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Excelentíssimo (a) Senhor (a) Doutor (a) Juiz (a) de Direito da ___ Vara

Criminal da Comarca de ____________ .

Processo: XXXXX-XX.XXXX

Luiz, já devidamente qualificado, nos autos do processo crime em epígrafe, por


seu advogado(a) ao final subscrito(a), nos autos da ação penal que lhe move a
JUSTIÇA PÚBLICA, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com
fundamento no artigo 403, parágrafo 3º, c/c artigo 404, em seu parágrafo Único,
ambos do Código de Processo Penal, apresentar ALEGAÇÕES FINAIS POR
MEMORIAIS, pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos:

I - DOS FATOS

O Réu foi denunciado e regularmente processado como incurso nas penas do


artigo 171, parágrafo 2º, VI, do Código Penal, tendo em vista que pagou compra que
fizera em uma grande loja de departamentos, com cheque no valor de 36 reais,
devolvido pelo banco sacado, por falta de suficiente provisão de fundos.
No decorrer da ação, o réu juntou prova de que pagara a dívida no curso do
inquérito policial.
Durante a audiência a defesa requereu a conversão dos debates orais em
memoriais escrito, o que foi deferido pelo MM. Juiz, com anuência do Promotor de
Justiça presente.

II - DO DIREITO

Para caracterização do delito previsto no art. 171, caput do CP, é imperiosa a


comprovação de que o agente tinha por objetivo concretizar todos os elementos
contidos no tipo do art. 171 do CP: "Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita,
em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil
ou qualquer outro meio fraudulento."
Diante dos fatos acima citados verifica-se a atipicidade da conduta imputada pelo
réu.
O STF firmou os seguintes entendimentos por meio das súmulas 226 e 554
respectivamente:

“Comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de emissão de


cheque sem fundos”, e “O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos,
após o recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal”.

No caso em apreço, ainda na fase de inquérito policial, o Luiz prontamente


quitou o débito gerado pela falta de fundos do cheque emitido, evidenciando que em
momento algum houve fraude, por tal razão não há o elemento típico do delito de
estelionato que se pretende imputar ao réu.
Tendo em vista que o acusado saldou a dívida antes da propositura da presente
ação, esta fora sido proposta indevidamente, não podendo resultar na condenação do
acusado.
Com efeito, não estando cabalmente comprovadas as elementares do tipo
(objetivas e subjetivas) é imperiosa a absolvição do acusado nos termos do art. 386,
III, do CPP.

III - DA AUSENCIA DE REPRESENTAÇÃO

Com o advento da Lei 13.926/2019, conhecida como pacote anticrime, o crime de


estelionato passou a exigir a representação da vítima, in verbis:

Estelionato

Art. 171 (...) § 5º Somente se procede mediante

representação, salvo se a vítima for:

I-a Administração Pública, direta ou indireta; II - criança ou


adolescente;

III - pessoa com deficiência mental; ou

IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz.

Portanto, ausente representação da vítima, tem-se pela nulidade da continuidade


do processo.
Mesmo que os fatos tenham acontecido antes da Lei 13.926/2019, o
Art. 5º, XL, CR dispões que “A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”.
Dessa forma, imprescindível, no caso, aplicação, por analogia, do previsto no
artigo 91 da Lei 9.099/95, isto é, baixar os autos à origem, para intimação da vítima a
fim de que ofereça "representação" (expresse a vontade de ver o acusado processado
pelo delito), sob pena de decadência.
Razões pelas quais, requer a suspensão e regularização do processo para sua
continuidade.

IV - DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer à Vossa Excelência:

A) Que seja o acusado absolvido por atipicidade da conduta e por não existir
prova suficiente para a condenação, de acordo com o art. 386. incisos III e VII, do
Código de Processo Penal;

B) Subsidiariamente a absolvição com fulcro no art. 386, inciso V c/c 155 do


CPP. uma vez que não há nos autos prova sobre o crivo do contraditório e ampla
defesa que imputem ao réu, de forma intubidável a autoria do delito;

Nestes termos, pede e espera deferimento.

Januária-MG, 20 de outubro de 2022.

ADVOGADO
OAB

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