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DISSERTAÇÕES - MAGISTRATURA ESTADUAL – DIREITO

CONSTITUCIONAL
FRANCISCO SCHIEBER
MAGISTRATURA E MP ESTADUAIS
@infolegis_compilados

Material pessoal de estudo


Não foi considerado o número de linhas. O objetivo é abordar o assunto de
forma abrangente
O padrão de resposta foi baseado em entendimento doutrinário e
jurisprudencial. Remissões no fim da página

DISSERTAÇÃO - Discorra sobre a possibilidade quanto ao controle concentrado


de constitucionalidade de medida provisória:

Consoante o art. 59, inciso V, da Constituição Federal de 1988, o processo legislativo


compreende a elaboração de medidas provisórias. Por sua vez, determina o art. 62,
também do texto constitucional, que a edição de medidas provisórias, por parte do
Presidente da República, é admitida nos casos de relevância e urgência. A
jurisprudência alusiva ao controle de constitucionalidade, a ser exercido pelo Supremo
Tribunal Federal, quanto aos requisitos de urgência e revelância das medidas
provisórias, evoluiu, até se tornar pacífica a sua possibilidade. Em um primeiro
momento, o entendimento da Suprema Corte ia no sentido de admiti-lo apenas em casos
de “excesso de poder de legislar”, devendo a apreciação dos requisitos de relevância e
urgência ficar por conta, a princípio, do Chefe do Poder Executivo e do Congresso
Nacional. Entretanto, em face dos abusos a demonstrarem a ursupação da atividade do
Poder Legislativo, o Pretório Excelso intensificou o controle de constitucionalidade dos
pressupostos contidos no caput do art. 62 da Constituição, minimizando o caráter de
“questões políticas”, passando a assentar a inconstitucionalidade de medidas
provisórias carentes de urgência e relevância, não se verificando mais, outrossim,
oscilação na jurisprudência do Tribunal a respeito da possibilidade de controle de
constitucionalidade de medidas provisórias sob o ângulo do atendimento dos requisitos
previstos no mencionado art. 62. Com efeito, ainda que caiba ao Chefe do Poder
Executivo a avaliação da conveniência e oportunidade quanto à edição de medidas
provisórias, seu controle de constitucionalidade, pertinente ao preenchimento, ou não,
dos requisitos de relevância e urgência, ainda que excepcional, mostra-se viável,
quando manifesto o abuso.

JURISPRUDÊNCIA RELACIONADA:

STF - Repercussão Geral - Medida provisória: Sistema Financeiro Nacional e


requisitos do art. 62 da CF - OS REQUISITOS DE RELEVÂNCIA E URGÊNCIA
DA MATÉRIA SERIAM PASSÍVEIS DE CONTROLE PELO STF, DESDE QUE
HOUVESSE DEMONSTRAÇÃO CABAL DA SUA INEXISTÊNCIA - É
constitucional o art. 5º da Medida Provisória 2.170-36/2001 (“Nas operações
realizadas pelas instituições integrantes do Sistema Financeiro Nacional, é
admissível a capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano”):
Essa a conclusão do Plenário que, por maioria, proveu recurso extraordinário em que
discutida a constitucionalidade do dispositivo, tendo em conta suposta ofensa ao art. 62
da CF (“Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar
medidasprovisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso
Nacional”). Preliminarmente, o Colegiado afastou alegação de prejudicialidade do
recurso. Afirmou que o STJ, ao declarar a possibilidade de capitalização nos
termos da referida norma, o fizera sob o ângulo estritamente legal, de modo que
não estaria prejudicada a análise da regra sob o enfoque constitucional. No mérito,
enfatizou que a medida provisória já teria aproximadamente 15 anos, e que a
questão do prolongamento temporal dessas espécies normativas estaria resolvida
pelo art. 2º da EC 32/2001 (“As medidas provisórias editadas em data anterior à da
publicação desta emenda continuam em vigor até que medida provisória ulterior as
revogue explicitamente ou até deliberação definitiva do Congresso Nacional”). Além
disso, não estaria em discussão o teor da medida provisória, cuja higidez material
estaria de acordo com a jurisprudência do STF, segundo a qual, nas operações do
Sistema Financeiro Nacional, não se aplicariam as limitações da Lei da Usura. O
Colegiado asseverou que OS REQUISITOS DE RELEVÂNCIA E URGÊNCIA DA
MATÉRIA SERIAM PASSÍVEIS DE CONTROLE PELO STF, DESDE QUE
HOUVESSE DEMONSTRAÇÃO CABAL DA SUA INEXISTÊNCIA.
Assim, DO PONTO DE VISTA DA RELEVÂNCIA, POR SE TRATAR DE
REGULAÇÃO DAS OPERAÇÕES DO SISTEMA FINANCEIRO, NÃO SE
PODERIA DECLARAR QUE NÃO HOUVESSE O REQUISITO.
NO QUE SE REFERE À URGÊNCIA, A NORMA FORA EDITADA EM
PERÍODO CONSIDERAVELMENTE ANTERIOR, CUJA REALIDADE
FINANCEIRA SERIA DIFERENTE DA ATUAL, E VIGORARIA ATÉ HOJE,
DE MODO QUE SERIA DIFÍCIL AFIRMAR COM SEGURANÇA QUE NÃO
HAVERIA O REQUISITO NAQUELA OPORTUNIDADE.
Ademais, o cenário econômico contemporâneo, caracterizado pela integração da
economia nacional ao mercado financeiro mundial, exigiria medidas céleres, destinadas
à adequação do Sistema Financeiro Nacional aos padrões globais.
Desse modo, se a Corte declarasse a inconstitucionalidade da norma, isso
significaria atuar sobre um passado em que milhares de operações financeiras
poderiam, em tese, ser atingidas. Por esse motivo, também, não se deveria fazê-lo.
Vencido o Ministro Marco Aurélio (relator), que desprovia o recurso e declarava
a inconstitucionalidade da norma. Considerava não atendido o teor do art. 62 da
CF, e sublinhava que o art. 2º da EC 32/2001 não teria o poder de perpetuar norma
editada para viger por período limitado. RE 592377/RS, rel. orig. Min. Marco
Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, 4.2.2015. (RE-592377) (INFORMATIVO
STF - Brasília, 2 a 6 de fevereiro de 2015 - Nº 773)

STF - PARECER PRÉVIO POR COMISSÃO MISTA E TRAMITAÇÃO DE


NOVAS MEDIDAS PROVISÓRIAS: (…) Tratava-se, no caso, de ação direta
ajuizada, pela Associação Nacional dos Servidores do Ibama - Asibama nacional,
contra a Lei federal 11.516/2007 — originada da Medida Provisória 366/2007 —, que
dispõe sobre a criação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade -
ICMBio; altera diversos diplomas legais; revoga dispositivos; e dá outras providências.
Em preliminar, ASSENTOU-SE A LEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM DA
REQUERENTE E DESTACOU-SE, NO PONTO, A IMPORTÂNCIA DA
PARTICIPAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA EM ÂMBITO DE
CONTROLE ABSTRATO DE CONSTITUCIONALIDADE, A
CARACTERIZAR PLURALIZAÇÃO DO DEBATE.
Em seguida, REAFIRMOU-SE A SINDICABILIDADE JURISDICIONAL, EM
HIPÓTESES EXCEPCIONAIS, DOS PRESSUPOSTOS CONSTITUCIONAIS
DE RELEVÂNCIA E URGÊNCIA NECESSÁRIOS À EDIÇÃO DE MEDIDAS
PROVISÓRIAS.
Asseverou-se que ESSA FISCALIZAÇÃO DEVERIA SER FEITA COM
PARCIMÔNIA, HAJA VISTA A PRESENÇA, consoante sublinhado pelo Min.
Gilmar Mendes, DE UM ELEMENTO DE POLÍTICA, A DEMANDAR
VERIFICAÇÃO PELO PRÓPRIO PODER EXECUTIVO.
O Min. Ayres Britto salientou que um fato do mundo do ser, que legitimaria a edição
da medida provisória, consubstanciaria urgência e relevância tais que o autor da norma,
ao avaliar esse fato, não poderia aguardar o curso de um projeto de lei, mesmo
classificado como urgente.
Aduziu que, na situação em comento, esses requisitos estariam configurados, visto que,
em matéria de meio ambiente, tenderia a concluir que tudo seria urgente e relevante
pela qualificação dada pela Constituição (…). ADI 4029/DF, rel. Min. Luiz Fux, 7 e
8.3.2012. (ADI-4029) (INFORMATIVO STF - Brasília, 5 a 9 de março de 2012 -
Nº 657)

STF - MEDIDA PROVISÓRIA E ABERTURA DE CRÉDITO


EXTRAORDINÁRIO:
Em conclusão, o Tribunal, por maioria, deferiu cautelar pleiteada em ação direta
proposta pelo Partido da Social Democracia Brasileira - PSDB para suspender a
vigência da Medida Provisória 405/2007, estendendo a decisão a sua lei de conversão
(Lei 11.658/2008), que abre crédito extraordinário, em favor da Justiça Eleitoral e de
diversos órgãos do Poder Executivo - v. Informativos 502 e 505.
Entendeu-se haver um patente desvirtuamento dos parâmetros constitucionais
que permitiriam a edição de medidas provisórias para a abertura de créditos
extraordinários.
Salientou-se, inicialmente, que A ABERTURA DE CRÉDITO
EXTRAORDINÁRIO POR MEIO DE MEDIDA PROVISÓRIA NÃO SERIA
VEDADA, EM PRINCÍPIO, PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL (art. 62, § 1º, I,
d).
AFIRMOU-SE, ENTRETANTO, QUE A CONSTITUIÇÃO, ALÉM DOS
REQUISITOS DE RELEVÂNCIA E URGÊNCIA (ART. 62), IMPORIA QUE A
ABERTURA DO CRÉDITO EXTRAORDINÁRIO FOSSE FEITA APENAS
PARA ATENDER A DESPESAS IMPREVISÍVEIS E URGENTES, sendo
exemplos dessa imprevisibilidade e urgência as despesas decorrentes de guerra,
comoção interna ou calamidade pública (CF, art. 167, § 3º).
Considerou-se que, PELA LEITURA DA EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS DA
MEDIDA PROVISÓRIA 405/2007, OS CRÉDITOS ABERTOS SERIAM
DESTINADOS A PROVER DESPESAS CORRENTES QUE NÃO ESTARIAM
QUALIFICADAS PELA IMPREVISIBILIDADE OU PELA URGÊNCIA.
Asseverou-se que, não obstante fosse possível identificar situações específicas
caracterizadas pela relevância dos temas, como créditos destinados à redução dos riscos
de introdução da gripe aviária, às operações de policiamento nas rodovias federais e de
investigação, repressão e combate ao crime organizado e para evitar a invasão de terras
indígenas, fatos que necessitariam, impreterivelmente, de recursos suficientes para
evitar o desencadeamento de uma situação de crise, seriam aportes financeiros
destinados à adoção de mecanismo de prevenção em relação a situações de risco
previsíveis, ou seja, situações de crise ainda não configurada.
Vencidos os Ministros Menezes Direito, Ricardo Lewandowski, Cezar Peluso, Joaquim
Barbosa e Ellen Gracie que indeferiam a cautelar. O relator reformulou a parte
dispositiva do seu voto, tendo em conta a publicação da lei de conversão da medida
provisória impugnada em data posterior ao início do julgamento. Salientando não ter
havido alteração substancial no texto original da medida provisória em exame, reiterou
a orientação da Corte no sentido de que a lei de conversão não convalida os vícios
existentes na medida provisória. ADI 4048 MC/DF, rel. Min. Gilmar Mendes,
14.5.2008. (ADI-4048) (INFORMATIVO STF - Brasília, 26 a 30 de maio de 2008
- Nº 508)

(…) Preliminarmente, o colegiado, em votação unânime, converteu a apreciação do


referendo da cautelar em exame definitivo do mérito, por estarem os autos devidamente
instruídos. Em seguida, afastou a inconstitucionalidade formal alegada pela
suposta falta de relevância e urgência, pois o presidente da República e o
Congresso Nacional entenderam estarem presentes esses requisitos. Além disso,
SEGUNDO A JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL NACIONAL
(STF), O PODER JUDICIÁRIO DEVE SUBSTITUIR A ANÁLISE SUBJETIVA
DESSES REQUISITOS E APONTAR EVENTUAIS AUSÊNCIAS SOMENTE
EM SITUAÇÕES EXTREMAS (…) ADI 5855 MC-REF/DF, rel. Min. Alexandre
de Moraes, julgamento em 10.4.2019. (ADI-5855) (INFORMATIVO STF -
Brasília, 8 a 19 de abril 2019 - Nº 937)

MEDIDA PROVISÓRIA E CONTROLE JUDICIAL - INEXISTINDO


COMPROVAÇÃO DA AUSÊNCIA DE URGÊNCIA, NÃO HÁ ESPAÇO PARA
ATUAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO NO CONTROLE DOS REQUISITOS DE
EDIÇÃO DE MEDIDA PROVISÓRIA PELO CHEFE DO PODER
EXECUTIVO:
APESAR DE A JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
(STF) TER SE CONSOLIDADO NO SENTIDO DA POSSIBILIDADE DE
CONTROLE JUDICIAL DOS PRESSUPOSTOS DE RELEVÂNCIA E
URGÊNCIA PARA A EDIÇÃO DE MEDIDAS PROVISÓRIAS, “O
ESCRUTÍNIO A SER FEITO PELO JUDICIÁRIO NESTE PARTICULAR É DE
DOMÍNIO ESTRITO, JUSTIFICANDO-SE A INVALIDAÇÃO DA
INICIATIVA PRESIDENCIAL APENAS QUANDO ATESTADA A
INEXISTÊNCIA CABAL DESSES REQUISITOS” (RE 592.377).
A forma de se realizar esse controle deve depender da motivação apresentada pelo
chefe do Poder Executivo.
“A MOTIVAÇÃO, EMBORA NÃO SEJA REQUISITO CONSTITUCIONAL
EXPRESSO, FACILITA O CONTROLE DA LEGITIMIDADE E DOS
REQUISITOS CONSTITUCIONAIS AUTORIZADORES, SEJA PELO
LEGISLATIVO, SEJA PELO JUDICIÁRIO”.
Existindo motivação, AINDA QUE A PARTE NÃO CONCORDE COM OS
MOTIVOS EXPLICITADOS PELO PRESIDENTE DA REPÚBLICA PARA
JUSTIFICAR A URGÊNCIA DA MEDIDA PROVISÓRIA, NÃO SE PODE
DIZER QUE ELES NÃO FORAM APRESENTADOS E DEFENDIDOS PELO
ÓRGÃO COMPETENTE.
Ressalte-se que, na hipótese, não se está a proceder juízo de mérito quanto aos
argumentos utilizados para justificar a urgência na edição da medida provisória, mas
tão somente verificar a legitimidade de tais argumentos, para assim realizar ou não a
intervenção judicial almejada pela parte.
No caso, trata-se de ação direta de inconstitucionalidade com pedido de medida
cautelar, em face da Medida Provisória 746/2016.
Com esse entendimento, o Plenário, por unanimidade, julgou improcedente o pedido
formulado na ação direta de inconstitucionalidade - ADI 5599/DF, rel. min. Edson
Fachin, julgamento virtual finalizado em 23.10.2020. (ADI-5599) –
INFORMATIVO STF - Brasília, 19 a 23 de outubro de 2020 - Nº 996

(…) Sob o ângulo formal, reconheceu caber ao Chefe do Executivo a avaliação de


conveniência e oportunidade, ressalvados os casos de excesso de poder. O
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DAS MEDIDAS PROVISÓRIAS,
QUANTO AOS REQUISITOS DE RELEVÂNCIA E URGÊNCIA, AINDA QUE
EXCEPCIONAL, MOSTRA-SE VIÁVEL QUANDO MANIFESTO O ABUSO.
(…) ADI 5035/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de
Moraes, julgamento em 30.11.2017. (ADI-5035). ADI 5037/DF, rel. orig. Min.
Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 30.11.2017.
(ADI-5037). (INFORMATIVO STF - Brasília, 27 de novembro a 1º de dezembro
de 2017 - Nº 886)

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