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1° SIMULADO CURSO CEJUS SALVADOR - gabarito

Peça Prático Profissional


EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA ... DA COMARCA DE
BELO HORIZONTE – MG

Congregação Religiosa Tributaristas na Fé, (CNPJ), (Inscrição), (contrato social em anexo, com todas as
informações qualificadoras necessárias), vem, por meio do seu advogado (procuração em anexo, com
endereço para receber quaisquer intimações, nos termos do art. 39, I, CPC), respeitosamente, perante
Vossa Excelência, com fulcro nos arts. 282 do CPC; 38, parágrafo único, da Lei 6830/80; e, ainda, nos
arts. 151, II e 156, X, ambos do CTN, ajuizar a presente
AÇÃO ANULATÓRIA DE LANÇAMENTO
em face do Município de Belo Horizonte, pessoa jurídica de direito público interno, e sua respectiva
Fazenda Pública municipal, em razão dos fatos e fundamentos a seguir narrados.
I – DOS FATOS.
A Autora é instituição religiosa proprietária de vários imóveis situados no Município de Belo Horizonte.
Ocorre que, em dezembro de 2005, tendo em vista o custo de manutenção de alguns desses imóveis, a
Autora houve por bem alugá-los a terceiros.
Em face disto, foi autuada pela Municipalidade mencionada, exigindo o IPTU relativo aos imóveis
alugados a terceiros, contra o que se insurge e pretende, com a presente ação, conseguir invalidar a
referida cobrança, em razão dos fundamentos de direito a seguir apresentados.
II – DO DEPÓSITO.
A Autora pede autorização para proceder ao depósito do montante integral e em dinheiro do crédito
tributário, com o objetivo de suspender a sua exigibilidade, nos termos do art. 151, II, do CTN e da
Súmula n. 112, do STJ.
menção a súmula 112 STJ c/c art. 151, II do CTN.
III – DO DIREITO.
A questão em tela é bastante conhecida e já foi objeto de amplo debate tanto em âmbito doutrinário,
quanto em âmbito jurisprudencial. Trata-se em saber se o aluguel, à terceiros, de imóveis pertencentes à
instituição que presta assistência social, sem fins lucrativos, é condição suficiente ao cancelamento da
imunidade tributária prevista no art. 150, VI, “c”, da Constituição Federal de 1988.
A Constituição Federal de 1988, em seu art. 150, VI, “c”, consagra a imunidade tributária das instituições
de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, em relação aos impostos incidente sobre os seus
patrimônios, rendas ou serviços. Essa imunidade, contudo, só será concedida quando as instituições
comprovarem a ausência de fins lucrativos, atendendo os requisitos da lei.
A lei que regula a matéria é o Código Tributário Nacional que, em seu art. 14, determina que estas
instituições, a uma, não poderão distribuir qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas; a duas,
deverão aplicar integralmente, no país, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais;
e, a três, deverão manter escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades
capazes de assegurar sua exatidão.
Pois bem. A Autora, sem dúvidas alguma, preenche todos os requisitos enunciados pelo dispositivo
citado, de forma que é merecedora da imunidade tributária prevista na norma constitucional, não devendo,
portanto, ser cobrada do IPTU incidente sobre seus imóveis.
No particular, convém mencionar que o fato de alugar os seus imóveis a terceiros não faz com que a
imunidade tributária – que efetivamente possui – lhe seja excluída. Isso porque, como reza o Supremo
Tribunal Federal, em sua Súmula n. 724, os imóveis pertencentes a qualquer das entidades previstas no
art. 150, VI, “c”, da Constituição Federal permecerão imunes ao IPTU nas hipóteses em que o valor dos
aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais de tais entidades.
Ora: todo o valor auferido pela Autora relativo aos aluguéis é reinvestido nos seus objetivos sociais,
concernentes à assistência social a idosos, de modo que não há que se falar em autuação municipal.
Tampouco se poderia concluir que a Lei Municipal n. 10.000/2000 permitiria tal cobrança – ao afirmar
que o aluguel a terceiro tem o condão de desconstituir a imunidade tributária relativa ao patrimônio da
entidade –, já que esta viola claramente o quantum descrito acima.

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Diante do inconteste equívoco realizado pela Municipalidade Ré – ao autuar a Autora, mesmo esta sendo
beneficiária de imunidade tributária inequívoca –, é que formaliza pedidos.
IV – DOS PEDIDOS.
a) Requer a citação da Ré, na pessoa do seu representante legal;
b) Requer a permissão para produção de provas;
c) Requer a condenação da Ré em verbas sucumbenciais e honorários advocatícios;
d) Requer julgue procedente a presente ação para fins de anular o lançamento atacado, reconhecer a
inexistência de débito e declarar extinto o crédito tributário, nos termos do art. 156, X, do CTN;
e) Requer autorização para depósito, conforme ante exposto;
f) Requer reconheça efeito suspensivo da exigibilidade do crédito tributário, porquanto perdure a
presente ação, nos termos do art. 151, II, do CTN;
g) Requer, caso julgada procedente a presente, restituição corrigida e atualizada do valor depositado.
Dá-se à causa do valor R$...
Nestes termos,
Pede deferimento.
Local ... / Data ...
Advogado ... / OAB ...

Questões discursivas
1 - Isenções tributárias concedidas, sob condição onerosa, não podem ser livremente suprimidas.
Art. 178 - A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas condições, pode ser
revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo, observado o disposto no inciso III do art. 104.

questão 1: súmula 544 STF.


2 - Art. 98. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária
interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha.
Art. 5 § 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do
regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do
Brasil seja parte.
Lei posterior revoga lei anterior/ Lei especial revoga lei geral etc...

3- O Supremo Pacificou o entendimento que remédios manipulados fabricado por encomenda tem-se um
contrato de prestação de serviço. Desta forma, tributa-se com o ISS. Mas, quando é para o mercado em
geral tem-se o ICMS
O ICMS(155, II) só incidirá sobre o produto que não foi feito especificamente. Ao passo, que o outro
feito especificamente para a mulher logo é ISS (156, III).
Ou seja, salta aos olhos que a preponderância da atividade é o serviço prestado e não a venda do produto
elaborado.
Em conclusão, temos, portanto, incidência do ISS quando há a prestação de serviços de medicamentos
manipulados para pacientes ou usuários específicos, feitos exclusivamente para uso individual. Temos,
também, incidência do ISS nos trabalhos ambulatoriais exercidos por farmacêuticos, tais como aplicação
de injeções, curativos e outros. Por outro lado, temos a incidência do ICMS quando os produtos
manipulados são destinados à venda em geral, sem encomenda específica.

Dicas Adicionais:
ISS é obrigação de fazer.
SOFTWARE DE PLATELEIRA – ICMS
SOFTWARE POR ENCOMENDA – ISS
GRAVAÇÕES DE CD E DVD.
Se destina-se ao mercado será ICMS.
Se prestação de serviço especifico – ISS. Ex. Casamento.
questão 3: súmula 156 STJ (mesmo raciocínio).
4 - Súmula Vinculante 19
A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou
destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, não viola o artigo 145, II, da Constituição
Federal.
Súmula Vinculante 29

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É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da base de cálculo
própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre uma base e outra.

5 - Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das
entidades referidas pelo art. 150, VI, c, da Constituição, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado.
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais
dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os
requisitos da lei;
questão 5: súmula 724 STF.

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