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Município do Salvador

Procuradoria Geral do Município


Procuradoria Fiscal

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA 10ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA


DA COMARCA DE SALVADOR/BA.

Processo n. 0784336-48.2018.8.05.0001
Parte contrária: Empresa Baiana de Jornalismo Sa

O MUNICÍPIO DO SALVADOR, ente público já qualificado nos autos, tendo sido intimado a falar
sobre a exceção de pré-executividade oposta pela parte acima identificada, vem a Vossa Excelência,
por seu procurador, apresentar a respectiva IMPUGNAÇÃO, pelos motivos que passa a expor.

I. SÍNTESE DO CASO

O Município do Salvador ajuizou a presente ação de execução fiscal contra a executada/excipiente,


com vistas à cobrança de ISS, decorrente da Notificação Fiscal de Lançamento n. 1281.2012. A
empresa executada apresentou exceção de pré-executividade arguindo apenas prescrição intercorrente
e, consequentemente, a nulidade do processo administrativo fiscal. Razão nenhuma lhe assiste.

II. DA AUSÊNCIA DE PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE


NA FASE ADMINISTRATIVA

1. A executada alega a ocorrência de prescrição intercorrente durante o processamento da NFL n.


1281.2012, nos termos do art. 40 da Lei de Execução Fiscal (Lei n. 6830/80), sob a argumentação
básica de que o protocolo da impugnação ocorreu no dia 20/04/2012, sendo que o julgamento ocorreu
apenas em 15/03/2018, isto é, após quase 6 anos. A excipiente tenta aplicar o instituto previsto no art.
40 da LEF ao processo administrativo fiscal, o que claramente não pode ocorrer.

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2. A prescrição intercorrente consiste em fenômeno endoprocessual que ocorre diante da inércia


continuada e ininterrupta no curso do processo executivo e, quanto às execuções fiscais, se encontra
regulada na Lei Federal n. 6.830/80 (Lei de Execuções Fiscais), senão vejamos:

Art. 40 – O Juiz suspenderá o curso da execução, enquanto não for localizado o devedor ou
encontrados bens sobre os quais possa recair a penhora, e, nesses casos, não correrá o prazo
de prescrição.
§ 1º – Suspenso o curso da execução, será aberta vista dos autos ao representante judicial da
Fazenda Pública.
§ 2º – Decorrido o prazo máximo de 1 (um) ano, sem que seja localizado o devedor ou
encontrados bens penhoráveis, o Juiz ordenará o arquivamento dos autos.
§ 3º – Encontrados que sejam, a qualquer tempo, o devedor ou os bens, serão desarquivados
os autos para prosseguimento da execução.
§ 4o Se da decisão que ordenar o arquivamento tiver decorrido o prazo prescricional, o juiz,
depois de ouvida a Fazenda Pública, poderá, de ofício, reconhecer a prescrição
intercorrente e decretá-la de imediato.
§ 5o A manifestação prévia da Fazenda Pública prevista no § 4 o deste artigo será dispensada
no caso de cobranças judiciais cujo valor seja inferior ao mínimo fixado por ato do Ministro
de Estado da Fazenda.

Como é cediço, a referida legislação delimita o âmbito de incidência da prescrição intercorrente


na cobrança judicial, não havendo previsão legal para sua aplicação na esfera administrativa.
Tanto é assim que a própria LEF estabelece – em seu preâmbulo – o seguinte: “Dispõe sobre a
cobrança judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública, e dá outras providências”.

Por se tratar de regra legal que implica a perda, pelo ente público, de um direito de crédito, e sendo o
próprio crédito tributário um bem indisponível – inclusive sujeito a regime jurídico que exige do ente
público atuação integralmente vinculada –, não se pode admitir a aplicação ampliativa ou por
analogia de tal regra ao âmbito do processo administrativo fiscal.

Regra restritiva de direito indisponível se interpreta e se aplica também restritivamente. Não é


outra, aliás, a essência do art. 111 do CTN1, que determina seja literalmente interpretada a lei tributária
que desfavorece o crédito público, o que também pode ser aplicado à prescrição, que é causa de
extinção do crédito tributário (CTN, art. 156, V).

Convém lembrar o que diz o art. 97, VI, do CTN:

1
Art. 111, CTN. Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I - suspensão ou exclusão do crédito
tributário; II - outorga de isenção; III - dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias.

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Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: [...]


VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de
dispensa ou redução de penalidades. (grifamos)

Ao exigir disposição legal sobre o tema, o legislador claramente visa a proteger o crédito tributário de
interpretações ampliativas/extensivas ou de aplicações por analogia em casos tais. O juiz, diz o art. 97
do CTN, não tem o poder de criar, por meio de interpretação ou de aplicação analógica, uma regra que
trate de extinção do crédito tributário na fase administrativa. Apenas o legislador o tem.

3. Há uma razão de ser para que o legislador não tenha estendido o conceito de prescrição
intercorrente ao processo administrativo-fiscal: é que o crédito tributário, ali, ainda não foi
definitivamente constituído. Se não foi constituído, não há pretensão a ser exercida – logo, não há
prescrição, que é ato-fato extintivo decorrente do não exercício de uma pretensão a direito prestacional
certo, líquido e exigível. Não à toa, o art. 174 do CTN determina que “a ação para a cobrança do
crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua constituição definitiva”.

Ou seja: antes da constituição definitiva, não há falar em prescrição.

4. Não se pode esquecer de que, por força do artigo 151, inc. III, do Código Tributário Nacional, a
exigibilidade do crédito tributário se mantém suspensa enquanto pendente discussão no processo
tributário administrativo.

Há entendimento antigo do Supremo Tribunal Federal (“STF”) que indica que, enquanto o
processo administrativo fiscal está pendente de análise, não correm nem o prazo de decadência
nem o prazo de prescrição. Trata-se de precedente bastante didático. Vejamos:

Tributário. Crédito tributário. Extinção. Decadência e prescrição. O Código Tributário


Nacional estabelece três fases inconfundíveis: a que vai até a notificação do lançamento ao
sujeito passivo, em que corre prazo de decadência (art. 173, I e II); a que se estende da
notificação do lançamento até a solução do processo administrativo, em que não
correm nem prazo de decadência, nem de prescrição, por estar suspensa a
exigibilidade do crédito (art. 151, III); a que começa na data da solução final do processo
administrativo, quando corre prazo de prescrição da ação judicial da fazenda (art. 174). (RE
95365, Segunda Turma, rel. Min. Décio Miranda, j. 13/11/1981, DJ 04/12/1981, p. 12.322)
(grifamos)

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É importante destacar a passagem segundo a qual, na fase “que se estende da notificação do


lançamento até a solução do processo administrativo”, “não correm nem prazo de decadência, nem de
prescrição, por estar suspensa a exigibilidade do crédito (art. 151, III)”.

São muitas as decisões do Superior Tribunal de Justiça (“STJ”) que, ao longo do tempo, vêm
aplicando serenamente esse antigo entendimento do STF. Vejamos algumas delas:

PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. VIOLAÇÃO DO ART.


535, DO CPC. NÃO CONFIGURADA. EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE.
ARGÜIÇÃO DE PRESCRIÇÃO. POSSIBILIDADE. TERMO INICIAL.
CONSTITUIÇÃO DEFINITIVA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ARTIGO 174, DO CTN.
1. Inexiste ofensa ao art. 535, do CPC, quando o Tribunal de origem pronuncia-se de forma
clara e suficiente sobre a questão posta nos autos, cujo decisum revela-se devidamente
fundamentado. Ademais, o magistrado não está obrigado a rebater, um a um, os argumentos
trazidos pela parte, desde que os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para
embasar a decisão.
2. A exceção de pré-executividade é servil à suscitação de questões que devam ser
conhecidas de ofício pelo juiz, como as atinentes à liquidez do título executivo, os
pressupostos processuais e as condições da ação executiva.
3. O espectro das matérias suscitáveis através da exceção tem sido ampliado por força da
exegese jurisprudencial mais recente, admitindo-se, por exemplo, a argüição de prescrição,
desde que não seja necessária dilação probatória. (Precedentes: EREsp 614272 / PR, 1ª
SEÇÃO, Rel. Min. Castro Meira, DJ 06/06/2005; EREsp 388000 / RS, CORTE
ESPECIAL, Rel. para acórdão Min. José Delgado, DJ 28/11/2005).
4. A exegese do STJ quanto ao artigo 174, caput, do Código Tributário Nacional, é no
sentido de que, enquanto há pendência de recurso administrativo, não se admite aduzir
suspensão da exigibilidade do crédito tributário, mas, sim, um hiato que vai do início do
lançamento, quando desaparece o prazo decadencial, até o julgamento do recurso
administrativo ou a revisão ex-officio. Conseqüentemente, somente a partir da data em que
o contribuinte é notificado do resultado do recurso ou da sua revisão, tem início a contagem
do prazo prescricional, razão pela qual não há que se cogitar de prescrição intercorrente em
sede de processo administrativo fiscal. (RESP 485738/RO, Relatora Ministra Eliana
Calmon, DJ de 13.09.2004, e RESP 239106/SP, Relatora Ministra Nancy Andrighi, DJ de
24.04.2000) 5. Destarte, salvante os casos em que o crédito tributário origina-se de
informações prestadas pelo próprio contribuinte (GIA e DCTF, por exemplo), a constituição
do mesmo resta definitivamente concluída quando não pode mais o lançamento ser
contestado na esfera administrativa. Conclusão esta que se coaduna com a suspensão de
exigibilidade do crédito tributário pela oposição de recurso administrativo (artigo 151, III,
do CTN).
6. Dessa forma, considerando-se que, no lapso temporal que permeia o lançamento e a
solução administrativa não corre nem o prazo decadencial, nem o prescricional,
ficando suspensa a exigibilidade do crédito até a notificação da decisão administrativa,
que, in casu, ocorreu em 16/07/2002, exsurge, inequivocamente, a inocorrência da
prescrição, porquanto a empresa executada, ora recorrida, foi citada no processo executivo
em 30/12/2002.
7. Ora, "a constituição definitiva do crédito tributário pressupõe a inexistência de discussão
ou possibilidade de alteração do crédito. Ocorrendo a impugnação do crédito tributário na
via administrativa, o prazo prescricional começa a ser contado a partir da apreciação, em
definitivo, do recurso pela autoridade administrativa. Antes de haver ocorrido esse fato, não
existe 'dies a quo' do prazo prescricional, pois, na fase entre a notificação do lançamento
e a solução do processo administrativo, não ocorrem nem a prescrição nem a

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decadência (art. 151, III, do CTN)" (cf. RESP 32.843-SP, Min. Adhemar Maciel, in DJ de
26.10.1998). Na mesma senda foi o decidido no RESP n. 190.092-SP, relatado pelo
subscritor deste, in DJ de 1º.7.2002). - Recurso especial não conhecido." (RESP 173284/SP,
Relator Ministro Franciulli Netto, DJ de 31.03.2003).
8. Recurso especial provido.
(REsp 734.680/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em
20/06/2006, DJ 01/08/2006, p. 376) (grifamos)

PROCESSO CIVIL. TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. PRESCRIÇÃO. CITAÇÃO


POR EDITAL. INTERRUPÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL. PROCESSO
ADMINISTRATIVO PENDENTE DE JULGAMENTO.
1. A citação por edital, realizada após tentativa frustrada de localização da executada por
meio de oficial de justiça, tem o condão de interromper o prazo prescricional, até mesmo
porque se enquadra no conceito de ato judicial que constitui o devedor em mora, nos termos
do art. 174, III, do Código Tributário Nacional.
2. 'Estabelece o art. 174 do CTN que o prazo prescricional do crédito tributário começa a
ser contado 'da data da sua constituição definitiva'. Ora, a constituição definitiva do crédito
tributário pressupõe a inexistência de discussão ou possibilidade de alteração do crédito.
Ocorrendo a impugnação do crédito tributário na via administrativa, o prazo prescricional
começa a ser contado a partir da apreciação, em definitivo, do recurso pela autoridade
administrativa. Antes de haver ocorrido esse fato, não existe 'dies a quo' do prazo
prescricional, pois, na fase entre a notificação do lançamento e a solução do processo
administrativo, não ocorrem nem a prescrição nem a decadência (art. 151, III, do
CTN)" (cf. REsp 32.843-SP, Min. Adhemar Maciel, in DJ de 26.10.1998).
3. Recurso especial provido.
(REsp 822.705/RS, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em
20/04/2006, DJ 02/05/2006, p. 297) (grifamos)

TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL RECEBIDOS COMO AGRAVO REGIMENTAL. PRINCÍPIO DA
FUNGIBILIDADE RECURSAL. APLICAÇÃO. IPTU. PRESCRIÇÃO. NÃO
OCORRÊNCIA. INICIO DO PRAZO. NOTIFICAÇÃO DO CONTRIBUINTE DO
RESULTADO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO. PRECEDENTES DO STJ.
AGRAVO NÃO PROVIDO.
1. Embargos declaratórios recebidos como agravo regimental, dado o seu caráter
manifestamente infringente, em observância aos princípios da fungibilidade recursal.
Precedentes do STJ.
2. "Estabelece o art. 174 do CTN que o prazo prescricional do crédito tributário começa a
ser contado da data da sua constituição definitiva. Ora, a constituição definitiva do crédito
tributário pressupõe a inexistência de discussão ou possibilidade de sua alteração.
Ocorrendo a impugnação do crédito tributário na via administrativa, o prazo prescricional
começa a ser contado a partir da apreciação, em definitivo, do recurso pela autoridade
administrativa. Antes de haver ocorrido esse fato, não existe dies a quo do prazo
prescricional, pois, na fase entre a notificação do lançamento e a solução do processo
administrativo, não ocorrem nem a prescrição nem a decadência" (EDcl nos EDcl no
AREsp 269.635/SP, Rel. Min. NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Primeira Turma, DJe
9/5/13).
3. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental, ao qual se nega provimento.
(EDcl no AREsp 197.022/RS, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 11/03/2014, DJe 20/03/2014) (grifamos)

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO


AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PRETENSÃO DE EFEITOS INFRINGENTES.
INCIDÊNCIA DO PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE RECURSAL. RECEBIMENTO
COMO AGRAVO REGIMENTAL. PRECEDENTES DO STJ. TRIBUTÁRIO.

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SUSPENSÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL DE CINCO ANOS ATÉ A DECISÃO


DEFINITIVA DO PROCESSO ADMINISTRATIVO. RESP 1.112.577/SP, REL. MIN.
CASTRO MEIRA. JULGADO SOB O REGIME DO ART. 543-C DO CPC E DA RES.
8/STJ. EMBARGOS DECLARATÓRIOS RECEBIDOS COMO AGRAVO
REGIMENTAL. AGRAVO DESPROVIDO.
1. Aplicado o princípio da fungibilidade recursal, para receber os Embargos de Declaração
como Agravo Regimental, nos termos da jurisprudência desta Corte, tendo em vista a
pretensão de efeitos infringentes. Precedentes: EDcl no AREsp 175.781/RS, Rel. Min.
BENEDITO GONÇALVES, DJe 22.08.2012; EDcl no AREsp 101.112/MG, Rel. Min.
FRANCISCO FALCÃO, DJe 24.08.2012; EDcl no AREsp 102.413/SP, Rel. Min.
ARNALDO ESTEVES LIMA, DJe 20.08.2012.
2. Estabelece o art. 174 do CTN que o prazo prescricional do crédito tributário começa a ser
contado da data da sua constituição definitiva. Ora, a constituição definitiva do crédito
tributário pressupõe a inexistência de discussão ou possibilidade de sua alteração.
Ocorrendo a impugnação do crédito tributário na via administrativa, o prazo prescricional
começa a ser contado a partir da apreciação, em definitivo, do recurso pela autoridade
administrativa. Antes de haver ocorrido esse fato, não existe dies a quo do prazo
prescricional, pois, na fase entre a notificação do lançamento e a solução do processo
administrativo, não ocorrem nem a prescrição nem a decadência (REsp. 32.843/SP,
Rel. Min. ADHEMAR MACIEL, DJ 26.10.1998, AgRg no AgRg no REsp. 973.808/SP,
Rel. Min. HUMBERTO MARTINS, DJe 17.11.2010, REsp. 1.113.959/RJ, Rel. Min. LUIZ
FUX, DJe 11.03.2010, REsp. 1.141.562/SP, Rel. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES,
DJe 04/03/2011). RESP 1.112.577/SP, Rel. Min. CASTRO MEIRA, julgado sob o regime
do art. 543-c do CPC e da Res. 8/STJ.
3. Embargos Declaratórios recebidos como Agravo Regimental. Agravo Regimental
desprovido, por se excluir do cômputo prescricional o lapso de tempo correspondente à
suspensão própria do processo administrativo fiscal.
(EDcl nos EDcl no AREsp 269.635/SP, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 02/05/2013, DJe 09/05/2013) (grifamos)

Há inclusive decisões bem recentes do STJ no mesmo sentido:

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO. RECURSO ESPECIAL.


VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. VIOLAÇÃO DE
DISPOSITIVO CONSTITUCIONAL. COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRESCRIÇÃO
INTERCORRENTE. NÃO OCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE AUTORIZATIVO
LEGAL. IMPOSTO DE RENDA. ARBITRAMENTO. DEPÓSITOS BANCÁRIO DE
ORIGEM NÃO COMPROVADA. POSSIBILIDADE. REVISÃO DA COMPROVAÇÃO
DA ORIGEM. INCIDÊNCIA DA SÚMULA Nº 7 DO STJ. JUROS DE MORA DEVIDOS
DURANTE O TRÂMITE DO PROCESSO ADMINISTRATIVO. AUSÊNCIA DE
DEPÓSITO DO MONTANTE INTEGRAL. INCIDÊNCIA. ARTS. 161 DO CTN E 5º DO
DECRETO-LEI Nº 1.736/1979.
[...]
3. O acórdão recorrido se manifestou no mesmo sentido da jurisprudência desta Corte
adotada em sede de recurso especial repetitivo, na sistemática do art. 543-C, do CPC,
(REsp nº 1.113.959/RJ), quanto à inexistência de dispositivo legal a autorizar a
prescrição intercorrente na pendência de julgamento de impugnação administrativo
após notificação de lançamento do crédito tributário através de auto de infração, uma
vez que o recurso administrativo suspende a exigibilidade do crédito tributário
enquanto perdurar o contencioso administrativo, nos termos do art. 151, III, do CTN.
4. A jurisprudência deste STJ já se manifestou no sentido da inaplicabilidade da Súmula
182/TFR e da possibilidade de autuação do Fisco com base em demonstrativos de

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movimentação bancária, em decorrência da aplicação imediata da Lei n. 8.021/90 e Lei


Complementar n. 105/2001. É que a Lei n. 8.021/90 já albergava a hipótese de lançamento
do imposto de renda por arbitramento com base em depósitos ou aplicações bancárias,
quando o contribuinte não comprovar a origem dos recursos utilizados nessas operações.
Outrossim, revisar a ocorrência ou não de comprovação da origem dos recursos em questão
é providência incompatível com este apelo extremo, haja vista o óbice da Súmula nº 7 do
STJ.
5. Agravo interno não provido. (AgInt no REsp 1638268/MG, Rel. Ministro MAURO
CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 21/02/2017, DJe 01/03/2017)
(grifamos)

PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL.


CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015. APLICABILIDADE. RECURSO ESPECIAL
PARCIALMENTE PROVIDO. ARGUMENTOS INSUFICIENTES PARA
DESCONSTITUIR A DECISÃO ATACADA. EXECUÇÃO FISCAL. EMBARGOS.
PRAZO PRESCRICIONAL. SUSPENSÃO. PROCESSO ADMINISTRATIVO VIGENTE.
PRESCRIÇÃO AFASTADA.
I – Consoante o decidido pelo Plenário desta Corte na sessão realizada em 09.03.2016, o
regime recursal será determinado pela data da publicação do provimento jurisdicional
impugnado. Assim sendo, in casu, aplica-se o Código de Processo Civil de 2015.
II – O acórdão recorrido está em confronto com o entendimento desta Corte, segundo
o qual o recurso administrativo suspende a exigibilidade do crédito tributário
enquanto perdurar o contencioso administrativo, nos termos do art. 151, III, do CTN,
desde o lançamento (efetuado concomitantemente com o auto de infração), momento
em que não se cogita do prazo decadencial, até o seu julgamento ou a revisão de ofício,
sendo certo que somente a partir da notificação do resultado do recurso ou da sua
revisão deflagra-se a fluência do prazo prescricional, não havendo falar-se, ainda, em
prescrição intercorrente em processo administrativo fiscal, porquanto ausente
previsão legal específica.
III – A Agravante não apresenta, no agravo, argumentos suficientes para desconstituir a
decisão recorrida.
IV – Agravo Interno improvido. (AgInt no REsp 1587540/PE, Rel. Ministra REGINA
HELENA COSTA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 18/08/2016, DJe 29/08/2016) (grifou-
se)

Em síntese, o posicionamento do STJ sobre o assunto é o seguinte:

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. MANDADO DE


SEGURANÇA. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DE VALORES RELATIVOS A
PEDIDO ADMINISTRATIVO ATÉ EXAURIMENTO DA INSTÂNCIA
ADMINISTRATIVA.
POSSIBILIDADE. PRECEDENTES.
1. Agravo regimental contra decisão que negou seguimento ao recurso especial da
agravante.
2. O acórdão a quo determinou a suspensão da exigibilidade dos valores relativos a
processo administrativo até que seja exaurida a instância administrativa.
3. Além das condições necessárias em todas as ações, quais sejam, a possibilidade jurídica,
o interesse e a legitimatio ad causam, a mandado de segurança subordina-se a elementos
extraordinários ou específicos.
4. Com o objetivo de conferir à parte interessada a segurança e garantia para o eficaz
desenvolvimento e profícuo resultado da ação, é indispensável, para o provimento
mandamental, a visualização de um dano potencial, um risco que deve ser obstaculizado
incontinenti, ou seja, o direito líquido e certo, através do fumus boni iuris e do periculum in

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mora, sob pena de, enquanto aguarda a parte o trâmite normal da ação, sofrer no seu direito
dano irreparável.
5. Possibilidade da suspensão da exigibilidade do tributo em questão, não estando o Fisco
impedido de aferir a exatidão do quantum dos créditos de que se diz titular a recorrida.
6. A respeito da suspensão debatida, nos casos em que pendente procedimento
administrativo fiscal, ocorrido após a notificação do contribuinte, a jurisprudência do
Superior Tribunal de Justiça, de forma vasta, tem se pronunciado nos seguintes
termos:
- “'O Código Tributário Nacional estabelece três fases inconfundíveis: a que vai até a
notificação do lançamento ao sujeito passivo, em que corre prazo de decadência (art. 173, I
e II); a que se estende da notificação do lançamento até a solução do processo
administrativo, em que não correm nem prazo de decadência, nem de prescrição, por
estar suspensa a exigibilidade do crédito (art. 151, III); a que começa na data da solução
final do processo administrativo, quando corre prazo de prescrição da ação judicial da
fazenda (art. 174)' (RE 95365/MG, Rel. Ministro Décio Miranda, in DJ 03.12.81).” (REsp
nº 190092/SP)
- “A constituição definitiva do crédito tributário se dá quando não mais cabível recurso ou
após o transcurso do prazo para sua interposição, na via administrativa.” (REsp nº
239106/SP)
- “Com a notificação do auto de infração consuma-se o lançamento tributário. Após
efetuado este ato, não mais se cogita em decadência. O recurso interposto contra a
autuação apenas suspendem a eficácia do lançamento já efetivado.” (REsp nº
118158/SP)
7. O fato de não se tratar de “reclamação ou recurso administrativo”, mas de petição
dirigida à autoridade lançadora, assim como não ter ocorrido depósito do montante integral
ou qualquer outra causa suspensiva da exigibilidade do crédito, não descaracteriza a
possibilidade de concessão do benefício.
8. Agravo regimental não provido.
(AgRg no REsp 678.081/RJ, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA TURMA,
julgado em 08/03/2005, DJ 02/05/2005, p. 212) (grifamos)

5. Sendo assim, é evidente a impossibilidade de reconhecimento da prescrição intercorrente no curso


do processo administrativo fiscal por ausência de previsão legal, bem como em virtude da
inexigibilidade do crédito durante a discussão administrativa.

III. CONCLUSÃO E REQUERIMENTOS

Considerando que a suposta prescrição intercorrente é o único argumento trazido na exceção


apresentada pela executada, requer seja ela integralmente rejeitada, dando-se prosseguimento à
execução, com condenação da excipiente ao pagamento de honorários sucumbenciais 2, nos termos do

2
Conforme já decidido pela Segunda Seção do STJ, o excipiente sucumbente deve ser condenado a pagar honorários nas
exceções de pré-executividade impugnadas, a saber: “Exceção de pré-executividade. Julgamento de improcedência.
Honorários de advogado. 1. Presente a improcedência da exceção de pré-executividade após a devida impugnação,
configura-se a sucumbência sendo, portanto, cabível a condenação em honorários. 2. Embargos conhecidos e providos”
(STJ, Segunda Seção, EREsp 756.001/RJ, rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, j. 27/06/2007, DJ 11/10/2007, p. 286);
“A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça possui entendimento de que, na hipótese de improcedência da Exceção de
Pré-Executividade após a devida impugnação, configura-se a sucumbência, sendo, portanto, cabível a condenação em
honorários” (STJ, Segunda Turma, REsp 1669457/SP, rel. Min. Herman Benjamin, j. 20/06/2017, DJe 29/06/2017).

Travessa da Ajuda, 02, ed. Sulamérica, 1.º andar, Cidade do Salvador/BA. Telefone: 3496-8100 / 8103 – Fax: 3321-3701 8
Município do Salvador
Procuradoria Geral do Município
Procuradoria Fiscal

art. 85, §§2º e 3º, do CPC, que serão acrescidos ao montante principal do crédito cobrado nesta
execução (CPC, art. 85, §13).

Pede deferimento.
Cidade do Salvador/BA, 5 de setembro de 2018.

Rafael Alexandria de Oliveira


Procurador do Município – PROFI/PGMS
OAB/BA n. 18.676 | Matrícula n. 810801

Ananda Mussi
Estagiária de Direito

Travessa da Ajuda, 02, ed. Sulamérica, 1.º andar, Cidade do Salvador/BA. Telefone: 3496-8100 / 8103 – Fax: 3321-3701 9

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