Você está na página 1de 5

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE

CAMPUS FLORESTA
CENTRO MULTIDISCIPLINAR

ATIVIDADE AVALIATIVA DE TRIBUTÁRIO II

Carlos Henrique Ferreira das Neves


Heliton de Castro e Silva Júnior
Érico Bruno Moura Magalhães
Maria Beatriz Uchôa de Brito

CRUZEIRO DO SUL, ACRE


FEVEREIRO DE 2023
AO JUÍZO DE DIREITO DA VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA
DE ..., NO ESTADO DO ACRE

JURUCOMPRAS, pessoa jurídica de direito privado, CNPJ...,


com sede..., por seu advogado, procuração em anexo, com escritório na..., endereço que
indica para fins do art. 77, V, do CPC, com fundamento no art. 5º, inciso LXIX, da
CRFB/88 e na Lei nº 12.016/09, vem, perante Vossa Excelência impetrar

MANDADO DE SEGURANÇA repressivo com pedido de liminar

em face de ato do Superintendente de Fiscalização, vinculado ao Estado do Acre, pessoa


jurídica de direito público interno, CNPJ..., com sede ...., pelos fatos e fundamentos
jurídicos a seguir:

DO CABIMENTO

É cabível Mandado de Segurança para proteger direito líquido e


certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela
ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no
exercício de atribuições do Poder Público, nos exatos termos do art. 5º, inciso LXIX, da
CRFB/88.

DA TEMPESTIVIDADE
Tem-se por tempestiva a ação visto que o prazo entre a retenção
da mercadoria da Jurucompras pelo Fisco Estadual e a impetração do presente Mandado
de Segurança é inferior a 120 (cento e vinte) dias, satisfazendo, assim, o requisito
exigido pelo art. 23 da Lei nº 12.016/09.

DOS FATOS

A autora constitui-se em sociedade empresária do ramo de


eventos e festas que, para exercer suas atividades, frequentemente transfere bens entre
seus estabelecimentos nos diferentes municípios do Estado do Acre. Ocorre que, mesmo
em havendo apenas o deslocamento físico entre as filiais da Jurucompras, sem que haja
qualquer transferência da propriedade dos bens, o fisco do Estado do Acre tem
entendido pela incidência de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de
Serviços (ICMS) nesse remanejamento. Com o intuito de forçar o pagamento do tributo,
os Auditores Fiscais do Estado já retiveram diversas vezes as mercadorias, prejudicando
a atuação empresarial.

DO DIREITO

De acordo com o art. 155, inciso II, da CRFB/88, compete aos


Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre as operações relativas à circulação
de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e
intermunicipal e de comunicação.
No presente caso, todavia, inexiste fato gerador do ICMS que
justifique o pagamento do tributo como pretende a receita estadual. Isto porque a
circulação dos equipamentos, peças e estruturas da sociedade empresária Jurucompras
ocorre sem que haja transferência de propriedade, apenas transferência física entre as
suas próprias filiais, devendo ser observada, portanto, a Súmula 166 do STJ que
preceitua que não constitui fato gerador do ICMS o simples deslocamento de
mercadoria de um para outro estabelecimento do mesmo contribuinte.
E mais, Excelência. Numa tentativa de forçar o pagamento do
imposto, por diversas vezes, foram retidas as mercadorias da sociedade em comento.
Ora, sob a égide do art. 5º, inciso LIV, da CRFB/88, não há que se falar em privação de
bens sem o devido processo legal, existindo, caso fosse pertinente, os meios adequados
para a cobrança. No mesmo sentido, conforme entendimento sumulado do Supremo
Tribunal Federal, é inadmissível a apreensão de mercadorias como meio coercitivo para
pagamento de tributos (Súmula 323 do STF).
Por fim, cumpre ressaltar que todas as provas necessárias já
estão disponíveis, não restando qualquer dúvida quanto à violação ao direito líquido e
certo.

DA LIMINAR

Em sede de Mandado de Segurança, a concessão de liminar está


prevista no art. 7º, III, da Lei nº 12.016/09.
O fumus boni iuris é evidente diante dos argumentos fáticos e
jurídicos apresentados, em clara violação a dispositivos constitucionais (art. 5º, LIV e
art. 155, inciso II) e a entendimentos sumulados dos Tribunais Superiores (Súmulas 323
do STF e 166 do STJ).
O periculum in mora está presente, pois a cobrança indevida do
ICMS bem como as constantes retenções de mercadorias têm inviabilizado a
continuidade das operações da sociedade empresária.
Isto posto, requer a concessão da medida liminar para que a
autoridade coatora se abstenha de adotar qualquer medida que obstaculize a
continuidade da atividade empresarial da autora, que deixe de exigir o pagamento de
ICMS, na forma no art. 151, IV, do CTN, e que seja feita a devida restituição das
mercadorias já apreendidas.

DOS PEDIDOS

Em face ao exposto, requer a Vossa Excelência:

a) A confirmação da liminar em definitivo para que a autoridade coatora se


abstenha de adotar qualquer medida que impeça a plena continuidade da
atividade empresarial da Jurucompras, na forma do art. 7º, III, da Lei nº
12.016/09, incluindo a não mais exigência de pagamento do ICMS, nos termos
do art. 151, IV, do CTN, bem como que seja feita a devida restituição das
mercadorias já apreendidas.
b) Que se reconheça que não há incidência de ICMS no caso em tela.

c) A notificação da atividade coatora, o Superintendente de Fiscalização do fisco


estadual, a fim de que, no prazo de 10 (dez) dias, preste informações, conforme
prevê o art. 7º, I, da Lei nº 12.016/09.

d) Que seja dada ciência do feito ao órgão de representação judicial do Estado do


Acre, enviando-lhe cópia da inicial sem documentos para que, querendo,
ingresse no feito, em consonância com o art. 7º, II, da Lei nº 12.016/09.

e) A procedência dos pedidos requerendo a concessão da ordem em definitivo.

f) A intimação do representante do MP, nos termos do art. 12 da Lei nº 12.016/09.

g) A condenação do Estado do Acre nas custas processuais.

h) A juntada da prova pré-constituída e demais documentos em anexo.

Dá à causa o valor de .......


Termos em que pede deferimento.

Local.... Data....
Advogado.... OAB.......

Você também pode gostar