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EIXO DE DIREITO

TRIBUTÁRIO
Aula 07
Ação anulatória de
lançamento fiscal

Profa. Ms. Josyane Mansano


Doutoranda em Direito pela Universidade de Marilia
Mestre em Direito das Relações Negociais e Sustentabilidade pela
UNIMAR/SP Coordenadora dos Cursos de Pós-graduação em Direito da
FCV
Docente e Advogada em Maringá
A ação anulatória de débito fiscal tem
natureza desconstitutiva de lançamento e
de certidão de dívida ativa que produz
uma norma individual e concreta. A ação
anulatória pode ser proposta mesmo após
o inicio da execução fiscal.
Trata-se de ação que se processa pelo
procedimento comum (arts. 318 e segs.
NCPC) – com fases processuais bem
definidas (postulatória, probatória e
decisória) – cuja finalidade é anular o
crédito que o Fisco tem em face de um
determinado contribuinte.
Segundo o CTN (art. 142 e art. 173), é o
lançamento que constitui o crédito
tributário. Ao anular o lançamento,
desconstitui-se o crédito tributário. Por
isso, também é chamada de constitutiva
negativa.
Cabimento

• Anular Auto de Infração;


• Anular Notificação Fiscal de
Lançamento de Débito;
• Anular Decisão Administrativa
Desfavorável ao Contribuinte.
Mas não Confundir
esta Anulatória com
aquela do art. 169,
CTN:
Art. 169. Prescreve em dois anos a ação anulatória
da decisão administrativa que denegar a
restituição.
Esta anulatória será utilizada quando o
contribuinte, tendo optado por requerer a
restituição do indébito na esfera administrativa,
sai vencido nesse pleito.
Então, resta ao contribuinte, dentro do prazo de
dois anos, ajuizar ação anulatória dessa decisão
administrativa denegatória.
Na execução fiscal, para que o executado possa
manejar embargos à execução precisa garantir o
juízo, o que não é necessário para a propositura da
ação anulatória de debito fiscal. Nesse sentido, há
súmula vinculante n. 28 do STF: 

“É inconstitucional a exigência de depósito prévio


como requisito de admissibilidade de ação judicial na
qual se pretenda discutir a exigibilidade do crédito
tributário”.
Aplica-se o prazo prescricional de 5
anos, nos termos do artigo 1° do
Decreto 20.910 de 1932 para a
propositura da ação anulatória de
débito fiscal.
A propositura da ação anulatória de débito fiscal
independe da efetivação de deposito do montante
integral do debito, visto que tal exigência limita o
direito de ação do contribuinte, bem como contraria
o princípio do amplo acesso à justiça, nos termos
artigo 5, inciso XXXV, da CF. Exigir o quantia em
dinheiro para que a propositura de ação judicial
excluirá a oportunidade de acesso ao judiciário o
contribuinte que não disponha de recursos
financeiros para garantir o débito tributário.
Ocorre que, para que haja a
suspensão da exigibilidade do crédito
tributário, há necessidade do depósito
do montante integral do débito,
enquadrando-se na hipótese de
suspensão de exigibilidade do crédito
tributário prevista no artigo 151, II, do
CTN. 
A ação anulatória de débito fiscal tem
como causa de pedir a existência de
lançamento pelo Fisco, bem como de
algum vício que torna inexigível o
tributo. Busca-se a invalidade do
lançamento tributário.
Deverá haver condenação da Fazenda
Pública em honorários advocatícios, visto
que a empresa foi citada e, mesmo que
haja a petição de desistência posterior à
citação e anterior à oposição de embargos
à execução, não deve haver aplicação
do artigo 26 da Lei 6.830 de 1980. Neste
sentido segue aresto do STJ:
“EXECUÇÃO FISCAL. DESISTÊNCIA. EXTINÇÃO DO
PROCESSO. EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CABIMENTO. 1. É pacífica
a jurisprudência deste Tribunal no sentido de que, havendo
extinção da execução fiscal em virtude de pedido de
desistência do exeqüente, efetivado após a citação do
executado, são devidos os honorários advocatícios.
Precedentes: AgRg no REsp 758.349⁄RS, 1a T., Min.
Francisco Falcão, DJ de 19.12.2005; RESP 673.174, 2ª T.,
Min. Castro Meira, DJ de 23.05.2005. 2. Recurso especial a
que dá provimento. (REsp 858.986⁄SP, Rel. Ministro Teori
Albino Zavascki, 1º Turma, unânime, DJ 25⁄09⁄2006, pág.
246).”
Peça prática

Em 05 de fevereiro de 2019, a Empresa Farias Comercial Ltda., situada em


Cuiabá – MT, recebeu lamacento referente À cobrança da Taxa de
Funcionamento, cujo prazo para pagamento expiraria em 05 de março de
2019. Inconformada com o elevado valor e pelo fato de que não poderia
exercer suas atividades sem o pagamento da referida taxa, a empresa
questionou a cobrança. Em resposta ao contribuinte, o fisco municipal
informou que a taxa em questão havia sido instituída pela Lei complementar
n. 115/2018 e que o valor devido havia sido calculado em consonância com o
art. 10 dessa lei, que tinha o seguinte teor: “A base de cálculo da taxa é o
valor venal do imóvel e para a obtenção deste deverá ser considerados os
valores do metro quadrado da edificação.
Como advogado da empresa Farias, adote a medida judicial cabível,
considerando que entre a resposta ao contribuinte e a data que ele o
procurou já se passaram mais de cinco meses.
Endereçamento:

EXCELENTISSIMO SENHOR
DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA
VARA DE FAZENDA PÚBLICA DA
COMARCA DE.....    /ESTADO ...
Requerente: FARIAS COMERCIAL LTDA

Nome da ação:

AÇÃO ANULATÓRIA C/C TUTELA


PROVISÓRIA DE URGÊNCIA ART. 38
DA LEI N. 6.830/80 E ART. 300 DO CPC

Requerido: MUNICÍPIO DE CUIABÁ


Esqueleto da peça:

Fatos:

Fundamentos jurídicos:

1. Do cabimento: As taxas não podem ter base de cálculo idêntica


a dos impostos, art. 145 parágrafo 1º da CF/88 e livre exercício
das atividades, art. 170 da CF/88 e súmula 70 do STF
2. Do direito à Tutela Provisória de Urgência art. 300 do CPC,
probabilidade do direito e perigo de dano ou risco ao resultado
útil do processo

Dos pedidos
SÚMULA 70 -
É INADMISSÍVEL A INTERDIÇÃO DE
ESTABELECIMENTO COMO MEIO
COERCITIVO PARA COBRANÇA DE
TRIBUTO.
Pedidos:

a) A concessão da tutela provisória de urgência.


b) Seja julgada procedente aa ação, a pedido, para o fim de
anular o lançamento tributário.
c) A designação de audiência de conciliação ou de mediação,
nos termos do art. 319, VII, do CPC.
d) A citação do réu
e) Requer a condenação da exequente aos honorários e
custas processuais
f) A produção de todos os meios de prova

Valor da causa
Local, data, assinatura

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