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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA 4° VARA DA FAZENDA PÚBLICA

DA COMARCA DA CAPITAL TERESINA - PIAUÍ


Isabella, brasileira, empresário, inscrito no CPF sob o nº 000000-00 e portador do RG
sob o nº 000000-00, residente e domiciliado a Rua: Santo André n°23 bairro:
Campestre município de Teresina - Piauí, por intermédio de sua procuradora, que está
subscreve, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, propor a presente ação
de:

AÇÃO ANULATÓRIA DE LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO COM PEDIDO LIMINAR

EM FACE:

De Município de Teresina Estado de Piauí, pessoa jurídica de direito público interno,


inscrito no CNPJ sob o nº 8888888-00000, representado pelo Prefeito Municipal, o Sr.
Jose, brasileiro, solteiro, inscrito no CPF/MF sob o nº 777777-77 RG. 444444-44,
residente e domiciliado Rua: Guara n° 91 bairro campestre município de Teresina -
Piauí, pelos fatos e fundamentos que se seguem:

1. DOS FATOS

A Autora é proprietária de um imóvel fruto de herança deixado pelos pais no qual está
localizado na Rua: Santo André n°89 Bairro: Campestre Município de Teresina – Piauí.
Ocorre que em janeiro de 2021 o Prefeito de Teresina sancionou uma lei municipal
que aumentou a alíquota de Imposto de Propriedade Territorial Urbana (IPTU) de 3%
para 15% do valor venal do imóvel, valendo o aumento para aquele mesmo mês e
cobrado em um boleto de fevereiro de 2021.
Surpreendida pela inesperada despesa com esse tributo, a autora não pôde mais
pagar os seus impostos, no qual no mês de março de 2021, teve os impostos inscritos
na Dívida Ativa do município desse modo foi citada para a cobrança dos atrasados,
multas e honorários advocatícios. Após 5 meses a autora se viu com uma dívida no
qual atualmente se perfaz o valor de R$ 110.000,00. Dessa forma não tendo outra
alternativa a não ser procurar ajuda judicialmente para resolver essa cobrança
abusiva.

2. DO DIREITO

O lançamento tributário da contribuição (IPTU) em tela não pode prosperar, devendo


ser declarada nula por V. Exª, vez que a ré deixou de observar os requisitos do artigo
art. 150, inciso I e III – B, C, da Constituição Federal; infringiu a Lei de modo que não
respeitou os princípios constitucionais da legalidade.
a. DA INOBSERVÂNCIA DOS REQUISITOS DO ART. 150 I, III:

Dispõe o artigo 150 I E III do CTN, requisitos cujos não foram respeitados pela ré ao
efetuar o lançamento do tributo em tela. Pois reza o artigo referido que:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é


vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I - Exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;
III - cobrar tributos:
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que
os houver instituído ou aumentado;
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os
instituiu ou aumentou; (Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei
que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

Como visto no art. Citado acima a cobrança é ilegal e não deve prosperar visto
que inflige a lei da legalidade, visto uma vez que foi lançado sem lei que o
estabeleça, não pode ser cobrado antes dos 90 dias após ser publicado a lei
que autorize o aumento, desse modo o valor cobrado se torna ilegal.

b. DA BASE DE CÁLCULO

Para apurar o quantum tributário devido pelos autores, que deveriam custear as
despesas de IPTU, adotou a ré procedimento ilegal, em contradição ao artigo 150 do
CTN e orientações da doutrina e jurisprudência. Pois, em vez de adotar como base de
cálculo o percentual perante a o princípio da legalidade, a ré preferiu equivocadamente
calcular o custo para cada autor/contribuinte mediante o previsto em lei.

Ora, dispõe o artigo 150 do CTN que:

Portanto, para que haja um lançamento de contribuição coerente, a legislação


tributária há de se respeitar o quantum de acréscimo patrimonial individualmente
verificado. Ninguém pode ser compelido a recolher, a esse título, quantia superior à
vantagem que sobreveio a seu imóvel, por virtude da realização da obra pública.
Extrapassar esse limite representaria ferir, frontalmente, o princípio da capacidade
contributiva, substância semântica sobre que se funda a implantação do primado da
igualdade, no campo das relações tributárias.

c. Do Princípio da anterioridade
Dito acima a ré deixou de observar o Artigo 150, III, b, da Constituição Federal na qual
é uma importante garantia contra a tributação surpresa que impede a organização
fiscal e econômica dos contribuintes. A CF dispõe que é vedado à União, aos Estados,
ao Distrito Federal e aos Municípios cobrar tributos no mesmo exercício financeiro em
que tenha sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou. Em regra, os tributos não
poderão ser cobrados no mesmo ano do exercício financeiro em que a lei que os
institui ou aumentou foi publicada.
Assim, se uma lei que institui ou aumenta um tributo é publicada em 2021, somente
em janeiro de 2022 é que esse tributo poderia ser cobrado, de acordo com as novas
regras e valores.

d. DO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA LEGALIDADE

Conforme narrado nos itens acima e com os documentos acostados aos autos, ficou
demonstrado que a ré deixou de observar os artigos 146, 148 ,154 e 150 e incisos do
CTN:

Percebe-se, pois, que a ré, na verdade, deixou de aplicar ao caso concreto o princípio
constitucional da legalidade, previsto no artigo 37 da Constituição Federal, o qual
dispõe que: "A Administração Pública direta e indireta, de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios da
legalidade".

Vale dizer que todo ato praticado pela Administração Pública tem que ser previsto em
lei, de tal forma que podemos afirmar que a legislação municipal da ré vem a
complementar o Código Tributário Nacional, cujas disposições não poderiam ser
inobservadas por parte da ré que veio a infringir o artigo 37 da Constituição Federal.

Nesse sentido, vale registrar os ensinamentos do Professor CELSO ANTONIO


BANDEIRA DE MELLO [2], a saber:

"Os preceptivos da Constituição brasileira, retrotranscritos, respondem com precisão


capilar a objetivos fundamentais do Estado de Direito e exprimem com rigor o ideário e
as preocupações que nele historicamente se substanciaram, pois, seu projeto é o de
que vigore o governo das leis e não o dos homens. Ou seja: a rule of law, not of men,
conforme a assertiva clássica oriunda do Direito inglês. Nos aludidos versículos
constitucionais estampa-se o cuidado que engendrou a tripartição do exercício do
Poder, isto é, o de evitar que os Poderes Públicos se concentrem em um 'mesmo
homem ou corpo de principais', para usar das expressões do próprio Montesquieu,
cautela indispensável, porquanto, no dizer deste iluminado teórico: 'é uma experiência
eterna a de que todo homem que tem poder é levado a abusar dele; ele vai até que
encontre limites”.
Disse Fritz Fritz Fleiner [3]: “Administração legal significa, pois: Administração posta
em movimento pela lei e exercida nos limites de suas disposições”. O eminente
Professor de Coimbra Afonso Rodrigues Queirós proferiu os seguintes preciosos
ensinamentos: “A atividade administrativa é uma atividade de subsunção dos fatos da
vida real às categorias legais”. Ou: “O Executivo é a longa manus do legislador'.
Renato Alessi indica que a atividade administrativa se subordina à legislativa tanto em
um sentido negativo (proibições concernentes a atividades, finalidades, meios e
formas de ação) quanto em um sentido positivo, significando este último não apenas
que a lei pode vincular positivamente a atividade administrativa a determinadas
finalidades, meios ou formas, mas que, sobretudo no que concerne a atividades de
caráter jurídico, a Administração 'pode fazer tão-somente o que a lei consente”.

Conclui-se, pois, que os lançamentos tributários de (IPTU) do autor deve ser declarado
nulo, por estar em total desacordo com a legislação municipal, com o CTN e com a
Constituição Federal, vez que seus atos deveriam todos estar vinculados à reserva
legal.

e. DO PEDIDO DE LIMINAR

I. Do "Fumus Boni Iuris"

O "fumus boni iuris" demonstra-se na medida em que os lançamentos tributários de


contribuição infringiram o art. 150 e incisos do Código Tributário Nacional combinados
com a Lei Municipal n. 104 e os artigos 146, 148 e 154 da Constituição Federal, e por
todos os argumentos demonstrados acima, e principalmente pelo fato de que não se
configuram "verdadeiras" e "puras" contribuições de melhoria.

II. Do "Periculum in Mora"

Por sua vez, o "periculum in mora" encontra-se patente no receio do autor de ser
autuado pela ré, com inscrição do débito em dívida ativa, o que impossibilitará ao autor
a obtenção de certidões negativas de débito fiscal municipal, por estarem deixando de
recolher as “contribuições de IPTU" flagrantemente ilegais e inconstitucionais, na
medida em que as mesmas se tornaram exigíveis a partir do lançamento tributário.
Ademais, dano grave e de difícil reparação sofrerá o autor se tiver de pagar o tributo,
que é de valor expressivo, para depois repeti-lo em demorada demanda judicial. Ou,
se optarem por não pagar, haverá a inscrição da dívida e o ajuizamento de execução
fiscal, com todos os gravames daí resultantes, além de se sujeitarem a multa e juros
de mora.
Por tais razões, estando presentes o "fumus boni júris" e o "periculum in mora", os
autores requerem a concessão de medida liminar inaudita altera para suspender a
exigibilidade do crédito tributário, nos termos do artigo 151, inciso V, do Código
Tributário Nacional, e a impedir a ré de lançar o nome dos autores no rol de dívida
ativa e ou em quaisquer cadastros administrativos de inadimplentes.

3. DOS PEDIDOS

a. Após concedida a liminar pleiteada, requerem os autores a procedência total da


ação para declarar nulo o lançamento tributário da contribuição IPTU em tela,
desobrigando o autor do seu pagamento, por ser a cobrança ilegal e inconstitucional,
bem como a citação da ré para que conteste, querendo, os termos da presente, sob
pena de revelia;

b. Outrossim, com a procedência da ação, requerem a condenação da ré nas custas e


despesas processuais e honorários advocatícios a serem arbitrados por V. Exª;

c. Protesta-se por provar o alegado pelos meios de provas admitidos pelo Direito.

Dá-se à causa o valor de 110.000,00 (Cento e dez mil) (CPC, art. 259, I).

Nesses Termos, Pede Deferimento.

Teresina, 28 Março de 2023.

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AMANDA C.

OAB/PI 4555.88

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