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II – PRELIMINARMENTE.
E por fim:
Art. 32 - Os depósitos judiciais em dinheiro serão
obrigatoriamente feitos:
(...)
§ 2º - Após o trânsito em julgado da decisão, o depósito,
monetariamente atualizado, será devolvido ao depositante ou
entregue à Fazenda Pública, mediante ordem do Juízo
competente.
PRELIMINARMENTE
IV - NO MÉRITO
a) DA APLICAÇÃO DE MULTAS ATRAVÉS DE DECRETO.
VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
Nesse sentido:
DIREITO ADMINISTRATIVO. AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES
TERRESTRES - ANTT. MULTA. APLICAÇÃO COM SUPORTE NO DECRETO
Nº 2.52198 E NA RESOLUÇÃO ANTT Nº 233/2003. AUSÊNCIA DE
PREVISÃO LEGAL DAS CONDUTAS TIPIFICADAS.
NÃOCABIMENTO. PRECEDENTES. 1. A sentença julgou procedentes
embargos à execução fiscal, em face da ilegalidade da Resolução ANTT
nº 233/2003. 2. "A legislação que disciplinou o regime de concessão e
permissão de serviços públicos (Lei nº 8.987/95) não traz a previsão das
condutas típicas, tendo apenas previsto a possibilidade de o Poder
concedente aplicar tais penalidades. A lei que instituiu a Agência
Nacional de Transportes Terrestres (Lei nº 10.233/01), por sua vez,
apenas fixou as espécies de sanções e o limite máximo da pena de
multa, sem também elencar os atos infracionais. Não poderia,
portanto, nem o Decreto n.º 2.251/98, nem a Resolução ANTT n.º
233/2003, sob o pretexto de regulamentar as Leis n.º 8.987/95 e
10.233/01, respectivamente, passar a descrever hipóteses de
infrações administrativas sem o devido respaldo legal"(APELREEX nº
13416/PB, 3ª Turma, Relª Desª Federal convocada Cíntia Menezes
Brunetta) 3."O art. 85, parágrafo 3º, do Decreto n. 2.52198, ao dispor
acerca de penalidade (apreensão de veículo), impondo,
subseqüentemente, o pagamento da multa como condição para
liberação do bem, extrapolou a sua finalidade de apenas regulamentar
a Lei n. 8.98795, que, disciplinando o regime de concessão e permissão
da prestação de serviços públicos, não cuidou da tipificação de atos
ilícitos dos concessionários, tampouco de respectivas sanções
administrativas" (STJ, REsp 616750/GO, Rel. Min. João Otávio de
Noronha). 4. Apelação não-provida. (TRF-5 - AC:
8034881720134058400, Relator: Desembargador Federal Marcelo
Navarro, Data de Julgamento: 24/04/2014, Terceira Turma).
ADMINISTRATIVO. AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES
TERRESTRES - ANTT. APLICAÇÃO DE MULTA. RESOLUÇÃO Nº 233/2003.
IMPOSSIBILIDADE. I. A Lei nº 10.233/01, a despeito de conferir à ANTT
o poder dever de fiscalizar o transporte terrestre e de aplicar
determinadas sanções, entre elas a de multa, não lhe atribuiu
competência legislativa para tipificar condutas ilícitas, sujeitas à sanção
do Estado. II. A multa imposta pela ANTT, na hipótese, em desfavor da
apelada foi respaldada na Resolução ANTT nº 233/2003, sem o amparo
da Lei nº 8.987/95, que disciplinou o regime de concessão e permissão
de serviços públicos. O administrador, ao editar o normativo
mencionado, para descrever infrações administrativas, extrapolou o
princípio constitucional da legalidade. Precedentes: TRF 5ª Região,
APELREEX 200882000002637, Desembargadora Federal Cíntia
Menezes Brunetta, DJE:23/08/2012; APELREEX
00080517620114058200, Desembargador Federal Élio Wanderley de
Siqueira Filho, DJE:25/04/2013. III. Apelação improvida.
(TRF-5 - AC: 8034864720134058400, Relator: Desembargador Federal
Ivan Lira de Carvalho, Data de Julgamento: 08/04/2014, Quarta Turma).
Nesse sentido:
“JÁ NO QUE SE REFERE À MULTA MORATÓRIA, TENHO PARA
MIM QUE, REALMENTE, É EXCESSIVA A SUJEIÇÃO DA AGRAVANTE AO SEU
PAGAMENTO. AINDA QUE, INADVERTIDAMENTE, HAJA ASSINADO
COMPROMISSO NESSE SENTIDO. OS JUROS A SEREM COBRADOS JÁ
CONFIGURAM UM DEVIDO RESSARCIMENTO PELA MORA, COM O QUE NÃO
PASSARIA DE ENVIESADO E INACEITÁVEL “BIS IN IDEM” A COBRANÇA, EM
CONJUNTO, DE JUROS E MULTA MORATÓRIA”.
(Agravo de Instrumento, nº 96.03.020951-1, Relator
Andrade Martins, E. TRF-3ª Região, DJU, II, de 29/03/1996).
Dessa forma, a multa moratória deverá ser reduzida, nos
termos do artigo 161, §1º, do CTN, à proporção de 1% ao mês de forma não
capitalizada, ou melhor, de 12% ao ano.
Para se ter como liso o ato, não basta que o agente alegue
que operou no exercício da discrição, isto é, dentro do campo de alternativas que
a lei lhe abria. O Juiz poderá, a instâncias da parte e em face de argumentação
por ela desenvolvida, verificar em exame de razoabilidade, se o comportamento
administrativamente adotado, não obstante contido dentro das possibilidades
em abstrato abertas pela lei, revelou-se, in concreto, respeitoso das
circunstâncias do caso e deferente para com a finalidade da norma aplicada. Em
consequência desta avaliação, o Judiciário poderá concluir, em despeito de estar
em pauta providência tomada com apoio em regra outorgadora de discrição, que,
naquele caso específico submetido a seu crivo, a toda evidência a providência era
incabível, dadas as circunstâncias presentes e a finalidade que animava a lei
invocada. Ou seja, o mero fato de a lei, em tese, comportar o comportamento
profligado em juízo não seria razão bastante para assegurar lhe legitimidade e
imunizá-lo da censura judicial.
Também neste sentido lecionam PAULO JOSÉ DA COSTA
JUNIOR e ZELMO DENARI, in Infrações Tributárias e Delitos Fiscais, Ed. Saraiva,
pág. 81, ao se referirem sobre a legalidade da instituição de multas instituídas
pelo Poder Público, vênia para transcrever o excerto:
De fato, em nosso sistema tributário, as multas por infração são
instituídas pelos entes federativos a la diable, vale dizer, sem
observância de quaisquer critérios normativos previstos em lei
complementar, circunstância esta que entrega os contribuintes à
mercê da voracidade fiscal no plano federal, estadual ou
municipal.
Sacha Calmon Navarro - com o habitual vigor - defende ponto de
vista de que multa escorchante, que ultrapassa os limites do
razoável para dissuadir as violações dos preceitos normativos,
constitui uma burla ao dispositivo constitucional que proíbe o
confisco.
Ora, isso somente nos leva a concluir que diante da elasticidade
dos critérios normativos para a determinação e quantificação das
penalidades pecuniárias, tem-se observado que tal liberalidade,
auferida ao Fisco, tem se constituído no abuso sistemático dos
agentes fiscais encarregados na aplicação das multas por
infração, tratando-se de evidente confisco, consoante ora
demonstrado.
E tanto é fato, que tais sanções incidentes sobre os valores dos
créditos tributários constituídos levam, na maioria das vezes, a
total insolvência do contribuinte por excesso de onerosidade no
cumprimento das obrigações tributárias acessórias.
Convém finalmente reiterar, que não obstante a previsibilidade
legal dos dispositivos que fixam os parâmetros da multa no caso
de atraso no recolhimento do tributo informado e em atraso,
existem princípios que se irradiam sobre diferentes normas
compondo-lhes o espírito e servindo como critérios para sua exata
compreensão, razão pela qual, entende a ora Embargante, que as
leis editadas e efetivamente aplicadas não podem distanciar-se
dos princípios fundamentais que regem o ordenamento jurídico,
pelo simples fato de que violar um princípio é muito mais grave
que transgredir uma norma.
A desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um
mandamento obrigatório, mas a todo o sistema de comandos. É
a mais grave forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade,
conforme o escalão do princípio atingido, porque representa
insurgência contra todo o sistema, subversão de seus valores
fundamentais, contumélia irreversível a seu arcabouço lógico e
corrosão de sua estrutura mestra.
(CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO, Curso de Direito
Administrativo, 8ª Ed., Malheiros Editores, pág. 546).
g) Da manifesta ilegalidade/inconstitucionalidade do
Encargo Legal.
Analisando-se a fundo a questão do Encargo Legal instituído
pelo Decreto-Lei 1.025/69, verificamos que ele não preenche os mínimos
pressupostos de validade a figurar em nosso sistema jurídico.