Você está na página 1de 6

EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA ___ VARA

_____DA COMARCA DE BOCAIUVA/MG.

Processo nº. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, já devidamente qualificado nos autos em


epigrafe, vem respeitosamente perante este juízo apresentar:
EMBARGOS A EXECUÇÃO
nos termos a seguir;
I - DA PRESCRIÇÃO ANTERIOR AO AJUIZAMENTO DA PRESENTE AÇÃO

Inicialmente insta consignar o entendimento do Superior Tribunal de Justiça:


Súmula 409 - Em execução fiscal, a prescrição ocorrida antes da propositura da ação pode ser decretada de ofício
(art. 219, § 5º, do CPC). (Súmula 409, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 28/10/2009, DJe 24/11/2009, REPDJe
25/11/2009)

A presente açã o foi proposta em 06 de Novembro de 2012 e 04 de dezembro de 2013.


Assim, considerando que o início do prazo prescricional é contado da data do lançamento,
tem-se configurada a prescriçã o do objeto, conforme descrito abaixo.
Nº da Inscriçã o da D. Ativa.
36.006.851-1 (fls. 52)
Data do lançamento.
03/11/2006
Data da prescriçã o.
04/11/2011
Data Propositura da Execuçã o.
06/11/2012
Nº da Inscriçã o da D. Ativa.
36.006.826-0 (fls. 54)
Data do lançamento.
03/11/2006
Data da prescriçã o.
04/11/2011
Data Propositura da Execuçã o.
06/11/2012
Nos termos do artigo 156, inciso V c/c artigo 174 do CTN:
“Art. 156. Extinguem o crédito tributário: (...) V - a prescrição e a decadência;”

“Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua
constituição definitiva.”

Com efeito, a prescriçã o para a Fazenda Pú blica mover a execuçã o fiscal cabível deveria
ocorrer em 05 (cinco) anos contados da sua constituiçã o definitiva até o despacho que
ordenar a citaçã o do executado.
Sobre o tema, cabe tecer alguns precedentes:
TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. IPTU E TAXAS. PRESCRIÇÃO. Execução fiscal de crédito tributário do IPTU e taxas
relativos ao exercício de 1997. Opera-se a perda do direito de ação da Fazenda Pública se passados mais de cinco
anos entre a constituição do crédito tributário e a distribuição da execução fiscal. Recurso desprovido. (TJ-RJ - APL:
XXXXX20028190002 RIO DE JANEIRO NITEROI CENTRAL DE DIVIDA ATIVA, Relator: HENRIQUE CARLOS DE ANDRADE
FIGUEIRA, Data de Julgamento: 31/01/2017, QUINTA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 03/02/2017)

RECURSO DE APELAÇÃO EM AÇÃO DE EXECUÇÃO FISCAL. TRIBUTÁRIO. IPVA. ILEGITIMIDADE PASSIVA. PRESCRIÇÃO.
Execução fiscal proposta em face de arrendadora de veículo para cobrança de IPVA. MM. Juiz a quo que extinguiu o
feito pela ilegitimidade passiva. Insurgência recursal acerca da legitimidade para compor o polo passivo da ação.
Análise que encontra óbice no reconhecimento da prescrição dos créditos tributários, de ofício. Ação ajuizada mais
de cinco anos após a constituição do crédito tributário. Contagem do prazo que se inicia no primeiro dia após
decorrido o prazo estabelecido pelo art. 12 da Lei 6.606/89. Recurso não conhecido. Processo extinto, com
resolução de mérito, com fundamento no art. 487, inciso II, do Novo Código de Processo Civil (TJ-SP - APL:
XXXXX20118260014 SP XXXXX-17.2011.8.26.0014, Relator: Marcelo Berthe, Data de Julgamento: 24/10/2016, 5ª
Câmara de Direito Público, Data de Publicação: 27/10/2016)

“APELAÇÃO — EXECUÇÃO FISCAL — ICMS DECLARADO E NÃO PAGO — PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTIVA —
OCORRÊNCIA — PRAZO DE 5 (CINCO) ANOS — ESCOAMENTO — VENCIMENTO DA OBRIGAÇÃO — TERMO INICIAL.
Nas hipóteses de tributo sujeito a lançamento por homologação declarado e não pago, é de se reconhecer a
prescrição da pretensão executiva, quando evidenciado o escoamento do prazo de cinco (5) anos, contado a partir
da data do vencimento da obrigação tributária, sem que tenha se verificado qualquer marco interruptivo. Recurso
não provido.”

TJMT. Ap, 25392/2014, DES.LUIZ CARLOS DA COSTA, QUARTA CÂMARA CÍVEL, Data do Julgamento 20/05/2014,
Data da publicação no DJE 29/05/2014) Assim, considerando que os débitos já se encontram inexigíveis, vez que
transcorrido o prazo prescricional, não podem seguirem sendo executados. Evidente que se torna, portanto, nula a
CDA que embasa a execução fiscal, devendo ser julgada extinta a execução fiscal proposta.

Pelo exposto, por se tratar de matéria de ordem pú blica, imprescindível o reconhecimento


da prescriçã o.
III - DA PRESCRIÇÃO POSTERIOR AO AJUIZAMENTO DA PRESENTE AÇÃO.

É certo que em épocas passadas, a questã o envolvendo as hipó teses de se interromper a


prescriçã o em uma açã o de cobrança de um crédito tributá rio ensejou algumas
controvérsias.
Ainda mais, tendo em vista a possibilidade aberta pelo o artigo 8º da Lei 6.830/80, que
admitia estar interrompida a prescriçã o com o despacho de citaçã o do devedor ou a citaçã o
do devedor por edital.
Todavia, atualmente esta questã o encontra-se superada.
O Có digo Tributá rio Nacional que é lei ordiná ria, com força de Lei Complementar, regula
de forma completa a questã o relacionada à prescriçã o e suas causas de interrupçã o,
cumprindo indubitavelmente todos os preceitos da Constituiçã o Federal.
Esta matéria encontra-se atualmente disciplinada no artigo 174 do CTN, que fixa o prazo
prescricional de 5 (cinco) anos para cobrança dos créditos tributá rios e determina, em seu
pará grafo ú nico, as seguintes causas de interrupçã o da prescriçã o:citaçã o pessoal feita ao
devedor, protesto judicial, qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor ,ou ato
inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo
devedor.
Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em 5 (cinco) anos, contados da data da sua
constituição definitiva.
Parágrafo único. A prescrição se interrompe:
I - pela citação pessoal feita ao devedor;
II - pelo protesto judicial;
III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo devedor..
(GRIFOS E DESTAQUES NOSSOS)
Data vênia, pouco importa que a Lei no 6.830/80 (Lei de execuçõ es fiscais), em seu art. 8º,
§ 2º, haja disciplinado outra causa de interrupçã o do prazo prescricional, como a citaçã o do
devedor por edital, o despacho que ordena a citaçã o, ou, em seu art. 40, tenha determinado
sua suspensã o indefinida, enquanto nã o citado o devedor, pois, como já afirmado, esta
matéria foi reservada pela CF/88 à Lei Complementar, tendo, nesse ponto, a referida lei
ordiná ria incorrido em inconstitucionalidade ou, como queira, nã o teria sido recepcionada
pela atual ordem constitucional vigente.
O artigo 174 do Có digo Tributá rio Nacional, que é lei ordiná ria recepcionada por nossa
Constituiçã o da Republica como lei complementar, prescreve que o prazo de prescriçã o do
crédito é de cinco anos, nada mencionando acerca de outras causas de interrupçã o È a lei
ordiná ria de Execuçã o Fiscal que introduz essa possibilidade.
Desta forma, ao tentar inserir algumas outras possibilidade de se interromper o prazo
prescricional, a referida lei 6830/80, adentra em seara privativa de lei complementar,
conforme preconiza nossa Constituiçã o da Republica, legislando sob a forma de lei
ordiná ria, matéria de competência exclusiva de lei complementar.
É somente a lei complementar que tem que autorizaçã o de regular a prescriçã o do crédito
tributá rio, nã o podendo como se pretende, que lei ordiná ria estabeleça outras hipó teses de
interrupçã o da prescriçã o. Tal procedimento, viola a Constituiçã o da Republica e os
ditames do Có digo Tributá rio Nacional e nã o tem fundamento jurídico algum que a faça
prevalecer.
Atualmente, como supra mencionado, esta questã o já se encontra pacífica interpretaçã o,
tanto no â mbito do Egrégio Tribunal de Justiça de Minas Gerais, quanto, no â mbito do
Egrégio Superior Tribunal de Justiça, senã o vejamos:
No Tribunal de Justiça de Minas Gerais:
Número do processo: 1.0024.98.151518-2/001 (1) Relator: SCHALCHER VENTURA Data do acórdão: 03/06/2004
Data da publicação: 01/07/2004
Ementa: EXECUÇÃO FISCAL - CITAÇÃO POR EDITAL - NOMEAÇÃO DE CURADOR - PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE -
RECONHECIMENTO - SUPREMACIA DO ART. 174 DO CTN SOBRE O ART 40 DA LEI 6.830/80. "A prescrição
qüinqüenal para cobrança do crédito tributário ocorre quando os autos permanecem paralisados por mais de cinco
anos, sem que a Fazenda Pública tenha praticado qualquer ato procedimental, prevalecendo as regras do art. 174
do CTN, sobre o art. 40 da Lei 6.830/80.
Súmula: REJEITARAM PRELIMINAR E DERAM PROVIMENTO PARCIAL (grifos e destaques nossos)
Número do processo: 1.0024.99.016007-9/001 (1) Relator: GERALDO AUGUSTO Data do acórdão: 22/06/2004 Data
da publicação: 01/07/2004
Ementa: EXECUÇÃO FISCAL - PRESCRIÇÃO - OCORRÊNCIA. Transcorrido o prazo prescricional, no período entre a
inscrição do débito tributário e a efetiva citação, há de cancelar-se a exigência dos tributos ora exigidos.
Súmula: REJEITARAM PRELIMINAR E NEGARAM PROVIMENTO (grifos e destaques nossos)
Número do processo: 1.0024.99.002419-2/001 (1) Relator: GERALDO AUGUSTO Data do acórdão: 01/06/2004 Data
da publicação: 01/07/2004
Ementa: EXECUÇÃO FISCAL - PRESCRIÇÃO - OCORRÊNCIA - Transcorrido o prazo prescricional, no período entre a
inscrição do débito tributário e a efetiva citação, há de se cancelar a exigência dos tributos exigidos.
Súmula: REJEITARAM PRELIMINAR E NEGARAM PROVIMENTO, VENCIDO, EM PARTE, O REVISOR. (grifos e
destaques nossos)

Ora , com a devida vênia, o que se pode concluir é que somente as causas elencadas no
artigo 174 do CTN têm o poder de interromper a prescriçã o de uma açã o de execuçã o
fiscal. Nã o sendo admitido assim, qualquer outra hipó tese criada, que nã o sejam aquelas
disciplinadas no CTN.
A presente açã o foi proposta em 06 de Novembro de 2012 e 04 de dezembro de 2013.
Assim, considerando que o início do prazo prescricional é contado da data do lançamento,
tem-se configurada a prescriçã o do objeto, conforme descrito abaixo.
Nº da Inscriçã o da D. Ativa.
Data do lançamento.
Data da prescriçã o.
Data Suspensã o fl. 44
37.098.486-2 (fls. 07)
25/04/2011
26/04/2016
05/08/2016
37.098.484-6 (fls. 10)
25/04/2011
26/04/2016
05/08/2016
37.098.485-4 9 (Fls. 13)
25/04/2011
26/04/2016
05/08/2016

Pelo exposto, por se tratar de matéria de ordem pú blica, imprescindível o reconhecimento


da prescriçã o.
IV – DO NÃO CABIMENTO DO PEDIDO DE NOVA SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO.
Todavia, por tratar-se de cobrança de tributos, nã o se justifica que o Fisco tenha se mantido
inerte por esse longo período, sem diligenciar o andamento do processo, afinal é
indubitá vel o interesse pú blico matéria.
Ou seja, caberia à Administraçã o Tributá ria ser diligente, por meio dos inú meros
mecanismos previstos na lei processual, para fins da efetiva citaçã o e deslinde do processo,
o que, efetivamente, nã o realizou.
Inadmissível pretender que o exequente, apó s todo esse tempo inerte, possa imputar ao
judiciá rio a demora e a incú ria na citaçã o do executado, diligência cabível ao pró prio autor
da açã o.
Portanto, necessá rio afastar, no caso, a incidência do verbete nº 106, da Sú mula do C. STJ,
posto que, tal enunciado nã o pode servir de fundamento para que a Fazenda Pú blica deixe
a cargo ú nico do Poder Judiciá rio a responsabilidade pelo processamento, a exemplo da
citaçã o do executado em tempo há bil.
Ademais, nem a morosidade cartorá ria, por exemplo, nã o pode ser oponível ao
contribuinte, como forma de eternizar a exigibilidade e exequibilidade de créditos
tributá rios.
Desta forma, por também nã o haver qualquer previsã o legal, pugna-se pelo indeferimento
do pedido de suspensã o formulado, visto que o mesmo já fora concedido conforme
despacho de fl. 44.
V - DOS PEDIDOS

Diante o exposto, requer:


· Que seja deferido o pedido de gratuidade de justiça;
· Que seja acolhido o pedido de prescriçã o das dividas ativas e decretado o arquivamento
definitivo do feito, bem como a baixa de qualquer impedimento imposto ao executado a fim
de satisfazer a presente divida;
· Nã o obstante, nã o acolhendo o pedido retro mencionado,o que nã o se espera, requer que
seja indeferido o pedido de nova suspensã o do processo.
· Que seja o Exequente condenado a pagar honorá rios advocatícios em 20% nos termos
legais, diante da complexidade do feito, bem da imprescindibilidade da presença de defesa
técnica no presente feito.

Nesses termos,
Pede-se deferimento.
Bocaiuva/MG, 21 de Fevereiro 2018.
OAB/MG XXX.XXX

Você também pode gostar