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DIREITO TRIBUTÁRIO I - SEMINÁRIO DE AULA

SEMINÁRIO VII – COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA

1) Os dispositivos encartados no art. 758-A, § 2.o, incs. I e II c/c o art. 758-B, §1.o, inc.
I e art. 543-V, § 1º do RICMS/ES, aprovado pelo Decreto Estadual de n.o 1.090-R de
25/10/2002, abaixo transcritos, materializam o exercício de que tipo de
competência-tributária? Explique.

Art. 758-A. Os contribuintes do imposto deverão realizar a EFD,


composta da totalidade das informações, em meio digital, necessárias
à apuração dos impostos referentes às operações e prestações
praticadas pelo contribuinte, e de outras informações de interesse da
Sefaz e da RFB (Ajustes Sinief 02/09 e 08/15).
..............................................................................................................
§ 2 O contribuinte deverá utilizar a EFD para efetuar a escrituração do:
..............................................................................................................
II. livro Registro de Entradas de Mercadorias;
II. livro Registro de Saídas de Mercadorias; (Grifamos)

Art. 758-B. O arquivo digital da EFD será gerado pelo contribuinte de


acordo com as especificações do leiaute definido no Ato Cotepe 09/08
e conterá a totalidade das informações econômico-fiscais e contábeis
correspondentes ao período compreendido entre o primeiro e o último
dia do mês.

§ 1.o Para efeito do disposto no caput, considera-se totalidade das


informações:
I. as relativas às entradas e saídas de mercadorias, ainda que não
transitarem pelo estabelecimento, e aos serviços prestados e tomados,
incluindo a descrição dos itens de mercadorias, produtos e serviços;
(Grifamos)

Art. 543-V. Aplicam-se à NF-e, no que couber, as normas do Convênio


SINIEF s/n.o de 1970.
§ 1.o. As NF-e canceladas e denegados e os números inutilizados
devem ser escriturados, sem valores monetários, de acordo com a
legislação de regência do imposto. (Grifamos)

R: De acordo com Eduardo Sabbag, a competência tributária é a habilidade privativa e


constitucionalmente atribuída a um Ente Político; para que este, com base na lei, proceda à
instituição da exação tributária. Trata-se de um conceito acolhido pela maioria da doutrina.

Todavia, outra parcela da doutrina (incluindo a Prof.ª Cristiane Mendonça), entende que tal
conceito - ou outro de caráter semelhante - não pode ser utilizado para abarcar o que venha
a ser compreendido por “competência tributária”. Nesse sentido, estes defendem a divisão
da competência tributária em dois subconceitos: a “competência tributária em sentido
amplo” e a “competência tributária em sentido estrito”.
Assim, a competência em sentido amplo (lato sensu) seria a que designaria quais entes
seriam os competentes para o disciplinamento de certas espécies tributárias. Nessa
perspectiva, ela abarca todas as funções necessárias ao poder de tributar - inclusive a
criação de obrigações tributárias acessórias, sem se restringir apenas à instituição do
tributo. Paulo de Barros Carvalho, em melhor explicação, menciona que o sentido amplo
“consiste na edição de normas tributárias que não incidam sobre a regra-matriz”, de modo a
versar sobre matéria tributária de forma mais abrangente, sem instituir ou aumentar algum
tributo.

Em outras palavras, o amplo poder concedido não será para apenas instituir/criar um
tributo, mas também para fiscalizar seu cumprimento, arrecadar seus valores e, se
necessário, executar as normas para cobrança. Rafael Novais, nesse ponto, dispõe que a
competência em sentido amplo se desdobra no exercício de quatro pilares:
instituição/criação, fiscalização, arrecadação e execução de normas do direito tributário.

A competência tributária em sentido estrito, por sua vez, se reduziria apenas ao pilar da
"instituição/criação", e estuda a competência tributária apenas no que tange à instituição
daquele tributo por um Ente Político competente. Portanto, por tal conceito, não se busca
estudar todas as consequências posteriores à criação do tributo, mas apenas aquela etapa
inicial.

A defesa pelo estudo da competência tributária em sentido estrito se relaciona ao fato de


que, muito embora a competência para instituição do tributo seja indelegável, todas as fases
posteriores - isto é, a fiscalização, arrecadação e execução das normas - podem ser
delegadas a outra pessoa jurídica de direito público interno.

Exemplificando, a Constituição Federal designa que a competência para instituição do


Imposto Territorial Rural será exercida apenas pela União (art. 154, VI, da CF). De todo
modo, a atribuição de competência para União instituir o ITR não impedirá a delegação da
capacidade tributária ativa quanto aos atributos de fiscalizar, executar e arrecadar para os
Municípios que assim optarem (art. 153, § 4º, III, da CF).

Compreendendo a diferença entre esses institutos à luz da previsão estampada no art. 119
do CTN, perceberemos que o sujeito ativo dessa relação tributária não necessariamente
será o detentor de toda a competência em sentido amplo, mas apenas aquele que tenha o
poder de exigência, ou seja, bastará a atribuição da capacidade tributária ativa. No reiterado
exemplo, o Município estaria figurando com sujeito ativo do ITR Federal, vez que teria
realizado a opção pela fiscalização, execução e arrecadação desse imposto - isto é, a
capacidade tributária ativa.

Posto isso, e analisando as normas destacadas pela questão, é de se dizer que a legislação
em comento materializa o exercício da competência tributária em sentido amplo, pois não
busca a instituição de um tributo (in casu, o ICMS), mas apenas a criação de obrigações
tributárias acessórias.

2) As decisões que seguem transcritas, da lavra do E. STF, configuram exercício de


competência legislativo-tributária? Explique.
Ementa: DIREITO TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO NO
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. MAJORAÇÃO DO ICMS POR
MEIO DE ALTERAÇÃO DO ÍNDICE DE VALOR ADICIONAL
SETORIAL (IVA-ST). REVOGAÇÃO DE BENEFÍCIO FISCAL.
MAJORAÇÃO INDIRETA DE TRIBUTO. PRINCÍPIO DA
ANTERIORIDADE.
1. O acórdão recorrido está em dissonância com a
jurisprudência desta SUPREMA CORTE, no sentido de que a
redução ou supressão de benefício fiscal (no caso, majoração
do Índice de Valor Adicional Setorial - IVA-ST), constitui
majoração indireta de tributo, de forma que deve observância
ao princípio da anterioridade nonagesimal.
2. Esta CORTE tem aplicado esse entendimento em situações em
que também se questionava a majoração do ICMS por meio de
alteração do Índice de Valor Adicional Setorial (IVA-ST).
3. Ressalva do ponto de vista pessoal do Relator, no sentido de que
a redução ou a extinção de desconto para pagamento de tributo não
pode ser equiparada à majoração do tributo, de forma que não
incide, no caso, o princípio da anterioridade tributária.
4. Agravo Interno a que se nega provimento. (RE 1417387 AgR,
Relator(a): ALEXANDRE DE MORAES, Primeira Turma, julgado em
18/04/2023, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-s/n DIVULG
25-04-2023 PUBLIC 26-04-2023) (Grifamos)

R: Trata-se do exercício da competência tributária em sentido estrito, pois o objetivo da


norma tributária discutida pelo STF foi, justamente, majorar o valor da regra-matriz de
incidência do tributo. Nesse sentido, por não versar sobre matéria mais abrangente, mas
tão-somente sobre alterações na norma-matriz, é que se afirma se tratar do exercício da
competência tributária em sentido estrito.

Ementa: RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. CÓDIGO DE


PROCESSO CIVIL DE 2015. APLICABILIDADE. TRIBUTÁRIO.
IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE DE VEÍCULOS
AUTOMOTORES - IPVA. VENDA DO VEÍCULO. AUSÊNCIA DE
COMUNICAÇÃO AO ÓRGÃO DE TRÂNSITO PELO ALIENANTE.
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA SOLIDÁRIA COM BASE NO
ART. 134 DO CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO - CTB.
INVIABILIDADE. NECESSIDADE DE PREVISÃO EM LEI
ESTADUAL ESPECÍFICA.
I. Consoante o decidido pelo Plenário desta Corte na sessão
realizada em 09.03.2016, o regime recursal será determinado pela
data da publicação do provimento jurisdicional impugnado.
Aplica-se, no caso, o Estatuto Processual Civil de 2015.
II. O art. 134 do Código de Trânsito Brasileiro - CTB não permite
aos Estados e ao Distrito Federal imputarem sujeição passiva
tributária ao vendedor do veículo automotor, pelo pagamento
do IPVA devido após a alienação do bem, quando não
comunicada, no prazo legal, a transação ao órgão de trânsito.
III. O art. 124, II do CTN, aliado a entendimento vinculante do
Supremo Tribunal Federal, autoriza os Estados e o Distrito Federal a
editarem lei específica para disciplinar, no âmbito de suas
competências, a sujeição passiva do IPVA, podendo, por meio de
legislação local, cominar à terceira pessoa a solidariedade pelo
pagamento do imposto.
IV. Tal interpretação é reverente ao princípio federativo, que, em sua
formulação fiscal, revela-se autêntico sobreprincípio regulador da
repartição de competências tributárias e, por isso mesmo, elemento
informador primário na solução de conflitos nas relações entre a
União e os demais entes federados.
V. Acórdão submetido ao rito do art. 1.036 e seguintes do
CPC/2015, fixando-se, nos termos no art. 256-Q, do RISTJ, a
seguinte tese repetitiva: Somente mediante lei estadual/distrital
específica poderá ser atribuída ao alienante responsabilidade
solidária pelo pagamento do Imposto sobre a Propriedade de
Veículos Automotores - IPVA do veículo alienado, na hipótese
de ausência de comunicação da venda do bem ao órgão de
trânsito competente.
VI. Recurso especial do particular parcialmente provido. (REsp n.
1.881.788/SP, relatora Ministra Regina Helena Costa, Primeira
Seção, julgado em 23/11/2022, DJe de 1/12/2022) (Grifamos)

R: Por se tratar de responsabilidade tributária - isto é, quem sofrerá diretamente os reflexos


da norma-matriz de incidência - entendo ser o caso de uma competência tributária em
sentido estrito, já que ainda trata da regra-matriz e não de temática perambular a ela.
Soma-se a isso o fato de que, em verdade, o julgado versa acerca da possibilidade ou não
de se opor uma exação de um tributo sobre determinados indivíduos - de modo que, em
outras palavras, acaba por determinar como poderia ser instituído o IPVA aos alienantes do
veículo. Desse modo, por se tratar de uma discussão sobre a instituição ou não de um
tributo, decerto que estamos discutindo o exercício da competência tributária em sentido
estrito.

Ementa: Direito Tributário. Combustíveis. Importação e


comercialização. PIS e COFINS. Contribuição. Decretos
9.101/2017 e 9.112/2017. Redução de percentual de benefício
fiscal dentro dos parâmetros legais com agravamento do ônus
tributário. Majoração indireta de tributo. Regra da anterioridade
nonagesimal. Observância. Art. 195, § 6.º, da Constituição.
Questão constitucional. Potencial multiplicador da
controvérsia. Repercussão geral reconhecida com reafirmação
de jurisprudência. Recurso extraordinário a que se nega
provimento.
1. O entendimento da Corte de origem não diverge da jurisprudência
do Supremo Tribunal Federal, no sentido da necessidade de
respeito à regra da anterioridade nonagesimal quando o Poder
Executivo majorar a contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS
por meio de decreto autorizado.
2. Recurso extraordinário não provido.
3. Fixada a seguinte tese: As modificações promovidas pelos
Decretos 9.101/2017 e 9.112/2017, ao minorarem os coeficientes
de redução das alíquotas da contribuição para o PIS/PASEP e
da COFINS incidentes sobre a importação e comercialização de
combustíveis, ainda que nos limites autorizados por lei,
implicaram verdadeira majoração indireta da carga tributária e
devem observar a regra da anterioridade nonagesimal, prevista
no art. 195, § 6º, da Constituição Federal. (RE 1390517 RG,
Relator(a): MINISTRA PRESIDENTE, Tribunal Pleno, julgado em
12/04/2023, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL -
MÉRITO DJe-078 DIVULG 14-04-2023 PUBLIC 17-04-2023)
(Grifamos)

R: Vemos o exercício de ambos os sentidos de competência tributária. Isso porque, a


pretexto de discutir sobre questões além da regra-matriz de incidência (in casu, a
regulamentação de benefícios fiscais por decreto), o Poder Público acabou por incorrer em
majoração de tributo, questão que se insere no exercício da competência tributária em
sentido estrito.

Ementa: AGRAVO INTERNO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO.


TRIBUTÁRIO. ENERGIA ELÉTRICA. INCIDÊNCIA DE ICMS
SOBRE A DEMANDA DE POTÊNCIA EFETIVAMENTE UTILIZADA
PELO CONSUMIDOR. POSSIBILIDADE. ACÓRDÃO RECORRIDO
EM CONFORMIDADE COM O ENTENDIMENTO FIRMADO PELO
PLENÁRIO DO SUPREMO NO JULGAMENTO DO RE 593.824.
TEMA N. 176/RG.
1. O acórdão recorrido está em harmonia com o entendimento
firmado pelo Supremo na análise do RE 593.824, piloto do Tema n.
176/RG, Relator o ministro Edson Fachin, oportunidade em que esta
Corte assentou incidir o ICMS sobre valores referentes às
operações em que haja o efetivo consumo de energia elétrica pelo
consumidor, e sobre a potência de ultrapassagem (potência utilizada
ou aferida pelos medidores).
2. Nos embargos de declaração opostos em face do julgamento do
Tema n. 176/RG, ratificou-se o entendimento de que o ICMS não
incidirá sobre valores meramente previstos em contrato e que
consistam em simples disponibilização de demanda de potência não
utilizada.
3. Agravo interno desprovido. (RE 1394222 AgR, Relator(a): NUNES
MARQUES, Segunda Turma, julgado em 13/03/2023, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-s/n DIVULG 22-03-2023 PUBLIC 23-03-2023)
(Grifamos)

R: Por se tratar de discussão acerca da incidência da norma-matriz do ICMS, entendo ser o


caso do exercício da competência tributária em sentido estrito.

Ementa: TRIBUTÁRIO. ICMS. PRINCÍPIO DA NÃO


CUMULATIVIDADE. CONCESSÃO DE CRÉDITO FICTÍCIO PELO
ESTADO DE ORIGEM, SEM AUTORIZAÇÃO DO CONFAZ.
ESTORNO PROPORCIONAL PELO ESTADO DE DESTINO.
CONSTITUCIONALIDADE.
O estorno proporcional de crédito de ICMS efetuado pelo Estado de
destino, em razão de crédito fiscal presumido concedido pelo Estado
de origem sem autorização do Conselho Nacional de Política
Fazendária (CONFAZ), não viola o princípio constitucional da não
cumulatividade. (Tema 490 da repercussão geral). (RE 628075,
Relator(a): EDSON FACHIN, Relator(a) p/ Acórdão: GILMAR
MENDES, Tribunal Pleno, Julgado em 18/08/2020, PROCESSO
ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL, MÉRITO DJe-240,
DIVULG 30-09-2020, PUBLIC 01-10-2020) (Grifamos)

R: Por se tratar de crédito fictício, que não diz respeito à norma-matriz, mas mera
liberalidade do Estado de origem (posto que, inclusive, sequer foi autorizado pelo CONFAZ),
entendo ser o caso do exercício de uma competência tributária em sentido amplo.

Ementa: Direito constitucional e tributário. Ação direta de


inconstitucionalidade. Incidência de ISS ou ICMS sobre o
licenciamento ou cessão do direito de uso de programa de
computador.
1. Ação direta em que se discute a validade da incidência do
ICMS sobre o licenciamento ou cessão do direito de uso de
programas de computador.
2. A Primeira Turma deste Supremo Tribunal Federal, no julgamento
do RE 176.626, de relatoria do Min. Sepúlveda Pertence (j. em
10.11.1998), declarou a impossibilidade de incidência do ICMS
sobre o licenciamento ou cessão do direito de uso de programas de
computador. Isso porque essa operação tem como objeto o direito
de uso de bem incorpóreo insuscetível de ser incluído no conceito
de mercadoria. Na mesma ocasião, porém, a Turma reconheceu a
constitucionalidade da incidência do ICMS sobre a circulação de
cópias ou exemplares de programas de computador produzidos em
série e comercializados no varejo, os chamados softwares ‘de
prateleira’ (off the shelf).
3. Posteriormente, analisando de forma específica a legislação do
Estado de São Paulo, a Primeira Turma reafirmou essa tese e
concluiu que a comercialização e revenda de exemplares do corpus
mechanicum da obra intelectual produzida em massa não
caracterizam o licenciamento ou cessão do direito de uso da obra.
Trata-se de genuínas operações de circulação de mercadorias
sujeitas ao ICMS (RE 199.464, Rel. Min. Ilmar Galvão, j. em
02.03.1999). Este entendimento também foi seguido pela Segunda
Turma no RE 285.870-AgR, Rel. Min. Eros Grau, j. em 17.06.2008.
4. A jurisprudência desta Corte, no entanto, recentemente foi
modificada, afastando a distinção em função do caráter customizado
ou não do programa de computador.
5. O Plenário deste Supremo Tribunal Federal, ao apreciar as ADIs
1.945 e 5.659 (j. em 24.02.2021), entendeu que as operações
relativas ao licenciamento ou cessão do direito de uso de software,
seja ele padronizado ou elaborado por encomenda, devem sofrer a
incidência do ISS, e não do ICMS. Tais operações são mistas ou
complexas, já que envolvem um dar e um fazer humano na
concepção, desenvolvimento e manutenção dos programas, além
“[d]o help desk, disponibilização de manuais, atualizações
tecnológicas e outras funcionalidades previstas no contrato”. Nesse
contexto, o legislador complementar buscou dirimir o conflito de
competência tributária (art. 146, I, da CF), no subitem 1.05 da lista
de serviços tributáveis pelo ISS anexa à Lei Complementar nº
116/2003, prevendo o “licenciamento ou cessão de direito de uso de
programas de computação”. Com isso, nos termos do entendimento
atual desta Corte, essas operações não são passíveis de tributação
pelo ICMS, independentemente do meio de disponibilização do
programa.
6. Pedido conhecido em parte e, nessa parte, julgado
procedente, para dar interpretação conforme a Constituição ao
art. 2º da Lei Complementar nº 87/1996 e ao art. 1º da Lei do
Estado de São Paulo nº 6.374/1989, de modo a impedir a
incidência do ICMS sobre o licenciamento ou cessão do direito
de uso de programas de computador.
7. Modulação dos efeitos desta decisão, para atribuir eficácia ex
nunc, a contar de 03.03.2021, data em que publicada a ata de
julgamento das ADIs 1.945 e 5.659, ressalvadas as seguintes
situações: a) as ações judiciais já ajuizadas e ainda em curso em
02.03.2021; b) as hipóteses de bitributação relativas a fatos
geradores ocorridos até 02.03.2021, nas quais será devida a
restituição do ICMS recolhido, respeitado o prazo prescricional,
independentemente da propositura de ação judicial até aquela data;
c) as hipóteses relativas a fatos geradores ocorridos até 02.03.2021
em que não houve o recolhimento do ISS ou do ICMS, nas quais
será devido o pagamento do imposto municipal, respeitados os
prazos decadencial e prescricional.
8. Fixação da seguinte tese de julgamento: ‘É inconstitucional a
incidência do ICMS sobre o licenciamento ou cessão do direito
de uso de programas de computador. (ADI 5576, Relator(a):
ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 03/08/2021,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-179 DIVULG 09-09-2021 PUBLIC
10-09-2021) (Grifamos)

R: Por discutir a incidência ou não do ICMS, a questão versa diretamente sobre a


norma-matriz do tributo e, assim, reflete o exercício da competência tributária em sentido
estrito.

Ementa: TRIBUTÁRIO. SIMPLES NACIONAL. BENEFÍCIO


FISCAL. PIS. COFINS. REGIME MONOFÁSICO. ALÍQUOTA
ZERO. RESTRIÇÃO. LEI N.º 10.147/2000.
CONSTITUCIONALIDADE.
É constitucional a restrição, imposta a empresa optante pelo
Simples Nacional, ao benefício fiscal de alíquota zero previsto
no parágrafo único do artigo 2º da Lei nº 10.147/2000, tendo em
conta o regime próprio ao qual submetida – considerações. (RE
1199021, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em
08/09/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-257, DIVULG
23-10-2020, PUBLIC 26-10-2020) (Grifamos)

R: Por se tratar de restrição de benefício fiscal, que não diz respeito à norma-matriz (posto
que afeta apenas alguns indivíduos, de modo que não se vislumbra a ocorrência de um
reflexo abstrato a todos os contribuintes), entendo ser o caso do exercício de uma
competência tributária em sentido amplo.

Ementa: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE.


CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO. LEI ESTADUAL 7.603/2001,
COM REDAÇÃO DADA PELA LEI 11.077/2020 DO ESTADO DE
MATO GROSSO. CUSTAS JUDICIAIS ATRELADAS AO VALOR
DA CAUSA OU DA CONDENAÇÃO. POSSIBILIDADE.
DESPROPORCIONALIDADE NA MAJORAÇÃO DOS VALORES.
VIOLAÇÃO AOS ARTS. 5º, XXXV E LV, 145, II E § 1º, E 150, IV,
DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. NÃO OCORRÊNCIA.
INTERPRETAÇÃO CONFORME. NECESSIDADE DE
OBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE DE
EXERCÍCIO TRIBUTÁRIO (ART. 150, III, B, DA CF). PARCIAL
PROCEDÊNCIA.
1. A jurisprudência firmada no âmbito deste SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL valida o uso do valor da causa como
critério para definição do valor das taxas judiciárias, desde que
estabelecidos valores mínimos e máximos. (Súmula 667 do
SUPREMO; ADI 2.078, Rel. Min. GILMAR MENDES, DJe de
12/4/2011; ADI 2.040-MC, Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA, DJ de
25/2/2000; ADI 2.696, Rel. Min. DIAS TOFFOLI, DJe de 13/3/2017).
2. Ao definir como parâmetro percentuais que, limitados a um
teto correspondente a R$ 87.895,00, variam entre 1% e 3%, a
incidir sobre o valor da causa ou do acordo homologado, além
de estabelecer valores fixos não representativos de qualquer
exorbitância para determinados processos e atos processuais
(R$ 330,70 e R$ 413,40), a Lei 1.077/2020 do Estado de Mato
Grosso manteve-se em sintonia com as balizas jurisprudenciais
traçadas por este SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
3. A norma impugnada fixa limites mínimos e máximos às custas
processuais, que espelham valores e percentuais razoáveis para a
adequada remuneração do serviço público prestado, de modo a não
configurar qualquer ofensa ao acesso à justiça, à ampla defesa, ao
princípio da capacidade contributiva, à vedação da utilização de
taxas para fins meramente fiscais e ao princípio do não confisco.
Constata-se parâmetro percentuais que, limitados a um teto
correspondente a R$ 87.895,00, variam entre 1% (um por cento) e
3% (três por cento), a incidir sobre o valor da causa ou do acordo
homologado, além de estabelecer valores fixos não representativos
de qualquer exorbitância para determinados feitos e atos
processuais (R$ 330,70 e R$ 413,40), em sintonia com as balizas
jurisprudenciais traçadas por este SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
(ADI 3.826, Rel. Min. EROS GRAU, DJe de 19/8/2010 e ADI 2.655,
Rel. Min. ELLEN GRACIE, DJ de 26/3/2004, Rel. Min. EDSON
FACHIN, Sessão Virtual de 22/5/2020 a 28/8/2020, acórdão
pendente de publicação).
4. Impossibilidade de os dispositivos impugnados serem
aplicados no exercício financeiro de 2020, haja vista a Lei que
os alberga ter sido publicada no Diário Oficial de 13 de janeiro
de 2020. Interpretação conforme à Constituição ao art. 16 da Lei
11.077/2020 do Estado de Mato Grosso, de modo a estabelecer
que a eficácia do art. 6º e dos Itens 1, 2 e 4 da Tabela A, Item 1
da Tabela B e Item 1 da Tabela C, constantes do art. 13, do
mesmo diploma legislativo, iniciar-se-á apenas em 1º de janeiro
de 2021.
5. Ação Direta de Inconstitucionalidade julgada parcialmente
procedente. (ADI 6330, Relator(a): ALEXANDRE DE MORAES,
Tribunal Pleno, julgado em 16/06/2020, PROCESSO ELETRÔNICO
DJe-169, DIVULG 03-07-2020, PUBLIC 06-07-2020) (Grifamos)

R: Verifica-se o exercício da competência tributária em sentido estrito, pois o julgado busca


determinar se os parâmetros (in casu, as alíquotas) para a instituição de um dito tributo, por
um Estado Federado, encontram guarida no ordenamento jurídico regente. Isto é, busca-se
verificar se o exercício da instituição daquele tributo ocorreu da forma correta.

Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO


GERAL. DIREITO TRIBUTÁRIO. INCIDÊNCIA DO ICMS OU DO
ISS. OPERAÇÕES MISTAS. CRITÉRIO OBJETIVO. DEFINIÇÃO
DE SERVIÇO EM LEI COMPLEMENTAR. MEDICAMENTOS
PRODUZIDOS POR MANIPULAÇÃO DE FÓRMULAS, SOB
ENCOMENDA, PARA ENTREGA POSTERIOR AO ADQUIRENTE,
EM CARÁTER PESSOAL. SUBITEM 4.07 DA LISTA ANEXA À LC
Nº 116/03. SUJEIÇÃO AO ISS. DISTINÇÃO EM RELAÇÃO AOS
MEDICAMENTOS DE PRATELEIRA, OFERTADOS AO PÚBLICO
CONSUMIDOR, OS QUAIS ESTÃO SUJEITOS AO ICMS.
1. A Corte tradicionalmente resolve as ambiguidades entre o ISS e o
ICMS com base em critério objetivo: incide apenas o primeiro se o
serviço está definido por lei complementar como tributável por tal
imposto, ainda que sua prestação envolva a utilização ou o
fornecimento de bens, ressalvadas as exceções previstas na lei; ou
incide apenas o segundo se a operação de circulação de
mercadorias envolver serviço não definido por aquela lei
complementar.
2. O critério objetivo pode ser afastado se o legislador complementar
definir como tributáveis pelo ISS serviços que, ontologicamente, não
são serviços ou sempre que o fornecimento de mercadorias seja de
vulto significativo e com efeito cumulativo.
3. À luz dessas diretrizes, incide o ISS (subitem 4.07 da Lista anexa
à LC nº 116/06) sobre as operações realizadas por farmácias de
manipulação envolvendo o preparo e o fornecimento de
medicamentos encomendados para posterior entrega aos fregueses,
em caráter pessoal, para consumo; incide o ICMS sobre os
medicamentos de prateleira ofertados ao público consumidor e
produzidos por farmácias de manipulação.
4. Fixação da seguinte tese para o Tema n.º 379 da Gestão por
temas de repercussão geral: ‘Incide ISS sobre as operações de
venda de medicamentos preparados por farmácias de
manipulação sob encomenda. Incide ICMS sobre as operações
de venda de medicamentos por elas ofertados aos
consumidores em prateleira.’
5. Recurso extraordinário a que se nega provimento. (RE 605552,
Relator(a): DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 05/08/2020,
PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO
DJe-243, DIVULG 05-10-2020, PUBLIC 06-10-2020) (Grifamos)

R: Por discutir a incidência ou não do ICMS e do ISS, a questão versa diretamente sobre a
norma-matriz do tributo e, assim, reflete o exercício da competência tributária em sentido
estrito.
3) Os arestos que seguem reproduzidos, exarados pelo E. TJES, configuram
exercício de qual competência tributária? Explique.

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. TRIBUTÁRIO. ICMS. ENERGIA


ELÉTRICA E SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES. ALÍQUOTA
DE 25% (VINTE E CINCO POR CENTO). INEXISTÊNCIA DE
INCONSTITUCIONALIDADE. ENTENDIMENTO PACÍFICO DO
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO ESPÍRITO
SANTO. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E
DESPROVIDO.
1. O entendimento pacífico do e. TJES é no sentido de que a
alíquota de 25% (vinte e cinco por cento) de ICMS incidente
sobre energia elétrica e sobre serviços de telecomunicação não
ofende os princípios tributários da seletividade e da
essencialidade, sendo, portanto, constitucional. Precedentes de
todas as Câmaras Cíveis Isoladas do e. TJES.
2. Conforme disciplina do art. 926 do CPC, os tribunais devem
uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e
coerente, não sendo o caso de alteração quando a parte não
apresenta fundamento suficiente a infirmar o entendimento
pacífico do Tribunal.
3. Sentença mantida.
4. Recurso conhecido e desprovido. (TJES, Classe: Apelação Cível,
026180002318, Relator: ARTHUR JOSÉ NEIVA DE ALMEIDA,
Órgão julgador: QUARTA CÂMARA CÍVEL, Data de Julgamento:
21/09/2020, Data da Publicação no Diário: 06/10/2020) (Grifamos)

R: Verifica-se o exercício da competência tributária em sentido estrito, pois o julgado busca


determinar se os parâmetros (in casu, as alíquotas) para a instituição de um dito tributo, por
um Estado Federado, encontram guarida no ordenamento jurídico regente. Isto é, busca-se
verificar se o exercício da instituição daquele tributo ocorreu da forma correta.

Ementa: DIREITO TRIBUTÁRIO. APELAÇÃO CÍVEL. ICMS


SOBRE SERVIÇO DE ENERGIA ELÉTRICA E DE
COMUNICAÇÃO. LEI ESTADUAL N.º 7.001/2001. FERIMENTO
AOS PRINCÍPIOS DA ESSENCIALIDADE E SELETIVIDADE.
REDUÇÃO DA ALÍQUOTA. REPERCUSSÃO GERAL FIXADA NA
TESE DO TEMA 745/STF. PROCEDÊNCIA DO PEDIDO.
RESPEITO AO PRAZO PRESCRICIONAL DE 05 ANOS
ANTERIORES A PROPOSITURA DA AÇÃO. RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO.
1. Diante da leitura do art. 1.030, II do CPC, entende-se
perfeitamente cabível o exercício do juízo de retratação, já que o v.
acórdão está em dissonância com a tese firmada no julgamento do
Recurso Extraordinário n.º 714.139/SC (TEMA 745), do Supremo
Tribunal Federal.
2. Em respeito aos princípios da efetividade, celeridade e
duração razoável do processo, imperiosa a adequação do v.
acórdão recorrido aos parâmetros fixados pelo Pretório
Excelso, especialmente porque este c. Tribunal de Justiça tem
decidido hodiernamente que a legislação estadual Lei n.º
7.000/2001 feriu os princípios da essencialidade e da
seletividade ao trazer a alíquota de 25% sobre o ICMS incidente
para fornecimento de energia elétrica e serviços de
comunicação.
3. Procedência do pedido para declarar que o ICMS incidente
sobre as operações energia elétrica e de comunicação,
devendo ser apurado mediante aplicação da alíquota de 17%
(dezessete por cento), a ser apurado em fase de liquidação.
4. Recurso conhecido e provido. (TJES, Classe: Agravo Interno
Cível Ap, 024180228934, Relator: EWERTON SCHWAB PINTO
JUNIOR, Órgão julgador: PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL, Data de
Julgamento: 14/03/2023, Data da Publicação no Diário: 23/03/2023)
(Grifamos)

R: Verifica-se o exercício da competência tributária em sentido estrito, pois o julgado busca


determinar se os parâmetros (in casu, as alíquotas) para a instituição de um dito tributo, por
um Estado Federado, encontram guarida no ordenamento jurídico regente. Isto é, busca-se
verificar se o exercício da instituição daquele tributo ocorreu da forma correta.

Ementa: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE.


MUNICÍPIO DE VITÓRIA. LEI MUNICIPAL N.º 9.590/2019 QUE
CONCEDE ISENÇÃO NO RECOLHIMENTO DO IMPOSTO
PREDIAL E TERRITORIAL URBANO. RENÚNCIA DE RECEITA
FISCAL SEM ACOMPANHAMENTO DE ESTIMATIVA DE
IMPACTO ORÇAMENTÁRIO E FINANCEIRO. PEDIDO JULGADO
PROCEDENTE, COM EFEITOS EX TUNC.
1. Tratando-se isenção de IPTU, a matéria é classificada como
tributária, havendo competência concorrente entre os Poderes
Legislativo e Executivo. Art. 61, II, b, da Constituição Federal.
2. A propositura legislativa que disponha sobre renúncia a
crédito tributário, deve ser acompanhada de estimativa de
impacto orçamentário-financeiro, possibilitando averiguação da
preservação do equilíbrio do orçamento.
3. No caso, a Câmara Municipal de Vitória, ao instituir benefício
fiscal, por meio da Lei Municipal impugnada, ensejando
inequívoca perda de receita, deixou de observar os requisitos
mínimos fixados nos artigos 14 da Lei de Responsabilidade
Fiscal (Lei Complementar n.° 101/2000) e 113 do ADCT,
notadamente no que tange à estimativa do impacto
orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar a sua
vigência e nos dois subsequentes, além das respectivas
medidas de compensação da perda de receita em virtude da
concessão desse benefício fiscal, não tratando desse ponto
específico por ocasião da Lei Municipal objurgada.
4. Ação julgada procedente, a fim de declarar a
inconstitucionalidade da Lei n.° 9.590/2019 do Município de
Vitória, com efeitos ex tunc. (TJES, Classe: Direta de
Inconstitucionalidade, 100200004875, Relator: SÉRGIO LUIZ
TEIXEIRA GAMA, Órgão julgador: TRIBUNAL PLENO, Data de
Julgamento: 08/07/2021, Data da Publicação no Diário: 20/07/2021)
(Grifamos)

R: Por se tratar de matéria relacionada à isenção do IPTU, que não diz respeito à
norma-matriz, mas sim de exclusão do crédito tributário (que, inclusive, independe de
constar ou não na regra-matriz e pode ser concedida em ocasião posterior, fora da
norma-matriz), entendo ser o caso do exercício de uma competência tributária em sentido
amplo.

Ementa: APELAÇÕES CÍVEIS. ISSQN FIXO. SOCIEDADE


UNIPROFISSIONAL. AUSÊNCIA DE CARÁTER EMPRESARIAL.
QUADRO SOCIETÁRIO DE MÉDICOS. RECURSOS
CONHECIDOS, PARCIALMENTE PROVIDO PARA A AUTORA E
DESPROVIDO PARA O MUNICÍPIO DE ARACRUZ.
1. A legislação vigente impõe, para o direito ao benefício do
cálculo diferenciado do ISS, a necessidade não só de que os
serviços prestados estejam inclusos na lista anexa ao
Decreto-Lei n.º 406/68 ou, ainda, de que sejam prestados de
forma pessoal pelos profissionais, mas também a ausência de
estrutura ou intuito empresarial.
2. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça firmou a
compreensão de que a fruição do direito a tributação privilegiada do
ISSQN depende, basicamente, da análise da atividade efetivamente
exercida pela sociedade, para saber se ela se enquadra dentre
aquelas elencadas no § 3º do art. 9º do Decreto-lei 406/1968 (itens
1, 4, 8, 25, 52, 88, 89, 90, 92 da lista anexa à LC 56/1987), bem
como se perquirir se a atividade intelectual, científica, literária ou
artística desempenhada pela pessoa jurídica não constitua elemento
de empresa, ou melhor, nos termos do artigo 966 do Código Civil,
que os fatores de produção, circulação e de organização
empresarial não se sobreponham à atuação profissional e direta dos
sócios na condução do objeto social da empresa, sendo irrelevante
para essa finalidade o fato de a pessoa jurídica ter se constituído
sob a forma de responsabilidade limitada. (EAREsp n. 31.084/MS,
relator Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, relator para acórdão
Ministro Mauro Campbell Marques, Primeira Seção, julgado em
24/3/2021, DJe de 8/4/2021)
3. O contrato social da autora (fls. 25/29 e fls. 423/427) evidencia
que a pessoa jurídica foi constituída como sociedade simples
pura, com responsabilidade técnica dos sócios pela execução
dos serviços e distribuição de produções médicas
proporcionais, de acordo com o faturamento individual de cada
sócio, após a dedução dos impostos e das despesas
administrativas, fazendo jus ao enquadramento no regime
tributário do ISSQN fixo, com efeitos retroativos desde
01/01/2018.
4. Recursos conhecidos, provido para a requerente e desprovido
para o requerido. (TJES, Classe: Apelação/Remessa Necessária,
006180047265, Relator: WALACE PANDOLPHO KIFFER, Órgão
julgador: QUARTA CÂMARA CÍVEL, Data de Julgamento:
20/03/2023, Data da Publicação no Diário: 30/03/2023)

R: Por se tratar de matéria relativa não à matriz de incidência do ISSQN, mas relativa à
legislação referente a benefícios fiscais, entendo pelo exercício da competência tributária
em sentido amplo.
Ementa: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI Nº
6.039/2018 DO MUNICÍPIO VILA VELHA. MEDIDA CAUTELAR.
FUMUS BONI IURIS E PERICULUM IN MORA. REQUISITOS
SATISFEITOS. REDUÇÃO DE IPTU. BENEFÍCIO TRIBUTÁRIO.
RENÚNCIA DE RECEITA. ESTIMATIVA DO IMPACTO
ORÇAMENTÁRIO-FINANCEIRO. MEDIDAS DE COMPENSAÇÃO.
AUSÊNCIA. LIMINAR DEFERIDA.
1) Ao instituir o programa 'vem de bicicleta' e o 'selo empresa amiga
do ciclista', a Lei Municipal nº 6.039/2018 cria, em seus artigos 3º e
4º, benefício fiscal consistente em desconto de IPTU.
2) Ao prever hipótese de renúncia de receita, a Câmara
Municipal de Vila Velha deixou de observar a necessidade de
estimativa do impacto orçamentário-financeiro e respectivas
medidas de compensação, em descompasso com disposto no
artigo 165 da Constituição Federal, artigo 135 da Constituição
Estadual e artigo 14 da Lei Complementar nº 101/2000.
3) Verifica-se excepcional urgência para o deferimento da liminar,
pois a manutenção do dispositivo normativo poderá acarretar
problemas administrativos quando da cobrança do tributo, além de
importar em prejuízo irreversível ao erário Municipal por resultar em
renúncia de receita.
4) Liminar deferida para suspender a eficácia dos artigos 3º e 4º
da Lei nº 6.039/2018, do Município de Vila Velha, com efeitos ex
nunc. (TJES, Classe: Direta de Inconstitucionalidade,
100190000289, Relator: JOSÉ PAULO CALMON NOGUEIRA DA
GAMA, Órgão julgador: TRIBUNAL PLENO, Data de Julgamento:
26/03/2019, Data da Publicação no Diário: 01/04/2019) (Grifamos)

R: Por se tratar de matéria relacionada à isenção do IPTU, que não diz respeito à
norma-matriz, mas sim de exclusão do crédito tributário (que, inclusive, independe de
constar ou não na regra-matriz e pode ser concedida em ocasião posterior, fora da
norma-matriz), entendo ser o caso do exercício de uma competência tributária em sentido
amplo.

4) As Súmulas abaixo configuram exercício de competência tributária? Qual?


Justifique.

Súmula Vinculante n.º 58


Inexiste direito a crédito presumido de IPI relativamente à
entrada de insumos isentos, sujeitos à alíquota zero ou não
tributáveis, o que não contraria o princípio da não
cumulatividade. (Grifamos)

R: Por se tratar de restrição de benefício fiscal, que não diz respeito à norma-matriz (posto
que afeta apenas alguns indivíduos, de modo que não se vislumbra a ocorrência de um
reflexo abstrato a todos os contribuintes), entendo ser o caso do exercício de uma
competência tributária em sentido amplo.

Súmula n.º 730


A imunidade tributária conferida a instituições de assistência
social sem fins lucrativos pelo art. 150, VI, c, da Constituição,
somente alcança as entidades fechadas de previdência social
privada se não houver contribuição dos beneficiários.
(Grifamos)

R: Entendo se tratar do exercício de competência tributária em sentido estrito, já que o


objetivo é interpretar o âmbito de incidência da norma-matriz.

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