(NOME DO EMBARGANTE), nacionalidade..., estado civil ..., profissã o ..., portador do RG
nº ..., inscrito no CPF sob nº ..., sem endereço eletrô nico, residente e domiciliado na Rua ..., nº ..., Bairro ..., Cidade.../Estado..., CEP ..., vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, por seu procurador firmatá rio (procuraçã o em anexo), OAB/..., endereço eletrô nico: ..., com endereço profissional na Rua ..., nº ..., Bairro ..., Cidade.../Estado..., CEP ..., local onde recebe intimaçõ es, com fulcro nos artigos 914 e 915, do Có digo de Processo Civil, opor EMBARGOS À EXECUÇÃO COM PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO à Execuçã o de Título Extrajudicial proposta por (NOME DO EMBARGADO), pelas razõ es de fato e de direito que seguem. I – DA PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO: O embargante é pessoa idosa, com atualmente ... (nú mero por extenso) anos de idade, conforme documento de identificaçã o anexo, motivo pelo qual faz jus a tramitaçã o preferencial do processo, nos termos dos artigos 1.048, I, do Có digo de Processo Civil e artigo 71, caput, da Lei nº 10.741/2003 ( Estatuto do Idoso). II- DA CONCESSÃO DE JUSTIÇA GRATUITA: Preceitua os artigos 98 e 99, § 3º, do Có digo de Processo Civil: Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei. Art. 99. [...] § 3º. Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural. Nestes termos, cumpre consignar que há presunçã o de hipossuficiência da pessoa física que assim se declarar. Nada obstante, munido de boa-fé, apresenta o embargante có pia de comprovante de rendimentos atualizado, de forma a comprovar a insuficiência de recursos, nã o tendo condiçõ es de arcar com as custas do processo sem prejuízo de sua sobrevivência. Na aná lise do pedido de gratuidade de justiça, em hipó tese alguma pode ser afastado ou restringido os dispositivos constitucionais insculpidos no artigo 5º, incisos XXXV e LXXIV, tendo em vista que o princípio da efetividade impõ e ao intérprete da lei a vontade constitucional: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; [...] LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos; [...] Nesse sentido é a liçã o de Luis Roberto Barroso: Efetividade significa a realização do Direito, a atuação prática da norma, fazendo prevalecer no mundo dos fatos os valores e interesses por ela tutelados. Simboliza, portanto, a aproximação, tão íntima quanto possível, entre o dever-ser normativo e o ser da realidade social. O intérprete constitucional deve ter compromisso com a efetividade da Constituição: entre interpretações alternativas e plausíveis, deverá prestigiar aquela que permita a atuação da vontade constitucional, evitando, no limite do possível, soluções que se refugiem no argumento da não-aplicabilidade da norma ou na ocorrência de omissão do legislador. Pelo exposto, requer seja concedida ao autor o benefício da justiça gratuita, nos termos do artigo 5º, incisos XXXV e LXXIV, da Constituiçã o Federal, e artigos 98 e 99, § 3º, do Có digo de Processo Civil. III- DA GARANTIA DO JUÍZO: O embargante deixa de indicar garantia ao Juízo, tendo em vista que, conforme fl. ... dos autos, foi averbada notícia da presente execuçã o junto ao DetranRS, no registro de um veículo de propriedade do embargante, estando o bem com restriçã o para a garantia da execuçã o. Desta forma, cabíveis os presentes embargos, devendo os mesmos serem recebidos e processados, suspendendo-se o processo de execuçã o até o deslinde dos presentes embargos. IV- DO EFEITO SUSPENSIVO: Trata-se de Execuçã o de Título Extrajudicial em que o embargado pleiteia o pagamento de quantia de R$ ... (valor por extenso) por parte do embargante. É notó ria a situaçã o de crise econô mica vivenciada no país, agravada pela pandemia do Coronavírus (Covid-19), sendo desnecessá rio aludir que a execuçã o de quantia tã o elevada representa instabilidade financeira insuperá vel. Nã o obstante, o interesse pela segurança jurídica é tutelado mesmo constitucionalmente. Ademais, a probabilidade do direito invocado pelo embargante está demonstrada, nos termos do art. 300 do CPC, uma vez que a jurisprudência tem, reiteradamente, reconhecido a nulidade das execuçõ es que nã o preenchem os requisitos legais, como é o caso dos autos, em que o título apresentado (notas promissó rias), carecem de certeza e liquidez, bem como que as assinaturas apostas, como emitente das cá rtulas, nã o sã o de titularidade do embargante. Nesse mesmo sentido, importante referir que, em face do alto valor executado, a restriçã o e alienaçã o de bens do embargante, antes do resultado definitivo dos embargos, é um risco ao resultado ú til do processo, pois o embargante apresenta uma tese consistente e fundamentada da ausência de exeqü ibilidade do título. Por outro lado, a suspensã o temporá ria das cobranças nã o importa em irreversibilidade da medida, prevista no art. 300, § 3º do Có digo de Processo Civil, tampouco acarretará qualquer prejuízo ao embargado, que poderá retomar a cobrança dos valores, caso eventualmente declarados devidos, ainda, qualquer saldo, tã o logo decididas as questõ es ora debatidas. Isso posto, requer a concessã o do efeito suspensivo, nos termos do artigo 919, § 1º, do Có digo de Processo Civil, haja vista que, conforme fl. ... dos autos, foi averbada notícia da presente execuçã o junto ao DetranRS, no registro de um veículo de propriedade do embargante, estando o bem com restriçã o para a garantia da execuçã o. V- DOS FATOS: Trata-se de Execução de Título Extrajudicial, proposta pelo embargado em desfavor do embargante, objetivando o pagamento da quantia de R$ ... (valor por extenso), atualizada, representada pelas notas promissó rias de fls. ..., nos valores de R$ ... (valor por extenso), com vencimento em ..., R$ ... (valor por extenso), com vencimento em ..., e R$ ... (valor por extenso), com vencimento em ... Alega o embargado que os valores executados tiveram origem no fornecimento de ... ao embargante, de forma à prazo e que, apesar de tentar realizar a cobrança, de forma amigá vel com o embargante, o valor ainda se encontra pendente de pagamento. Todavia, a presente execução deve ser declarada nula e extinta, nos termos dos fundamentos jurídicos que seguem. VI- EM PRELIMINAR DA ILEGITIMIDADE PASSIVA Inicialmente, cumpre destacar que, nos termos do artigo 917, VI, do Có digo de Processo Civil, a parte pode alegar, em sede de embargos à execuçã o, “qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em processo de conhecimento”. Assim sendo, é permitido ao embargante que sejam deduzidas, em sua defesa à presente execuçã o, as matérias arroladas no artigo 337, do Có digo de Processo Civil. A legitimidade de parte ou legitimidade para a causa se refere ao aspecto subjetivo da relaçã o jurídica processual, ou seja, trata-se do pó lo ativo e passivo da açã o. O Có digo de Processo Civil, no artigo 17, dispõ e que “Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade.” A relaçã o jurídica processual deve ser composta pelas mesmas partes que compõ em a relaçã o jurídica de direito material que originou a lide. Sendo assim, autor e réu devem ter uma relaçã o jurídica de direito material que os una para que sejam partes legítimas para integrarem a relaçã o jurídica processual. Entende-se, que afirmar que alguém nã o é parte legítima, significa dizer que ou o autor nã o tem a pretensã o de direito material que deduz em juízo ou que o réu nã o integra a relaçã o jurídica de direito material invocada pelo autor como supedâ neo da sua pretensã o. No caso dos autos, o embargado alega que o embargante emitiu 3 (três notas promissó rias, em seu favor, que teriam sido originadas de fornecimento de ..., nã o tendo o embargante efetuado o pagamento das notas promissó rias. Todavia, Excelência, O RÉU NÃO É PARTE LEGÍTIMA para figurar o pó lo passivo da execuçã o. Isso porque, O EMBARGANTE NÃO EMITIU NENHUMA NOTA PROMISSÓRIA EM FAVOR DO EMBARGADO, nã o tendo adquirido nenhum produto comercializado por este. O embargante desconhece a negociaçã o que lhe está sendo exigido o pagamento pelo embargado. AS NOTAS PROMISSÓRIAS APRESENTADAS PELO EMBARGADO NAS FLS. ... CONSTAM ASSINATURAS QUE NÃO SÃO DO EMBARGANTE, conforme se pode verificar pela comparaçã o das mesmas com a assinatura do embargante na procuraçã o anexa: ASSINATURA DO EMBARGANTE (transcrição de imagem) ASSINATURA DA NOTA PROMISSÓRIA (transcrição de imagem) ASSINATURA DA NOTA PROMISSÓRIA (transcrição de imagem) ASSINATURA DA NOTA PROMISSÓRIA (transcrição de imagem) Dessa forma, Excelência, é inconteste que O RÉU É PARTE ILEGÍTIMA para figurar o pó lo passivo da execuçã o. Nã o obstante o embargante ter ciência do contido no artigo 339, caput, do Có digo de Processo Civil, diante da circunstâ ncia dos fatos (desconhecimento de quem pertence as assinaturas apostas nas notas promissó rias), resta prejudicado o cumprimento da disposiçã o do artigo 339, do Có digo de Processo Civil. Pelo exposto, requer o ACOLHIMENTO DA PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA, com fulcro no artigo 337, XI, do Có digo de Processo Civil, com a conseqü ente EXTINÇÃO DA EXECUÇÃO, sem julgamento de mérito, nos termos do artigo 485, VI, do mesmo diploma legal. VII- DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS: O título executivo pode ser definido como sendo um membro componente da execuçã o processual, é a base fundamental do processo executivo, ele se trata de uma conjunçã o do exercício da mesma açã o, sendo assim ele é a prova legal do crédito. Entretanto, o título executivo também é visto como um instituto instá vel, tendo que ser analisado concomitantemente como ato e documento. Para se dar início a uma execuçã o nã o é preciso que se prove a existência do crédito, apesar disso é necessá rio que se busque a satisfaçã o de um crédito que de fato exista. Sã o essenciais dois requisitos para que se realize qualquer que seja a execuçã o, uma é o título executivo e a outra a exigibilidade da obrigaçã o, entã o o título é certo quando nã o deixa dú vidas acerca de sua existência; líquido quando nã o deixa dú vida a respeito de seu objeto; exigível quando nã o há dú vida sobre sua atualidade. Sendo entã o o título executivo uma condiçã o suficiente para que o exequente inicie a execuçã o. Nesse sentido é a previsã o do artigo 783, do Có digo de Processo Civil: “A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título de obrigação certa, líquida e exigível.” O conceito acerca da exigibilidade da obrigaçã o impõ e que a prestaçã o obrigacional nã o poderá ser exigida enquanto pendente alguma situaçã o que, quando consumada, confere ao credor o poder de exigir do devedor que cumpra coercitivamente sua obrigaçã o. A liquidez está ligada à ideia da perfeita definiçã o do que é devido, sobretudo em relaçã o ao fator quantitativo. Vale dizer, o título deve conter o valor exato da obrigaçã o a ser cumprida. A obrigaçã o somente será líquida quando o título nã o deixar dú vida acerca do seu objeto. A certeza, que é o primeiro requisito necessá rio para conferir legitimidade à obrigaçã o, define-se em torno do conceito da pró pria existência da obrigaçã o. Oportuno destacar que o Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido de que a autonomia e a abstraçã o dos títulos de crédito nã o sã o absolutas, ou seja, admite-se a discussã o da causa debendi, quando existentes indícios de ilegalidade ou inexistência do negó cio que deu origem à dívida ou má -fé do portador. Portanto, plenamente possível as argumentaçõ es dos presentes embargos, no sentido de que o embargante nã o emitiu nenhuma nota promissó ria em favor do embargado. No caso da nota promissória, O REQUISITO DA ASSINATURA É ATENDIDO QUANDO SE TEM CERTEZA SOBRE A IDENTIDADE DO EMITENTE ou avalista. Neste contexto, comprovada a inautenticidade da assinatura do emitente, é dizer o embargante, subscritas nas cá rtulas que amparam a execuçã o, nã o se pode cobrar dele o valor devido. Ora, sem assinatura do emitente, nã o há como exigir-lhe a obrigaçã o representada por título de crédito que nã o anuiu. A assinatura do título é requisito obrigató rio para que produza efeitos como a Nota Promissó ria, sem ela, há inexistência de título e, sem titulo, nã o há execuçã o. No caso dos autos, não se encontram presentes os requisitos legais para o ingresso de ação de execução de título extrajudicial. O embargante desconhece a relação jurídica alegada pelo embargado, não realizou a compra de nenhum produto por ele comercializado e não assinou nenhuma nota promissória em favor do embargado se obrigando a pagamento futuro. As assinaturas apostas nas notas promissórias que embasam a execução não são de titularidade do embargante. Não sendo demonstrado o atendimento aos requisitos previstos no artigo 783, do Código de Processo Civil, pelo embargado, as cártulas de fls. ... dos autos são inexistentes enquanto título de crédito e, se tratando de matéria de ordem pública, é de ser decretada a nulidade da execução. Excelência, há uma imensa disparidade entre a assinatura do embargante e as assinaturas apostas nas notas promissó rias: (transcrição e comparação das assinaturas) As notas promissó rias que amparam a execuçã o nã o preenchem os requisitos formais previstos e exigidos nos artigos. 75 e 76, da Lei Uniforme de Genébra – LUG, e artigo 54, IV, do Decreto n. 2044/1908, ante a ausência de assinatura do embargante, eis que AS FIRMAS APOSTAS NOS TÍTULOS DE FLS. ... NÃO CORRESPONDEM À SUA ASSINATURA, conforme se pode verificar no pará grafo acima: Art. 75. A nota promissória contém: [...] 7. a assinatura de quem passa a nota promissória (subscritor). Art. 76. O título em que faltar algum dos requisitos indicados no artigo anterior não produzirá efeito como nota promissória, salvo nos casos determinados das alíneas seguintes. Art. 54. A nota promissória é uma promessa de pagamento e deve conter estes requisitos essenciais, lançados, por extenso no contexto: [...] IV. a assinatura do próprio punho da emitente ou do mandatário especial. Grifo nosso O Có digo Civil, nos artigos 887 e 889, também conta com dispositivos reguladores dos efeitos e exigência de assinatura nos títulos de crédito: Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei. Art. 889. Deve o título de crédito conter a data da emissão, a indicação precisa dos direitos que confere, e a assinatura do emitente. [...] Grifo nosso A execuçã o proposta pelo embargado deve ser declarada nula, nos termos do artigo 803, I, pará grafo ú nico, do Có digo de Processo Civil: Art. 803. É nula a execução se: I - o título executivo extrajudicial não corresponder a obrigação certa, líquida e exigível; [...] Grifo nosso Na ausência de algum dos requisitos formais (artigo 783), perde o título a sua executividade, para se tornar documento comum, sendo apto, contudo, para amparar a cobrança pelas vias ordinárias. Destaca-se, Excelência, que o embargado sequer apresentou as notas fiscais que teriam dado origem às notas promissórias que amparam a execução, revelando-se um indício de que o negó cio subjacente, imputado ao embargante, nã o existiu. Oportuna a transcriçã o de jurisprudência o qual foi declarada nula e extinta a execuçã o amparada por título de crédito que nã o está subscrito pelo emitente: APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. EMBARGOS À EXECUÇÃO DE TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL ASSINATURA DO EMITENTE. AUSENCIA. REQUISITO ESSENCIAL. EXTINÇÃO DA EXECUÇÃO. [...]. O embargante nega tenha assinado o documento, tendo em vista ter sido interditado, sem discernimento dos seus atos e, ainda, vítima de ações de terceiros que realizaram inúmeras negociações em seu nome, sem o seu consentimento. 2) PRELIMINAR - CERCEAMENTO DE DEFESA - O magistrado é o destinatário da prova nos termos do artigo 130, CPC/73, norma equivalente no artigo 370, CPC/15. Sendo assim, é faculdade do juízo indeferir as provas que entender inúteis ou despiciendas para o deslinde do feito. No presente caso, a Magistrada considerou desnecessária a dilação probatória. 3) NULIDADE DA DUPLICATA MERCANTIL - A Lei n.º 5.474/68 conceitua a duplicata como um título formal, que circula por meio de endosso, constituindo um saque fundado sobre um crédito decorrente de uma compra e venda mercantil ou prestação de serviços. A formalidade exige que o título preencha todos os requisitos previstos em lei, dentre eles a assinatura do emitente da cártula (art. 2º, § 1º, inc. IX). De acordo com o artigo 887 do atual Código Civil, o título de crédito somente produz efeito quando preencha todos os requisitos previstos na lei. O art. 889 do mesmo diploma, por sua vez, exige a assinatura do emitente no título, sob pena de invalidez. Ademais, sequer vieram aos autos a nota fiscal e recibo de entrega e recebimento da mercadoria. Execução extinta, no presente caso. 4) Embargos procedentes. Inversão dos ônus sucumbenciais. APELAÇÃO PROVIDA.(Apelação Cível, Nº 70059713412, Décima Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sylvio José Costa da Silva Tavares, Julgado em: 06-04-2017) Grifo nosso APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. NOTAS PROMISSÓRIAS. FALSIDADE DAS ASSINATURAS. LAUDO PERICIAL GRAFOSCÓPICO. Cobrança executiva baseada em notas promissórias que a perícia grafoscópica concluiu serem falsas, não tendo sido as cártulas assinadas pelo embargante. Impugnação do embargado ao laudo do perito do juízo refutada em sede recursal. Manutenção da sentença que reconheceu a nulidade das notas promissórias e extinguiu a execução. Litigância de má-fé caracterizada. Multa. Fixação em 5% do valor da causa. Art. 81 do diploma processual civil. Verba honorária minorada. Arbitrada em 15% sobre o valor atualizado da causa, conforme art. 85, § 2.º do CPC. Apelo provido, em parte.(Apelação Cível, Nº 70069143121, Décima Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Bayard Ney de Freitas Barcellos, Julgado em: 07-12- 2016) Grifo nosso APELAÇÕES CÍVEIS. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. EMBARGOS À EXECUÇÃO. NOTA PROMISSÓRIA. TEORIA DA APARÊNCIA. INAPLICÁVEL À ESPÉCIE. ILEGITIMIDADE PASSIVA RECONHECIDA. SUCUMBÊNCIA DEVIDA PELA EMBARGADA. PRENCHIMENTO POSTERIOR DA CÁRTULA. VALIDADE. 1. Em se tratando de ação de execução por quantia certa baseada em título executivo extrajudicial, no caso, nota promissória, não é possível a aplicação da teoria da aparência. Esta somente poderia ser invocada, em tese, em ação ordinária de cobrança, sendo demandada a pessoa jurídica da qual os embargantes eram sócios. No presente caso, o exame é feito em razão das formalidades do título e, nele, somente consta como obrigado o embargante Carlos, já que a perícia constatou que a assinatura lançada de Marcus é falsa. 2. Não deve ser excluída a condenação da embargada no pagamento das verbas de sucumbência em razão da extinção do feito decorrente do reconhecimento da ilegitimidade passiva do embargante, pois foi a exeqüente quem deu causa à citação equivocada. [...].(Apelação Cível, Nº 70057794398, Vigésima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Glênio José Wasserstein Hekman, Julgado em: 24-06-2015) Grifo nosso APELAÇÃO CÍVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. NOTA PROMISSÓRIA. FALSIDADE DA ASSINATURA SUBSCRITA NO TÍTULO QUE EMBASA A EXECUÇÃO. PROVA PERICIAL. O laudo pericial grafoscópico comprovou que a assinatura aposta na cártula é falsa, inautêntica. A ausência da assinatura do devedor/avalista na cártula que ampara a execução, descaracteriza o título, pois não se verifica a certeza e exigibilidade do mesmo. APELO DESPROVIDO. UNÂNIME.(Apelação Cível, Nº 70048972079, Décima Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luiz Renato Alves da Silva, Julgado em: 28-11-2013) Grifo nosso Por outro lado, cumpre examinar que à parte é imposto o ô nus de provar a autenticidade da assinatura, dentro do ordenamento jurídico brasileiro que disciplina a matéria no â mbito do processo civil. Com efeito, é certo que o artigo 429, II, do diploma processual civil, estabelece o sistema de distribuiçã o do ô nus da prova determinado no artigo 373, do mesmo normativo legal, a saber: Art. 429. Incumbe o ônus da prova quando: [...] II - se tratar de impugnação da autenticidade, à parte que produziu o documento. Ao tecer consideraçõ es acerca do dispositivo acima, Moacyr Amaral Santos [1] leciona: Os princípios relativos ao ônus da prova (art. 333), muito comumente eram mal aplicados no concernente à argüição de falsidade e verificação de assinatura. Para desfazer de vez com as más interpretações dos mesmos, o legislador, a exemplo do direito português de 1961, estabeleceu de modo preciso as regras aplicáveis a ambos os casos: a) a prova da falsidade compete seja feita por quem a alega; b) tratando-se de contestação de assinatura (artigo 372), o ônus da prova de sua veracidade recai sobre quem produziu o documento e dele quiser valer-se como prova. Assim sendo, quando o emitente de um título de crédito alega que a assinatura aposta cá rtula nã o é de seu pró prio punho, o ô nus de provar a autenticidade desloca-se, automaticamente, para o suposto credor, por forma do ô nus da prova. Em se tratando de argü içã o de falsidade de assinatura aposta em documento particular, o ô nus da prova é da parte que produziu o documento, ou seja, daquele que se utilizou do mesmo para instruir a pretensã o, conforme determina o artigo 429, II, do Có digo de Processo Civil. Nesse sentido é a doutrina de Humberto Theodoro Jú nior [2]: Estas regras são de observar tanto no incidente de falsidade como nas ações declaratórias principais, bem como quando a assinatura é apenas impugnada em alegação de defesa no curso do processo. Contestada a autenticidade da assunatura aposta no título de crédito, automaticamente, o ô nus da prova quando à veracidade documental deslocou-se para o embargado, por força do disposto no artigo 429, II, do Có digo de Processo Civil. Portanto, tendo em vista os fatos e fundamentos dos presentes Embargos à Execuçã o, a execuçã o proposta pelo embargado deve ser declarada nula e extinta. VIII- DOS PEDIDOS: Pelo exposto, requer a Vossa Excelência: a) O recebimento dos presentes embargos à execuçã o, com distribuiçã o, por dependência, aos autos da açã o de execuçã o nº ...; b) A prioridade de tramitaçã o preferencial do processo, nos termos dos artigos 1.048, I, do Có digo de Processo Civil e artigo 71, caput, da Lei nº 10.741/2003 ( Estatuto do Idoso); c) A concessã o do benefício da gratuidade de justiça ao embargante, fundada no que dispõ e o artigo 5º, incisos XXXV e LXXIV, da Constituiçã o Federal, e os artigos 98 e 99, § 3º, do Có digo de Processo Civil; d) A concessã o do efeito suspensivo aos presentes embargos, nos termos do artigo 919, § 1º, do Có digo de Processo Civil; e) A produçã o de prova, por todos os meios de direito admitidos, especialmente de forma documental, testemunhal e pericial; f) O acolhimento da PRELIMINAR de Ilegitimidade Passiva, com fulcro no artigo 337, inciso XI, do Có digo de Processo Civil, extinguindo o feito nos moldes do artigo 485, inciso VI, do mesmo diploma legal; g) Na hipó tese de nã o ser acolhida a preliminar de ilegitimidade passiva, o que se admite apenas por argumentar, que seja dada TOTAL PROCEDÊNCIA aos Embargos à Execuçã o, para a finalidade de que seja DECLARADA A NULIDADE DA EXECUÇÃO, com a EXTINÇÃO DO PROCESSO EXECUTÓRIO, com fulcro no artigo 803, I, pará grafo ú nico, do Có digo de Processo Civil, por estarem AUSENTES, NOS TÍTULOS EXECUTIVOS EXTRAJUDICIAIS QUE EMBASAM A EXECUÇÃO, OS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 783 (CERTEZA, LIQUIDEZ E EXIGIBILIDADE), do mesmo diploma legal, com violaçã o pelo embargado, dos artigos 75 e 76, da Lei Uniforme de Genébra – LUG, artigo 54, do Decreto nº 2044/1908 a artigos 887 e 889, do Có digo Civil; h) Seja determinada a baixa da averbação do ato de propositura da execuçã o e dos atos de constriçã o realizados, efetuada pelo embargante junto ao DetranRS, conforme certidã o de fl. ... dos autos, no veículo de propriedade do embargante; i) Seja o embargado condenado ao pagamento das custas processuais e honorá rios advocatícios, nos termos do artigo 82 e 85, § 2º, do Có digo de Processo Civil. Atribui-se à causa o valor de R$ ... Termos em que, Pede e espera deferimento. Local.../Data ... ADVOGADO OAB [1] SANTOS, Moacyr Amaral. Comentá rios ao CPC. Rio de Janeiro: Forense, volume IV, 5ª Ediçã o, p. 215. [2] THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Rio de Janeiro: Forense, Volume I, 20ª Ed., p. 457. Gostou do modelo? Saiba mais sobre meu trabalho no ramo de Peticionamento Remoto para Advogados no perfil do instagram @fabianacarvalho_petições