo em vista que a prisão só poderá ser determinada quando
a imposição de outra medida cautelar diversa da prisão for inapta e consequentemente trazer prejuízos
irreparáveis à investigação em razão do investigado estar em liberdade. Busca-se, mais uma vez,
contemplar o princípio constitucional da não culpabilidade, de onde se extrai que a liberdade é a
regra, a imposição das medidas cautelares diversas da prisão é a exceção e a prisão (preventiva ou
temporária) é à exceção da exceção (ultima ratio).

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Diante do exposto, verifica-se que hoje está superada a decretação da prisão temporária se
utilizando apenas dos critérios estampados na Lei nº 7.960/89, visto que a referida cautelar não pode
ser entendida como uma mera medida investigativa de caráter compulsório, pois, para sua decretação,
não basta elencar sumariamente a imprescindibilidade da medida e o crime estar taxativamente previsto
no rol legal, mas deve-se demonstrar a presença dos requisitos legais acompanhados, também, dos
fundamentos aptos a justificar a implementação da medida cautelar, evitando-se, por consequência, o
encarceramento para fins de averiguação ou pela mera conveniência da investigação.

3. Não cabimento da Prisão Temporária

Vale ressaltar que, na decisão do STF ficou expressamente determinado que a prisão temporária
NÃO pode ser utilizada:

a) Como meio de prisão para averiguação ou em violação ao direito à não autoincriminação,


pois caracteriza abuso de autoridade, na medida em que representa instrumento utilizado como forma
manifesta de constrangimento, impondo, por vias transversas, a submissão da pessoa em prestar
depoimento na fase inquisitorial; ou

b) Quando fundada tão somente porque o representado não possui residência fixa, o que vai de
encontro ao princípio constitucional da igualdade em sua dimensão material, já que essa circunstância
pode revelar-se como uma situação de vulnerabilidade econômico-social.

O Supremo decidiu que NÃO é incompatível com o texto constitucional:

a) A expressão “será” (art. 2º, caput, da Lei 7.960/1989)1, já que a decretação da prisão temporária
não se revela como medida compulsória, devendo ser obrigatoriamente fundamentada (§ 2º do art.
2º da Lei 7.960/1989 e art. 93, IX, da CF/1988);

b) O prazo de 24 horas previsto no art. 2º, § 2º, da Lei 7.960/1989 2, porque, além de impróprio,
justifica-se pela urgência na análise do pedido pelo magistrado visando à eficiência das
investigações.

[STF. Plenário. ADI 3360/DF e ADI 4109/DF, Rel. Min. Carmen Lúcia, redator para o acórdão Min.
Edson Fachin, julgados em 11/2/2022 (Info 1043)]
1Lei 7.960/89, Art. 2° A prisão temporária SERÁ decretada pelo Juiz, em face da representação da
autoridade policial ou de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias,
prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade. [...]

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2 § 2° O despacho que decretar a prisão temporária deverá ser fundamentado e prolatado dentro do
prazo de 24 (vinte e quatro) horas, contadas a partir do recebimento da representação ou do
requerimento.

4. Oitiva Obrigatória do Ministério Público

O Ministério Público sempre vai se manifestar seja na hipótese em que a prisão temporária
foi por ele requerida ou então diante da representação da autoridade policial, respondendo ao
encaminhamento dado a ele pelo juiz.

É possível que o delegado de polícia represente pela prisão temporária e o MP discorde?


O juiz está vinculado à opinião do MP? É perfeitamente possível que o delegado de polícia represente
pela prisão temporária, o MP discorde e, ainda assim, o juiz decrete a prisão temporária. Portanto,
apenas por essa oitiva obrigatória do MP, o juiz não está vinculado a opinião do MP.

§ 2º O despacho que decretar a prisão temporária deverá ser fundamentado e prolatado


dentro do prazo de 24 (vinte e quatro) horas, contadas a partir do recebimento da
representação ou do requerimento.

O despacho deve ser fundamentado. Toda decisão judicial deve ser fundamentada. O detalhe
é que o despacho que decreta a prisão temporária tem que ser realizado dentro de 24 horas,
contadas a partir do recebimento da representação ou do requerimento.

A prisão temporária é uma prisão imprescindível para as investigações policiais. Ela é


extremamente necessária para a persecução penal. Não há tempo para que se decida dali a uma semana.
Deve ser decidido imediatamente.

5. Procedimento

Mediante
REPRESENTAÇÃO da
Autoridade Policial
Juiz DECRETA
Mediante
REQUERIMENTO do MP

A prisão temporária será decretada pelo juiz, em face da representação da autoridade policial
(nestecaso deverá ser ouvido o MP) ou de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5

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(cinco) dias(contado apenas da efetiva prisão), prorrogável por igual período em caso de extrema
e comprovada necessidade âmbito da Lei n. 7.960, enquanto que no âmbito da Lei n. 8.072 (Lei dos
Crimes Hediondos) será de 30 dias + 30 dias.

Art. 2° da Lei 7.960/89: “A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da
representaçãoda autoridade policial ou de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo
de 5 (cinco) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada
necessidade.”

A prisão temporária é decretada pelo juiz, observando assim a cláusula de reserva de jurisdição.
Nessesentido, preleciona Távora e Alencar (2020, pág. 1118).

Como de praxe, a temporária está adstrita à cláusula de reserva jurisdicional, e, em face do


disposto no art. 2° da Lei no 7.960/1989, somente pode ser decretada pela autoridade
judiciária competente (juiz das garantias), mediante representação da autoridade policial
ou requerimentodo Ministério Público.

No tocante ao prazo, temos que ao contrário da prisão preventiva e da prisão em flagrante, a


prisão temporária, como o próprio nome já nos sugere, possui um prazo predefinido em lei. No
tocante ao referidoprazo, a regra geral é de 5 dias, com possibilidade de prorrogação por + 5 dias na
hipótese de extrema e comprovada necessidade.
Inobstante a regra, o Ordenamento Jurídico comporta uma exceção, que ficou porconta da lei
dos crimes hediondos ou equiparados. Desse modo, na hipótese de decretação da prisão temporária
decretada em crimes hediondos ou equiparados o prazo passa a ser de 30 dias, prorrogáveis por + 30
dias.

Nesse sentido, preceitua Távora e Alencar:

Nos crimes hediondos e assemelhados, quais sejam, tráfico de drogas, terrorismo e tortura
(parágrafo 4°, art. 2°, Lei no 8.072/1990), o prazo da prisão temporária é de 30 dias,
prorrogáveispor mais 30 dias, em caso de comprovada e extrema necessidade, atendidas as
mesmas formalidades acima destacadas.

Vejamos de forma ESQUEMATIZADA:

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Regra Geral: Hediondos e equiparados:

• A prisão temporária será • Em se tratando de


decretada pelo Juiz, em investigação de crimes
face da representação previstos na Lei 8.072/90
da autoridade policial ou (crimes hediondos,
de requerimento do tráfico de drogas, tortura
Ministério Público, e terá e terrorismo), o prazo da
o prazo de 5 (cinco) dias, prisão temporária seráde
prorrogável por igual 30 (trinta) dias,
período em caso de prorrogável por igual
extrema e comprovada período, em caso de
necessidade. extrema e comprovada
necessidade.

No tocante a contagem desse prazo, este começa a fluir no exato momento em que a prisão é
cumprida. A contagem do prazo segue o disposto no Art. 10 do CP (prazo material), ou seja, inclui-
se o diado começo, mesmo em se tratando de feriados ou fim de semana. Uma vez encerrado o prazo
da prisão temporária, o preso deve ser colocado imediatamente em liberdade, mesmo que o dia
fatal recaia sobre fim de semana ou feriado.

Cumpre recordamos que a prorrogação desses prazos, quando admitida, não se dará de forma
automática, o delegado de polícia terá de solicitar a prorrogação antes de vencer o prazo, tendo em
vista queapós vencido a soltura será automática, sem alvará. Caso seja desnecessário manter a prisão,
poderá ser soltoantes do prazo, e segundo a doutrina deverá ser comunicado ao juiz para que proceda
a soltura.

Da leitura do art. 2º, caput, da Lei n. 7.960/89, depreende-se que a prisão temporária não
pode ser decretada de ofício pelo juiz. Preserva-se assim, o sistema acusatório e o princípio da
imparcialidade do juiz.Atente-se ainda para o fato de que a Lei nº 7.960/89 não atribui legitimidade
ao querelante para requerera prisão temporária.

6. Direitos dos Presos

Conforme prevê o art. 2°§ 6° da Lei n. 7.960/89, o preso será informado pela autoridade
policial a respeito de seus direitos.

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7. Prazo da Prisão Temporária

- Prazo de 5 dias prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada


necessidade (nos crimes comuns).

- Se decretada em face de crime hediondo ou equiparado, o prazo será de 30 dias


prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade.

Lei n. 7.960/1989 Art. 2º A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da
representação da autoridade policial ou de requerimento do Ministério Público, e terá o
prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada
necessidade.
Lei 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos) Art. 2º § 4º A prisão temporária, sobre a
qual dispõe a Lei no 7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos neste
artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema
e comprovada necessidade.

8. Prisão Temporária versus Prisão Preventiva

A prisão temporária é uma prisão que tem um prazo determinado, diferentemente da prisão
preventiva, que pode durar por prazo indeterminado até que venha a ser revogada (desde que
observado o princípio da razoável duração do processo). A prisão temporária tem um prazo pré-
estabelecido pelo juiz quando ela vier a ser decretada. Está prevista na Lei n. 7.960/1989.

Diferentemente da prisão em flagrante e da prisão preventiva, que são prisões cautelares


estudadas no Código de Processo Penal (CPP), a prisão temporária tem a sua previsão na Lei n.
7.960/1989.

Na prática, são poucos os artigos dessa lei que realmente interessam e que são cobrados em
provas de concursos públicos. O tema, contudo, é muito cobrado e foi recentemente alterado pela
nova Lei de Abuso de Autoridade, Lei n. 13.869/2019.

VEJAMOS as principais diferenças:

Prisão temporária Prisão preventiva


Trata-se de prisão cautelar Trata-se de prisão cautelar
Previsão normativa: Lei n. 7.960/89 Previsão normativa: Arts. 311 – 316 do CPP
É cabível apenas na fase do inquérito policial Cabível na fase do IP (pré-processual), bem
como,na fase processual
Possui prazo determinado: até 5 + 5 /Até 30+30 Prazo indeterminado.

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Decretação pelo Juiz, mediante requerimento do Investigação criminal – decretação pelo juiz a
MP ou representação da Autoridade Policial – requerimento do MP ou representação da
não cabe decretação de ofício. autoridadepolicial;
Fase processual – requerimento do MP,
requerimento do Querelante, do Assistente de
acusação ou decretação de ofício.

9. Já Caiu. Vamos Treinar?

1. Ano: 2021 Banca: NC-UFPR Órgão: PC-PR Prova: NC-UFPR - 2021 - PC-PR - Delegado de Polícia.
Sobre a prisão temporária (Lei nº 7.960/1989 com alterações posteriores), assinale a alternativa correta.

A. A prisão temporária poderá ser representada pela autoridade policial, requerida pelo Ministério
Público ou decretada de ofício pelo juiz.
B. Em caso de feminicídio, pode ser decretada a prisão temporária, pelo prazo máximo de 5 dias,
prorrogável por igual período.
C. Uma vez decorrido o prazo contido no mandado de prisão, a autoridade responsável pela custódia
deverá consultar ao Juízo responsável pelo decreto sobre a manutenção da prisão ou colocação do
preso em liberdade.
D. O mandado de prisão temporária indicará o dia em que o preso deverá ser libertado.
E. Os crimes previstos na Lei de Terrorismo não comportam a decretação de prisão temporária.

2. Ano: 2021 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-SE Prova: CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-SE
- Escrivão de Polícia. No que tange à implantação das audiências de custódia no estado de Sergipe e
às modalidades de prisão previstas no ordenamento jurídico brasileiro, julgue o item a seguir.
A prisão temporária poderá ser decretada somente em determinados crimes, não abrangendo toda e
qualquer infração penal.

3. Ano: 2018 Banca: FUNDATEC Órgão: PC-RS - Delegado de Polícia - Bloco II. Acerca da prisão,
medidas cautelares e liberdade, é correto afirmar que:

A) É cabível medida cautelar diversa da prisão a crime cuja pena cominada seja de multa.
B) A prisão temporária será decretada pelo Juiz, de ofício, em face da representação da autoridade
policial ou de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por
igual período em caso de extrema e comprovada necessidade.
C) Ausentes os requisitos da prisão preventiva, é cabível liberdade provisória para o crime de tráfico
de drogas.
D) É constitucional a expressão "e liberdade provisória", constante do caput do artigo 44 da Lei nº
11.343/2006, conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal.
E) A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de
liberdade máxima seja inferior a 4 (quatro) anos.

4. Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-BA - Delegado de Polícia. No que concerne à prisão em
flagrante, à prisão temporária e à prisão preventiva, assinale a alternativa correta, nos estritos termos
legais e constitucionais.

A) Nenhuma delas tem prazo máximo estabelecido em lei.

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B) A primeira pode ser realizada pela autoridade policial, violando domicílio e sem ordem judicial, a
qualquer horário do dia ou da noite.
C) A segunda somente é cabível em crimes hediondos ou assemelhados, podendo durar 30 (trinta) ou
60 (sessenta) dias.
D) A segunda demanda ordem judicial e prévio parecer favorável do Ministério Público.
E) A terceira pode ser decretada de ofício pelo Juiz durante o inquérito policial.

5. Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-MA - Delegado de Polícia Civil. Considere que,
no curso de determinada investigação, a autoridade policial tenha representado ao competente juízo
pela prisão temporária do indiciado. Nessa situação,

A) a prisão requerida apenas poderá ser decretada para se inquirir o indiciado, devendo a autoridade
policial, após o ato, representar pela sua soltura.
B) mesmo que a autoridade policial não tivesse requerido a prisão temporária, o juiz poderia tê-la
decretado de ofício.
C) caso se trate de crime hediondo, o prazo máximo da prisão eventualmente decretada será de noventa
dias.
D) a prisão não poderá ser decretada após a fase inquisitória da persecução penal.
E) decretada a prisão temporária, o inquérito policial deverá ser concluído no prazo máximo de dez
dias.

6. Ano: 2016 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-PE - Delegado de Polícia. Considerando-se que
João tenha sido indiciado, em inquérito policial, por, supostamente, ter cometido dolosamente
homicídio simples, e que Pedro tenha sido indiciado, em inquérito policial, por, supostamente, ter
cometido homicídio qualificado, é correto afirmar que, no curso dos inquéritos,

A) se a prisão temporária de algum dos acusados for decretada, ela somente poderá ser executada
depois de expedido o mandado judicial.
B) João e Pedro podem ficar presos temporariamente, sendo igual o limite de prazo para a decretação
da prisão temporária de ambos.
C) o juiz poderá decidir sobre a prisão temporária de qualquer um dos acusados ou de ambos,
independentemente de ouvir o MP, sendo suficiente, para tanto, a representação da autoridade
policial.
D) o juiz poderá decretar, de ofício, a prisão temporária de Pedro mas não a de João.
E) o juiz poderá decretar, de ofício, a prisão temporária de João e de Pedro.

7. Ano: 2015 Banca: FUNIVERSA Órgão: PC-DF - Delegado de Polícia. Com base na legislação, na
jurisprudência e na doutrina majoritária, assinale a alternativa correta acerca do inquérito policial, da
prisão temporária e da participação do Ministério Público na investigação criminal.

A) O inquérito policial é um procedimento administrativo, prevalecendo, na doutrina, o entendimento


de que se devem observar todas as garantias ínsitas ao contraditório e à ampla defesa durante o
inquérito policial, o que concede ao investigado, por exemplo, o direito à dialeticidade processual
e à produção de provas.
B) Conforme o STJ, a participação de um membro do Ministério Público na fase de investigação
criminal não acarreta o seu impedimento ou a sua suspeição para o oferecimento da denúncia.
C) Em casos teratológicos, o STF e o STJ têm admitido que a autoridade policial que preside o
procedimento administrativo promova o arquivamento do inquérito policial perante o juiz.

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D) O descumprimento do prazo previsto em lei para concluir o inquérito policial justifica, ipso facto,
o relaxamento da prisão por excesso de prazo.
E) Após recente inovação legislativa, o prazo da prisão temporária foi unificado, independentemente
de o crime ser hediondo ou a ele equiparado.

8. Ano: 2019 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TJ-AM - Analista Judiciário – Direito. Lúcio é
investigado pela prática de latrocínio. Durante a investigação, apurou-se a participação de Carlos no
crime, tendo sido decretada de ofício a sua prisão temporária. A partir dessa situação hipotética e do
que dispõe a legislação, julgue o item seguinte. Recebida a denúncia, não será mais cabível prisão
temporária para Lúcio e Carlos.

9. Ano: 2019 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TJ-AM - Analista Judiciário – Direito. Lúcio é
investigado pela prática de latrocínio. Durante a investigação, apurou-se a participação de Carlos no
crime, tendo sido decretada de ofício a sua prisão temporária. A partir dessa situação hipotética e do
que dispõe a legislação, julgue o item seguinte. É ilegal a prisão temporária de Carlos, porque, apesar
de o crime de latrocínio admiti-la, não poderia ter sido decretada de ofício pelo juiz.

10. Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: EBSERH – Advogado. Julgue o seguinte item, acerca
do habeas corpus e de medidas coativas de prisão. Desde que ajuizada a queixa-crime, o ofendido ou
querelante tem legitimidade para requerer à autoridade judiciária competente a decretação da prisão
temporária do querelado.

11. Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: STJ - Técnico Judiciário – Administrativa. No que se
refere aos tipos de prisão e aos meios processuais para assegurar a liberdade, julgue o seguinte item.
Situação hipotética: Pedro teve a prisão temporária decretada no curso de uma investigação criminal.
Ao final de cinco dias, o Ministério Público requereu a conversão de sua segregação em prisão
preventiva. Assertiva: Nessa situação, o prazo para o término do inquérito policial será contado da data
em que a prisão temporária tiver sido convertida em prisão preventiva.

12. Ano: 2017 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TRF - 1ª REGIÃO - Oficial de Justiça Avaliador
Federal. Com relação a prisão temporária, normas dos juizados especiais criminais e questões e
processos incidentes no processo penal, julgue o item subsecutivo. A prisão temporária pode ser
decretada pelo juiz, de ofício, pelo prazo de cinco dias, prorrogável, excepcionalmente, por igual
período em caso de extrema e comprovada necessidade para as investigações policiais.

Gabarito
1-D; 2-C; 3-C; 4-B; 5-D;6-A; 7-B;8-C;9-C;10-E;11-C;12-E.

10. Legislação

Art. 1° Caberá prisão temporária:

I - quando imprescindível para as investigações do inquérito policial;

II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao
esclarecimento de sua identidade;

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III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação
penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes:

a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2°);

b) seqüestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus §§ 1° e 2°);

c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);

d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°);

e) extorsão mediante seqüestro (art. 159, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);

f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo
único); (Vide Decreto-Lei nº 2.848, de 1940)

g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e
parágrafo único); (Vide Decreto-Lei nº 2.848, de 1940)

h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art. 223 caput, e parágrafo
único); (Vide Decreto-Lei nº 2.848, de 1940)

i) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1°);

j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal qualificado pela


morte (art. 270, caput, combinado com art. 285);

l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal;

m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1° de outubro de 1956), em qualquer de sua


formas típicas;

n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de 21 de outubro de 1976);

o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492, de 16 de junho de 1986).

p) crimes previstos na Lei de Terrorismo. (Incluído pela Lei nº 13.260, de 2016)

Art. 2° A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da representação da autoridade
policial ou de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por
igual período em caso de extrema e comprovada necessidade.

§ 1° Na hipótese de representação da autoridade policial, o Juiz, antes de decidir, ouvirá o


Ministério Público.

§ 2° O despacho que decretar a prisão temporária deverá ser fundamentado e prolatado dentro
do prazo de 24 (vinte e quatro) horas, contadas a partir do recebimento da representação ou do
requerimento.

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§ 3° O Juiz poderá, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público e do Advogado,
determinar que o preso lhe seja apresentado, solicitar informações e esclarecimentos da autoridade
policial e submetê-lo a exame de corpo de delito.

§ 4° Decretada a prisão temporária, expedir-se-á mandado de prisão, em duas vias, uma das
quais será entregue ao indiciado e servirá como nota de culpa.

§ 4º-A O mandado de prisão conterá necessariamente o período de duração da prisão


temporária estabelecido no caput deste artigo, bem como o dia em que o preso deverá ser
libertado. (Incluído pela Lei nº 13.869. de 2019)

§ 5° A prisão somente poderá ser executada depois da expedição de mandado judicial.

§ 6° Efetuada a prisão, a autoridade policial informará o preso dos direitos previstos no art. 5°
da Constituição Federal.

§ 7º Decorrido o prazo contido no mandado de prisão, a autoridade responsável pela custódia


deverá, independentemente de nova ordem da autoridade judicial, pôr imediatamente o preso em
liberdade, salvo se já tiver sido comunicada da prorrogação da prisão temporária ou da decretação da
prisão preventiva. (Incluído pela Lei nº 13.869. de 2019)

§ 8º Inclui-se o dia do cumprimento do mandado de prisão no cômputo do prazo de prisão


temporária. (Redação dada pela Lei nº 13.869. de 2019)

Art. 3° Os presos temporários deverão permanecer, obrigatoriamente, separados dos demais


detentos.

Art. 4° O art. 4° da Lei n° 4.898, de 9 de dezembro de 1965, fica acrescido da alínea i, com a
seguinte redação:

"Art. 4° ...............................................................

i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de medida de segurança, deixando de


expedir em tempo oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de liberdade;"

Art. 5° Em todas as comarcas e seções judiciárias haverá um plantão permanente de vinte e


quatro horas do Poder Judiciário e do Ministério Público para apreciação dos pedidos de prisão
temporária.

Art. 6° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 7° Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, 21 de dezembro de 1989; 168° da Independência e 101° da República.

11. Dicas finais

Analisando os fundamentos das questões observamos que as bancas examinadoras possuem

22
uma predileção na cobrança do art. 1° e art. 2° da Lei n. 7.960/89. Dessa moda, reforçamos a
importância da leitura atenciosa dos dispositivos mencionados.

12. Referências Bibliográficas

Nucci, Guilherme de Souza. Curso de direito processual penal / Guilherme de Souza Nucci. – 17. ed.
– Riode Janeiro: Forense, 2020.

Távora, Nestor. Curso de direito processual penal / Nestor Távora, Rosmar Rodrigues Alencar - 15.
ed. reestrut., revis. e atual. - Salvador: Ed. JusPodivm, 2020.

Távora, Nestor. Curso de Processo Penal comentado / Nestor Távora, Fábio Roque Araújo - 11. ed.
rev., ampl. e atual. - Salvador: Ed. JusPodivm, 2020.

CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É possível liberdade provisória para acusados por tráfico de
drogas.Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/23c97e9cb93576e45d2feaf00d0e8
502 >. Acesso em: 27/06/2020.

CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Requisitos estipulados pelo STF para a validade da
decretação da prisão temporária. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/7bcbf838aad2d6d4f975380ee4
5ef8d8 >. Acesso em: 29/08/2022.

Lei n. 7.960/89. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7960.htm >/ Acesso


em: 27/06/2020.

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