Você está na página 1de 109

Direito Processual civil I

Lecelino Gomes
Universidade Santiago
Noções Gerais
• A tramitação de uma ação é feita de acordo com um conjunto de regras
com limites previstos e impostos na própria lei, tudo se desenvolve com
método e rigor, tendo que se respeitar um rito processual.
• O termo PROCESSO, que constitui o ponto fulcral da designação do ramo
de direito instrumental, reveste nas expressões processo civil e direito
processual civil um sentido condizente com a sua origem etimológica.

• A palavra PROCESSO compõe-se, na sua formação etimológica, dos


vocábulos cedere + pró, e significa caminhar para a frente, avançar com um
objetivo.
• Neste sentido se fala em processo químico (de certos elementos), do
processo de fabrico (de um produto), do processo de cura (de uma
doença), do processo de admissão (a uma escola).
• Trata-se em qualquer dos casos, de uma sequência de atos, logicamente
articulados entre si, com vista a determinado fim. Prof. Antunes Varela, Manual de
Processo Civil
• O processo consiste numa evolução lógica de actos e técnicas
devidamente previstas na lei. O processo civil é uma via onde as partes
caminham passo a passo, numa sequência progressivamente lógica e
previsível até ao fim. Este processo só pode avançar nunca retroceder.
• Processo, do ponto de vista de ramo da ciência jurídica de que se trata neste
apontamento, é de amplíssima e variadíssimo conteúdo. Por exemplo: a
cobrança de letra vencida e não paga, se o credor recorrer ao tribunal, gera
um processo; o despejo do inquilino em mora no pagamento da renda,
implica outro processo; o despedimento de trabalhador pode dar azo a
outro; e por aí fora, onde houver direitos não respeitados, interesses não
satisfeitos, pretensões não atendidas pelo obrigado. Tal como uma imensa e
diversificada variedade de frutos nos conduz à ideia de fruto, a múltipla
existência de processos projeta-nos no espírito a ideia de processo. Prof.
Fernando Luso Soares, Processo Civil de Declaração.
• Processo é o método que os tribunais seguem para definir a existência do
direito da pessoa que demanda perante o Estado, concedendo-lhe este, se
tal direito existe, a tutela jurídica. Goldschmidt;
• Processo é a disciplina que facilita a aplicação e a execução do direito. Kisch;
• Processo é efetivamente um método normativo para se dizer e impor o
direito enquanto se solvem os conflitos de interesses. Guasp, in Processo Civil de
Declaração, Prof. Fernando Luso Soares, Pag. 174.
Em termos de conclusão:
• Sintética e unitariamente, o processo revela-se um método.

• Normativamente, organiza-se como estrutura de actos.

O Direito Processual Civil, correntemente designado por Processo Civil, é o


ramo de direito público, funcionalmente destinado a integrar o Direito Civil.
Prof. Antunes Varela, Manual de Processo Civil,
• Direito Processual Civil constitui a aplicação prática do direito civil do
quotidiano forense. O Estado é a entidade que detém o monopólio do
exercício do poder, jurisdicional, exercendo essas funções através dos
tribunais, a definição dessa função consta no art. 210º da Constituição da
República de Cabo Verde. Porém, esta função é exercida no tribunal, na
sequência de um requerimento apresentado pelo titular do respetivo
direito, gozando este do direito de ação, que é o direito de reclamar em
tribunal uma providência judiciária reparadora de um direito subjetivo
violado. Consagrado no art. 2º do Código do Processo Civil.
• Aquele que instaura uma ação em tribunal (petição inicial) é o autor,
sendo o réu aquele contra quem a ação é intentada, podendo este
defender-se através da contestação.
• Mas para propor ação em tribunal é necessário cumprir e satisfazer
diversas regras, requisitos e pressupostos técnicos. Isto é, o Direito
Processual Civil - conjunto das regras e dos comandos normativos que
acompanham a vida de uma ação em tribunal, desde que ela é instaurada
até que seja proferida a decisão que lhe ponha termo. O direito processual
civil, D.P.C, não só acompanha a vida de uma ação em tribunal como
também lhe impõe uma tramitação própria, com normas de verificação de
todos os requisitos, definindo também as regras relativamente às partes
(autor/réu) e do próprio tribunal.
• No sentido jurídico o processo é uma sequência de atos destinados á
justa composição por um órgão imparcial de autoridade (o tribunal), de
um litígio, ou seja, de um conflito de interesses.

• Por outras palavras, um conjunto de peças apresentadas por uma e


outra parte para servir á instrução e julgamento de uma questão.
• O resultado para que tende a atividade processual constitui a decisão, a
sentença.
• Quando o conflito a decidir diz respeito a interesses privados ou
particulares, estamos no domínio do processo civil.

• A sentença que vier a ser proferida resulta da aplicação de normas do


direito civil (e não de processo civil) aos fatos provados.
• São as normas de direito civil que regulam as relações jurídicas entre
os particulares ou entre os particulares e Estado quando despido da
sua função de soberania. Estas normas, em regra atribuem um direito
subjetivo a uma das partes, impondo o dever jurídico correlativo á outra
parte.
• Exemplo: Nas relações obrigacionais em que o direito subjetivo do
credor ao recebimento duma determinada importância corresponde o
dever jurídico do devedor de lhe entregar essa importância
Importância Prática do Processo Civil

• Antes de dar inicio propriamente dito à análise do estudo do primeiro


elemento do conceito de Direito Processual Civil, vamos abrir uns
parênteses e analisar a importância prática do processo civil.

• Ora, muitas vezes, do ponto de vista material; do ponto de vista


substantivo, uma determinada parte que deveria vencer a causa, pode
perde-la se conduzir mal o processo. Se, por exemplo não cumpre
determinado prazo para realização de certos actos, esclarecendo:
• O réu citado para exercer a defesa (para contestar), não o faz, ficando
confessados os factos relatados pelo autor,

• A parte vencida na sentença final, tendo fundamentos para interpor


recurso, não o faz dentro do prazo legal,, transitando a sentença em
julgado.

• De igual modo, se o autor tiver direito a 10.000$00 mas pedir 5.000$00,


o tribunal não poderá condenar em mais de 5.000$00, mesmo que os
factos provados demonstrem que ele teria direito a 10.000$00.
• Apesar de ser um ramo de direito de direito instrumental, o direito
processual civil - D.P.C, pode ter, através da sua aplicação, uma
influência decisiva no êxito da pretensão formulada pelo autor. Cabendo
ao direito adjetivo a regulamentação dos meios pelos quais se
determina, em face dos factos apurados à luz do direito material
aplicável, a procedência da pretensão deduzida pelo autor e se realiza
coativamente a reintegração do direito subjetivo violado. A má
condução do processo, seja por ignorância, seja por defeituosa
aplicação dos seus preceitos, não pode deixar de ter reflexos negativos
na decisão da causa. Os sublinhados são do autor. Prof. Antunes Varela,
Manual de Processo Civil
Características do Direito Processual Civil
É um ramo de direito público, tem uma função pública, é uma função
jurisdicional em que o Estado aparece investido de soberania, impondo
uma subordinação às partes que explica e justifica o carácter vinculativo
das decisões judiciais.
 É um direito de ação, isto porque provoca uma atividade em tribunal.
 É um direito instrumental, na medida em que está ao serviço do direito
civil, como um instrumento de aplicação concreta deste á realidade e ao
quotidiano, quer isto significar que os direitos e deveres estão
genericamente definidos no código civil, mas se estes deveres forem
violados e houver uma necessidade de recorrer a tribunal para fazer
valer
Princípios Fundamentais do Direito Processual Civil

• A doutrina moderna destaca a importância dos princípios no estudo dos


mais diversos ramos do Direito. Se antigamente era negada aos
princípios qualquer espécie de densidade jurídica, hoje os mais
renomados autores reconhecem o significativo papel dos princípios na
compreensão de determinado sistema jurídico. Assim sendo, como
ramo autônomo do direito que é, o direito processual não poderia
deixar de ser composto por diversos princípios, sendo que alguns deles
serão abordados nos meus modestos apontamentos, de forma muito
singelo, tendo como enfoque primordial o Direito Processual Civil, alias,
ramo de direito em estudo.
• Os princípios estruturantes do Processo Civil, constituem as traves
mestras do edifício processual e enformam todo o sistema, servindo para
congregar normas dispersas, auxiliar o intérprete e aplicador do direito na
adoção das soluções mais ajustadas ou para impor aos diferentes sujeitos
determinadas regras de conduta pessoal.

• O recurso aos grandes princípios de um sistema processual civil constitui um


instrumento fundamental na busca das soluções mais acertadas e resolução
de dúvidas que ao intérprete se deparam.
Princípio do dispositivo – Ele implica que a ação derive da pura vontade
dos particulares. A ação só existe a partir do momento em que é
apresentada a petição inicial, art.º 6º, 175º e 428º, todos do Código do
Processo Civil, e tal apresentação, não é nada mais que o poder atribuído
ao particular de este dispor da sua esfera jurídica.
• O princípio do dispositivo implica ainda que sejam as partes a definirem
os contornos relativamente aos factos de litígio, ou seja, são estes que
têm que apresentar os factos em tribunal para que este possa ter uma
base para se decidir. O autor deve alegar os factos que dão consistência
à pretensão. Ao réu compete alegar os factos em sua defesa. É com
base princípio do dispositivo que o tribunal só poderá condenar na
medida do que foi pedido pelo autor e nunca em quantidade superior
ao peticionado por este, art. 572º, do Código do Processo Civil.
Princípio do dispositivo

 Este princípio traduz a ideia de disponibilidade da tutela jurisdicional, uma vez


que no processo civil se discutem maioritariamente interesses privados.

 Implica a liberdade de decisão sobre a instauração da acção( impulso


processual), sobre a fixação do seu objecto( artigo 6.º), partes, bem como a sua
suspensão e fim.

 Tem a sua base legal no art. 3º do CPC ao estipular que “O tribunal não pode
resolver o conflito de interesses que a acção pressupõe sem que a resolução lhe
seja pedida por uma das partes….” .
Principio do contraditório, este princípio tem duas manifestações:
• Não podem ser tomadas providências contra determinada pessoa sem
que esta seja previamente ouvida, sem prejuízo das exceções previstas
na lei, art. 3º A, do Código do Processo Civil e

• Não pode o juiz decidir quaisquer questões de facto ou de direito sem


que as partes tenham tido a possibilidade de sobre elas se
pronunciarem, art. 3º A, nº 3, Código do Processo Civil.
Princípio do contraditório

 Tradicionalmente entendido como de defesa perante uma pretensão de outrem, tem


hoje uma noção mais ampla, como garantia de participação real das partes no
desenvolvimento da lide, através da possibilidade de, em igualdade, influenciarem
os seus elementos (factos, provas, etc.) da lide.

 Trata-se de uma estrutura dialéctica, em que o impulso de uma parte confere à


outra a possibilidade de realizar outro para contrariar o primeiro.

 Este princípio fundamental está consagrado no art. 3º-A CPC ao estipular que
nenhum conflito é decidido sem que à outra parte seja dada a possibilidade de
deduzir oposição.
Princípio da igualdade das partes ou da paridade processual, art. 5º,
do Código do Processo Civil, este princípio é uma decorrência, ao nível
do direito processual civil da norma constitucional que consagra a
igualdade dos cidadãos perante a lei, art. 24º C.R.C.V.
Princípio do inquisitório (do Juiz)

 Desvio ao princípio do dispositivo.

 Ou seja, a vigência da regra do dispositivo não preclude ao juiz a


possibilidade de fundar a decisão não apenas nos factos alegados pelas
partes, mas também nos factos instrumentais que, mesmo por indagação
oficiosa, lhes sirvam de base( artigo 7.º n.º 1 e 2). Este princípio ganha
particular relevo nos processos judiciais consagrados do CRI.
Princípio da cooperação e boa fé

 As partes e o tribunal devem cooperar entre si para que o processo realize a sua função em
prazo razoável (art. 8.º - B CPC), sendo a sua violação passível de sanções pecuniárias.
(Exemplos: – Dever das partes e terceiros a solicitação do tribunal, prestarem a sua
colaboração, facultando objectos, submetendo-se às inspecções necessárias, praticarem os
actos que forem determinados pelo tribunal)

 O incumprimento do dever de cooperação e das regras de boa fé (diz-se de má fé quem litiga


com dolo ou negligência grave, art. 456º n.º 2 CPC) é sancionado através do instituto da
litigância de má fé
Princípio da legalidade

• Este princípio apresenta-se com duas vertentes, o da legalidade das formas de processo e da
legalidade do conteúdo da decisão.

• Os termos do processo são fixados por lei, não competido ao juiz ou às partes, decidir quais
os trâmites que o processo deve conter (excepção, o princípio da adequação formal).

• Os tribunais estão sujeitos à lei, por isso, o juiz na decisão final, tem que indicar, interpretar
e aplicar as normas jurídicas correspondentes aos factos considerados provados, embora na
indagação, interpretação e aplicação das normas jurídicas o juiz não esteja sujeito às
alegações das partes.
Princípio da preclusão

 O processo civil apresenta-se como uma sucessão de actos com vista à obtenção pelo
tribunal de uma decisão que defina o direito no caso concreto, implicando a existência
de fases e prazos processuais.

 Este princípio, constante de várias disposições legais implica, em regra que


ultrapassada certa fase processual, deixam as partes de poder praticar os actos aí
previstos.

 Tem também como consequência que, ultrapassado um prazo fixado na lei ou pelo
juiz, extingue-se o direito de praticar o acto. (Exemplos: – Decurso de prazo
peremptório (art. 138º n.º 3 CPC; o decurso do prazo para contestar produz os efeitos
da revelia (art. 444º CPC).
• Princípio da Livre Apreciação das Provas, art. 567º, do C.P.C no
exercício da sua função de julgador de matéria de facto, o juiz tem como
regra fundamental a livre apreciação das provas e responde segundo a
convicção que tenha formado acerca de cada facto seleccionado. As
partes não podem impor ao tribunal que diga que é branco aquilo que
os juízes, em sua livre apreciação, entendam ser preto. Prof. Antunes
Varela, Manual de Processo Civil.
• Princípio da Aquisição Processual, art. 472º, do Código do Processo
Civil. Por força deste princípio, todas as provas produzidas no processo
devem ser tomadas em consideração pelo tribunal, ainda que não
tenham sido emanadas da parte que deveria produzi-las, o mesmo se
diga dos próprios factos integradores de litígio, podem os mesmos
serem atendidos pelo tribunal, ainda que não tenham sido alegados
pela parte a quem competia essa alegação.
• Princípio da Imediação - consiste no contacto direto entre o julgador
(quem decide a ação), as partes e as testemunhas (quem fornece os
principais elementos de prova que interessam à decisão). Esse contacto
direto, imediato, principalmente entre o juiz e a testemunha, permite
ao responsável pelo julgamento captar uma série valiosa de elementos
(através do que pode perguntar, observar e depreender do depoimento
da pessoa a das reações do inquirido) sobre a realidade dos factos que a
mera leitura do relato escrito do depoimento não pode facultar
• Princípio da Oralidade. É instrumental em relação ao princípio da
imediação. Implica que a produção dos meios de prova pessoal tenha lugar
oralmente, perante o julgador da matéria de facto, sem prejuízo da sua
gravação em registo adequado, art. 480º, nº 1 e 2, do Código do Processo
Civil
• Princípio da Economia Processual. O resultado processual deve ser
atingido com a maior economia de meio. A economia de meios exige que
cada processo, por um lado, resolva o maior número possível de litígios
(economia de processo) e, por outro lado, comporte só os atos e
formalidades indispensáveis ou úteis (economia de atos e formalidades),
art. 7º, art. 130º, etc, todos do C.P.C.
• Celeridade – É este o princípio que atende ao respeito pela utilidade
que a decisão final representa para as partes. Vender ou perder tarde e
a má hora representa, por vezes, não vender ou ter perdido ainda mais
• A justiça deve ser pronta. Aliás, esta exigência é condição do seu próprio
prestígio. O princípio da celeridade processual aflora no facto de as
partes terem o dever de não “requerer diligências meramente
dilatórias”, É mais decididamente nos poderes do Juiz para tornar
pronta a justiça, conforme o art. 7º e 8º, nº 2, do Código de Processo
Civil. Mas ainda em muitos outros preceitos tal princípio se afirma, e até
fora do Código de Processo Civil.

• A título de exemplo, o art. 76º, nº 2, do Código das Custas Judiciais,


sanciona o facto de a parte deixar, por negligência sua, o processo
parado durante mais de dois meses.
• Os atos processuais devem ser praticados tempestivamente e com
remoção de todos aqueles que, pela sua não pertinência ou cunho
meramente dilatório, se oponham ao regular andamento da causa e á
necessidade de se obter a melhor decisão no tempo mais adequado,
art. 145º, 152º, 157º, prazo para a prática dos actos das partes, dos
magistrados e das secretarias, respetivamente, 169º, nº 9º, restituição
do processo confiado
FORMAS DE PROCESSO

 O processo pode ser comum ou especial(Artigo 424.º do CPC)

• O processo especial aplica-se aos casos expressamente previstos na lei. O processo


comum é aplicável a todos os casos que não corresponde uma acção especial.

• O processo comum é o processo-regra. Os processos especiais sãos os processos-exceção.


Determinadas matérias, pela sua natureza ou especificidade, exigem uma tramitação
processual própria e distinta da consagrada no processo comum. Para cada uma dessa
situações , o legislador prevê um conjunta de normas próprias reguladoras da respectiva
tramitação, diferente da que se aplica à generalidade dos casos( previstos nos CPC e todos
aqueles que qualquer outro diploma expressamente o preveja e regule como tal. É o que
acontece com o processo de insolvência e com o processo de recuperação judicial(CRI).
Classificação das ações quanto á forma

• A classificação das ações quanto á forma está relacionada com a tramitação


técnica e processual a que tem que se submeter as acções, segundo o art.
424º, nº1 do Código do Processo Civil, o processo pode ser comum ou
especial.
• Nos termos do nº. 2, do mesmo artigo, o processo especial aplica-se aos
casos expressamente designados na lei, observando-se a todos os outros
restantes o processo comum.

• Os processos especiais são as exceções à forma de processo e o processo


comum é a regra, quanto à forma de processo.

• Processo declarativo comum segue a forma única ordinária, nos termos do


Código do Processo Civil.
• O processo ordinário é abreviado, passando imediatamente da fase de
articulados para a da audiência de discussão e julgamento, sempre que:

• A ação tenha por fim a condenação para a prestação de uma coisa ou de


um facto.

• Facto cujo valor não ultrapasse a alçada do tribunal de primeira instância.


• Deste modo, a primeira operação que devemos fazer quando estamos
perante um caso concreto é examinar se, entre o quadro dos processos
especiais, há algum que se ajuste ao caso de que se trata. Não o sendo,
aplicar-se-ão as regras do processo comum.
• Exemplo de processos especiais:

• Estado Psíquico, Somático e Comportamental dos indivíduos;


• Cessação do arrendamento;
• Expurgação de hipotecas e extinção de privilégios;
• Venda antecipada do penhor;
• Prestação de contas;
• Consignação em depósito;
• Arbitramentos especiais;
• Reforma de títulos, autos e livros;
• Revisão de sentença estrangeira;
• Justificação de ausência e da qualidade de herdeiro, etc…

Os processos especiais estão regulados no art.º814º a1124º, do Código do


Processo Civil.

• Com efeito, para se determinar em certo caso se se deve usar processo
especial ou processo comum, deve utilizar-se o seguinte critério:

Vê-se, sobretudo no título IV, do Livro III do Código do Processo Civil se


algum dos tipos de processos especiais aí contemplados abrange no seu
âmbito de aplicação o caso em apreciação. Em caso negativo, recorre-se
ao processo comum.
ESPÉCIES DE AÇÕES

 A sequência processual pode se dirigir a finalidades diversificadas, consoante o tipo de


pedido que o autor formula ao tribunal ao instaurar o processo.

 O artigo 4.º do CPC distingue:

• Ações Declarativas – o Autor pede ao tribunal que profira uma declaração final de direito,
isto é, uma sentença que ponha fim ao conflito que o opõe ao Réu(Ex. Direito de crédito)

• Ações Executivas – tem por finalidade a realização coativa de uma prestação devida.
Nesta ação passa-se a atuação prática. Nela serão desencadeadas os mecanismos destinados
a, por via coerciva, assegurar ao credor o efetivo recebimento da quantia em cujo pagamento
o réu foi condenado.(Ex.)
• O processo civil abrange duas etapas, uma que visa obter uma ordem
de comando (fase declarativa ou declaratória) e outra que visa a efetiva
concretização desse comando (fase executiva ou executória). Poderá
ainda dizer-se que nem sempre à ação declarativa se segue a executiva
e que esta pode ser instaurada sem precedência daquela.
• Ação declarativa de condenação - art. 4º, nº 2, al. b), do Código do
Processo Civil, tem como origem num estado de violação de um direito.
Na petição inicial o autor, titular desse direito, invoca a violação desse
direito por parte do réu e pede ao tribunal não só:
i. que confirme a declaração da titularidade do direito e da violação.

ii. mas que também condene o réu a realizar uma prestação de reintegração
desse direito.

iii. o autor pede que o réu seja condenado:

1º a pagar certa quantia, ou

2º a entregar certo objeto,

3º a presta qualquer facto, ou

4º mesmo a abster-se de determinada conduta


• A título de exemplo, A empresta a B certa quantia em dinheiro, que o
mutuário se obrigou a restituir em data convencionada. Se B não
cumprir a obrigação assumida, pode A instaurar uma ação judicial,
alegando os factos constitutivos do seu direito e da violação do mesmo
pelo réu, pedindo que o tribunal condene o réu na restituição da
quantia devida.
• Ações de Condenação, aqui o motivo para a instauração da acção está
no facto da falta de cumprimento de uma obrigação por parte do réu.

Obs: Nas ações de simples apreciação não se exige ao réu prestação


alguma, porque se não imputa a falta de cumprimento de qualquer
obrigação, o autor só quer pôr termo a uma situação de incerteza que o
prejudica
• Ações de Simples Apreciação - São aquelas em que se visa obter a
declaração da existência ou inexistência de um direito, de um facto, ou
de um interesse legalmente protegido, conforme art. 4º, nº 2, al. a), do
Código do Processo Civil, sendo de apreciação positiva as primeiras e de
simples apreciação negativa as segundas. Este tipo de acções é
justificado pela necessidade de reagir contra uma situação de incerteza
acerca da existência ou não existência de um direito ou de um facto.
• Ações Declarativas Constitutivas são as que visam, segundo o art. 4º, nº
2, al. c), obter, com a decisão judicial a constituição, modificação ou
extinção de uma relação jurídica. Pretende-se um efeito jurídico, seja
criando uma relação jurídica nova, modifica-la ou extinguindo uma já
existente podendo chamar:

I. às primeira constitutivas stricto sensu.


II. às segundas modificativas e
III. extintivas, ás ultimas.
• Neste tipo de ação o autor não pede a condenação do réu no
cumprimento de qualquer obrigação, nem reage contra uma atitude de
incerteza ou insegurança jurídica, o que este pretende obter através
desta ação é um novo efeito jurídico material a declarar na respetiva
sentença. Nas ações constitutivas stricto sensu.
• Exemplo:

1º A ação constitutivas, stricto sensu, as destinadas a constituir uma servidão


de passagem, proposta ao abrigo do art. 1541º do Código Civil e ação de
preferência, art.º 1390º do Código Civil.

2º Nas ações constitutivas modificativas são exemplo a ação tendente á


mudança de uma servidão, reconhecida pelo art. 1541º, do Código Civil, e a
ação de simples separação judicial de pessoas e bens, prevista no art.º 1722º e
seguintes do Código Civil.

3º No exemplo de ação constitutiva extintivas temos o divórcio litigioso


conforme o art.º 1735º, do Código Civil e ação de despejo, art. 825º e
seguintes, do Código do Processo Civil.
Ações Executivas
• São estas as ações em que o autor pede ao tribunal não uma declaração de
direito, mas as providências materiais adequadas á reparação efetiva do
direito violado, como consta no art. 4º, nº 3, do Código do Processo Civil. O
que se pretende é que a sentença ou um documento com valor igual repare o
direito, não há aqui um conflito a resolver antes uma obrigação a cumprir
coercivamente, uma obrigação a executar.
• As ações executivas podem ser:
i. para pagamento de quantia certa,
ii. entrega de coisa certa e
iii. prestação de facto, positivo ou negativo, como prevê o art.º 426º, nº 3, do
Código do Processo Civil.
• Dos Títulos Executivo
• Do art. 49º, nº 1, do Código do Processo Civil, resulta daqui que para
aceder a uma ação executiva, o credor tem que estar investido de um
titulo executivo, um documento a que a lei reconheça força bastante
para tal, sendo este titulo uma condição necessária para a instauração
de uma ação executiva.

• Espécies de Títulos Executivos – art. 50º, nº 1, do C.P.C este artigo


enumera os títulos executivos, e são títulos executivos só aqueles que
ali constam.
Procedimento Cautelar
• Distintos dos diversos tipos de ações a que nos referimos são os meios
de que o titular pode lançar mãos para acautelar o efeito útil da ação,
art.º 2, parte final.

• As denominadas Providências Cautelares visam precisamente impedir


que, durante a pendência de qualquer ação declarativa ou executiva, a
situação de facto se altere de modo a que a sentença nela proferida,
sendo favorável, perca toda sua eficácia ou parte dela. Pretende-se
deste modo combater o periculum in mora (o prejuízo da demora
inevitável do processo) a fim de que a sentença se não torne numa
decisão puramente platónica.
• E é em face a essa demora que a lei, uma vez mostrada uma mera
probalidade séria da existência do direito, permite que se decrete uma
composição provisória do litígio.

• Provisória porque pressupõe um processo definitivo já instaurado ou a
instaura. Assim, o procedimento cautelar prepara o terreno e abre o
caminho para uma providência final. Di - lo o n.º 1 do art.º 350º, do
C.P.C:
• Quando alguém mostre fundado receio de que outrem, antes de a
acção ser proposta ou na pendência dela, cause lesão grave e
dificilmente reparável ao seu direito, pode requerer, a providência
antecipatória ou conservatória para assegurar a efetividade do direito
ameaçado”.
• Se a ação ainda não está proposta. O procedimento cautelar constituiu
mero preliminar dela.

• Se for instaurado como preliminar e conduzir ao decretamento de uma


providência qualquer, essa providência fica sem efeito se o requerente
não propuser a ação principal dentro de trinta (30) dias, art.º357º, n.º1,
al. a), do Código do Processo Civil

• Se a ação já estiver pendente, o procedimento cautelar constituirá um
mero incidente dela e será processado por apenso (a ligação entre os
dois processos reflete-se materialmente na forma como os respectivos
autos, ligados ou atados sistematicamente uns aos outros por linha, são
organizados na secretaria).
• A composição provisória do litígio baseia-se na hipótese de uma futura
composição definitiva, favorável ao requerente.

• Se a decisão final, do processo principal, for desfavorável ao autor as


providências provisórias caducam, al.c) e d), do n.º1, do art.º 357º.

• Na apreciação de um procedimento cautelar solicitado, o Juiz deve


contentar-se apenas com a uma probabilidade séria de existência do
direito, art.º 354º, nº 1. O autor, por seu lado, em vez de demonstrar o
perigo do dano invocado, mostrará tão-somente que é fundado
(compreensível ou justificado) o receio da sua lesão.
Procedimento Cautelar em Especial
• As providências cautelares se subdividem em nominadas (ou
especificadas e inominadas (ou não especificadas).

• Providências Cautelares Nominadas ou Especificadas:

Alimento Provisório;
Restituição Provisória de Posse;
Suspensão das Deliberações Sociais;
Arresto;
Embargo de Obra Nova e o
Arrolamento.
• Alimento Provisório, art. 361º a 366º. Como pendência da acção em que principal ou
acessoriamente se peça a prestação de alimentos, pode ser requerida a fixação de uma
quantia mensal que o interessado deva receber a título de alimento provisório, enquanto
não houver sentença exequível na ação.

• Restituição Provisória de Posse, art. 367º a 369º, do C.P.C. Neste tipo de procedimento o
requerente (esbulhado) pede ao tribunal que obrigue ao requerido (esbulhador), que lhe
devolva aquilo que com violência pretende tomar.

• Suspensão de Deliberação Social, art. 370º a 372º. Se alguma associação ou sociedade, for
qual for a sua espécie, tomar deliberações contrárias à lei, aos estatutos ou contrato,
qualquer sócio pode requerer, no prazo de dez (10) dias, a suspensão da eficácia dessas
deliberações, justificando a qualidade de sócio e mostrando que essa deliberação pode
causar dano apreciável.

• Arresto, art. 373º a 379º, do C.P.C. Este procedimento emprega-se quando o credor tenha
justo receio de perder a garantia patrimonial do seu crédito – pode dissipação ou ocultação
dos bens por parte do devedor
• Arresto, art. 373º a 379º, do C.P.C. Este procedimento emprega-se quando o credor
tenha justo receio de perder a garantia patrimonial do seu crédito – por dissipação
ou ocultação dos bens por parte do devedor.

• Exemplo:

A, credor de B, verifica que o B está a esbanjar rapidamente os seus, de tal modo
que quando o tribunal vier a proferir a decisão final corre B já não terá meios para
pagar ou restituir a coisa.

• Deste modo o ARRESTO consiste numa apreensão judicial de bens, a qual são
aplicáveis as disposições relativas à penhora. Consiste na colocação de bens
suficientes para satisfação da dívida numa situação de indisponibilidade.

• Neste tipo de procedimento o arrestado (requerido) não será ouvido previamente,


art.º 376º, nº 1, do C.P.C.
• Embargo de Obra Nova, art. 380º a 386º, do C.P.C. Consiste na
possibilidade do requerente, requerer a suspensão imediata de
determinada obra.

• Exemplo:
A inicia a construção de uma casa; B entende que esta casa é ofensiva do
seu direito de propriedade. Pede ao tribunal que manda suspender a obra
• Arrolamento, art.º387º a 392º. Visa afastar o perigo de insatisfação do
direito em consequência da demora da decisão definitiva pelo justo
receio de extravio ou de dissipação de bens, mobiliários ou de
documentos.
Exemplo:
A comprou a B uma biblioteca. B, antes de entregar a biblioteca a A,
começa a vender alguns livros. A pede o arrolamento dos livros.
• Em termo de resumo:

• O ARRESTO, visa garantir o pagamento de uma determinada quantia;

• O ARROLAMENTO,

• O EMBARGO DE OBRA NOVA e

• A RESTITUIÇÃO PROVISÓRIA DA POSSE, visa garantir direitos sobre coisas ou


obrigações de prestação de coisas.

• Providência Cautelar Não Especificados ou Inominadas – vem regulada nos


art. 350º e seguintes, do Código do Processo Civil.

• Alçada dum tribunal, é o limite do valor das causas dentro do qual o
tribunal julga sem admissibilidade de recurso ordinário.
• Em Cabo Verde as alçadas dos tribunais vêm reguladas na Lei
88/VII/2011, de 14 de Fevereiro, que regula a Organização, Estrutura e
Funcionamento dos tribunais judiciais, no seu artigo 19º.

Alçada:
• Tribunais de Comarca = 500.000$00
• Tribunais de Relação = 3.000.000$00

• O processo comum de execução segue a forma única, segundo o nº 1,


do art. 426º, do Código do Processo Civil.
Processos de jurisdição litigiosa versus Processos de
jurisdição voluntária.
• Esta classificação das ações tem como critério os interesses em discussão.
Para haver uma ação judicial tem que haver a existência de um conflito de
interesses, litigio entre as partes.
• É por necessidade de resolver este litígio que se recorre à via judicial,
sendo que o autor pretende que o reconhecimento da sua pretensão seja
reconhecida através da ação, por outro lado o réu contestando, pugnará
pela absolvição.
• Mas também há ações que visam resolver um conflito de interesses,
isto é, regular judicialmente um interesse que é comum a ambas as
partes, são estes os chamados processos de jurisdição voluntária ou
graciosa, porque aqui não há lugar ao litígio e ao conflito, ao contrário
da jurisdição contenciosa:
• Os processos de jurisdição voluntária, implicam uma tramitação
especial, por isso se chamam processos especiais está entre os art.
1054º e 1124º, do Código do Processo Civil. Nestes processos de
jurisdição voluntária vigora o princípio da livre atividade inquisitória do
tribunal, quer isto dizer que o tribunal poderá não só reconhecer os
factos trazidos para os autos pelos interessados, como também os
trazidos por quaisquer outros que sejam relevantes para a resolução da
questão, art. 471º e 472º, do Código do Processo Civil. (Principio da
Aquisição Processual)
• Ao contrário no que sucede nos processos de jurisdição contenciosa, em
que o tribunal só se pode submeter ao critério da legalidade estrita, art.
8º, nº2 Código Civil e 1056º, (Princípio da Legalidade), nestes processos
de jurisdição voluntária impera o principio da equidade, podendo o juiz
decidir como lhe parecer mais adequado e oportuno para a questão em
causa.

• As resoluções proferidas neste processo podem ser alteradas com


fundamento em circunstâncias supervenientes art. 1057º, nº 1, do
Código do Processo Civil, também neste processo é obrigatório a
constituição de advogado art. 1055º, do Código do Processo Civil.
Dos Atos Processuais

Vimos, atrás, que a lei estabelece o princípio da limitação dos atos, art.º130º,
do C.P.C.
A lei processual regula, ainda, a língua que deve ser utilizada nos atos
processuais, art.º 132º; fala dos meios de expressão e comunicação nos surdos
e mudos art.º134º, refere, também, dos dias em que se suspende a prática de
actosart.º136º, todos do C.P.C.

Segundo o art.º136º “os atos judiciais não podem ser praticados nos sábados,
domingos, dias feriados, férias judiciais e em geral nos dias em que, por
disposição legal ou determinação da entidade competente, os tribunais estejam
encerrados”.
• Admitindo porém, que o princípio de que os atos judiciais não podem ter
lugar nos domingos, nem feriados, nem em dias feriados, nem nas férias
não pode ser absoluto, o mesmo artigo admite exceções:
Assim, excetua as:
• Citações;
• Notificações e os
• Atos que se destinam a evitar danos irreparáveis.

• A expressão “que se destinem a evitar dano irreparáveis” não domina


todo o segundo período do artigo;
• É restrita unicamente à palavra atos. Significa que as citações, as
notificações e as arrematações podem sempre ter lugar m férias, em
dias feriados ou em domingos; não é necessário, para que possam
praticar-se em tais dias, que se destinem a evitar danos irreparáveis.

• Outros atos que não sejam citações, notificações é que se podem


praticar-se em férias, em domingos ou em dias feriados quando visem
evitar danos irreparáveis.

• Exemplo: As providências cautelares


Noção

Atos que conduzem ao exercício dos direitos tutelados pela lei


e promovem a sequência dos trâmites do respetivo processo.

Devem ser praticados nas oportunidades devidas mediante a


observância de prazos – remissão.

Não se praticam nos dias em que os tribunais estiverem


encerrados ou nas férias judiciais – Artigo 136.º.
Forma dos atos

Artigo 131.º - regulado na lei ou forma que melhor se ajuste ao fim.


Ex. Petição ou requerimento
É admitida tramitação eletrónica
• - Lei n.º 33/VIII/2013 de 16 de Julho - que estabelece o regime de meios eletrónicos na
tramitação dos processos judiciais, comunicação de atos e transmissão de peças processuais, com
a consequente desmaterialização dos processos que correm nos serviços do Ministério Público e
nos tribunais, com vista a facilitar o acesso aos serviços de justiça e uma tramitação processual
mais célere e transparente.
• - SIJ – Sistema de Informatização da Justiça - infraestrutura de comunicação de suporte à
tramitação eletrónica dos processos nas instâncias judiciárias e órgãos de policia criminal).
• O envio de peças processuais e quaisquer requerimentos, assim como a prática de atos
processuais em geral por meio eletrónico será mediante o uso de assinatura eletrónica e
pressupões credenciação prévia do utilizador no SIJ.
Língua

 Artigo 132.º

Atos escritos: portuguesa

Atos orais: portuguesa ou materna cabo-verdiana

Documentos em língua estrangeira: deve ser junto a respetiva


tradução
Lugar da pratica dos atos – Artigo 142.º

Regra Geral: na sede do tribunal

Exceção
- Por natureza e finalidade do ato(arrolamento, penhora)

- Por conveniência(julgamento no local)

- Por deferência(inquirição de certas pessoas)


Atos das partes
Meios utilizáveis

Prática pessoal – entregues na secretária

Enviados por correio: vale como data da prática do ato a da efetivação do


respetivo registo postal

Telecópia ou correio eletrónico- aposição de assinatura digital


- Vale com data de prática do ato a da expedição
- Confirmados no tribunal no prazo de 5 dias em caso de ausência de
certificação
Atos da Secretária
• Exames de Processos – Artigo 159.º

 Processos pendentes ou arquivados

Na Secretária
- Pelo MP, pelas partes, por quem tem direito de exercer o mandato judicial ou por
quem tenha interesse atendível mediante autorização do Juiz
- Exceto,
- Processos de Divórcio, união de facto e impugnação de paternidade – partes e
mandatários
- Procedimentos cautelares – requerentes e mandatários e requeridos quando
ouvidos antes de ordenada a providência
- Casos em que a divulgação possa causar danos à dignidade das pessoas
• Fora da secretária

- os mandatários constituídos pelas partes, os Magistrados do MP e quem


exerça patrocínio oficioso podem solicitar, por escrito ou verbalmente, a
confiança do processo para exame fora da secretária – processos pendentes

- Qualquer pessoa capaz de exercer o mandato judicial pode requere exame


de processos findos fora da secretária – desde que seja licito consultá-lo na
secretária

- Na falta de fixação, pelo prazo de 5 dias


- Se o processo não for restituído no prazo o mandatário é notificado para
fazer a entrega e se não apresentar motivo justificativo fica sujeito ao
pagamento de uma multa
- A recusa da confiança pode ser objeto de reclamação
Passagem de certidões
Artigo 161.º

A secretária sem precedência de despacho, deve passar as certidões que


lhe sejam pedidas, oralmente ou por escrito, que lhe forem pedidas
- Pelas partes
- Por quem possa exercer o mandato judicial
- Por quem tenha interesse atendível

Exceto
- Processos que só podem ser examinados pela parte ou mandatário
- Precedendo requerimento escrito com justificação
- Mediante despacho que autorize e fixe os limites da certidão
Nos procedimentos cautelares ainda em segredo, só quem é facultado o seu
exame
As certidões devem ser passadas num prazo de 5 dias ou
imediatamente.

Se houver recusa ou não for passada no prazo, mediante


requerimento do interessado, e após ouvir o funcionário, o Juiz
ordenará apassagem imediata da certidão.
Comunicação dos atos
Artigo 162.º

A prática dos atos judiciais que exijam intervenção dos serviços judiciários
pode ser solicitados a outros tribunais ou autoridades, por
- Mandado – quando o ato deva ser praticado por autoridade que esteja
funcionalmente subordinada ao tribunal de que se trata – praticado
dentro dos limites de jurisdição do tribunal
- Carta – quando o ato deva ser praticado fora dos limites territoriais da
jurisdição do tribunal. A carta pode ser
i) Precatória - ara ato solicitado a um tribunal ou cônsul cabo-verdiano
ii) Rogatória – para ato solicitado a autoridade estrangeira
Se a comunicação for urgente deve ser utilizado o meio de comunicação mais
rápido e seguro: Fax, email, telefone(documentada nos autos)
Cartas
- Precatórias – 163.º a 166
i) São expedidas pela secretária e dirigidas ao tribunal da comarca
em cuja área deve ser praticado o ato
ii) São assinadas pelo Juiz e conter o estritamente necessário para
realização da diligência
- Cartas rogatórias – 166.º
- Prazo para cumprimento das cartas – 165.º
i) Máximo de 2 meses a contar da expedição
ii) 3 meses, se diligência deve se realizar no estrangeiro
iii) O juiz deprecante pode estabelecer prazo mais curto, se se mostrar
necessário
- Consequências da expedição da carta

i) Não obsta a que o processo continue os seus trâmites normais


que não dependam do objeto dela – 167.º

i) A audiência de julgamento não tem lugar sem a apresentação


da carta ou terminado o prazo para o seu cumprimento –
167.º
Distribuição

Noção: operação pela qual se designa o Juízo em que o processo há-de


correr ou o Juiz que exercerá as funções de relator;
Finalidade: repartição igualitária do serviço do tribunal – Artigo 187.º;
Quando ocorre: segundas e quintas-feiras, pelas 17 horas.
 Se for feriado, primeiro dia útil seguinte. São admitidos papeis entrados
até às 12 horas – Artigo 192.º
Papeis sujeitos à distribuição
i) Que importem começo da causa
ii) Que venham doutro tribunal
iii) Exceto: cartas precatórias, telegramas, mandados ou outros meios para
simples citação, notificação ou citação edital
Atos que não dependem de distribuição – artigo 191.º
Afixação da pauta da distribuição – 197 n.º2
Prazos Judiciais
(art.º 137º, 138º, 140º, 141º, 145º, 152º, 157º)

Significa o período de tempo fixado para se produzir um determinado


efeito processual.
O prazo tem dois extremos, dois pontos. O ponto de inicio ou de partida e
o ponto de termo, o dia de termo. A distância entre os dois pontos marca
a duração do prazo.

• Exemplo:
• O prazo para contestação em processo COMUM ORDINÁRIO tem um
ponto de início (o dia da citação) e um período de tempo (vinte dias),
art. 446º, nº 1, do C.P.C.
Noção

 Ao logo do processo, desde a petição até o trânsito em julgado da sentença, as partes


praticam os mais diversos atos, escritos e orais.

 Principio Geral: os atos devem ser praticados dentro dos prazos fixados pela lei
processual.

 O prazo processual implica a existência de um processo em tribunal e é determinado


pela lei processual ou pelo tribunal.

 O prazo substantivo está contido num diploma não processual.


• O prazo, isto é, o período de tempo que há-de decorrer entre os dois
extremos umas vezes é marcado pela lei, outras vezes por despacho do
juiz, n.º 1, do art.º 137º.

Exemplo de prazos designados pela lei:


Prazo de interposição de recursos (art.º595º, n.º1).

Exemplo de prazo fixado pelo juiz:


O prazo para se realizar as perícias, a vistoria ou avaliação, art.º526º)
Natureza de prazo

1ª Continuidade

O prazo é contínuo, diz o n.º 2, do artigo 137º.

A continuidade do prazo significa duas coisas:

• O prazo começa a correr independentemente de assinação ou qualquer


formalidade;

• Corre seguidamente, mesmo durante as férias, salvo sábados, domingos e


dias feriados.
• Na verdade, não há razão justificável, em regra, para que o decurso do
prazo se interrompa nos dias de descanso judicial. Se o que interessa é
que decorra um certo lapso de tempo, nada importa que alguns dias
abrangidos por messe tempo sejam dias em que os tribunais não
funcionam.
2º Improrrogabilidade

Em princípio, o prazo não pode ser prorrogado, art.º140º. Nesses termos,


findo o período de tempo fixado pela lei ou pelo juiz, não pode este
conceder um prolongamento do prazo.

Porém, a lei admite exceções. E o dispõe o artigo 140º, in fine, Código do


Processo Civil.
“O prazo judicial marcado pela lei é improrrogável, salvo os casos nela
previstos”.
Exemplo:
• Art.º165º, n.º 3, (autoriza a prorrogação do prazo marcado para
cumprimento de cartas...);

• Art.º 526º, n.º2, (prazo para realização de perícias);

• Art.º 446º, n.º5, (faculta a prorrogação ao réu, do prazo para a


contestação.)
• Os prazos podem ser:

• Dilatório e
• Peremtório.


Nos termos do artigo 138º, n.º1 o prazo é DILATÓRIO e PEREMPTÓRIO.
Qual a diferença entre os dois tipos de prazos.
• Artigo 138º, nº 1- O prazo DILATÓRIO a estabelecer uma certa pausa, um
certo compasso de espera, a provocar uma paragem. Difere para certo
momento a possibilidade de realização de um acto ou o inicio da contagem
de um outro prazo;

• Artigo 138º, nº 2- O prazo PEREMPTÓRIO marca o período de tempo dentro


do qual há – de realizar-se um determinado ato do processo. O decurso do
prazo peremptório extingue o direito de praticar o ato, salvo o caso de justo
impedimento
• Exemplo de prazo Dilatório
• A, propõe uma ação ordinária contra B, residente no Tarrafal. O juiz manda
citar o réu por carta precatória e marca a dilação de oito dias, art. 231º, al. b).
O B, é citado, por exemplo, no dia 5 de Fevereiro. Como nos termos do artigo
446º, n.º1, o réu tem vinte (20) dias para contestar, este prazo só começa a
correr passados que sejam dez (10) dias, sobre a data da citação. Isto é, o
prazo de vinte (20) dias começa a contar a partir do dia 15 de Fevereiro.

• Assim, o prazo de dez (10) dias que se interpõe entre o dia da citação e o
começo da contagem do prazo para a contestação é o prazo dilatório, porque
visa dilatar, demorar, suspender o início do prazo de vinte (20) dias designado
na lei para contestação.

• Exemplo de prazo peremptório
• Prazo para interposição de recurso, prazo para oferecimento dos
articulados, etc.
• Nos termos do artigo 138.º, n.º 3“o decurso do prazo peremptório
extingue o direito de praticar o ato”.
• Assim, este efeito produz automaticamente, pelo simples facto de ter
expirado o prazo legal; não é necessário que o juiz o declare.
• O réu tem vinte (20) dias, para contestar, art.º446º;

• O vencido tem dez (10) dias, para interpor recurso, art.º 595º, n.º1;

• As partes têm dez (10) dias para apresentar testemunhas, art.º 468º, nº 2, do
Código do Processo Penal.

• Se estes prazos ultrapassarem sem que a contestação seja oferecida, o


recurso interposto, as testemunhas apresentadas, o réu já não pode
contestar, o vencido não pode recorrer, as partes não podem apresentar
testemunhas.
Atenção

Importa ter cuidado extremo na contagem;

Qualquer engano pode ser fatal;

Marcar com tinta vermelha: “Finda prazo de……”

Prazos de peças processuais: Conveniente “comer-se um ou dois dias”


O Advogado pode ser responsabilizado por omissão dos seus deveres se
falhar um prazo.
Quanto a Natureza:

Substantivos – 279.º CC

Adjectivos ou processuais – 137.º CPC


Quanto a Fonte – 137.º n.º 1 do CPC

Legais:
Marcados por lei

Jurisdicionais:
Fixados por despacho do Juiz
Quanto aos efeitos

 Peremptórios :
Período de tempo dentro do qual um acto pode ser realizado.
O seu decurso extingue o direito de praticar o acto.
 Dilatórios:
É o prazo a partir do qual o prazo peremptório é contado. Consitui uma adição ao prazo
peremptório.
Ex. prazo de contestação do Réu residente noutra comarca ou citação em pessoa diversa.
Diferem para outra altura a possibiliddae de prática do acto ou inicio da contagem dum
outro(dilação) - 231.º.
 Se a um prazo dilatório se segue o decurso de um prazo peremptório, os dois contar-se-ão
como sendo um só – 141.º
Circunstâncias que justificam aumento do prazo.

Ex. Reside fora da Comarca. Organizar a defesa. Advogado na


comarca onde decorre o processo. Reduzir custos de
deslocação. Necessidade de agendar encontro com o
Advogado.
Características do Prazo Judicial

Continuo
- Pois, começa a correr independentemente de qualquer formalidade
- Corre de seguido, embora
- Suspende
i) sábados, Domingos e feriados
ii) Na contagem do prazo não se inclui o dia a hora em que tenha
ocorrido o evento a partir do qual começa a correr o prazo - 279.º
do CC
- Prazo que termina em dia de tolerância de ponto passa para o
primeiro dia útil seguinte – 137. n.º 3
Regra: Improrrogabilidade dos prazos processuais – 140.º

Excepção : casos determinados na lei – 446.º n.º 5 462 n.º 6


Prazo Supletivo

Artigo 145.º - cinco dias


Prática do Ato Fora de prazo

Artigo 138 . N. 4
Justo Impedimento – artigo 139.º

Você também pode gostar