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Lecelino Gomes
Universidade Santiago
Noções Gerais
• A tramitação de uma ação é feita de acordo com um conjunto de regras
com limites previstos e impostos na própria lei, tudo se desenvolve com
método e rigor, tendo que se respeitar um rito processual.
• O termo PROCESSO, que constitui o ponto fulcral da designação do ramo
de direito instrumental, reveste nas expressões processo civil e direito
processual civil um sentido condizente com a sua origem etimológica.
Tem a sua base legal no art. 3º do CPC ao estipular que “O tribunal não pode
resolver o conflito de interesses que a acção pressupõe sem que a resolução lhe
seja pedida por uma das partes….” .
Principio do contraditório, este princípio tem duas manifestações:
• Não podem ser tomadas providências contra determinada pessoa sem
que esta seja previamente ouvida, sem prejuízo das exceções previstas
na lei, art. 3º A, do Código do Processo Civil e
Este princípio fundamental está consagrado no art. 3º-A CPC ao estipular que
nenhum conflito é decidido sem que à outra parte seja dada a possibilidade de
deduzir oposição.
Princípio da igualdade das partes ou da paridade processual, art. 5º,
do Código do Processo Civil, este princípio é uma decorrência, ao nível
do direito processual civil da norma constitucional que consagra a
igualdade dos cidadãos perante a lei, art. 24º C.R.C.V.
Princípio do inquisitório (do Juiz)
As partes e o tribunal devem cooperar entre si para que o processo realize a sua função em
prazo razoável (art. 8.º - B CPC), sendo a sua violação passível de sanções pecuniárias.
(Exemplos: – Dever das partes e terceiros a solicitação do tribunal, prestarem a sua
colaboração, facultando objectos, submetendo-se às inspecções necessárias, praticarem os
actos que forem determinados pelo tribunal)
• Este princípio apresenta-se com duas vertentes, o da legalidade das formas de processo e da
legalidade do conteúdo da decisão.
• Os termos do processo são fixados por lei, não competido ao juiz ou às partes, decidir quais
os trâmites que o processo deve conter (excepção, o princípio da adequação formal).
• Os tribunais estão sujeitos à lei, por isso, o juiz na decisão final, tem que indicar, interpretar
e aplicar as normas jurídicas correspondentes aos factos considerados provados, embora na
indagação, interpretação e aplicação das normas jurídicas o juiz não esteja sujeito às
alegações das partes.
Princípio da preclusão
O processo civil apresenta-se como uma sucessão de actos com vista à obtenção pelo
tribunal de uma decisão que defina o direito no caso concreto, implicando a existência
de fases e prazos processuais.
Tem também como consequência que, ultrapassado um prazo fixado na lei ou pelo
juiz, extingue-se o direito de praticar o acto. (Exemplos: – Decurso de prazo
peremptório (art. 138º n.º 3 CPC; o decurso do prazo para contestar produz os efeitos
da revelia (art. 444º CPC).
• Princípio da Livre Apreciação das Provas, art. 567º, do C.P.C no
exercício da sua função de julgador de matéria de facto, o juiz tem como
regra fundamental a livre apreciação das provas e responde segundo a
convicção que tenha formado acerca de cada facto seleccionado. As
partes não podem impor ao tribunal que diga que é branco aquilo que
os juízes, em sua livre apreciação, entendam ser preto. Prof. Antunes
Varela, Manual de Processo Civil.
• Princípio da Aquisição Processual, art. 472º, do Código do Processo
Civil. Por força deste princípio, todas as provas produzidas no processo
devem ser tomadas em consideração pelo tribunal, ainda que não
tenham sido emanadas da parte que deveria produzi-las, o mesmo se
diga dos próprios factos integradores de litígio, podem os mesmos
serem atendidos pelo tribunal, ainda que não tenham sido alegados
pela parte a quem competia essa alegação.
• Princípio da Imediação - consiste no contacto direto entre o julgador
(quem decide a ação), as partes e as testemunhas (quem fornece os
principais elementos de prova que interessam à decisão). Esse contacto
direto, imediato, principalmente entre o juiz e a testemunha, permite
ao responsável pelo julgamento captar uma série valiosa de elementos
(através do que pode perguntar, observar e depreender do depoimento
da pessoa a das reações do inquirido) sobre a realidade dos factos que a
mera leitura do relato escrito do depoimento não pode facultar
• Princípio da Oralidade. É instrumental em relação ao princípio da
imediação. Implica que a produção dos meios de prova pessoal tenha lugar
oralmente, perante o julgador da matéria de facto, sem prejuízo da sua
gravação em registo adequado, art. 480º, nº 1 e 2, do Código do Processo
Civil
• Princípio da Economia Processual. O resultado processual deve ser
atingido com a maior economia de meio. A economia de meios exige que
cada processo, por um lado, resolva o maior número possível de litígios
(economia de processo) e, por outro lado, comporte só os atos e
formalidades indispensáveis ou úteis (economia de atos e formalidades),
art. 7º, art. 130º, etc, todos do C.P.C.
• Celeridade – É este o princípio que atende ao respeito pela utilidade
que a decisão final representa para as partes. Vender ou perder tarde e
a má hora representa, por vezes, não vender ou ter perdido ainda mais
• A justiça deve ser pronta. Aliás, esta exigência é condição do seu próprio
prestígio. O princípio da celeridade processual aflora no facto de as
partes terem o dever de não “requerer diligências meramente
dilatórias”, É mais decididamente nos poderes do Juiz para tornar
pronta a justiça, conforme o art. 7º e 8º, nº 2, do Código de Processo
Civil. Mas ainda em muitos outros preceitos tal princípio se afirma, e até
fora do Código de Processo Civil.
• Ações Declarativas – o Autor pede ao tribunal que profira uma declaração final de direito,
isto é, uma sentença que ponha fim ao conflito que o opõe ao Réu(Ex. Direito de crédito)
• Ações Executivas – tem por finalidade a realização coativa de uma prestação devida.
Nesta ação passa-se a atuação prática. Nela serão desencadeadas os mecanismos destinados
a, por via coerciva, assegurar ao credor o efetivo recebimento da quantia em cujo pagamento
o réu foi condenado.(Ex.)
• O processo civil abrange duas etapas, uma que visa obter uma ordem
de comando (fase declarativa ou declaratória) e outra que visa a efetiva
concretização desse comando (fase executiva ou executória). Poderá
ainda dizer-se que nem sempre à ação declarativa se segue a executiva
e que esta pode ser instaurada sem precedência daquela.
• Ação declarativa de condenação - art. 4º, nº 2, al. b), do Código do
Processo Civil, tem como origem num estado de violação de um direito.
Na petição inicial o autor, titular desse direito, invoca a violação desse
direito por parte do réu e pede ao tribunal não só:
i. que confirme a declaração da titularidade do direito e da violação.
ii. mas que também condene o réu a realizar uma prestação de reintegração
desse direito.
Alimento Provisório;
Restituição Provisória de Posse;
Suspensão das Deliberações Sociais;
Arresto;
Embargo de Obra Nova e o
Arrolamento.
• Alimento Provisório, art. 361º a 366º. Como pendência da acção em que principal ou
acessoriamente se peça a prestação de alimentos, pode ser requerida a fixação de uma
quantia mensal que o interessado deva receber a título de alimento provisório, enquanto
não houver sentença exequível na ação.
• Restituição Provisória de Posse, art. 367º a 369º, do C.P.C. Neste tipo de procedimento o
requerente (esbulhado) pede ao tribunal que obrigue ao requerido (esbulhador), que lhe
devolva aquilo que com violência pretende tomar.
• Suspensão de Deliberação Social, art. 370º a 372º. Se alguma associação ou sociedade, for
qual for a sua espécie, tomar deliberações contrárias à lei, aos estatutos ou contrato,
qualquer sócio pode requerer, no prazo de dez (10) dias, a suspensão da eficácia dessas
deliberações, justificando a qualidade de sócio e mostrando que essa deliberação pode
causar dano apreciável.
• Arresto, art. 373º a 379º, do C.P.C. Este procedimento emprega-se quando o credor tenha
justo receio de perder a garantia patrimonial do seu crédito – pode dissipação ou ocultação
dos bens por parte do devedor
• Arresto, art. 373º a 379º, do C.P.C. Este procedimento emprega-se quando o credor
tenha justo receio de perder a garantia patrimonial do seu crédito – por dissipação
ou ocultação dos bens por parte do devedor.
• Exemplo:
A, credor de B, verifica que o B está a esbanjar rapidamente os seus, de tal modo
que quando o tribunal vier a proferir a decisão final corre B já não terá meios para
pagar ou restituir a coisa.
• Deste modo o ARRESTO consiste numa apreensão judicial de bens, a qual são
aplicáveis as disposições relativas à penhora. Consiste na colocação de bens
suficientes para satisfação da dívida numa situação de indisponibilidade.
• Exemplo:
A inicia a construção de uma casa; B entende que esta casa é ofensiva do
seu direito de propriedade. Pede ao tribunal que manda suspender a obra
• Arrolamento, art.º387º a 392º. Visa afastar o perigo de insatisfação do
direito em consequência da demora da decisão definitiva pelo justo
receio de extravio ou de dissipação de bens, mobiliários ou de
documentos.
Exemplo:
A comprou a B uma biblioteca. B, antes de entregar a biblioteca a A,
começa a vender alguns livros. A pede o arrolamento dos livros.
• Em termo de resumo:
• O ARROLAMENTO,
Alçada:
• Tribunais de Comarca = 500.000$00
• Tribunais de Relação = 3.000.000$00
Vimos, atrás, que a lei estabelece o princípio da limitação dos atos, art.º130º,
do C.P.C.
A lei processual regula, ainda, a língua que deve ser utilizada nos atos
processuais, art.º 132º; fala dos meios de expressão e comunicação nos surdos
e mudos art.º134º, refere, também, dos dias em que se suspende a prática de
actosart.º136º, todos do C.P.C.
Segundo o art.º136º “os atos judiciais não podem ser praticados nos sábados,
domingos, dias feriados, férias judiciais e em geral nos dias em que, por
disposição legal ou determinação da entidade competente, os tribunais estejam
encerrados”.
• Admitindo porém, que o princípio de que os atos judiciais não podem ter
lugar nos domingos, nem feriados, nem em dias feriados, nem nas férias
não pode ser absoluto, o mesmo artigo admite exceções:
Assim, excetua as:
• Citações;
• Notificações e os
• Atos que se destinam a evitar danos irreparáveis.
Artigo 132.º
Exceção
- Por natureza e finalidade do ato(arrolamento, penhora)
Na Secretária
- Pelo MP, pelas partes, por quem tem direito de exercer o mandato judicial ou por
quem tenha interesse atendível mediante autorização do Juiz
- Exceto,
- Processos de Divórcio, união de facto e impugnação de paternidade – partes e
mandatários
- Procedimentos cautelares – requerentes e mandatários e requeridos quando
ouvidos antes de ordenada a providência
- Casos em que a divulgação possa causar danos à dignidade das pessoas
• Fora da secretária
Exceto
- Processos que só podem ser examinados pela parte ou mandatário
- Precedendo requerimento escrito com justificação
- Mediante despacho que autorize e fixe os limites da certidão
Nos procedimentos cautelares ainda em segredo, só quem é facultado o seu
exame
As certidões devem ser passadas num prazo de 5 dias ou
imediatamente.
A prática dos atos judiciais que exijam intervenção dos serviços judiciários
pode ser solicitados a outros tribunais ou autoridades, por
- Mandado – quando o ato deva ser praticado por autoridade que esteja
funcionalmente subordinada ao tribunal de que se trata – praticado
dentro dos limites de jurisdição do tribunal
- Carta – quando o ato deva ser praticado fora dos limites territoriais da
jurisdição do tribunal. A carta pode ser
i) Precatória - ara ato solicitado a um tribunal ou cônsul cabo-verdiano
ii) Rogatória – para ato solicitado a autoridade estrangeira
Se a comunicação for urgente deve ser utilizado o meio de comunicação mais
rápido e seguro: Fax, email, telefone(documentada nos autos)
Cartas
- Precatórias – 163.º a 166
i) São expedidas pela secretária e dirigidas ao tribunal da comarca
em cuja área deve ser praticado o ato
ii) São assinadas pelo Juiz e conter o estritamente necessário para
realização da diligência
- Cartas rogatórias – 166.º
- Prazo para cumprimento das cartas – 165.º
i) Máximo de 2 meses a contar da expedição
ii) 3 meses, se diligência deve se realizar no estrangeiro
iii) O juiz deprecante pode estabelecer prazo mais curto, se se mostrar
necessário
- Consequências da expedição da carta
• Exemplo:
• O prazo para contestação em processo COMUM ORDINÁRIO tem um
ponto de início (o dia da citação) e um período de tempo (vinte dias),
art. 446º, nº 1, do C.P.C.
Noção
Principio Geral: os atos devem ser praticados dentro dos prazos fixados pela lei
processual.
1ª Continuidade
• Dilatório e
• Peremtório.
•
Nos termos do artigo 138º, n.º1 o prazo é DILATÓRIO e PEREMPTÓRIO.
Qual a diferença entre os dois tipos de prazos.
• Artigo 138º, nº 1- O prazo DILATÓRIO a estabelecer uma certa pausa, um
certo compasso de espera, a provocar uma paragem. Difere para certo
momento a possibilidade de realização de um acto ou o inicio da contagem
de um outro prazo;
• Assim, o prazo de dez (10) dias que se interpõe entre o dia da citação e o
começo da contagem do prazo para a contestação é o prazo dilatório, porque
visa dilatar, demorar, suspender o início do prazo de vinte (20) dias designado
na lei para contestação.
•
• Exemplo de prazo peremptório
• Prazo para interposição de recurso, prazo para oferecimento dos
articulados, etc.
• Nos termos do artigo 138.º, n.º 3“o decurso do prazo peremptório
extingue o direito de praticar o ato”.
• Assim, este efeito produz automaticamente, pelo simples facto de ter
expirado o prazo legal; não é necessário que o juiz o declare.
• O réu tem vinte (20) dias, para contestar, art.º446º;
• O vencido tem dez (10) dias, para interpor recurso, art.º 595º, n.º1;
• As partes têm dez (10) dias para apresentar testemunhas, art.º 468º, nº 2, do
Código do Processo Penal.
Substantivos – 279.º CC
Legais:
Marcados por lei
Jurisdicionais:
Fixados por despacho do Juiz
Quanto aos efeitos
Peremptórios :
Período de tempo dentro do qual um acto pode ser realizado.
O seu decurso extingue o direito de praticar o acto.
Dilatórios:
É o prazo a partir do qual o prazo peremptório é contado. Consitui uma adição ao prazo
peremptório.
Ex. prazo de contestação do Réu residente noutra comarca ou citação em pessoa diversa.
Diferem para outra altura a possibiliddae de prática do acto ou inicio da contagem dum
outro(dilação) - 231.º.
Se a um prazo dilatório se segue o decurso de um prazo peremptório, os dois contar-se-ão
como sendo um só – 141.º
Circunstâncias que justificam aumento do prazo.
Continuo
- Pois, começa a correr independentemente de qualquer formalidade
- Corre de seguido, embora
- Suspende
i) sábados, Domingos e feriados
ii) Na contagem do prazo não se inclui o dia a hora em que tenha
ocorrido o evento a partir do qual começa a correr o prazo - 279.º
do CC
- Prazo que termina em dia de tolerância de ponto passa para o
primeiro dia útil seguinte – 137. n.º 3
Regra: Improrrogabilidade dos prazos processuais – 140.º
Artigo 138 . N. 4
Justo Impedimento – artigo 139.º