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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ...

VARA CÍVEL DA
COMARCA DO MUNICÍPIO ABC

ATANAGILDETINA, estado civil, profissão, RG e CPF de n°, domiciliado na .... , por meio
de sua advogada que esta subscreve (instrumento de mandato incluso), com escritório na ...
bairro, cidade, Estado, onde receberá as devidas intimações, nos termos do art. 103 do Código de
Processo Civil de 2015, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fundamento
nos arts. 38 da Lei 6.830/80, 319 e 300, ambos do Código de Processo Civil de 2015, propor
presente

AÇÃO ANULATÓRIA DE DÉBITO FISCAL COM PEDIDO DE


TUTELA PROVISÓRIA ANTECIPADA DE URGÊNCIA

de rito ordinário, em face do Município ABC, pessoa jurídica de direito público interno, por meio de
seu procurador, com endereço para citação na ... bairro, cidade, Estado do Amapá, pelos motivos de fato e
de direito a seguir aduzidos:

I – DOS FATOS
Em 31 de Dezembro de 2021, o Prefeito do Município ABC publicou no diário oficial o decreto n°
334/21, que determinou a atualização do cálculo de base do Imposto sobre a Propriedade
Territorial e Predial Urbana (IPTU) em percentual suepeior ao índice de oficial de correçãp
monetária e a majoração da alíquota do IPTU para todas as propriedades localizadas na Zona
urbana do Município ABC, além de aplicação de multa de 120% (cento e vinte porcento) sobre
o valor devido. O decreto entrou em vigor dia 1° de Janeiro de 2022 e o município
imediatamente iniciou a emissão dos carnês de cobrança do IPTU.
A Autora, proprietária de uma residência localizada no município ABC, fora surpreendida com uma
cobrança de pagamento e imposição de multa de 120% em cima do valor em caso de atraso, exigindo o
pagamento do IPTU sobre a residência.
Não concordando com a referida exação, não resta à Autora outro meio senão a propositura da presente
ação.

II – DO DIREITO

a) Cabimento da medida judicial


A ação anulatória de débito fiscal, nos termos do art. 38 da Lei 6.830/1980, resta cabível ante a
existência de lançamento tributário indevido, podendo ser interposta a tutela provisória
antecipada de urgência para suspensão da exigibilidade do crédito tributário.

b) Do mérito
Conforme o exposto, a Autora foi surpreendida com a cobrança indevida feita pelo município.
De acordo com o art. 150, I, da CF/88, é vedado aos Entes tributantes, entre eles os Municípios, aumentar
tributo sem lei que o estabeleça.

Ademais, a corroborar o exposto acima, impende destacar a dicção dos §§ 1º e 2º, do art. 97, do CTN, que
destacam a necessidade de lei para atualização em bases de cálculo de impostos, com índices acima da
correção monetária do período.

O Decreto, na realidade, não atualizou apenas a base de cálculo do imposto, mas, sim, estabeleceu um
aumento real, portanto acima da correção monetária do período, o que somente poderia ter sido exigido por
meio de ato emanado do Poder Legislativo Municipal, isto é, lei, jamais um ato do Poder Executivo.

A doutrina é clara a respeito dessa questão, como ensina, por exemplo, o ilustre professor CARRAZA, em
sua obra “Direito Constitucional Tributário”, na fl. 168 :

“Não é por motivo que se tem sustentado que em nosso ordenamento jurídico vige, mais do que o princípio
da legalidade tributária, o princípio da estrita legalidade. Aliás, hoje mais do que nunca, como logo veremos,
juristas de tomo têm feito empenho no sentido de que os tributos só podem ser criados ou aumentados por
meio de lei ordinária, exceção feita aos empréstimos compulsórios, aos impostos residuais da União e às
contribuições socais previstas no § 4º do art. 195 da CF, que demandam lei complementar para serem
validamente instituídos”.

Ensina também, o mesmo Autor, na referida obra:

“Laboram em equívoco, portanto, os que sustentam que o Chefe do Executivo, no que tange à tributação,
pode terminar a obra do legislador, regulamentando tudo o que ele apenas descreveu com traços largos. Na
verdade, a faculdade regulamentar serve para ressaltar alguns conceitos menos claros contidos na Lei, mas
não para agregar-lhes novos componentes ou, o que é pior, para defini-los do nada. Entendimento contrário
viola o princípio da legalidade em sua própria essência”. (fl. 170)

A jurisprudência é clara e pacífica a respeito dessa questão. Nesse sentido, vale trazer à colação a Súmula
160 do STJ, a saber:

“É defeso, ao Município, atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual superior ao Índice oficial de
correção monetária”.

Com efeito, fica demonstrada, à saciedade, que a majoração da base de cálculo do IPTU, ou seja, a
atualização do valor venal dos imóveis acima da correção monetária oficial, mediante Decreto do Poder
Executivo, viola frontalmente o princípio da legalidade, consagrado no art. 150, inciso I, da CF, combinado
com o art. 97, §§ 1º e 2º, do CTN.

c) Da concessão de tutela provisória antecipada de urgência


Conforme determina o art. 300 do Código de Processo Civil de 2015, a tutela antecipada ser concedida,
de forma total ou parcial, desde que haja comprovação da existência de probabilidade do direito e o perigo
de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
O perigo de dano resta amplamente demonstrado pela existência de imunidade específica para o IPI
quando da exportação de produtos industrializados para o exterior, nos termos do art 153, § 3.º, III, da
Constituição Federal.
Já o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo passa a ser demonstrado pela iminência da
inscrição do débito em dívida ativa, com o consequente ajuizamento da execução fiscal, podendo acarretar a
inviabilidade econômica da Autora.
Destarte, requer a concessão de tutela provisória antecipada de urgência para os fins de suspensão da
exigibilidade do crédito tributário, nos termos do art. 151, V, do Código Tributário Nacional.

III – DO PEDIDO
Ante o exposto, requer:
a) a concessão de tutela provisória antecipada de urgência, mediante observância dos requisitos legais
do art. 300 do Código de Processo Civil de 2015, para os fins de suspender a exigibilidade do crédito
tributário, nos termos do art. 151, V, do Código Tributário Nacional;
b) a procedência do pedido, para anular o lançamento tributário formalizado pelo auto de infração,
devido à existência de imunidade tributária, nos termos do art. 153, § 3.º, III, da Constituição Federal;
c) a citação da Ré, na pessoa de seu procurador, no endereço já indicado, para
acompanhar a ação até o seu final;
d) a condenação da Ré ao pagamento das custas processuais e honorários
advocatícios;
e) a dispensa da audiência de conciliação e mediação, nos termos do art. 319, VII,
do CPC.

IV – DAS PROVAS
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos,
notadamente pela prova documental já acostada e outras que se fizerem necessárias
ao esclarecimento do Douto Juízo.

V – VALOR DA CAUSA
Dá-se à causa o valor de R$ ... (valor
por extenso). Termos em que, pede
deferimento

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