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MOD.

110/A
PROVA DE AVALIAÇÃO
Aprovado: DIR

ANO LETIVO 2019/2020

TIPO DE CURSO Licenciatura x Mestrado CTSP Outro Ano 2º Diurno X Noturno x


IDENTIFICAÇÃO DO CURSO MARKETING, PUBLICIDADE E RELAÇOES PÚBLICAS
UNIDADE CURRICULAR Introdução ao Direito
Avaliação continua Recurso Épocas Especiais Outras
TIPO DE PROVA
Intermédia Final x Trab. Estud. Concl. Curso
IDENTIFICAÇÃO DA PROVA 1º Sem. x 2º Sem. fevereiro junho julho setembro
DURAÇÃO DA PROVA 2 horas
DATA E HORA 16 de janeiro de 2020
DOCENTE Paula Quintas

Nota prévia:
Para demonstração do domínio dos conceitos jurídicos abordados em cada questão, deve proceder à correta
aplicação e interpretação das normas legais aplicáveis.
As respostas são legalmente fundamentadas, sob pena de desconsideração das mesmas (a mera reprodução
de textos legais não preenche nenhum dos critérios supramencionados).
Pode consultar toda a legislação e documentação disponíveis, com exceção dos casos práticos
resolvidos.

I.
A Lei nº Y/2019, de 04 de setembro fez cessar, ente outros, os artigos 3.º, 63.º, 85.º a 87.º, 112.º,
127.º, 131.º, 139.º, 140.º, do Código do Trabalho.
Indique qual a cessação da lei em causa e classifique-a, desenvolvidamente e de forma justificada. –
3 valores

Proposta de resolução:
A vigência da lei pode cessar por caducidade (quando a lei possui vigência temporária, art. 7º, nº 1, 1ª parte, CC)
ou por revogação (exigindo uma manifestação, expressa ou tácita, do legislador, 2ª parte, CC).
No caso em apreço, a Lei nº Y/2019, de 04 de setembro indicou a revogação dos artigos 3.º, 63.º, 85.º a 87.º,
112.º, 127.º, 131.º, 139.º, 140.º, do Código do Trabalho.
Revogação expressa
A lei indica expressamente as normas que revoga (art. 7º, nº 2, 2ª parte, do CC).
Revogação parcial (derrogação)
Na revogação parcial, a lei posterior revoga parte do diploma anterior.
Revogação específica
A nova lei regula especificamente um conjunto de dispositivos do CT.

II.
Classifique as seguintes normas:
- art. 980º, CC;
- art. 1094º, nº 1, CC;
- art. 1628º, CC;
- art. 1858º, CC. – 4 valores

Proposta de resolução:
Definição de norma jurídica: A norma jurídica fixa um critério (à luz do direito) de qualificação e de decisão de
casos concretos.

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Aprovado: DIR

Caracteriza-se pela hipoteticidade, generalidade e abstração (explicar)


- Art. 980-º Norma geral (fixa um regime jurídico regra), não autónoma, na modalidade definições legais;
- Art. 1094º, nº 1 - Norma geral, não autónoma, dispositiva (depende da vontade dos destinatários), facultativa
(permite ou faculta certos comportamentos, reconhecendo determinados poderes ou faculdades).
- Art. 1628º - Norma geral (fixa um regime jurídico regra), autónoma (congrega o se e o então), na modalidade
imperativa (contém um comando, um imperativo), proibitiva (proíbe uma conduta);
- Art. 1858º - Norma geral (fixa um regime jurídico regra), autónoma (congrega o se e o então), na modalidade
imperativa (contém um comando, um imperativo), proibitiva (proíbe uma conduta).

III.
Em virtude de uma alergia alimentar, por consumo de um produto que já devia ter sido retirado do
mercado por pôr em causa a saúde pública, Joana esteve hospitalizada e impossibilitada de
trabalhar por uma semana. Despendeu cerca de 300€ em medicamentos após a alta. Veio, ainda a
saber que o dito estabelecimento estava impedido de funcionar pelo prazo de seis meses.
Indique as sanções jurídicas aplicáveis. – 4 valores

Proposta de resolução:
A sanção jurídica visa punir um ato ilícito, sendo uma consequência desfavorável da violação da norma jurídica.
produto que já devia ter sido retirado do mercado por pôr em causa a saúde pública
Aplicação de uma sanção punitiva (contraordenacional e criminal) e preventiva
Joana esteve hospitalizada e impossibilitada de trabalhar por uma semana.
Aplicação de uma sanção compensatória no que concerne ao prejuízo pela impossibilidade de trabalhar e pelo custo
dos medicamentos (dado que a sanção reconstitutiva é impossível), que visa estabelecer uma situação valorativamente
equivalente à situação que existia antes da violação da norma jurídica, através do pagamento de uma indemnização
pelos danos causados pela violação da norma (art. 566º, do CC).
Despendeu cerca de 300€ em medicamentos
Sanção reconstitutiva
estabelecimento estava impedido de funcionar pelo prazo de seis meses.
Sanção preventiva (impedido de funcionar) e punitiva (contraordenacional).

IV.
Alexandre, de 17 anos de idade, estudante, vende a Eduardo uma trotinete elétrica, que recebeu
como presente de aniversário.
Analise a validade deste negócio e desenvolva o ser raciocínio. – 4 valores

Proposta de resolução:
Alexandre é menor, pelo que carece de capacidade para o exercício de direitos (arts. 122º e 123º, do CC).
O art. 127º, CC, apresenta exceções à incapacidade, mas, o ato do menor não se encontra em nenhuma delas.
Pelo que, o contrato de compra e venda é anulável (art. 127º, CC, a contrario).
- Quanto à legitimidade ativa).
Nos termos do art. 287º, nº 1, 1ª parte, CC, a anulabilidade pode ser arguida pelas pessoas em cujo interesse a lei a
estabelece, ou seja, pelo progenitor, tutor ou administrador dos bens e pelo próprio menor (art. 125º, nº 1, als. a), 1ª
parte e b), 1ª parte, CC).
- Quanto ao prazo de arguição).
A anulabilidade só pode ser invocável dentro do ano subsequente à cessação do vício (menoridade), de acordo com o
art. 287º, nº 1, 2ª parte, ou seja, quanto ao progenitor, tutor ou administrador dos bens no prazo de um ano a
contar do conhecimento, mas nunca depois do menor atingir a maioridade ou ser emancipado (art. 125º, nº 1, al. a),
2ª parte, CC). Quanto ao menor, no prazo de um ano a contar da sua maioridade ou emancipação (art. 125º, nº 1,
al. b), 2ª parte, CC)
- Quanto à sanabilidade
A anulabilidade é sanável (art. 125º, nº 2, CC).

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- Quanto aos efeitos).


Caso não ocorra a sanabilidade, a anulabilidade possui efeito prospetivo (ex nunc), bem como retroativo (ex tunc),
nos termos do art. 289º, nº 1, 1ª parte, CC.
O efeito retroativo obriga à reposição do status quo ante, ou seja, à restituição de tudo o que tiver sido prestado
(reconstituição natural), ou, não sendo esta possível, procede-se à reconstituição por equivalente (2ª parte).
Concluindo, o comprador devolve o bem e Alexandre (vendedor) devolve o preço do bem.

V.
a) Distinga a interpretação autêntica da doutrinária. – 2 valores

Proposta de resolução:
A interpretação autêntica é realizada pelo legislador, através de uma lei interpretativa (art. 13º, nº 1, CC), com
caráter vinculativo
A interpretação doutrinária é realizada pelos especialistas (doutrinadores), sem caráter vinculativo. Há quem
admite, todavia, que esta interpretação é realizada por qualquer intérprete (jurisconsulto ou não).

b) “Quando o divórcio era proibido, dizia-se que o casamento era indissolúvel. No entanto, a
morte tem efeitos jurídicos sobre o casamento”.
Indique em que casos o casamento se dissolve, indicando a interpretação jurídica a desenvolver. -
3 valores

Proposta de resolução:
A interpretação da lei visa a fixação, mediante um conjunto de critérios, de um dos sentidos possíveis de um texto
jurídico, tendo em vista a uniformidade de soluções.
A interpretação jurídica utiliza dois elementos para alcançar o pensamento do legislador.
- O elemento literal
Parte-se do elemento literal (letra da lei) para reconstituir o pensamento do legislador (art. 9º, nº 1, CC);
- O elemento lógico, o qual engloba:
i) o elemento sistemático:
O qual atende à unidade do sistema jurídico, vendo o preceito dentro do sistema de normas em que está inserido
através de relações de subordinação, de conexão e de analogia;
ii) o elemento histórico
O contexto histórico permite entender as circunstâncias em que a lei foi elaborada (occasio legis), os precedentes
histórico-normativos, os trabalhos preparatórios e as condições de aplicação da lei.
iii) o elemento teleológico
O sentido teleológico da norma, ou seja, o pensamento do legislador, o qual se determina pelo ratio legis, a razão-de-
ser de tal formulação.
“Quando o divórcio era proibido, dizia-se que o casamento era indissolúvel”. A ratio legis visa indicar as causas de
dissolução do casamento. O legislador disse mais do que desejava, o texto vai além do sentido.
A interpretação a realizar é restritiva, o intérprete limita a norma, por entender que o texto vai além do sentido. Ou
seja, na interpretação restritiva existe igual divergência entre a letra e o espírito da lei, mas desta vez ao contrário da
interpretação extensiva em que a letra da lei vai muito para além do seu espírito e do pensamento do legislador, tendo
neste caso, o legislador dito mais do que aquilo que desejava.

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