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QUESTÃO 1 _____________________________________________________________________
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RA
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ATENÇÃO!
As respostas abaixo estão pautadas na autonômia de nossa banca constituída por nossos professores,
levando-se em consideração as tendências das temáticas envolvidas, nível de dificuldade e perfil das
principais bancas de concursos com foco na carreira de natureza jurídica (Magistratura, Defensoria,
Promotoria, Delegado etc.).
SUGESTÃO DE RESPOSTA PONTUADA
A ADO recai sobre omissão inconstitucional total ou parcial quanto ao cumprimento de dever
constitucional de legislar ou quanto à adoção de providência de índole administrativa, conforme artigo
103, §2º, da CF e, por inovação à lei 9868/99 dada pela lei 12.063/091. Tem perfil objetivo,
concentrado, de proteção da constituição e funciona como ferramenta de implementação de direito contido
em norma constitucional de eficácia limitada2. O Mandado de Injunção também tem sede
constitucional, no art.5º. Inc. LXXI, mas incide ante lacuna normativa que torne inviável o exercício dos
direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
cidadania. A lei especial –Lei 13.300/06 - acabou por ampliar3 seu escopo aos casos de inércia total
1
BRASIL. CASA CIVIL. LEI Nº 12.063, DE 27 DE OUTUBRO DE 2009.Acrescenta à Lei no 9.868, de 10 de novembro de 1999, o
Capítulo II-A, que estabelece a disciplina processual da ação direta de inconstitucionalidade por omissão. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12063.htm#art1. Acesso e captura em: 18 fev.2021
2
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado, 24ª ed. PP.173. (e-book): [...] São, portanto, de aplicabilidade indireta,
mediata e reduzida, ou, segundo alguns autores, aplicabilidade diferida. Devemos salientar que, ao contrário da doutrina norte-
americana, José Afonso da Silva, concordando com a opinião de Vezio Crisafulli, observa que as normas constitucionais de
eficácia limitada produzem um mínimo efeito, ou, ao menos, o efeito de vincular o legislador infraconstitucional aos seus vetores.
3
BRASIL. CASA CIVIL. LEI Nº 13.300, DE 23 DE JUNHO DE 2016.Disciplina o processo e o julgamento dos mandados de
injunção individual e coletivo e dá outras providências. Disponível em:
e/ou parcial legislativa (positiva ou negativa), dentre outras peculiaridades. É remédio para solução
concreta, aplicação de solução de índole subjetiva, de caráter incidental e difuso. Ela também incide
sobre norma de eficácia limitada, mormente programática. Em breve síntese os legitimados da ADO
são os mesmos da ADI – ativos e passivos, enquanto que os legitimados ativos do MI se dividem em
pessoa física ou jurídica no MI-Individual e pessoas jurídicas no MI-coletivo, a exemplo do MP e da
DP. Os passivos são os responsáveis pela elaboração normativa, sendo poder, órgão ou autoridade.
Quanto aos efeitos, a injunção, historicamente, trazia decisões de mero apelo ao legislador, tal como
ocorria na ADO4, embora a última tivesse determinação expressa de providências de índole administrativa
no prazo de 30 dias. O STF, até edição da lei especial, evoluiu da posição não concretista (apelo,
reconhece a mora) à concretista direta. A lei do MI, porém, trouxe, em regra, posição mais moderada,
concretista intermediária, seja individual ou coletiva e, por exceção, a intermediária geral,
reconhecendo a mora e adotando solução provisória ao caso posto 5. Convergem os ditos remédios por
incidirem sobre normas constitucionais de eficácia limitada e, após a edição da lei do MI, pela
abrangência do MI-coletivo não só no que toca aos legitimados, quanto à incidência sobre falta
total ou parcial de norma regulamentadora. Outro ponto é a adoção das posições ou técnicas
decisórias afeitas historicamente à decisão injuncional para os casos de ADO, produzindo não raramente
decisões de efeito aditivo a exemplo dos julgamento conjunto da ADO e do MI que visavam o
reconhecimento de lacuna normativa em face dos crimes de homofobia e transfobia frente aos mandados
constitucionais de criminalização.
1,00 ponto Indicou os artigos da Constituição: art. 103, §2º; art.5º. Inc. LXXI e artigos 2º, caput e §
único da lei 13.300/2016, bem como Cap. I-A, arts. 12-A a 12-H, da lei n. 9868/99,
introduzidos pela lei n. 12.063/09
1,5 ponto Indicou o objeto sobre o qual incidem as proteções: omissão de medida para tornar
efetiva norma constitucional e omissão que torne inviável o exercício dos direitos e
liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
cidadania
0,5 ponto Sanar a síndrome de ineficácia normativa causada por uma lacuna derivada de norma
constitucional de eficácia limitada
Soma do total de pontos do (a) candidato (a):
COMPLEMENTAÇÃO DO TEMA
Doutrina
Pedro Lenza leciona que diante da omissão de medida para tornar efetiva norma constitucional, a CF/88 trouxe
duas importantes novidades: ação direta de inconstitucionalidade por omissão — ADO: regulamentada pela Lei
n. 12.063/2009 e mandado de injunção: regulamentado pela Lei n. 13.300/2016. Estamos diante de “remédios”
para combater a denominada “síndrome de inefetividade” das normas constitucionais de eficácia limitada. De
acordo com a jurisprudência do STF, de modo geral, em se tratando de “Poder”, a ADO seria o instrumento para
fazer um apelo ao legislador, constituindo-o em mora, enquanto o MI, por seu turno, seria o importante instrumento
de concretização dos direitos fundamentais [...] e, assim, dando um exato sentido ao art. 5.º, § 1.º, que fala em
aplicação imediata (cf. MI 758, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 1.º.07.2008, Plenário, DJE de 26.09.2008).Conforme bem
definiu a Min. Cármen Lúcia, no julgamento de vários Mandados de Injunção (MI 828/DF, MI 841/DF, MI 850/DF, MI
857/DF, MI 879/DF, MI 905/DF, MI 927/DF, MI 938/DF, MI 962/DF, MI 998/DF), “o mandado de injunção é ação
constitucional de natureza mandamental, destinada a integrar a regra constitucional ressentida, em sua
eficácia, pela ausência de norma que assegure a ela o vigor pleno”6.
■ posição não concretista: a decisão apenas decreta a mora do Poder, órgão ou autoridade com atribuição para
editar a norma regulamentadora, reconhecendo-se formalmente a sua inércia 7.
Sentenças aditivas
No entendimento de Mendes, pela sentença aditiva (ou “manipulativa de efeito aditivo”), “... a Corte Constitucional
declara inconstitucional certo dispositivo legal não pelo que expressa, mas pelo que omite, alargando o texto da lei ou
seu âmbito de incidência”.50 A sentença aditiva pode ser justificada, por exemplo, em razão da não observância do
princípio da isonomia, notadamente nas situações em que a lei concede certo benefício ou tratamento a
determinadas pessoas, mas exclui outras que se enquadrariam na mesma situação. Nessas hipóteses, o Tribunal
Constitucional declara inconstitucional a norma na parte em que trata desigualmente os iguais, sem qualquer
razoabilidade e/ou nexo de causalidade8.
6
IN: LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado, 24ª ed. PP.177. (e-book).
7
Idem. PP.858.
8
Ibidem.PP.138
Parcial relativa
Ex.: SV 37 (violação de
isonomia)
NOTA: Até o advento da lei que regulamentou o mandado de injunção parcial não era reconhecida em sede de injunção, mas
apenas em ADO, como regra. Após, por expressa previsão, aplica-se a omissões totais e a produções legislativas insuficientes ou
anti-isonômicas. Nas questões abaixo ficará bem evidenciado tal ponto.
Geral
MI´s 670, 708 e 712
ADO 26 e MI 4733 -
Concretista direta leading case
Concretiza.Dá solução
ainda que provisória Coletiva
Individual
MI 758
Geral
MI - Efeitos Concretista
decisórios Intermediária
Prazo seguido de solução
judicial provisória Coletiva
ADO 25 e art. 8º,
L.13.300/16
Individual
MI 232
Não concretista
Declara a mora. Melo apelo
Posição histórica do STF: MI
107 e 120
GABARITO COMENTADO:
1 – ERRADO. Além de previsão constitucional expressa no artigo 102, I, “q”9 e também pela redação da lei
específica ao mencionar “poder, órgão ou autoridade” 10. No mesmo sentido a Doutrina11 aduz que: No caso de
normas de iniciativa reservada, como, por exemplo, aquelas previstas no art. 61, § 1.º, em relação ao
Presidente da República, o mandado de injunção deverá ser impetrado também em face do titular da referida
iniciativa reservada, pois é ele que deve deflagrar (dar início) o processo legislativo, não podendo o
Congresso Nacional atuar sem a sua provocação formal, sob pena de inconstitucionalidade do eventual ato
normativo a ser editado (vício formal propriamente dito subjetivo).
2 – CERTO
A questão merece destaque por duas razões que devem constar do raciocínio do concursando: alterações
legislativas e evolução dos fundamentos jurídicos das decisões dos tribunais de superposição. Senão vejamos:
A questão considera como correta a assertiva por duas razões, sendo uma delas o entendimento prevalente à época
no STF12 e outra o fato de que, embora a prova tenha sido aplicada no mesmo ano de edição da Lei nº 13.300/16, é
possível verificar que a prova preambular objetiva fora aplicada no dia 12.06.2016 13, enquanto que a mencionada lei
teve publicação em 24.06.2016, ou seja, posteriormente. Ou seja, como dito acima, o reconhecimento formal e
chancelado da viabilidade de impetrar o mandado injuncional diante da existência de norma que atenda parcialmente
ou de modo insuficiente aos detentores dos direitos previstos só teve efetividade no campo legal com o advento da lei
em questão, ao prever expressamente a falta total ou parcial de norma regulamentadora, quando forem insuficientes
as normas editadas pelo órgão legislador competente.
3 – ERRADO
A questão merece destaque, embora de banca diversa e do ano de 2013, para ressaltar a importância teórica da
previsão expressa na lei do mandado de injunção acerca da viabilidade de impetração em casos de concretização
deficiente ou insuficiente dos direitos ou ferramentas de sua utilização por meio de normas garantidoras.
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BRASIL. CASA CIVIL. CONSTITUICÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal
Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: q) o mandado de injunção,
quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara
dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos
Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm; acesso e captura em: 16 fev.2021
10
BRASIL. CASA CIVIL. LEI Nº 13.300, DE 23 DE JUNHO DE 2016.Disciplina o processo e o julgamento dos mandados de
injunção individual e coletivo e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/lei/l13300.htm ; Acesso e captura em: 17 fev. 2021.
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LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado, 24ª ed. PP.856. (e-book).
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I. Mandado de injunção: ocorrência de legitimação "ad causam" e ausência de interesse processual. 1. Associação profissional
detem legitimidade "ad causam" para impetrar mandado de injunção tendente a colmatação de lacuna da disciplina legislativa
alegadamente necessaria ao exercício da liberdade de converter-se em sindicato (CF, art. 8.). 2. Não há interesse processual
necessário a impetração de mandado de injunção, se o exercício do direito, da liberdade ou da prerrogativa constitucional da
requerente não esta inviabilizado pela falta de norma infraconstitucional, dada a recepção de direito ordinário anterior. (...)" (MI
144, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Tribunal Pleno, julgado em 03/08/1992, DJ 28-05-1993 PP-10381 EMENT VOL-
01705-01 PP-00013 RTJ VOL-00147-03 PP-00868
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CONCURSO DE PROVAS E TÍTULOS PARA INGRESSO NA MAGISTRATURA DA JUSTIÇA MILITAR DO ESTADO DE SÃO
PAULO EDITAL DE CONVOCAÇÃO PARA A PROVA OBJETIVA SELETIVA. Disponível em:
https://documento.vunesp.com.br/documento/stream/MTAxODI%3d ; acesso e captura em: 16 fev.2021.