5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
Simulado ENAMA
DIREITO CONSTITUCIONAL
Professor Danniel Adriano
Questão 1
José, senador federal, apresenta uma emenda ao projeto
de lei do orçamento anual para ampliar certa dotação
orçamentária que reputa ter sido contemplada com
alocação insuficiente de recursos. Para tanto, tal emenda
de José deverá indicar os recursos necessários, que
poderão provir de anulação de despesas que incidam
sobre:
A) restos a pagar não processados de material de
consumo;
B) dotações para pessoal civil;
C) dotações para encargos com pessoal militar;
D) serviço da dívida
E) transferências tributárias constitucionais para os
Estados, Municípios e Distrito Federal.
Comentários
Gabarito: A
Art. 166, § 3º, da CF: As emendas ao projeto de lei do
orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem
somente podem ser aprovadas caso:
I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei
de diretrizes orçamentárias;
II - indiquem os recursos necessários, admitidos apenas
os provenientes de anulação de despesa, excluídas as
que incidam sobre:
a) dotações para pessoal e seus encargos;
b) serviço da dívida;
c) transferências tributárias constitucionais para
Estados, Municípios e Distrito Federal; ou
III - sejam relacionadas:
a) com a correção de erros ou omissões; ou
b) com os dispositivos do texto do projeto de lei.
Logo, o gabarito é a Letra A, pois não recai sobre
nenhuma das espécies vedadas pela lei.
Questão 2
Em razão de notícias de irregularidades detectadas na
implementação de certas políticas públicas pela
Administração Pública direta do Estado Omega, uma
comissão permanente da Assembleia Legislativa
deliberou, com base na Constituição Estadual, pela
convocação de determinados agentes públicos, que
teriam conhecimento dos fatos, para que prestassem
depoimento. Esses agentes eram os seguintes: (1) o
governador do Estado Omega; (2) o secretário de Estado
de Assistência Social; (3) o procurador-geral de justiça; e
(4) o presidente da autarquia Y.
À luz da sistemática estabelecida na Constituição da
República de 1988, é correto afirmar que a convocação
é:
A) constitucional em relação a todos os agentes, já que
compete à Constituição Estadual disciplinar a matéria;
B) inconstitucional apenas em relação ao governador do
Estado, que não pode ser convocado pelo Poder
Legislativo;
C) inconstitucional apenas em relação ao governador do
Estado e ao procurador-geral de justiça, que não estão
sujeitos a convocação por comissão permanente;
D) inconstitucional em relação a todos os agentes, já que
a convocação somente pode ser realizada por comissão
parlamentar de inquérito;
E) inconstitucional apenas em relação ao governador do
Estado, ao procurador-geral de justiça e ao presidente da
autarquia Y, que não estão sujeitos a convocação por
comissão permanente.
Comentários
Gabarito: E
Esse entendimento já foi objeto de cobrança em diversas
provas da FGV, que fornecerá o banco de questões à
nossa Banca Examinadora do ENAM.
Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou
qualquer de suas Comissões, poderão convocar Ministro
de Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente
subordinados à Presidência da República para
prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto
previamente determinado, importando crime de
responsabilidade a ausência sem justificação adequada.
1º Os Ministros de Estado poderão comparecer ao
Senado Federal, à Câmara dos Deputados, ou a qualquer
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de suas Comissões, por sua iniciativa e mediante
entendimentos com a Mesa respectiva, para expor
assunto de relevância de seu Ministério.
2º As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado
Federal poderão encaminhar pedidos escritos de
informações a Ministros de Estado ou a qualquer das
pessoas referidas no caput deste artigo, importando em
crime de responsabilidade a recusa, ou o não –
atendimento, no prazo de trinta dias, bem como a
prestação de informações falsas.
Primeiro, observe-se que tal dispositivo é de reprodução
obrigatória nas Constituições Estaduais.
Segundo, somente poderão ser convocados aqueles que
estão diretamente subordinados ao Chefe do Poder
Executivo, no caso dos Estados, o Governador.
Logo, não podem ser convocados: o próprio Governador,
O Procurador-Geral de Justiça (Chefe do Ministério
Público Estadual, instituição autônoma e independente)
e o presidente de autarquia (que não possui uma relação
de subordinação com o Governador, mas sim de
vinculação).
Questão 3
Juliana, moradora do Município Beta, não conseguiu
efetuar a matrícula do filho de três anos em
estabelecimento de educação infantil municipal próximo
de sua residência. Ao questionar o motivo da
impossibilidade, o Município alegou que a rede
municipal não tinha vaga para crianças da idade de seu
filho, já que não havia legislação municipal que
fornecesse tal garantia.
Diante do exposto e da jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal, é correto afirmar que:
A) a municipalidade não tem o dever de efetuar a
matrícula do filho de Maria, pois às crianças entre 0 e 5
anos de idade o atendimento em creche e pré-escola não
é obrigatório e necessita de regulamentação pelo Poder
Legislativo;
B) Juliana não poderá exigir judicialmente do Município
a matrícula de seu filho na escola municipal, pois a
norma que garante a concretização desse direito
fundamental é de eficácia contida sem aplicabilidade
imediata;
C) o Município Beta tem o dever constitucional de
assegurar ao filho de Juliana o atendimento em creche e
pré-escola. A educação infantil é direito subjetivo
assegurado no próprio texto constitucional, mediante
norma de aplicabilidade direta e eficácia plena;
D) o Município Beta não tem o dever constitucional de
assegurar ao filho de Juliana o atendimento em creche
e pré-escola. A educação infantil não é direito subjetivo,
pois é norma programática e depende de
implementação pelo poder público;
E) o Município Beta tem o dever de assegurar ao filho de
Juliana o atendimento em pré-escola (4 a 5 anos), mas
não em creche (0 a 3 anos), pois apenas a educação
básica é direito subjetivo previsto na Constituição.
Comentários
Gabarito: C
Acerca da aplicabilidade do direito à educação, o
Supremo Tribunal Federal fixou o entendimento de que
a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino
médio devem ser obrigatoriamente fornecidos pelo
Poder Público, de forma gratuita.
Veja:
Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO
ADMINISTRATIVO. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA.
GARANTIA DE VAGA EM CRECHE OU PRÉ-ESCOLA ÀS
CRIANÇAS DE ZERO A CINCO ANOS DE IDADE.
AUTOAPLICABILIDADE DO ART. 208, IV, DA CF/88.
PRINCÍPIOS DA SEPARAÇÃO DOS PODERES E DA RESERVA
DO POSSÍVEL. VIOLAÇÃO. INOCORRÊNCIA. RECURSO
EXTRAORDINÁRIO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. A
educação infantil representa prerrogativa constitucional
indisponível, que assegura às crianças de zero a cinco
anos de idade a primeira etapa do processo de educação
básica mediante o atendimento em creche e o acesso à
pré-escola (art. 208, IV, da Constituição Federal). 2. O
Estado tem o dever constitucional de garantir o efetivo
acesso e atendimento em creches e unidades de pré-
escola, sob pena de configurar-se inaceitável omissão
estatal e violação a direito subjetivo, sanável pela via
judicial. Precedentes: ARE 639.337-AgR, Rel. Min. Celso
de Mello, Segunda Turma, DJe de 15/9/2011; AI 592.075-
AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Primeira Turma,
DJe de 4/6/2009, e RE 384.201-AgR, Rel. Min. Marco
Aurélio, Primeira Turma, DJ de 3/8/2007. 3. O Poder
Judiciário pode impor à Administração Pública a
efetivação de matrícula de crianças de zero a cinco anos
de idade em estabelecimento de educação infantil, sem
haja violação ao princípio constitucional da separação
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dos poderes. 4. Ex positis, voto no sentido de, no caso
concreto, NEGAR PROVIMENTO ao recurso
extraordinário interposto pelo Município de Criciúma. 5.
A tese da repercussão geral fica assim formulada: 1. A
educação básica em todas as suas fases – educação
infantil, ensino fundamental e ensino médio – constitui
direito fundamental de todas as crianças e jovens,
assegurado por normas constitucionais de eficácia plena
e aplicabilidade direta e imediata. 2. A educação infantil
compreende creche (de zero a 3 anos) e a pré-escola (de
4 a 5 anos). Sua oferta pelo Poder Público pode ser
exigida individualmente, como no caso examinado neste
processo. 3. O Poder Público tem o dever jurídico de dar
efetividade integral às normas constitucionais sobre
acesso à educação básica. (STF - RE: 1008166 SC, Relator:
LUIZ FUX, Data de Julgamento: 22/09/2022, Tribunal
Pleno, Data de Publicação: PROCESSO ELETRÔNICO
REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-s/n DIVULG 19-04-
2023 PUBLIC 20-04-2023).
Questão 4
A sociedade empresária Planeta explorava a atividade de
transmissão e recepção de dados e voz, por meio de
torres e antenas situadas no território do Município
Gama. Em razão da atividade desenvolvida em solo
municipal, esse ente federativo editou lei instituindo a
taxa de funcionamento das respectivas estações, com
estrita observância das denominadas “limitações
constitucionais ao poder de tributar”.
À luz da ordem constitucional, é correto afirmar que a
referida lei é:
A) inconstitucional, considerando a natureza da
atividade explorada por Planeta, o que afasta a
competência de Gama para instituir a referida taxa;
B) constitucional, considerando que Beta tem
competência para suplementar a legislação federal e a
estadual, de modo a atender às peculiaridades locais;
C) constitucional, considerando que a ocupação do solo
urbano é típico interesse local, a justificar a competência
legislativa privativa de Beta para instituir a taxa;
D) inconstitucional, considerando que as atividades já
exploradas, com contribuintes previamente
identificados, não configuram fato gerador da taxa, face
à ausência de serviço público específico e divisível;
E) constitucional, considerando se tratar de matéria com
nítidos reflexos no meio ambiente, em que prevalece a
competência concorrente entre os entes federativos,
observados os balizamentos estabelecidos pela União.
Comentários
Gabarito: A
O STF possui firme entendimento que a matéria tratada
pela lei municipal versa, preponderantemente, sobre
telecomunicações, matéria de competência privativa da
União Federal.
Tema nº 919 de Repercussão Geral: “A instituição de taxa
de fiscalização do funcionamento de torres e antenas de
transmissão e recepção de dados e voz é de competência
privativa da União, nos termos do art. 22, IV, da
Constituição Federal, não competindo aos municípios
instituir referida taxa”. 6. Recurso extraordinário
provido.
Questão 5
De acordo com o Art. 2º da Lei nº XX/2023 do Município
Alfa, “o Prefeito, o Vice-Prefeito, os Vereadores e os
servidores municipais, bem como as pessoas ligadas a
qualquer deles por matrimônio ou parentesco, afim ou
consanguíneo, até o terceiro grau inclusive, ou por
adoção, não poderão contratar com o Município,
subsistindo a proibição até seis meses após findas as
respectivas funções”.
Esse dispositivo, à luz da jurisprudência atual do
Supremo Tribunal Federal, é:
A) inconstitucional, pois compete apenas à União
Federal, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
privativamente sobre parentesco.
B) inconstitucional, pois o Município não detém
competência para legislar sobre nepotismo, contratos
administrativos e licitações.
C) constitucional, devendo, porém, ser excluída a
interpretação que veda contratações com pessoas
vinculadas a servidores que não exercem cargo em
comissão ou função de confiança.
D) constitucional, sendo proporcional a vedação de
contratações com pessoas vinculadas a servidores que
não exercem função de direção, chefia ou
assessoramento;
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E) constitucional, pois compete aos Municípios legislar
sobre normas gerais e específicas de contratação e
licitação com o poder público municipal.
Comentários
Gabarito: C
O Município possui competente concorrente para
legislar sobre licitação e contratação, cabendo à União
Federal editar normas gerais (art. 22, XXVII, da CF).
Dentro dessa competência, é razoável, posto que de
acordo com o princípio da moralidade, vedar que
determinados agentes ou seus parentes, contratem
diretamente com o ente federado por eles integrado.
Estão excluídos, contudo, os parentes de servidores
públicos que não sejam detentores de cargo em
comissão ou função de confiança, posto que a limitação
seria desproporcional e injustificada, já que tais
servidores não possuem poder decisório sobre o tema.
Tema 1001: É constitucional o ato normativo municipal,
editado no exercício de competência legislativa
suplementar, que proíba a participação em licitação ou a
contratação: (a) de agentes eletivos; (b) de ocupantes de
cargo em comissão ou função de confiança; (c) de
cônjuge, companheiro ou parente em linha reta,
colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive,
de qualquer destes; e (d) dos demais servidores públicos
municipais.
Questão 6
Em razão de uma grande mobilização popular, o Estado
Alfa editou a Lei nº 1, que delineou o alcance de
determinado direito social de grande importância para
os trabalhadores. Pouco tempo depois, o Partido Político
POPULAR, cujo entendimento fora vencido no âmbito da
Assembleia Legislativa de Alfa, constatou que a Lei nº 1
colidia materialmente com a Lei nº 2, editada pela União
e que veiculara normas gerais sobre a matéria.
Ao ser instada a se pronunciar sobre a possibilidade de
ser deflagrado o controle concentrado de
constitucionalidade, perante o tribunal nacional
competente da União, para que a referida colidência
fosse reconhecida, com a correlata declaração de
inconstitucionalidade da Lei nº 1, a assessoria jurídica do
Partido Político POPULAR afirmou, corretamente, que:
A) quer a Lei nº 1 seja posterior, quer seja anterior à Lei
nº 2, não será possível a deflagração do controle, pois a
ofensa à Constituição da República de 1988 seria
meramente reflexa;
B) caso a Lei nº 2 seja anterior à Lei nº 1, não será possível
a deflagração do controle, em razão da falta de interesse
de agir, pois a eficácia da Lei nº 1 já terá sido suspensa;
C) caso a Lei nº 2 seja posterior à Lei nº 1, somente será
possível a deflagração do controle caso aquele diploma
normativo reproduza comandos da Constituição da
República de 1988;
D) caso a Lei nº 2 seja anterior à Lei nº 1, será possível a
deflagração do controle, apesar de a análise pressupor o
cotejo com a norma interposta, vale dizer, a Lei nº Y;
E) caso a Lei nº 2 seja posterior à Lei nº 1, será possível a
deflagração do controle desde que seja estabelecida
controvérsia, em algum processo, em relação à
revogação desta última.
Comentários
Gabarito: D
A matéria tratada pelas leis estadual e federal em
questão é de competência concorrente, atraindo a
aplicação dos parágrafos do art. 24 da CF/88.
Desse modo, temos dois cenários possíveis:
1) Primeiro cenário: A lei estadual foi editada antes
da lei federal. Devemos nos lembrar que é possível que
lei estadual, na inércia da União em editar normas gerais,
poderá exercer a competência completa, inclusive
editando normas gerais que se aplicarão nos limites do
seu território.
Caso isso ocorra, a União Federal não perde sua
competência para editar normas gerais. Se o fizer,
contudo, haverá a SUSPENSÃO da lei estadual na parte
em que tratou de normas gerais.
Note-se que, nesse caso, não há necessidade de
impugnação pela via concentrada da lei estadual em
relação às normas gerais, pois estas já estão suspensas
automaticamente.
2) Segundo cenário: A União editou, antes, a lei que
veicula normas gerais. Nesse caso, se a lei estadual a
contrariar, estaremos diante de uma
inconstitucionalidade. Ainda que se possa pensar que
houve violação à lei federal, em verdade a lei estadual
violou a própria sistemática do art. 24 da CF e, portanto,
poderá ser objeto de controle de constitucionalidade.
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Questão 7
Sentença proferida por Vara Federal condenou a União e
o Estado Alfa ao fornecimento de medicamento
oncológico de alto custo. Foi apresentado laudo
fundamentado elaborado pelo médico do paciente,
justificando a imprescindibilidade e a necessidade do
medicamento, bem como a inexistência de outro, com
eficácia, fornecido pelo SUS. Foi comprovada a
impossibilidade de o autor arcar com o custo do
medicamento, que está registrado na Anvisa. O Estado
Alfa apela, alegando sua ilegitimidade passiva, por se
tratar de medicamento de alto custo a ser fornecido pela
União apenas. A União apela sob o fundamento de que o
medicamento não consta da lista do SUS.
Considerando o caso hipotético, é correto afirmar que:
A) deve ser provido o recurso do Estado Alfa, conforme
entendimento fixado no Tema 793, pelo STF, e negado
provimento ao recurso da União, em conformidade com
o STJ, que em sede de repetitivo fixou os parâmetros
para o fornecimento de medicamentos pelo Estado e não
há necessidade de que ele conste da lista do SUS;
B) devem ser providos ambos os recursos conforme
teses fixadas pelo STF sobre a solidariedade entre os
entes da federação e ainda os parâmetros para o
fornecimento de medicamentos conforme repetitivo
julgado pelo STJ;
C) deve ser negado provimento a ambos os recursos,
considerando que a sentença está de acordo com o
entendimento do STF sobre a solidariedade entre os
entes federativos e, conforme repetitivo do STJ, todos os
parâmetros para que haja o dever do Estado de fornecer
medicamentos estão presentes;
D) deve ser negado provimento ao recurso do Estado
Alfa, conforme entendimento fixado no Tema 793, pelo
STF, e deve ser provido o recurso da União, já que a
sentença não observou os requisitos necessários ao
dever de fornecer medicamentos pelo Estado, dentre
eles a inclusão do medicamento em lista do SUS;
E) os recursos não devem ser conhecidos por violarem
tese de repercussão geral fixada pelo STF.
Comentários
Gabarito: C
Quanto à existência de direito subjetivo, deve-se
reportar ao entendimento dos Tribunais Superiores no
sentido de que mesmo medicamentos não contidos na
lista do SUS podem ser exigidos do poder público, desde
que presentes os seguintes requisitos:
a) Comprovação, por meio de laudo médico
fundamentado e circunstanciado expedido por médico
que assiste o paciente, da imprescindibilidade ou
necessidade do medicamento, assim como da ineficácia,
para o tratamento da moléstia, dos fármacos fornecidos
pelo SUS;
b) incapacidade financeira de arcar com o custo do
medicamento prescrito;
c) existência de registro do medicamento na ANVISA,
observados os usos autorizados pela agência.
STJ. 1ª Seção. EDcl no REsp 1.657.156-RJ, Rel. Min.
Benedito Gonçalves, j 12/09/18 (recurso repetitivo) (Info
633).
No que toca à competência, a questão é objeto de forte
controvérsia. Visando pacificar o tema, o STF afetou a
questão e fixará tese em repercussão geral (Tema 1.234).
Em cautelar, proferida em 2023, todavia, fixou as
seguintes balizas a serem observadas até que o
julgamento chegue ao seu fim:
1. nas demandas judiciais envolvendo medicamentos ou
tratamentos padronizados: a composição do polo
passivo deve observar a repartição de responsabilidades
estruturada no Sistema Único de Saúde, ainda que isso
implique deslocamento de competência, cabendo ao
magistrado verificar a correta formação da relação
processual;
2. nas demandas judiciais relativas a medicamentos não
incorporados: devem ser processadas e julgadas pelo
Juízo, estadual ou federal, ao qual foram direcionadas
pelo cidadão, sendo vedada, até o julgamento definitivo
do Tema 1.234 da Repercussão Geral, a declinação da
competência ou determinação de inclusão da União no
polo passivo;
3. diante da necessidade de evitar cenário de
insegurança jurídica, esses parâmetros devem ser
observados pelos processos sem sentença prolatada;
diferentemente, os processos com sentença prolatada
até a data desta decisão (17 de abril de 2023) devem
permanecer no ramo da Justiça do magistrado
sentenciante até o trânsito em julgado e respectiva
execução;
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4. ficam mantidas as demais determinações contidas na
decisão de suspensão nacional de processos na fase de
recursos especial e extraordinário.
STF. Plenário. RE 1366243 TPI-Ref, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 19/04/2023.
Questão 8
Um grupo de cinquenta pessoas logrou êxito em
demonstrar, perante as autoridades competentes, o
vínculo social e antropológico que existe entre os seus
integrantes e os antigos ocupantes de determinada área
de terra, onde esse grupo nascera e crescera, e que era
utilizada por seus ancestrais como local de refúgio de
escravos que fugiam da senzala.
A luz da Constituição da República de 1988, é correta
afirmar que:
A) a terra descrita consubstancia bem da União, devendo
ser usada exclusivamente pelos integrantes do grupo em
caráter precário;
B) os integrantes do grupo têm o direito vitalício de uso
da referida terra, podendo ser dela despojados apenas
na hipótese de total aculturação;
C) grupo tem o direito subjetivo de ter reconhecida a
propriedade definitiva dessas terras, com o recebimento
do correlato titulo de propriedade;
D) a União deve promover a desapropriação dessas
terras, por interesse social, em razão das características
culturais desse grupo, outorgando-lhe concessão de uso;
E) a terra consubstancia bem público, insuscetível de
usucapião ou de transferência da propriedade, mesmo
ao grupo, assegurada a sua utilização para preservar os
aspectos culturais afetos a essa camada da população.
Comentários
Gabarito: C
A questão exigia o conhecimento do art. 68 do ADCT que
garante, aos remanescentes das comunidades dos
quilombos que estejam ocupando suas terras é
reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado
emitir-lhes os títulos respectivos.
Questão 9
O Conselho Nacional de Justiça, no último mês, apreciou
três procedimentos que se enquadravam no âmbito de
suas competências constitucionais. No procedimento 1,
manteve decisão administrativa, proferida por
determinado Tribunal, que indeferira a fruição de
benefício requerido por magistrado a ele vinculado,
almejava reformar. No procedimento 2, anulou a
promoção por merecimento de magistrado, sendo que
este último almejava produzir, em juízo, ampla prova
testemunhal, que indicaria, a seu ver, impedimento e a
suspeição de alguns conselheiros, de modo a anular a
decisão. Por fim, no procedimento 3, foi aplicada sanção
disciplinar a magistrado, decisão que, ao ver deste
último, era manifestamente contrária à legislação de
regência, sendo nula de pleno direito, e que ele almejava
que isto fosse declarado pelo juízo competente.
O Supremo Tribunal Federal é competente para
processar e julgar a(s) ação(ões) decorrentes:
A) de todos os procedimentos;
B) apenas do procedimento 3;
C) apenas do procedimento 2;
D) apenas dos procedimentos 2 e 3;
E)apenas dos procedimentos 1 e 3.
Comentários
Gabarito: D
O STF, na ADI 4.412/DF, firmou novo entendimento no
sentido de que é de competência exclusiva do STF julgar
todas as ações ajuizadas contra decisões do Conselho
CNJ e do CNMP proferidas no exercício de suas
competências constitucionais. Contudo, se a decisão do
CNJ ou CNMP for “negativa”, isto é, mantenha a decisão
tomada pela respectiva corregedoria do Tribunal de
origem, isso significa que o Conselho, na verdade, não
decidiu o tema debatido, não sendo cabível a
impugnação direta, via MS, no STF.
Veja:
(...) II - A jurisprudência desta Casa firmou-se no sentido
de que as deliberações negativas do Conselho Nacional
de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público,
por não substituírem o ato originalmente questionado,
não estão sujeitas à apreciação por mandado de
segurança impetrado diretamente no Supremo Tribunal
Federal. Precedentes.
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III - O julgamento da ADI 4.412/DF, da relatoria do
Ministro Gilmar Mendes, alterou o entendimento desta
Corte somente no tocante ao exame de ações ordinárias
contra atos emanados do CNJ e do CNMP, uma vez que
não havia qualquer divergência quanto à competência
do STF para exame de ações constitucionais
mandamentais (mandado de segurança, habeas data,
habeas corpus ou mandado de injunção). Desse modo, o
que decidido na referida ADI 4.412/DF não tem o condão
de afastar o entendimento deste Supremo Tribunal em
relação ao não cabimento de mandado de segurança
contra deliberação negativa do CNJ. (...)
STF. 2ª Turma. MS 37301 AgR, Rel. Ricardo Lewandowski,
julgado em 08/04/2021.
Questão 10
Jonas, solteiro convicto, tinha o sonho de ser pai. Com
esse objetivo, procurou uma clínica especializada no
exterior e realizou a técnica de fertilização in vitro. A
gestação por substituição, por sua vez, foi realizada por
Ane, pessoa com a qual Jonas não mantinha qualquer
relação afetiva. Logo após o parto, a criança foi entregue
a Jonas, que retornou ao território brasileiro e a
registrou apenas em seu nome.
Como Jonas é servidor público, requereu a fruição de
licença-maternidade, considerando o ônus que
assumiria, de cuidar, sozinho, de seu filho.
Ao analisar a ordem constitucional, a autoridade
competente explicou corretamente a Jonas que ele:
A) não faz jus à referida licença, pois não poderia ser
equiparado à mãe na medida em que seu filho possuía
mãe conhecida;
B) faz jus à licença-maternidade, desde que seja
demonstrado que Ane não requereu a fruição de
benefício similar no exterior;
C) não faz jus à licença-maternidade, pois a igualdade
entre homens e mulheres é excepcionada pelas
situações previstas na ordem constitucional;
D) somente faria jus à licença-maternidade caso a
legislação expressamente o autorizasse, o que decorria
do princípio da legalidade estrita que deve reger a
Administração Pública;
E) faz jus à licença-maternidade, considerando que seu
filho deve ser protegido com absoluta prioridade, além
de os direitos sociais da mulher também se destinarem à
proteção da criança.
Comentários
Gabarito: E
É entendimento do STF de que a licença-maternidade
poderá ser concedida ao genitor monoparental, uma vez
que tal licença tem por finalidade proteger a criança.
EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM
REPERCUSSÃO GERAL. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL.
GENITOR MONOPARENTAL DE CRIANÇAS GÊMEAS
GERADAS POR MEIO DE TÉCNICA DE FERTILIZAÇÃO IN
VITRO E GESTAÇÃO POR SUBSTITUIÇÃO (“BARRIGA DE
ALUGUEL”). DIREITO AO BENEFÍCIO DE SALÁRIO-
MATERNIDADE PELO PRAZO DE 180 DIAS. 1. Não há
previsão legal da possibilidade de o pai solteiro, que
optou pelo procedimento de fertilização in vitro em
“barriga de aluguel”, obter a licença-maternidade. 2. A
Constituição Federal, no art. 227, estabelece com
absoluta prioridade a integral proteção à criança. A ratio
dos artigos 6º e 7º da CF não é só salvaguardar os direitos
sociais da mulher, mas também efetivar a integral
proteção ao recém-nascido. 3. O art. 226, § 5º, da Lei
Fundamental estabelece que os direitos e deveres
referentes à sociedade conjugal são exercidos
igualmente pelo homem e pela mulher, não só em
relação à sociedade conjugal em si, mas, sobretudo, no
que tange ao cuidado, guarda e educação dos filhos
menores. 4. A circunstância de as crianças terem sido
geradas por meio fertilização in vitro e utilização de
barriga de aluguel mostra-se irrelevante, pois, se a
licença adotante é assegurada a homens e mulheres
indistintamente, não há razão lógica para que a licença e
o salário- maternidade não seja estendido ao homem
quando do nascimento de filhos biológicos que serão
criados unicamente pelo pai. Entendimento contrário
afronta os princípios do melhor interesse da criança, da
razoabilidade e da isonomia. 5. A Nota Informativa SEI nº
398/2022/ME, e Nota Técnica SEI nº 18585/2021/ME,
emitidas pela Secretaria de Gestão e Desempenho de
Pessoal do Ministério da Economia, trazidas aos autos
pelo INSS, informam que “‘em consonância com a
proteção integral da criança’, a Administração Pública
federal reconhece ‘o direito, equivalente ao prazo da
licença à gestante a uma das pessoas presentes na
filiação, independente de gênero e estado civil, desde
que ausente a parturiente na composição familiar do
servidor’”. [...] 7. Recurso Extraordinário a que se nega
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provimento. Fixada, para fins de repercussão geral, a
seguinte tese ao Tema 1182: “À luz do art. 227 da CF que
confere proteção integral da criança com absoluta
prioridade, bem como do princípio da isonomia de
direitos entre o homem e a mulher (art. 5º, I, CF), a
licença maternidade, prevista no art. 7º, XVIII, da CF/88,
e regulamentada pelo art. 207 da Lei 8.112/1990,
estende-se ao pai, genitor monoparental, servidor
público.”
(STF - RE: 1348854 SP, Relator: ALEXANDRE DE MORAES,
Data de Julgamento: 12/05/2022, Tribunal Pleno, Data
de Publicação: PROCESSO ELETRÔNICO DJe-213 DIVULG
21-10-2022 PUBLIC 24-10-2022).
DIREITO CONSTITUCIONAL DO TRABALHO
Professora Juliana Morais
Questão 11
Maria é uma advogada com experiência na área
trabalhista, atuando há mais de 5 anos em causas
relacionadas ao Direito do Trabalho. Ela decide
concorrer à vaga do quinto constitucional no Tribunal
Superior do Trabalho (TST), motivada pela sua paixão
pela Justiça e seu desejo de contribuir para o
aprimoramento do sistema jurídico brasileiro.
Maria é brasileira naturalizada, tem 31 anos de idade e
possui notável saber jurídico, comprovado pela sua
trajetória profissional e pelo reconhecimento de seus
pares e da comunidade jurídica. Além disso, sua
reputação é ilibada, sem qualquer registro de infrações
éticas ou penais ao longo de sua carreira.
Diante dessa situação, aponte a alternativa CORRETA,
considerando o Ordenamento Jurídico:
A – Maria não reúne os requisitos para o cargo de
Ministra do TST, pois é brasileira naturalizada, sendo que
o cargo de Ministro do Tribunal Superior do Trabalho é
privativo de brasileiro nato. Além disso, não preenche a
idade mínima necessária para o cargo, nem o tempo
exigido de efetiva atividade profissional.
B – Embora Maria tenha atingido a idade mínima
necessária para assumir o cargo de Ministra do TST, não
pode se candidatar, pois não possui o tempo exigido de
efetiva atividade profissional, bem como não preenche o
requisito de ser brasileira nata.
C – Maria não pode se candidatar, já que não possui nem
a idade mínima necessária para o cargo, nem o tempo
mínimo 10 anos de efetiva atividade profissional, sendo
irrelevante o fato de ser brasileira naturalizada.
D – Maria pode se candidatar, pois atingiu a idade
mínima de 30 anos, bem como cumpriu o tempo mínimo
de 5 anos de efetiva atividade profissional, sendo
irrelevante o fato de ser brasileira naturalizada.
E – Maria não pode se candidatar unicamente pelo fato
de ser brasileira naturalizada, pois preenche os demais
requisitos, relativos à idade mínima de 30 anos, bem
como ao tempo de 5 anos de efetiva atividade
profissional.
Comentários
A questão trata dos requisitos necessários para
concorrer à vaga de Ministro do TST.
Dispõe o artigo 111 da Constituição Federal, in verbis:
CF, Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compõe-
se de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre brasileiros
com mais de trinta e cinco e menos de setenta anos de
idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada,
nomeados pelo Presidente da República após aprovação
pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo:
I um quinto dentre advogados com mais de dez anos de
efetiva atividade profissional e membros do Ministério
Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo
exercício, observado o disposto no art. 94;
Dessa forma, Maria não pode concorrer à vaga de
Ministra do TST, pois não possui a idade mínima de 35
anos, nem preenche o tempo mínimo de dez anos de
efetivo exercício da advocacia.
Registre-se que a circunstância de ser brasileira
naturalizada é irrelevante, já que o artigo 111 da
Constituição Federal não exige que os Ministros do TST
sejam brasileiros natos, mencionando apenas
"brasileiros".
Cabe ressaltar que quando a Constituição Federal
pretendeu restringir o acesso a cargos públicos a
brasileiros natos, o fez expressamente, como prevê o
artigo 12, § 3º, da CF:
CF, Art. 12. [...]
§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
III - de Presidente do Senado Federal;
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática;
VI - de oficial das Forças Armadas.
VII - de Ministro de Estado da Defesa.
Dessa forma, a alternativa “C” está CORRETA e é o
gabarito do enunciado.
Questão 12
Maria moveu uma Reclamação Trabalhista contra seu
antigo empregador, postulando indenização por danos
morais e estéticos decorrentes de acidente de trabalho,
que lhe acarretou cicatriz na perna, sem redução da
capacidade laboral. Após a instrução processual, o juiz
julgou procedente a Reclamação Trabalhista, fixando
indenização por danos morais e estéticos no valor de 5
vezes o salário mínimo para cada um dos danos (moral e
estético), atualizáveis segundo os reajustes do salário
mínimo até a data do efetivo pagamento. Na
fundamentação do julgado, o magistrado consignou que
o dano sofrido pela autora era de natureza média,
fixando a indenização no limite máximo de 5 vezes o
último salário contratual da autora (que percebia salário
mínimo), com fundamento nos critérios do artigo 223-G,
§ 1º, II, da CLT.
Maria interpôs recurso ordinário, insistindo na alegação
de que é jovem e aspirante à modelo, de modo que a
cicatriz na perna, em local visível, não poderia ficar
limitada ao parâmetro máximo previsto no artigo 223-G,
§ 1º, II, da CLT (5 vezes o último salário contratual), que
é inconstitucional, por implicar tabelamento do dano
moral.
A empregadora também recorreu, alegando bis in idem,
já que o juiz arbitrou danos morais e estéticos pela
mesma causa de pedir. Alegou, ainda, que o juiz não
poderia ter fixado indenização em múltiplos do salário
mínimo, sob pena de ofensa ao artigo 7º, IV, da CF, que
veda a vinculação do salário mínimo para qualquer fim.
Diante dessa situação, analise as assertivas a seguir:
I – A indenização por danos morais e estéticos pode ser
fixada em múltiplos do salário mínimo, sendo
constitucional também a determinação de observância
dos reajustes do salário mínimo até a data do efetivo
pagamento, já que a hipótese não se amolda à Súmula
Vinculante nº 4 do STF, por não se tratar de fixação de
base de cálculo de empregado ou servidor público, mas
sim de critério de fixação de dano moral decorrente de
decisão judicial.
II – O STF, na ADI 6050, concluiu que os critérios de
quantificação de reparação por dano extrapatrimonial
previstos no art. 223-G, caput e §1º, da CLT deverão ser
observados pelo julgador, afigurando-se inconstitucional
o arbitramento judicial do dano em valores superiores
aos limites máximos dispostos nos incisos I a IV do § 1º
do art. 223-G.
III – Na ADI 605O, o STF entendeu que as redações
conferidas aos art. 223-A e 223-B, da CLT não excluem o
direito à reparação por dano moral indireto ou dano em
ricochete no âmbito das relações de trabalho, a ser
apreciado nos termos da legislação civil.
IV – Segundo a jurisprudência, é lícita a cumulação das
indenizações de dano estético e dano moral.
Considerando o Ordenamento Jurídico e a
Jurisprudência dos Tribunais Superiores, estão
CORRETAS as assertivas:
A – I, III e IV, apenas.
B – I e IV, apenas.
C – III e IV, apenas.
D – II e III, apenas.
E – Todas as assertivas.
Comentários
A alternativa C está CORRETA e é o gabarito do
enunciado, senão vejamos.
A assertiva I está INCORRETA.
O artigo 7º, IV, da Constituição Federal elenca o salário
mínimo como direito dos trabalhadores urbanos e rurais,
vedando sua vinculação para qualquer fim, senão
vejamos:
CF, Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e
rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social:
salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado,
capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às
de sua família com moradia, alimentação, educação,
saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência
social, com reajustes periódicos que lhe preservem o
poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para
qualquer fim;
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
Tal medida visa impedir a indexação da economia pelo
salário mínimo, evitando que os respectivos reajustes
gerem um efeito cascata na economia, com aumento
geral de preços, obstando, assim, seu aumento real.
Interpretando o referido dispositivo constitucional, o STF
editou a Súmula Vinculante nº 4, cujo teor ora se
transcreve:
Súmula Vinculante nº 4 do STF: Salvo nos casos previstos
na Constituição, o salário mínimo não pode ser usado
como indexador de base de cálculo de vantagem de
servidor público ou de empregado, nem ser substituído
por decisão judicial.
Cabe salientar, quanto ao arbitramento judicial de
indenização em múltiplos do salário mínimo, que o STF
entende que a indenização por danos extrapatrimoniais
pode ser fixada em salários mínimos, como mero valor
referencial e observado o valor do salário mínimo na
data do julgamento.
Todavia, a partir da fixação, o quantum indenizatório
deverá ser corrigido por índice oficial, sendo
inconstitucional a determinação atualização segundo os
reajustes do salário mínimo até a data do efetivo
pagamento.
Nesse sentido, cita-se o seguinte precedente do STF:
"Indenização vinculada ao salário mínimo:
impossibilidade. CF, art. 7º, IV. O que a Constituição veda
– art. 7º, IV – é a fixação do quantum da indenização em
múltiplo de salários mínimos. STF, RE 225.488/PR, rel.
min. Moreira Alves; ADI 1.425. A indenização pode ser
fixada, entretanto, em salários mínimos, observado o
valor deste na data do julgamento. A partir daí, esse
quantum será corrigido por índice oficial". (RE 409.427
AgR, rel. min. Carlos Velloso, j. 16-3-2004, 1ª T, DJ de 2-
4-2004.)
A assertiva II está INCORRETA.
O STF, na ADI 6050, concluiu que os critérios de
quantificação de reparação por dano extrapatrimonial
previstos no art. 223-G, caput e §1º, da CLT deverão ser
observados pelo julgador como critérios orientativos de
fundamentação da decisão judicial, sendo constitucional
o arbitramento judicial do dano em valores superior aos
limites máximos nele dispostos, quando consideradas as
circunstâncias do caso concreto e os princípios da
razoabilidade, da proporcionalidade e da igualdade.
Cabe transcrever a referida ementa:
Ações diretas de inconstitucionalidade. 2. Reforma
Trabalhista. Artigos 223-A e 223-G, §§ 1º e 2º, da CLT, na
redação dada pela Lei 13.467/2017. Parâmetros para a
fixação do quantum indenizatório dos danos
extrapatrimoniais. 3. Ações conhecidas e julgadas
parcialmente procedentes para conferir interpretação
conforme a Constituição, de modo a estabelecer que:
[...] 3.2. Os critérios de quantificação de reparação por
dano extrapatrimonial previstos no art. 223-G, caput e
§1º, da CLT deverão ser observados pelo julgador como
critérios orientativos de fundamentação da decisão
judicial. É constitucional, porém, o arbitramento judicial
do dano em valores superior aos limites máximos
dispostos nos incisos I a IV do § 1º do art. 223-G, quando
consideradas as circunstâncias do caso concreto e os
princípios da razoabilidade, da proporcionalidade e da
igualdade. (ADI 6050, Relator(a): GILMAR MENDES,
Tribunal Pleno, julgado em 26-06-2023, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-s/n DIVULG 17-08-2023 PUBLIC 18-08-
2023)
A assertiva III está CORRETA.
Na ADI 605O, o STF entendeu que as redações conferidas
aos art. 223-A e 223-B, da CLT não excluem o direito à
reparação por dano moral indireto ou dano em ricochete
no âmbito das relações de trabalho, a ser apreciado nos
termos da legislação civil, conforme se depreende do
seguinte trecho da ementa:
Ações diretas de inconstitucionalidade. 2. Reforma
Trabalhista. Artigos 223-A e 223-G, §§ 1º e 2º, da CLT, na
redação dada pela Lei 13.467/2017. Parâmetros para a
fixação do quantum indenizatório dos danos
extrapatrimoniais. 3. Ações conhecidas e julgadas
parcialmente procedentes para conferir interpretação
conforme a Constituição, de modo a estabelecer que:
3.1. As redações conferidas aos art. 223-A e 223-B, da
CLT, não excluem o direito à reparação por dano moral
indireto ou dano em ricochete no âmbito das relações de
trabalho, a ser apreciado nos termos da legislação civil;
[...] (ADI 6050, Relator(a): GILMAR MENDES, Tribunal
Pleno, julgado em 26-06-2023, PROCESSO ELETRÔNICO
DJe-s/n DIVULG 17-08-2023 PUBLIC 18-08-2023)
A assertiva IV está CORRETA.
Segundo a Súmula 387 do STJ, é lícita a cumulação das
indenizações de dano estético e dano moral.
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
DIREITO CONSTITUCIONAL PROCESSUAL PENAL
Professor Leonardo Tavares
Questão 13
Detido em uma blitz policial por trafegar com o farol
apagado, o motociclista Rafael foi submetido a revista,
tendo sido encontradas com ele dez porções de cocaína,
que totalizaram 10 gramas. Rafael alegou que eram para
consumo próprio. Enquanto o motociclista explicava seu
álibi para os policiais, uma pessoa o indagou, em uma
mensagem de texto recebida no seu telefone celular,
pela droga que ele havia se comprometido a entregar.
Na ocasião, os policiais exigiram que Rafael entregasse o
celular e, com base no teor da mensagem, conduziram o
motociclista preso em flagrante e o apresentaram ao
delegado, que o indiciou por tráfico de droga.
Nessa situação hipotética, considera-se a prova utilizada
pelos policiais para prender Rafael
a) legal, caso seja validada pelo Ministério Público por
despacho fundamentado, sujeito a controle judicial.
b) nula, já que essa prova implica desrespeito ao sigilo
telefônico e, por isso, não pode ser usada para embasar
sua condenação.
c) lícita, já que não se trata de interceptação de conversa
telefônica, mas sim de mensagem telefônica.
d) passível de validação posterior pelo juiz diante dos
indícios da sua autoria ou participação em crime grave.
e) de nulidade relativa, que se aplica somente se
provado prejuízo ao réu.
Comentários
Gabarito: B
a) Errada. A validação da prova somente pode ser
realizada pelo magistrado e sempre antes da diligência
ser realizada no que diz respeito à quebra de sigilo.
b) Certa. Não poderia o policial ter tido acesso aos dados
telefônicos do acusado sem autorização judicial.
PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. TRÁFICO
DE DROGAS. NULIDADE DA PROVA. AUSÊNCIA DE
AUTORIZAÇÃO JUDICIAL PARA ACESSO AOS DADOS DE
APLICATIVO CELULAR WHATSAPP. INGRESSO NA
RESIDÊNCIA. AUSÊNCIA DE MANDADO DE BUSCA E
APREENSÃO. NÃO COMPROVAÇÃO DE FUNDADA
SUSPEITA. ILEGALIDADE. NULIDADE RECONHECIDA.
ORDEM CONCEDIDA. 1. Ilícita é a devassa de dados, bem
como das conversas de whatsapp, obtidas diretamente
pela polícia em celular apreendido por ocasião da prisão
em flagrante, sem prévia autorização judicial. (...) 4.
Habeas corpus concedido para declarar a nulidade das
provas obtidas por meio do ingresso domiciliar sem
mandado, bem como do acesso ao celular do paciente,
sem autorização judicial, cujo produto deve ser
desentranhado dos autos. (HC n. 617.232/SP, relator
Ministro Nefi Cordeiro, Sexta Turma, julgado em
23/2/2021, DJe de 26/2/2021.)
c) Errada. Uma vez que as mensagens telefônicas
também são protegidas.
d) Errada, pois a autorização deve ser prévia. Nesse caso,
a prova já se encontra contaminada pela ilicitude e o fato
de o crime ser grave não altera essa conclusão.
e) Errada. É ilegal e inconstitucional a prova obtida em
violação ao sigilo das comunicações.
CF. art. 5º [...] XII - é inviolável o sigilo da
correspondência e das comunicações telegráficas, de
dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último
caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a
lei estabelecer para fins de investigação criminal ou
instrução processual penal;
Questão 14
A Polícia Civil de determinado Estado abriu investigação
acerca do tráfico de drogas em uma comunidade,
inclusive com a utilização de fuzis e outras armas de
grande potencial lesivo. Diante da dificuldade em obter
a individualização dos supostos traficantes, bem como o
local da guarda dos entorpecentes e armas, haja vista a
utilização da residência de diversos moradores para tal
função, a autoridade policial requereu ao juiz a
expedição de um mandado de busca e apreensão
coletivo, a permitir o ingresso em qualquer residência da
comunidade, bem como a apreensão de objetos ligados
ao tráfico de drogas, tais como celulares e planilhas. A
essa modalidade ilícita e ilegal de obtenção de provas,
dá-se o nome de
a) serendipidade de segundo grau.
b) ação controlada.
c) serendipidade de primeiro grau.
d) vigilância policial motivada.
e) fishing expedition.
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
Comentários
Gabarito: E
a) Errada. Não é o caso. Fala-se em encontro fortuito de
provas (serendipidade) quando, no cumprimento de
uma diligência, a autoridade policial localiza provas
referentes a outra infração ou que permitam a
identificação de pessoas inicialmente não relacionadas
com a investigação. Não há vedação à utilização de tais
provas.
b) Errada. Também não se enquadra no caso. O flagrante
prorrogado, postergado ou ação controlada é quando se
posterga a autuação policial, aguardando-se momento
mais oportuno e eficaz para colheita de provas e
responsabilização de mais agentes envolvidos no crime.
c) Errada. Não é caso de serendipidade. De primeiro grau
seria quando os elementos encontrados são de fatos
conexos ou relacionados com a investigação originária;
de segundo grau quando não existe essa correlação.
d) Errada. Não se enquadra no caso. As provas obtidas
mediante uma ‘vigilância policial motivada’ não são
consideradas ilícitas, até por ser ‘motivada’.
e) Certa. O termo fishing expedition ou 'pescaria
probatória' é utilizado para denominar a busca de provas
sem lastro, indiscriminada, mediante ação que visa
descobrir (‘pescar’) provas sobre a eventual prática de
crimes. O agente 'presume' que possam existir
elementos probatórios, diante de investigação ampla e
genérica, e age na busca desses elementos, inclusive em
buscas e apreensões genéricas, que não são admitidas
pela jurisprudência.
DIREITO CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO
Professor Rogério Cunha
Questão 15
Hermenegildo, Ricardo e Potosí são servidores da
administração tributária municipal e integram um dos
grupos de trabalho instituído para analisar e
regulamentar a chamada “Reforma Tributária” veiculada
por meio da Emenda Constitucional 132 de 20 de
dezembro de 2023 e travam intenso debate acerca do
novo imposto previsto no Art. 153, inciso VII da
Constituição e que terá como fato gerador a produção,
extração, comercialização ou importação de bens e
serviços prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente,
sendo que Hermenegildo afirma que o referido tributo
poderá ter o mesmo fato gerador e base de cálculo de
outros tributos, ao passo que o Potosí afirma que
considerando a finalidade de preservação da saúde e do
meio ambiente o imposto incidirá sobre as exportações.
Já Ricardo afirma que o tributo deverá ser instituído por
lei complementar, ressalvadas as suas alíquotas que
poderão ser veiculadas por lei ordinária. Considerando o
atual regime constitucional pode-se dizer que:
A) somente Hermenegildo está correto.
B) somente Potosí está correto.
C) somente Ricardo está correto.
D) Hermenegildo e Ricardo estão corretos
E) Potosí e Ricardo estão corretos.
Comentários
Gabarito: D
Letra A – ERRADA – A Afirmação de Hermenegildo está
correta já que o art. 153, §6º, V da CF/88 ao delinear a
arquitetura do chamado imposto seletivo o fez tendo por
base a ideia de que ele possa representar uma tributação
complementar como instrumento de desestímulo à
produção, extração, comercialização ou importação de
bens e serviços prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente
e por isso, efetivamente o tributo poderá ter o mesmo
fato gerador e base de cálculo de outros tributos. Por
outro lado, a afirmação de Potosí está errada já que
expressamente o art. 153, §6º, I da CF/88 afasta a
incidência do imposto seletivo das exportações bem
como das as operações com energia elétrica e com
telecomunicações, que, mesmo que eventualmente
sejam lesivas à saúde e ao meio-ambiente não sofrerão
a incidência do imposto. E por fim, a afirmação de
Ricardo está correta, já que apesar de exigir-se lei
complementar para a instituição do imposto seletivo,
art. 153, VIII, o §6º, inciso VI afirma que o imposto terá
suas alíquotas fixadas em lei ordinária, podendo ser
específicas, por unidade de medida adotada, ou ad
valorem. Assim, estão corretos Hermenegildo e Ricardo.
Letra – B – ERRADA – vide letra “a”.
Letra – C – ERRADA – vide letra “a”.
Letra – D– CORRETA – vide letra “a”.
Letra – E – ERRADA – vide letra “a”.
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
Questão 16
A equipe econômica do Ministérios da Fazenda, decide
sugerir a publicação de ato normativo buscando
aumentar as alíquotas do Imposto sobre importação de
produtos estrangeiros-II e reduzir a alíquota do Imposto
sobre Produtos Industrializados – IPI incidente sobre
veículos elétricos e híbridos plug-in, a sugestão foi
acolhida e editada a Medida Provisória com as
alterações. A esse respeito, assinale a alternativa
correta.
A) Tanto a alteração da alíquota do II quanto a do IPI não
necessitam observar a anterioridade nonagesimal e a
anterioridade anual.
B) A alteração da alíquota do II não necessita observar
nem a anterioridade nonagesimal, nem anual; enquanto
a alteração da alíquota do IPI deve observar apenas a
anterioridade nonagesimal.
C) A alteração da alíquota do II deve observar apenas a
anterioridade nonagesimal; enquanto a alteração da
alíquota do IPI deve observar apenas a anterioridade
anual.
D) A alteração da alíquota do II deve observar apenas a
anterioridade anual; enquanto a alteração da alíquota do
IPI deve observar apenas a anterioridade anual.
E) A alteração da alíquota do II não necessita observar
nem a anterioridade nonagesimal, nem anual; enquanto
a alteração da alíquota do IPI deve observar apenas a
anterioridade anual.
Comentários
Gabarito: A
Letra A – CORRETA – De fato, a Constituição permite (Art.
150, §1º, 1ª parte) que as alíquotas do imposto sobre
importação de produtos estrangeiros sejam majoradas
com efeitos no mesmo exercício financeiro, dispensando
esse tributo tanto da anterioridade de exercício (CF, art.
150, III, “b”) como da anterioridade nonagesimal (CF, art.
150, III, “c”), contudo, em relação ao IPI a constituição
somente dispensa o respeito à anterioridade de
exercício, podendo tal alíquota ser majorada no mesmo
exercício financeiro, respeitado o prazo mínimo de 90
(noventa dias) conforme prevê o Art. 150, §1º, 2ª parte
da CF, contudo, deve ser observado que o enunciado
menciona que a alíquota do IPI será reduzida e não
majorada, e a previsão de necessidade de respeito ao
princípio da anterioridade é limitada às hipóteses de
instituição (criação) ou aumento(majoração) do tributo,
logo, a sua redução produz efeitos imediatos.
Letra B- ERRADA – vide comentários letra “a”.
Letra C- ERRADA – vide comentários letra “a”.
Letra D- ERRADA – vide comentários letra “a”.
Letra E- ERRADA – vide comentários letra “a”.
DIREITO ADMINISTRATIVO
Professor Rodolfo Penna
Questão 17
Flávia possui uma propriedade que sofreu limitação
decorrente da instalação de linhas de rede elétrica de
alta tensão. Tendo em vista os conhecimentos sobre
Intervenção do Estado na Propriedade Privada, tal
situação configura:
a) servidão administrativa, que gera, em regra, direito à
indenização.
b) ocupação temporária, que gera, em regra, direito à
indenização
c) servidão administrativa, que só gera direito à
indenização de comprovado efetivo prejuízo.
d) ocupação temporária, que só gera direito à
indenização comprovado efetivo prejuízo.
e) desapropriação.
Comentários
Solução rápida
A alternativa C está correta e corresponde ao gabarito da
questão. O Estado possui diversos meios de intervenção
na propriedade, tendo em vista a complexidade dos fins
buscados em prol do interesse público. Esses meios, no
entanto, podem ser divididos em duas modalidades:
a) Intervenção supressiva ou drástica: o Estado retira a
propriedade do domínio do particular (proprietário
originário), transferindo-a para o seu patrimônio, para
atendimento do interesse público. A única hipótese de
intervenção supressiva na ordem jurídica é a
desapropriação, por meio de suas diversas espécies;
b) Intervenção repressiva ou branda: o Estado impõe
limites ou condições ao exercício do direito à
propriedade do particular, sem retirar a sua titularidade.
As principais modalidades de interven-ção repressiva
apontadas pela doutrina são: a) servidão administrativa;
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
b) requisição administra-tiva; c) ocupação temporária; d)
limitação administrativa; e) tombamento.
A servidão administrativa é regida pelo art. 40 do
Decreto-Lei 3.365/41 e constitui um direito real público
que permite a utilização de propriedade imóvel privada
pela Administração Pública ou pelos delegatários de
serviços públicos para execução de obras ou serviços de
interesse coletivo.
Recai obrigatoriamente sobre bens imóveis
determinados, tem caráter de perpetuidade
(permanente) e, obrigatoriamente, é registrada no
Cartório de Registro de Imóveis para que produza efeitos
erga omnes.
Além disso, embora o citado art. 40 do DL 3.365/41
disponha expressamente que pode ser constituída
servidão mediante indenização, em regra, a servidão
administrativa não enseja o pagamento de indenização
ao proprietário. Excepcionalmente, será devida a
indenização se comprovado dano anormal e específico
(sacrifício desproporcional ao particular).
São exemplos a servidão de fios e cabos de energia
elétrica ou de telefonia em uma propriedade, a servidão
de passagem de oleodutos e aquedutos, servidão para
instalação de placas informativas (nomes de rua, placas
de trânsito etc.), dentre outros.
Sobre a servidão administrativa, manifestou-se o STJ:
Tratando-se de limitação administrativa, em regra, é
indevido o pagamento de indenização aos proprietários
dos imóveis abrangidos em área delimitada por ato
administrativo, a não ser que comprovem efetivo
prejuízo, ou limitação além das já existentes.
STJ. 2ª Turma. AREsp 551.389-RN, Rel. Min. Assusete
Magalhães, julgado em 5/8/2023 (Info 786).
Logo, a situação descrita no enunciado trata de hipótese
de servidão administrativa, que só gera direito à
indenização se comprovado efetivo prejuízo.
Solução completa
A alternativa C está correta e corresponde ao gabarito da
questão. O Estado possui diversos meios de intervenção
na propriedade, tendo em vista a complexidade dos fins
buscados em prol do interesse público. Esses meios, no
entanto, podem ser divididos em duas modalidades:
c) Intervenção supressiva ou drástica: o Estado retira a
propriedade do domínio do particular (proprietário
originário), transferindo-a para o seu patrimônio, para
atendimento do interesse público. A única hipótese de
intervenção supressiva na ordem jurídica é a
desapropriação, por meio de suas diversas espécies;
d) Intervenção repressiva ou branda: o Estado impõe
limites ou condições ao exercício do direito à
propriedade do particular, sem retirar a sua titularidade.
As principais modalidades de interven-ção repressiva
apontadas pela doutrina são: a) servidão administrativa;
b) requisição administra-tiva; c) ocupação temporária; d)
limitação administrativa; e) tombamento.
A servidão administrativa é regida pelo art. 40 do
Decreto-Lei 3.365/41 e constitui um direito real público
que permite a utilização de propriedade imóvel privada
pela Administração Pública ou pelos delegatários de
serviços públicos para execução de obras ou serviços de
interesse coletivo.
Recai obrigatoriamente sobre bens imóveis
determinados, tem caráter de perpetuidade
(permanente) e, obrigatoriamente, é registrada no
Cartório de Registro de Imóveis para que produza efeitos
erga omnes.
Além disso, embora o citado art. 40 do DL 3.365/41
disponha expressamente que pode ser constituída
servidão mediante indenização, em regra, a servidão
administrativa não enseja o pagamento de indenização
ao proprietário. Excepcionalmente, será devida a
indenização se comprovado dano anormal e específico
(sacrifício desproporcional ao particular).
São exemplos a servidão de fios e cabos de energia
elétrica ou de telefonia em uma propriedade, a servidão
de passagem de oleodutos e aquedutos, servidão para
instalação de placas informativas (nomes de rua, placas
de trânsito etc.), dentre outros.
Sobre a servidão administrativa, manifestou-se o STJ:
Tratando-se de limitação administrativa, em regra, é
indevido o pagamento de indenização aos proprietários
dos imóveis abrangidos em área delimitada por ato
administrativo, a não ser que comprovem efetivo
prejuízo, ou limitação além das já existentes.
STJ. 2ª Turma. AREsp 551.389-RN, Rel. Min. Assusete
Magalhães, julgado em 5/8/2023 (Info 786).
Logo, a situação descrita no enunciado trata de hipótese
de servidão administrativa, que só gera direito à
indenização se comprovado efetivo prejuízo.
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
A alternativa A está incorreta. A situação descrita no
enunciado trata de hipótese de servidão administrativa,
que só gera direito à indenização de comprovado efetivo
prejuízo.
A alternativa B está incorreta. A situação descrita no
enunciado trata de hipótese de servidão administrativa,
que só gera direito à indenização de comprovado efetivo
prejuízo. A ocupação temporária, por sua vez, é a
utilização, em regra por prazo determinado e em
situação de normalidade, de bens privados para a
execução de obra pública ou a prestação de serviços
públicos. Há previsão expressa da ocupação temporária
no DL 3.365/41:
Art. 36. É permitida a ocupação temporária, que será
indenizada, afinal, por ação própria, de terrenos não
edificados, vizinhos às obras e necessários à sua
realização.
Embora tenha limitado o instituto às obras públicas, é
possível ainda que a ocupação temporária tenha como
objetivo dar apoio a prestação de serviços.
São exemplos de ocupação temporária a utilização de
imóveis para alojamento de funcionários e depósito de
máquinas e equipamentos vinculados a obra pública,
ocupação de escolas privadas para alocação de urnas de
votação e pessoal em época de eleições, dentre outros.
A alternativa D está incorreta. A situação descrita no
enunciado trata de hipótese de servidão administrativa,
que só gera direito à indenização de comprovado efetivo
prejuízo. A ocupação temporária, por sua vez, é a
utilização, em regra por prazo determinado e em
situação de normalidade, de bens privados para a
execução de obra pública ou a prestação de serviços
públicos. Há previsão expressa da ocupação temporária
no DL 3.365/41:
Art. 36. É permitida a ocupação temporária, que será
indenizada, afinal, por ação própria, de terrenos não
edificados, vizinhos às obras e necessários à sua
realização.
Embora tenha limitado o instituto às obras públicas, é
possível ainda que a ocupação temporária tenha como
objetivo dar apoio a prestação de serviços.
São exemplos de ocupação temporária a utilização de
imóveis para alojamento de funcionários e depósito de
máquinas e equipamentos vinculados a obra pública,
ocupação de escolas privadas para alocação de urnas de
votação e pessoal em época de eleições, dentre outros.
A alternativa E está incorreta. A situação descrita no
enunciado trata de hipótese de servidão administrativa,
que só gera direito à indenização de comprovado efetivo
prejuízo. A desapropriação é a intervenção drástica do
Estado na propriedade alheia, retirando um bem do
patrimônio privado de forma compulsória e o
transferindo para o patrimônio estatal, com base no
interesse público, após o devido processo legal e, em
regra, mediante indenização que deve ser justa.
Questão 18
Em 10/10/2023, Cláudio transcorria as vias públicas de
sua cidade com seu novo automóvel quando resolveu
realizar uma parada para ir à farmácia. Ao estacionar em
local proibido, foi autuado por agente público
competente que passava pelo local.
Em 01/12/2023, Cláudio recebeu a notificação do
DETRAN acerca da infração e apresentou defesa prévia.
Em 26/01/2024, foi notificado da decisão que lhe aplicou
multa administrativa, sendo informado de que tinha 30
(trinta) dias para realizar o pagamento, ou seja, até a
data de 25/02/2024. Porém, em vez de efetuar o
pagamento, decidiu interpor recurso administrativo, o
qual foi julgado desprovido.
O DETRAN, então, cobrou a multa imposta acrescida de
juros moratórios, calculados desde 26/02/2024, data do
enceramento do prazo de 30 dias para pagamento da
penalidade. Cláudio encontra-se inconformado com a
cobrança dos juros moratórios. Nessa situação
hipotética,
a) Cláudio deveria ter sido cobrado pelo pagamento da
multa apenas, pois não incide juros de mora enquanto
não julgado recurso administrativo.
b) Cláudio deveria ter sido cobrado pelo pagamento da
multa e de juros moratórios, estes calculados desde a
prática da infração de trânsito, ou seja, desde
10/10/2023.
c) Cláudio deveria ter sido cobrado pelo pagamento da
multa e de juros moratórios, estes calculados desde a
primeira notificação, em 01/12/2023.
d) Cláudio foi devidamente cobrado pelo pagamento da
multa e de juros moratórios, estes calculados desde
26/02/2024.
e) Cláudio não deveria ter sido cobrado pela multa e
encargos de mora, pois, a interposição de recurso
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
administrativo suspende a exigibilidade de multa
administrativa e juros de mora.
Comentários
Solução rápida
A alternativa D está correta e corresponde ao gabarito
da questão.
Segundo o STJ, a interposição de recurso administrativo
suspende a exigibilidade da multa, mas não suspende a
exigibilidade de juros moratórios. Confira-se:
A interposição do recurso administrativo apenas pode
ensejar a suspensão da exigibilidade da multa
administrativa, mas não interfere no termo inicial dos
encargos da mora, os quais incidem a partir do primeiro
dia subsequente ao vencimento do prazo previsto para
pagamento do crédito.
STJ. 2ª Turma. AgInt no AREsp 1.705.876/PR, Rel. Min.
Og Fernandes, DJe 29/03/2021.
Cláudio foi devidamente cobrado pelo pagamento da
multa, já que o recurso foi julgado desprovido, bem
como pelos juros moratórios, desde 26/02/2024,
primeiro dia subsequente ao vencimento do prazo
previsto para pagamento da multa.
Solução completa
A alternativa D está correta e corresponde ao gabarito
da questão.
Segundo o STJ, a interposição de recurso administrativo
suspende a exigibilidade da multa, mas não suspende a
exigibilidade de juros moratórios. Confira-se:
A interposição do recurso administrativo apenas pode
ensejar a suspensão da exigibilidade da multa
administrativa, mas não interfere no termo inicial dos
encargos da mora, os quais incidem a partir do primeiro
dia subsequente ao vencimento do prazo previsto para
pagamento do crédito.
STJ. 2ª Turma. AgInt no AREsp 1.705.876/PR, Rel. Min.
Og Fernandes, DJe 29/03/2021.
Cláudio foi devidamente cobrado pelo pagamento da
multa, já que o recurso foi julgado desprovido, bem
como pelos juros moratórios, desde 26/02/2024,
primeiro dia subsequente ao vencimento do prazo
previsto para pagamento da multa.
A mesma ratio decidendi:
A interposição de recurso administrativo não afasta a
incidência dos juros moratórios, os quais devem incidir a
partir do primeiro dia subsequente ao vencimento do
prazo previsto para o pagamento da multa
administrativa, conforme disposição do art. 61, § 1º, da
Lei n. 9.430/1996.
STJ. 1ª Turma. AgInt no AREsp 1.716.010-RJ, Rel. Min.
Sérgio Kukina, julgado em 25/9/2023 (Info 14 – Edição
Extraordinária).
A alternativa A está incorreta. Segundo o STJ, a
interposição de recurso administrativo suspende a
exigibilidade da multa, mas não suspende a exigibilidade
de juros moratórios.
A alternativa B está incorreta. Segundo o STJ, a
interposição de recurso administrativo suspende a
exigibilidade da multa, mas não suspende a exigibilidade
de juros moratórios. Assim, Cláudio foi devidamente
cobrado pelo pagamento da multa, já que o recurso foi
julgado desprovido, bem como pelos juros moratórios,
sendo que estes devem ser calculados desde
26/02/2024, primeiro dia subsequente ao vencimento
do prazo previsto para pagamento da multa, e não desde
a prática da infração de trânsito.
A alternativa C está incorreta. Segundo o STJ, a
interposição de recurso administrativo suspende a
exigibilidade da multa, mas não suspende a exigibilidade
de juros moratórios. Assim, Cláudio foi devidamente
cobrado pelo pagamento da multa, já que o recurso foi
julgado desprovido, bem como pelos juros moratórios,
sendo que estes devem ser calculados desde
26/02/2024, primeiro dia subsequente ao vencimento
do prazo previsto para pagamento da multa, e não desde
a primeira notificação.
A alternativa E está incorreta. Segundo o STJ, a
interposição de recurso administrativo suspende a
exigibilidade da multa, mas não suspende a exigibilidade
de juros moratórios. Assim, Cláudio foi devidamente
cobrado pelo pagamento da multa, já que o recurso foi
julgado desprovido, bem como pelos juros moratórios,
desde 26/02/2024, primeiro dia subsequente ao
vencimento do prazo previsto para pagamento da multa.
Questão 19
Marcos é empregado da concessionária de serviços
públicos LUNAR, que atua na conservação de rodovias.
Em determinado dia, durante o expediente, Marcos
atropelou André, ciclista que trafegava na região. Em
virtude do ocorrido, André ficou internado no hospital da
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
cidade, sofrendo com os danos do acidente. Nessa
situação hipotética, a responsabilidade civil é
a) de Marcos e da concessionária LUNAR, responsáveis
solidários.
b) de Marcos e, somente se este não arcar com os
prejuízos, da concessionária LUNAR.
c) única e exclusivamente de Marcos.
d) direta e objetivamente da concessionária LUNAR.
e) da concessionária LUNAR, somente após a
comprovação de culpa de Marcos.
Comentários
Solução rápida
A alternativa D está correta e corresponde ao gabarito
da questão.
No ordenamento jurídico brasileiro, o fundamento da
responsabilidade civil do Estado encontra-se no art. 37,
§6º, CF/88:
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito
privado prestadoras de serviços públicos responderão
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
O dispositivo citado estabeleceu a responsabilidade civil
objetiva do Estado, sendo que este fica obriga-do a
reparar os danos causados pelos seus agentes, atuando
nesta qualidade, independentemente de demonstração
de culpa.
Estão sujeitas à responsabilidade objetiva, pois, as
pessoas jurídicas de direito público (entes federa-dos,
autarquias e fundações públicas de direito público) e as
pessoas jurídicas de direito privado pres-tadoras de
serviços públicos (empresas públicas e sociedades de
economia mista quanto prestadoras de serviços públicos
e concessionárias ou permissionárias de serviços
públicos).
Solução completa
A alternativa D está correta e corresponde ao gabarito
da questão.
No ordenamento jurídico brasileiro, o fundamento da
responsabilidade civil do Estado encontra-se no art. 37,
§6º, CF/88:
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito
privado prestadoras de serviços públicos responderão
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
O dispositivo citado estabeleceu a responsabilidade civil
objetiva do Estado, sendo que este fica obriga-do a
reparar os danos causados pelos seus agentes, atuando
nesta qualidade, independentemente de demonstração
de culpa.
Estão sujeitas à responsabilidade objetiva, pois, as
pessoas jurídicas de direito público (entes federa-dos,
autarquias e fundações públicas de direito público) e as
pessoas jurídicas de direito privado pres-tadoras de
serviços públicos (empresas públicas e sociedades de
economia mista quanto prestadoras de serviços públicos
e concessionárias ou permissionárias de serviços
públicos).
A alternativa A está incorreta. O empregado Marcos e a
concessionária LUNAR não serão responsáveis solidários.
A concessionária responderá direta e objetivamente, nos
termos do art. 37, §6º da CF/88 (supracitado). Já Marcos
responderá regressivamente caso o Estado seja
condenado, se demonstrada a culpa ou dolo em sua
atuação.
A alternativa B está incorreta. A concessionária LUNAR e
o empregado Marcos não serão responsáveis
subsidiários. A concessionária responderá direta e
objetivamente, nos termos do art. 37, §6º da CF/88
(supracitado). Já Marcos responderá regressivamente,
se demonstrada a culpa ou dolo em sua atuação.
A alternativa C está incorreta. O empregado Marcos não
responderá única e exclusivamente pelo atropelamento,
mas de forma regressiva, se demonstrada a culpa ou
dolo em sua atuação.
A alternativa E está incorreta. A responsabilidade da
concessionária não depende da demonstração de culpa
de Marcos.
Questão 20
Ao aprofundar os estudos de direito administrativo,
quanto ao Controle da Administração Pública, Clara
concluiu que não cabe mandado de segurança
a) quando houver controvérsia sobre matéria de direito.
b) contra particular.
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
c) contra ato praticado em licitação promovida por
sociedade de economia mista e empresa pública.
d) contra representantes de partido político.
e) contra dirigente de federação esportiva.
Comentários
Solução rápida
A alternativa E está correta e corresponde ao gabarito da
questão. Segundo o STJ, não é cabível manado de
segurança contra dirigente de federação esportiva, visto
que não se enquadra no conceito de autoridade pública.
Confira-se:
RECURSO ESPECIAL - MANDADO DE SEGURANÇA
IMPETRADO EM FACE DE ATO DE DIRIGENTE DE
FEDERAÇÃO DESPORTIVA - INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS
QUE CONCEDERAM A SEGURANÇA PARA DETERMINAR A
ANULAÇÃO DO INDIGITADO ATO COATOR (decisão de
desclassificação da prova de ciclismo). INSURGÊNCIA DA
PESSOA JURÍDICA INTERESSADA. MANDADO DE
SEGURANÇA - NATUREZA DE REMÉDIO
CONSTITUCIONAL - LEGITIMIDADE PASSIVA -
AUTORIDADE PÚBLICA - DIRIGENTE DE FEDERAÇÃO -
ENTIDADE PRIVADA QUE NÃO DESEMPENHA ATIVIDADE
PÚBLICA DELEGADA - INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 82 DA
LEI Nº 9.615/98. Hipótese: trata-se de mandado de
segurança impetrado por atleta em face de ato praticado
por dirigente de federação desportiva, consistente em
desclassificação de prova de competição ciclística.
Instâncias ordinárias que concederam a ordem para
determinar a anulação do ato apontado como coator. 1.
Consoante dispõe o artigo 5º da Constituição da
Republica, em seu inciso LXIX, "conceder-se-á mandado
de segurança para proteger direito líquido e certo, não
amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o
responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no
exercício de atribuições do Poder Público". Cuida-se,
portanto, de remédio constitucional destinado às
violações ou abusos a direito líquido e certo cometidos
no exercício de funções públicas. 2. A par das discussões
doutrinárias suscitadas em relação à legitimidade
passiva no mandamus, mormente no que se refere à
controvérsia acerca de recair sobre a própria pessoa
jurídica ou sobre a autoridade coatora, é assente a
necessidade de que o ato impugnado seja emanado de
autoridade pública ou esteja vinculado
funções/atividades públicas (delegadas ou concedidas)
exercidas por particulares. 3. Na hipótese, a pessoa
jurídica interessada - Federação Sergipana de Ciclismo -
detém natureza de direito privado (art. 44, inc. II, do CC).
3.1 Conforme disposto no artigo 16 da Lei nº 9.615/98 (
Lei Pelé), as entidades de prática desportiva e as
entidades de administração do desporto, bem como as
ligas de que trata o art. 20, são pessoas jurídicas de
direito privado, com organização e funcionamento
autônomo, e terão as competências definidas em seus
estatutos ou contratos sociais. 3.2 Especificamente no
que se refere à autonomia, à gestão e à natureza das
funções desempenhadas, o artigo 82 da legislação de
regência ( Lei Pelé - Lei nº 9.615/98) assim preceitua: "os
dirigentes, unidades ou órgãos de entidades de
administração do desporto, inscritas ou não no registro
de comércio, não exercem função delegada pelo Poder
Público, nem são consideradas autoridades públicas para
os efeitos desta Lei". 3.3 Não subsiste, portanto, a
argumentação empreendida pela Corte de origem,
pautada pela extensão do entendimento inserto na
Súmula 510 STF (Praticado o ato por autoridade, no
exercício de competência delegada, contra ela cabe o
mandado de segurança ou a medida judicial)às
federações desportivas. Isso porque a própria legislação
de regência afasta o caráter de delegação, conforme
dispõe o artigo 82 citado acima, expondo
especificamente não serem consideradas autoridades
públicas os dirigentes, unidades ou órgãos de
administração do desporto. 3.4 Uma vez inviável a
subsunção ao conceito de autoridade pública ou
exercício de função pública, sobressaindo o caráter
privado da atividade desempenhada, declara-se a
ilegitimidade passiva, a obstar o exame de mérito do
mandado de segurança. 4. Recurso especial provido, a
fim de reformar o acórdão recorrido, para declarar a
ilegitimidade passiva do impetrado, vinculada à pessoa
jurídica ora recorrente, e, assim, julgar extinto o
processo, sem apreciação de mérito, nos termos do
artigo 485, inciso VI, do Código de Processo Civil.
STJ - REsp: 1348503 SE 2012/0213276-5, Relator:
Ministro MARCO BUZZI, Data de Julgamento:
22/02/2022, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação:
DJe 03/03/2022.
Solução completa
A alternativa E está correta e corresponde ao gabarito da
a questão. Segundo o STJ, não é cabível manado de
segurança contra dirigente de federação esportiva, visto
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
que não se enquadra no conceito de autoridade pública.
Confira-se:
RECURSO ESPECIAL - MANDADO DE SEGURANÇA
IMPETRADO EM FACE DE ATO DE DIRIGENTE DE
FEDERAÇÃO DESPORTIVA - INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS
QUE CONCEDERAM A SEGURANÇA PARA DETERMINAR A
ANULAÇÃO DO INDIGITADO ATO COATOR (decisão de
desclassificação da prova de ciclismo). INSURGÊNCIA DA
PESSOA JURÍDICA INTERESSADA. MANDADO DE
SEGURANÇA - NATUREZA DE REMÉDIO
CONSTITUCIONAL - LEGITIMIDADE PASSIVA -
AUTORIDADE PÚBLICA - DIRIGENTE DE FEDERAÇÃO -
ENTIDADE PRIVADA QUE NÃO DESEMPENHA ATIVIDADE
PÚBLICA DELEGADA - INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 82 DA
LEI Nº 9.615/98. Hipótese: trata-se de mandado de
segurança impetrado por atleta em face de ato praticado
por dirigente de federação desportiva, consistente em
desclassificação de prova de competição ciclística.
Instâncias ordinárias que concederam a ordem para
determinar a anulação do ato apontado como coator. 1.
Consoante dispõe o artigo 5º da Constituição da
Republica, em seu inciso LXIX, "conceder-se-á mandado
de segurança para proteger direito líquido e certo, não
amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o
responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no
exercício de atribuições do Poder Público". Cuida-se,
portanto, de remédio constitucional destinado às
violações ou abusos a direito líquido e certo cometidos
no exercício de funções públicas. 2. A par das discussões
doutrinárias suscitadas em relação à legitimidade
passiva no mandamus, mormente no que se refere à
controvérsia acerca de recair sobre a própria pessoa
jurídica ou sobre a autoridade coatora, é assente a
necessidade de que o ato impugnado seja emanado de
autoridade pública ou esteja vinculado
funções/atividades públicas (delegadas ou concedidas)
exercidas por particulares. 3. Na hipótese, a pessoa
jurídica interessada - Federação Sergipana de Ciclismo -
detém natureza de direito privado (art. 44, inc. II, do CC).
3.1 Conforme disposto no artigo 16 da Lei nº 9.615/98 (
Lei Pelé), as entidades de prática desportiva e as
entidades de administração do desporto, bem como as
ligas de que trata o art. 20, são pessoas jurídicas de
direito privado, com organização e funcionamento
autônomo, e terão as competências definidas em seus
estatutos ou contratos sociais. 3.2 Especificamente no
que se refere à autonomia, à gestão e à natureza das
funções desempenhadas, o artigo 82 da legislação de
regência ( Lei Pelé - Lei nº 9.615/98) assim preceitua: "os
dirigentes, unidades ou órgãos de entidades de
administração do desporto, inscritas ou não no registro
de comércio, não exercem função delegada pelo Poder
Público, nem são consideradas autoridades públicas para
os efeitos desta Lei". 3.3 Não subsiste, portanto, a
argumentação empreendida pela Corte de origem,
pautada pela extensão do entendimento inserto na
Súmula 510 STF (Praticado o ato por autoridade, no
exercício de competência delegada, contra ela cabe o
mandado de segurança ou a medida judicial)às
federações desportivas. Isso porque a própria legislação
de regência afasta o caráter de delegação, conforme
dispõe o artigo 82 citado acima, expondo
especificamente não serem consideradas autoridades
públicas os dirigentes, unidades ou órgãos de
administração do desporto. 3.4 Uma vez inviável a
subsunção ao conceito de autoridade pública ou
exercício de função pública, sobressaindo o caráter
privado da atividade desempenhada, declara-se a
ilegitimidade passiva, a obstar o exame de mérito do
mandado de segurança. 4. Recurso especial provido, a
fim de reformar o acórdão recorrido, para declarar a
ilegitimidade passiva do impetrado, vinculada à pessoa
jurídica ora recorrente, e, assim, julgar extinto o
processo, sem apreciação de mérito, nos termos do
artigo 485, inciso VI, do Código de Processo Civil.
STJ - REsp: 1348503 SE 2012/0213276-5, Relator:
Ministro MARCO BUZZI, Data de Julgamento:
22/02/2022, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação:
DJe 03/03/2022.
A alternativa A está incorreta. Segundo o STF:
Súmula 625-STF: Controvérsia sobre matéria de direito
a não impede concessão de mandado de segurança.
A alternativa B está incorreta. De acordo com a Lei nº
12.016/2009, cabe mandado de segurança contra
particular, pessoa física ou jurídica, quando no exercício
de função pública.
Art. 1o Conceder-se-á mandado de segurança para
proteger direito líquido e certo, não amparado por
habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente
ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou
jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-
la por parte de autoridade, seja de que categoria for e
sejam quais forem as funções que exerça.
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
§ 1o Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta
Lei, os representantes ou órgãos de partidos políticos e
os administradores de entidades autárquicas, bem como
os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais
no exercício de atribuições do poder público, somente
no que disser respeito a essas atribuições.
A alternativa C está incorreta. Segundo o STF:
Súmula 333-STJ: Cabe mandado de segurança contra ato
praticado em licitação promovida por sociedade de
economia mista ou empresa pública.
A súmula refere-se aos atos administrativos praticados
pela sociedade de economia mista ou empresa pública,
uma vez que o §2º do art. 1º da Lei nº 12.016/2009 aduz:
§ 2o Não cabe mandado de segurança contra os atos de
gestão comercial praticados pelos administradores de
empresas públicas, de sociedade de economia mista e de
concessionárias de serviço público.
A alternativa D está incorreta. De acordo com a Lei nº
12.016/2009:
Art. 1o Conceder-se-á mandado de segurança para
proteger direito líquido e certo, não amparado por
habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente
ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou
jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-
la por parte de autoridade, seja de que categoria for e
sejam quais forem as funções que exerça.
§ 1o Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta
Lei, os representantes ou órgãos de partidos políticos e
os administradores de entidades autárquicas, bem como
os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais
no exercício de atribuições do poder público, somente
no que disser respeito a essas atribuições.
Questão 21
José ocupa indevidamente determinado imóvel, que é
bem público dominical do Estado XYZ, há mais de trinta
anos, sem qualquer oposição do proprietário, de modo
que, em tese, preenche os requisitos necessários para a
usucapião. Ele conferiu função social ao imóvel em
questão, considerando que constituiu sua moradia, mas,
enquanto visitava seus pais em outra cidade, o bem foi
invadido por André. De acordo com a jurisprudência
firmada no STJ sobre os bens públicos, nessa situação
hipotética:
a) não é possível reconhecer nenhuma proteção
possessória a José, tendo em vista que se trata de imóvel
com caráter público.
b) o bem público não poderia ser adquirido por José por
usucapião, mas são reconhecidos os efeitos da posse em
face de particulares.
c) o bem público não poderia ser adquirido por José por
usucapião, mas são reconhecidos os efeitos da posse em
face do Poder Público.
d) o bem público não poderia ser adquirido por José por
usucapião, mas são reconhecidos os efeitos da posse em
face de particulares e do Poder Público.
e) houve aquisição do bem público por José por meio da
usucapião.
Comentários
Solução rápida
A alternativa B está correta e corresponde ao gabarito da
questão.
Conforme decidido pelo STJ:
"A ocupação indevida de bem público configura mera
detenção, de natureza precária, insus-cetível de
retenção ou indenização por acessões e benfeitorias.
(SÚMULA 619, CORTE ESPE-CIAL, julgado em
24/10/2018, DJe 30/10/2018). No entanto, para o STJ,
frente ao poder pú-blico, o ocupante irregular não é
considerado possuidor, mas mero detentor. Contudo,
fren-te a outros particulares, não existe subordinação
nem dependência, de modo que o ocupan-te irregular
pode ser considerado como possuidor e, inclusive,
defender sua posse. REsp 1.484.304-DF, Rel. Min. Moura
Ribeiro, julgado em 10/3/2016, DJe 15/3/2016 (Info
579)."
Assim, resta claro que o tratamento dado a possessória
de bem público deve ser vislumbrado sobre duas óticas:
quando a demanda envolve o Poder Público e,
exclusivamente, os particulares.
Nesse sentido:
1. Na ocupação de bem público, duas situações devem
ter tratamentos distintos: i) aquela em que o particular
invade imóvel público e almeja proteção possessória ou
indeniza-ção/retenção em face do ente estatal e ii) as
contendas possessórias entre particulares no tocante a
imóvel situado em terras públicas. 2. A posse deve ser
protegida como um fim em si mesma, exercendo o
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
particular o poder fático sobre a res e garantindo sua
função social, sendo que o critério para aferir se há posse
ou detenção não é o estrutural e sim o funcio-nal. É a
afetação do bem a uma finalidade pública que dirá se
pode ou não ser objeto de atos possessórias por um
particular. 3. A jurisprudência do STJ é sedimentada no
sentido de que o particular tem apenas detenção em
relação ao Poder Público, não se cogitando de proteção
possessória. 4. É possível o manejo de interditos
possessórios em litígio entre par-ticulares sobre bem
público dominical, pois entre ambos a disputa será
relativa à posse. 5. À luz do texto constitucional e da
inteligência do novo Código Civil, a função social é base
normativa para a solução dos conflitos atinentes à posse,
dando-se efetividade ao bem co-mum, com escopo nos
princípios da igualdade e da dignidade da pessoa
humana. 6. Nos bens do patrimônio disponível do Estado
(dominicais), despojados de destinação pública, permite-
se a proteção possessória pelos ocupantes da terra
pública que venham a lhe dar função social. 7. A
ocupação por particular de um bem público
abandonado/desafetado - is-to é, sem destinação ao uso
público em geral ou a uma atividade administrativa -,
confere justamente a função social da qual o bem está
carente em sua essência. 8. A exegese que re-conhece a
posse nos bens dominicais deve ser conciliada com a
regra que veda o reconheci-mento da usucapião nos
bens públicos (STF, Súm 340; CF, arts. 183, § 3°; e 192;
CC, art. 102); um dos efeitos jurídicos da posse - a
usucapião - será limitado, devendo ser mantido, no en-
tanto, a possibilidade de invocação dos interditos
possessórios pelo particular. 9. Recurso especial não
provido(RECURSO ESPECIAL Nº 1.296.964 - DF
(2011/0292082-2) RELATOR : MI-NISTRO LUIS FELIPE
SALOMÃO)".
Portanto, José poderá exercer a defesa da posse contra
outro particular, mas não se valerá de tal prote-ção em
desfavor do ente público.
Solução completa
A alternativa B está correta e corresponde ao gabarito da
questão.
Conforme decidido pelo STJ:
"A ocupação indevida de bem público configura mera
detenção, de natureza precária, insus-cetível de
retenção ou indenização por acessões e benfeitorias.
(SÚMULA 619, CORTE ESPE-CIAL, julgado em
24/10/2018, DJe 30/10/2018). No entanto, para o STJ,
frente ao poder pú-blico, o ocupante irregular não é
considerado possuidor, mas mero detentor. Contudo,
fren-te a outros particulares, não existe subordinação
nem dependência, de modo que o ocupan-te irregular
pode ser considerado como possuidor e, inclusive,
defender sua posse. REsp 1.484.304-DF, Rel. Min. Moura
Ribeiro, julgado em 10/3/2016, DJe 15/3/2016 (Info
579)."
Assim, resta claro que o tratamento dado a possessória
de bem público deve ser vislumbrado sobre duas óticas:
quando a demanda envolve o Poder Público e,
exclusivamente, os particulares.
Nesse sentido:
1. Na ocupação de bem público, duas situações devem
ter tratamentos distintos: i) aquela em que o particular
invade imóvel público e almeja proteção possessória ou
indeniza-ção/retenção em face do ente estatal e ii) as
contendas possessórias entre particulares no tocante a
imóvel situado em terras públicas. 2. A posse deve ser
protegida como um fim em si mesma, exercendo o
particular o poder fático sobre a res e garantindo sua
função social, sendo que o critério para aferir se há posse
ou detenção não é o estrutural e sim o funcio-nal. É a
afetação do bem a uma finalidade pública que dirá se
pode ou não ser objeto de atos possessórias por um
particular. 3. A jurisprudência do STJ é sedimentada no
sentido de que o particular tem apenas detenção em
relação ao Poder Público, não se cogitando de proteção
possessória. 4. É possível o manejo de interditos
possessórios em litígio entre par-ticulares sobre bem
público dominical, pois entre ambos a disputa será
relativa à posse. 5. À luz do texto constitucional e da
inteligência do novo Código Civil, a função social é base
normativa para a solução dos conflitos atinentes à posse,
dando-se efetividade ao bem co-mum, com escopo nos
princípios da igualdade e da dignidade da pessoa
humana. 6. Nos bens do patrimônio disponível do Estado
(dominicais), despojados de destinação pública, permite-
se a proteção possessória pelos ocupantes da terra
pública que venham a lhe dar função social. 7. A
ocupação por particular de um bem público
abandonado/desafetado - is-to é, sem destinação ao uso
público em geral ou a uma atividade administrativa -,
confere justamente a função social da qual o bem está
carente em sua essência. 8. A exegese que re-conhece a
posse nos bens dominicais deve ser conciliada com a
regra que veda o reconheci-mento da usucapião nos
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
bens públicos (STF, Súm 340; CF, arts. 183, § 3°; e 192;
CC, art. 102); um dos efeitos jurídicos da posse - a
usucapião - será limitado, devendo ser mantido, no en-
tanto, a possibilidade de invocação dos interditos
possessórios pelo particular. 9. Recurso especial não
provido(RECURSO ESPECIAL Nº 1.296.964 - DF
(2011/0292082-2) RELATOR : MI-NISTRO LUIS FELIPE
SALOMÃO)".
Portanto, José poderá exercer a defesa da posse contra
outro particular, mas não se valerá de tal prote-ção em
desfavor do ente público.
A alternativa A está incorreta. Segundo o STJ,
"4. É possível o manejo de interditos possessórios em
litígio entre particulares sobre bem público dominical,
pois entre ambos a disputa será relativa à posse.
(RECURSO ESPECIAL Nº 1.296.964 - DF (2011/0292082-
2) RELATOR : MINISTRO LUIS FELIPE SALOMÃO)"
A alternativa C está incorreta. Como dito alhures, José
poderá exercer a defesa da posse contra outro
particular, mas não se valerá de tal proteção em desfavor
do ente público.
A alternativa D está incorreta. Como dito alhures, José
poderá exercer a defesa da posse contra outro
particular, mas não se valerá de tal proteção em desfavor
do ente público.
A alternativa E está incorreta. Nos termos da Súmula 340
do STF
"Desde a vigência do Código Civil, os bens dominicais,
como os demais bens públicos, não podem ser
adquiridos por usucapião."
Questão 22
Eduardo possui diploma de formação acadêmica em
tecnólogo. Inscreveu-se para concurso público no qual o
edital, com base em lei estadual, exigiu como requisito
para o cargo pretendido diploma de bacharelado, a ser
comprovado no momento da posse.
Mesmo não atendendo aos requisitos, Eduardo prestou
a prova e foi aprovado no certame, ficando alocado em
cadastro de reserva. O concurso foi homologado.
Em data posterior à homologação, foi publicada nova lei,
que alterou diversos cargos na Administração Pública
Estadual que realizou o certame. Um dos cargos
reestruturados foi o pretendido por Eduardo, em relação
ao qual o requisito passou a ser de graduação em geral.
Eduardo foi chamado para nomeação e posse, razão pela
qual apresentou diversos documentos, dentre eles, o
diploma de tecnólogo. Contudo, foi impedido pela
Administração Pública Estadual de tomar posse no
referido cargo, sob o fundamento de não ter atendido
aos requisitos legais, especificadamente quanto à
ausência de bacharelado, o que o fez pleitear
judicialmente o direito à nomeação e posse, tendo em
vista a atual legislação exigindo tão somente “graduação
em geral”.
Segundo a jurisprudência firmada no Superior Tribunal
de Justiça,
a) Eduardo assiste razão ao direito à posse, pois a
entrada em vigor da nova legislação, que reestruturou o
cargo, ocorreu em momento posterior à publicação do
edital e de homologação do concurso, podendo ter
aplicabilidade a concurso já realizado e homologado.
b) Eduardo não assiste razão ao direito à posse porque
no momento da inscrição não preenchia o requisito de
exigência de diploma em bacharel.
c) Eduardo assiste razão ao direito à posse, tendo em
vista entendimento sumulado no STJ no sentido de que
o diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo
deve ser exigido na posse e não na inscrição para o
concurso público.
d) Eduardo não assiste razão ao direito à posse, pois a
entrada em vigor da nova legislação, que reestruturou o
cargo, ocorreu em momento posterior à publicação do
edital e de homologação do concurso, não podendo ter
aplicabilidade a concurso já realizado e homologado.
e) Eduardo assiste razão ao direito à posse, visto que
tecnólogo é curso superior equiparado à bacharelado.
Comentários
Solução rápida
A alternativa D está correta e corresponde ao gabarito
da questão.
O STF firmou jurisprudência no seguinte sentido:
ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO
INTERNO NO RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE
SEGURANÇA. EXIGIBILIDADE DE REQUISITOS PARA A
POSSE EM CARGO PÚBLICO. VERIFICAÇÃO.
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
INAPLICABILIDADE DE LEGISLAÇÃO POSTERIOR MAIS
BENÉFICA.
1. A exigibilidade dos requisitos do cargo observa-se com
a nomeação e a posse do candidato, não se lhe
aproveitando legislação posterior mais benéfica que,
operando os seus efeitos, afasta a inaptidão inicial.
2. Agravo interno provido.
STJ - AgInt no RMS: 61658 RS 2019/0248793-3, Data de
Julgamento: 10/05/2022, T2 - SEGUNDA TURMA, Data
de Publicação: DJe 27/05/2022.
A Administração Pública Estadual, ao publicar o edital do
concurso, o fez com base em lei vigente à época da
publicação, a qual exigia o bacharelado.
A lei posterior, que reestruturou a carreira, passou a
exigir “graduação em geral”. Se fosse possível aplicá-la
ao concurso em questão, Eduardo se beneficiaria, já que
“tecnólogo” estaria incluído em “graduação em geral”.
Ocorre que não foi essa a legislação que amparou o
concurso e o edital, mas a primeira, que exige
“bacharelado”.
Segundo o STJ, pois, a “entrada em vigor de nova
legislação, em momento posterior ao edital do certame
e à homologação do concurso, não pode ter
aplicabilidade ao concurso público já realizado e
homologado, seja para prejudicar, seja para beneficiar o
candidato, em face da isonomia entre os participantes,
só podendo a novel legislação ser aplicada aos concursos
abertos após a sua vigência”.
Ante ao princípio da vinculação ao edital do concurso e
da isonomia, portanto, não se pode considerar
preenchido, no caso, no momento da posse, o requisito
da escolaridade, com o diploma de tecnólogo, e não o de
bacharel, pelo que consta das normas editalícias e legais
vigentes na data do edital do concurso.
Por essa razão, Eduardo não assiste razão ao direito à
posse.
Solução completa
A alternativa D está correta e corresponde ao gabarito
da questão.
O STF firmou jurisprudência no seguinte sentido:
ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO
INTERNO NO RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE
SEGURANÇA. EXIGIBILIDADE DE REQUISITOS PARA A
POSSE EM CARGO PÚBLICO. VERIFICAÇÃO.
INAPLICABILIDADE DE LEGISLAÇÃO POSTERIOR MAIS
BENÉFICA.
1. A exigibilidade dos requisitos do cargo observa-se com
a nomeação e a posse do candidato, não se lhe
aproveitando legislação posterior mais benéfica que,
operando os seus efeitos, afasta a inaptidão inicial.
2. Agravo interno provido.
STJ - AgInt no RMS: 61658 RS 2019/0248793-3, Data de
Julgamento: 10/05/2022, T2 - SEGUNDA TURMA, Data
de Publicação: DJe 27/05/2022.
A Administração Pública Estadual, ao publicar o edital do
concurso, o fez com base em lei vigente à época da
publicação, a qual exigia o bacharelado.
A lei posterior, que reestruturou a carreira, passou a
exigir “graduação em geral”. Se fosse possível aplicá-la
ao concurso em questão, Eduardo se beneficiaria, já que
“tecnólogo” estaria incluído em “graduação em geral”.
Ocorre que não foi essa a legislação que amparou o
concurso e o edital, mas a primeira, que exige
“bacharelado”.
Segundo o STJ, pois, a “entrada em vigor de nova
legislação, em momento posterior ao edital do certame
e à homologação do concurso, não pode ter
aplicabilidade ao concurso público já realizado e
homologado, seja para prejudicar, seja para beneficiar o
candidato, em face da isonomia entre os participantes,
só podendo a novel legislação ser aplicada aos concursos
abertos após a sua vigência”.
Ante ao princípio da vinculação ao edital do concurso e
da isonomia, portanto, não se pode considerar
preenchido, no caso, no momento da posse, o requisito
da escolaridade, com o diploma de tecnólogo, e não o de
bacharel, pelo que consta das normas editalícias e legais
vigentes na data do edital do concurso.
Por essa razão, Eduardo não assiste razão ao direito à
posse.
Pelo mesmo fundamento, a alternativa A está incorreta.
Pelo mesmo fundamento, e considerando que pouco
importa o preenchimento dos requisitos no momento da
inscrição, nesse caso, a alternativa B está incorreta.
A alternativa C está incorreta. Dispõe a Súmula nº 266 do
STJ:
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
Súmula 266-STJ: O diploma ou habilitação legal para o
exercício do cargo deve ser exigido na posse e não na
inscrição para o concurso público.
Contudo, a ratio essendi de tal entendimento sumulado
é no sentido de que os requisitos que devem ser
comprovados ao tempo da posse são os mesmos
adstritos no edital do concurso, baseado em lei vigente à
época de sua publicação.
Assim, não se pode falar que Eduardo assiste razão em
sua pretensão judicial, ante a ausência de comprovação
do requisito de escolaridade previsto no edital, ao tempo
da posse – qual seja, bacharelado.
A alternativa E está incorreta. Tecnólogo não se equipara
a bacharelado. O tecnólogo possui duração rápida (2 a 3
anos), com foco maior na prática profissional e sua
conclusão gera um diploma de graduação. Já o
bacharelado dura, em média, 4 ou 5 anos e abrange
formações mais tradicionais. A pessoa que concluiu o
bacharelado, se torna bacharel.
Questão 23
Observe as seguintes situações fáticas:
I – Distribuição de competência dentro de uma mesma
pessoa jurídica de direito público;
II – Criação da autarquia XYZ para lhe atribuir a
titularidade e a execução de determinado serviço
público;
III – Transferência execução de determinado serviço
público, por meio de contrato ou ato administrativo
unilateral.
Podemos afirmar corretamente que tais situações
caracterizam, respectivamente:
a) desconcentração, descentralização funcional e
descentralização por colaboração.
b) desconcentração, descentralização por colaboração e
descentralização funcional.
c) descentralização por colaboração, descentralização
funcional e descentralização funcional.
d) descentralização funcional, descentralização funcional
e descentralização por colaboração.
e) descentralização funcional, descentralização por
colaboração e descentralização funcional.
Comentários
Solução rápida
A alternativa A está correta e corresponde ao gabarito da
questão.
O item I configura desconcentração.
O item II configura descentralização funcional.
O item III configura descentralização por colaboração.
Solução completa
A alternativa A está correta e corresponde ao gabarito da
questão.
A organização administrativa é realizada, em regra, por
meio de duas técnicas, a técnica da desconcentração e a
da descentralização. Tendo isso em vista:
I – Distribuição de competência dentro de uma mesma
pessoa jurídica de direito público;
O item I configura desconcentração. A desconcentração
é a distribuição de competências entre os órgãos
internos sem personalidade jurídica, dentro de uma
mesma pessoa jurídica. Este fenômeno decorre do poder
hierárquico da Administração Pública, que pode atribuir
funções dentro de sua estrutura organizacional,
existindo uma relação de subordinação.
II – Criação da autarquia XYZ para lhe atribuir a
titularidade e a execução de determinado serviço
público;
O item II configura descentralização funcional. A
descentralização, de modo geral, é a transferência de
determinada atividade administrativa para uma outra
pessoa, física ou jurídica, integrante ou não da estrutural
organizacional do Estado. A descentralização funcional,
técnica, por serviços ou por outorga ocorre quando o
próprio Estado cria uma pessoa jurídica de direito
público ou de direito privado (entidade administrativa) e
a ela transfere determinado serviço. Essa modalidade de
descentralização pressupõe a edição de uma lei criando
a entidade ou, ao menos, autorizando a sua criação, a
depender da espécie de pessoa jurídica
criada.Normalmente a transferência do serviço ocorre
por prazo indeterminado.
III – Transferência execução de determinado serviço
público, por meio de contrato ou ato administrativo
unilateral.
O item III configura descentralização por colaboração. A
descentralização, de modo geral, é a transferência de
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
determinada atividade administrativa para uma outra
pessoa, física ou jurídica, integrante ou não da estrutural
organizacional do Estado. Na descentralização por
colaboração ou por delegação, o Estado transfere a
execução do serviço para outra pessoa, física ou jurídica,
para que esta preste o serviço à população em seu
próprio nome e por sua conta e risco, sob fiscalização do
estado. Nesta hipótese, a transferência será sempre por
prazo determinado. A transferência, neste caso, pode
ocorrer por meio de contrato (concessão ou permissão
de serviços públicos – Lei 8.987/95 e Lei 11.079/2004) ou
por ato unilateral (autorização de serviços públicos).
Além disso, envolve apenas a execução do serviço,
permanecendo a sua titularidade com o Ente Público, ao
contrário do que ocorre com a descentralização
funcional ou por serviços, em que, existe parcela
doutrinária que leciona a transferência da própria
titularidade do serviço público a pessoa jurídica diversa
criada para este fim.
As alternativas B, C, D e E estão incorretas.
Questão 24
O Estado X ajuizou ação de desapropriação em face de
Gabriel com pedido de imissão provisória na posse e
oferta de R$400.000,00 (quatrocentos mil reais) pelo
imóvel.
O Juiz deferiu a imissão provisória e Gabriel, mesmo
discordando do valor, promoveu o levantamento de 80%
do depósito, o equivalente a R$320.000,00 (trezentos e
vinte) mil reais.
Ao final, após a perícia, você, na condição de Juiz do
processo, fixou em R$500.000,00 (quinhentos mil reais)
o valor da indenização a ser paga ao então proprietário.
Nessa situação, em relação aos juros compensatórios,
a) não caberá fixação.
b) devem incidir sobre a diferença entre o valor fixado na
sentença e o 80% do preço oferecido pelo Poder Público,
à taxa de 6%.
c) devem incidir sobre a diferença entre o valor fixado na
sentença e o 80% do preço oferecido pelo Poder Público,
à taxa de 12%.
d) devem incidir sobre a diferença entre o valor fixado na
sentença e o preço oferto em Juízo, à taxa de 6%.
e) devem incidir sobre a diferença entre o valor fixado na
sentença e o preço oferto em Juízo, à taxa de 12%.
Comentários
Solução rápida
A alternativa B está correta e corresponde ao gabarito da
questão.
Dispõe o DL 3.365:
Art. 15. Se o expropriante alegar urgência e depositar
quantia arbitrada de conformidade com o art. 685 do
Código de Processo Civil, o juiz mandará imití-lo
provisoriamente na posse dos bens;
[...]
Art. 15-A. No caso de imissão prévia na posse, na
desapropriação por necessidade ou utilidade pública ou
na desapropriação por interesse social prevista na Lei nº
4.132, de 10 de setembro de 1962, na hipótese de haver
divergência entre o preço ofertado em juízo e o valor do
bem fixado na sentença, expressos em termos reais,
poderão incidir juros compensatórios de até 6% a.a. (seis
por cento ao ano) sobre o valor da diferença
eventualmente apurada, contado da data de imissão na
posse, vedada a aplicação de juros compostos.
[...]
Art. 33, § 2º O desapropriado, ainda que discorde do
preço oferecido, do arbitrado ou do fixado pela
sentença, poderá levantar até 80% (oitenta por cento) do
depósito feito para o fim previsto neste e no art. 15,
observado o processo estabelecido no art. 34.
Pela interpretação literal, os juros compensatórios
deveriam incidir sobre o preço ofertado em juízo e o
valor do bem fixado na sentença. Contudo, por ocasião
da ADI 2332, decidiu o STF:
ADMINISTRATIVO. AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE. REGIME JURÍDICO DOS
JUROS COMPENSATÓRIOS E DOS HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS NA DESAPROPRIAÇÃO. PROCEDÊNCIA
PARCIAL.
1. A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que
o controle judicial dos pressupostos constitucionais para
a edição das medidas provisórias tem caráter
excepcional, justificando-se apenas quando restar
evidente a inexistência de relevância e urgência ou a
caracterização de abuso de poder do Presidente da
República, o que não ocorre no presente caso.
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
2. É constitucional o percentual de juros compensatórios
de 6% (seis por cento) ao ano para a remuneração do
proprietário pela imissão provisória do ente público na
posse do seu bem, na medida em que consiste em
ponderação legislativa proporcional entre o direito
constitucional do proprietário à justa indenização (art.
5º, XXIV, CF/88) e os princípios constitucionais da
eficiência e da economicidade (art. 37, caput, CF/88).
3. Declaração da inconstitucionalidade do termo “até” e
interpretação conforme a Constituição do caput do art.
15-A, de maneira a incidir juros compensatórios sobre a
diferença entre 80% do preço ofertado pelo ente público
e o valor fixado na sentença.
[...]
ADI 2332, Relator(a): ROBERTO BARROSO, Tribunal
Pleno, julgado em 17-05-2018, ACÓRDÃO ELETRÔNICO
DJe-080 DIVULG 15-04-2019 PUBLIC 16-04-2019.
Solução completa
A alternativa B está correta e corresponde ao gabarito da
questão.
Dispõe o DL 3.365:
Art. 15. Se o expropriante alegar urgência e depositar
quantia arbitrada de conformidade com o art. 685 do
Código de Processo Civil, o juiz mandará imití-lo
provisoriamente na posse dos bens;
[...]
Art. 15-A. No caso de imissão prévia na posse, na
desapropriação por necessidade ou utilidade pública ou
na desapropriação por interesse social prevista na Lei nº
4.132, de 10 de setembro de 1962, na hipótese de haver
divergência entre o preço ofertado em juízo e o valor do
bem fixado na sentença, expressos em termos reais,
poderão incidir juros compensatórios de até 6% a.a. (seis
por cento ao ano) sobre o valor da diferença
eventualmente apurada, contado da data de imissão na
posse, vedada a aplicação de juros compostos.
[...]
Art. 33, § 2º O desapropriado, ainda que discorde do
preço oferecido, do arbitrado ou do fixado pela
sentença, poderá levantar até 80% (oitenta por cento) do
depósito feito para o fim previsto neste e no art. 15,
observado o processo estabelecido no art. 34.
Pela interpretação literal, os juros compensatórios
deveriam incidir sobre o preço ofertado em juízo e o
valor do bem fixado na sentença. Contudo, por ocasião
da ADI 2332, decidiu o STF:
ADMINISTRATIVO. AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE. REGIME JURÍDICO DOS
JUROS COMPENSATÓRIOS E DOS HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS NA DESAPROPRIAÇÃO. PROCEDÊNCIA
PARCIAL.
1. A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que
o controle judicial dos pressupostos constitucionais para
a edição das medidas provisórias tem caráter
excepcional, justificando-se apenas quando restar
evidente a inexistência de relevância e urgência ou a
caracterização de abuso de poder do Presidente da
República, o que não ocorre no presente caso.
2. É constitucional o percentual de juros compensatórios
de 6% (seis por cento) ao ano para a remuneração do
proprietário pela imissão provisória do ente público na
posse do seu bem, na medida em que consiste em
ponderação legislativa proporcional entre o direito
constitucional do proprietário à justa indenização (art.
5º, XXIV, CF/88) e os princípios constitucionais da
eficiência e da economicidade (art. 37, caput, CF/88).
3. Declaração da inconstitucionalidade do termo “até” e
interpretação conforme a Constituição do caput do art.
15-A, de maneira a incidir juros compensatórios sobre a
diferença entre 80% do preço ofertado pelo ente público
e o valor fixado na sentença.
[...]
ADI 2332, Relator(a): ROBERTO BARROSO, Tribunal
Pleno, julgado em 17-05-2018, ACÓRDÃO ELETRÔNICO
DJe-080 DIVULG 15-04-2019 PUBLIC 16-04-2019.
A alternativa A está incorreta. Caberá fixação, como dito
alhures.
A alternativa C está incorreta. Segundo o STF, ao dar
interpretação conforme à Constituição ao caput do art.
15-A do DL 3.365/41, decidiu que a base de cálculo dos
juros compensatórios será a diferença eventualmente
apurada entre 80% do preço ofertado em Juízo e o valor
do bem fixado na sentença (ADI2332). Além disso,
determinou a taxa fixa de 6% aa.
A alternativa D está incorreta. Segundo o STF, ao dar
interpretação conforme à Constituição ao caput do art.
15-A do DL 3.365/41, decidiu que a base de cálculo dos
juros compensatórios será a diferença eventualmente
apurada entre 80% do preço ofertado em Juízo e o valor
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
do bem fixado na sentença (ADI2332). Além disso,
determinou a taxa fixa de 6% aa.
A alternativa E está incorreta. Segundo o STF, ao dar
interpretação conforme à Constituição ao caput do art.
15-A do DL 3.365/41, decidiu que a base de cálculo dos
juros compensatórios será a diferença eventualmente
apurada entre 80% do preço ofertado em Juízo e o valor
do bem fixado na sentença (ADI2332). Além disso,
determinou a taxa fixa de 6% aa.
Questão 25
Guilherme, servidor público federal ocupante de cargo
efetivo na Autarquia Alfa, ao atender ao público em seu
local de trabalho, colocava seu celular escondido abaixo
da mesa, de maneira que filmava, por meio da câmera
do telefone, as partes íntimas de cidadãs que buscavam
atendimento na repartição, assim como de outras
servidoras e funcionárias terceirizadas que precisavam
com ele despachar algum expediente. Certo dia, sua
colega de trabalho Maria percebeu a conduta de
Guilherme, o filmou na execução do ato e comunicou ao
órgão correcional competente. Foi instaurado processo
administrativo disciplinar, no bojo do qual restou
comprovada a conduta antes narrada. De acordo com a
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça,
Guilherme
a) deverá ter aplicada contra si a sanção de demissão,
por conduta escandalosa.
b) deverá ter aplicada contra si a sanção de demissão,
por incontinência pública na repartição.
c) deverá ter aplicada contra si a sanção de suspensão
por até noventa dias, por conduta escandalosa.
d) deverá ter aplicada contra si a sanção de suspensão
por até noventa dias, por incontinência pública na
repartição.
e) somente sofrerá sanções no âmbito do PAD se for
condenado na esfera criminal.
Comentários
Solução rápida
A alternativa A está correta e corresponde ao gabarito da
questão.
Segundo o STJ,
A conduta de filmar, por meio de câmera escondida,
alunas, servidoras e funcionárias terceirizadas
caracteriza a infração de conduta escandalosa, prevista
no art. 132, V, parte final, da Lei nº 8.112/90, o que atrai
a pena de demissão do servidor público.
STJ. 1ª Turma. REsp 2.006.738-PE, Rel. Min. Sérgio
Kukina, julgado em 14/2/2023 (Info 764).
Solução completa
A alternativa A está correta e corresponde ao gabarito da
questão.
Segundo o STJ,
A conduta de filmar, por meio de câmera escondida,
alunas, servidoras e funcionárias terceirizadas
caracteriza a infração de conduta escandalosa, prevista
no art. 132, V, parte final, da Lei nº 8.112/90, o que atrai
a pena de demissão do servidor público.
STJ. 1ª Turma. REsp 2.006.738-PE, Rel. Min. Sérgio
Kukina, julgado em 14/2/2023 (Info 764).
A alternativa B está incorreta. Segundo o STJ, a conduta
de filmar, por meio de câmera escondida, alunas,
servidoras e funcionárias terceirizadas caracteriza a
infração de conduta escandalosa e não de incontinência
pública na repartição (REsp 2.006.738-PE).
A alternativa C está incorreta. Segundo o STJ, a pena
aplicável é a de demissão (REsp 2.006.738-PE).
A alternativa D está incorreta. Segundo o STJ, a pena
aplicável é a de demissão (REsp 2.006.738-PE).
A alternativa E está incorreta. As instâncias cível, penal e
administrativa são independentes.
ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. PERDA DE
CARGO DE PROMOTOR DE JUSTIÇA. ILÍCITO PENAL. ART.
316 DO CÓDIGO PENAL. ABSOLVIÇÃO POR AUSÊNCIA DE
PROVAS. PROVAS EMPRESTADAS. POSSIBILIDADE
OBSERVADO O CONTRADITÓRIO E A AMPLA DEFESA.
NÃO VINCULAÇÃO DA ESFERA PENAL NA ESFERA
ADMINISTRATIVA. PRECEDENTES DESTA CORTE E DO
STF. RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO.
1. Cinge-se a controvérsia dos autos a possibilidade de
decretação de perda de cargo de promotor público,
prática de concussão - art. 316 do Código Penal, em caso
de absolvição da prática do crime por ausência de
provas.
2. Não encontra guarida a alegação de que fere o
princípio da inocência a utilização de provas
emprestadas, uma vez que a jurisprudência desta Corte
é assente no sentido de que "observada a exigência
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
constitucional de contraditório e ampla defesa não resta
vedada a utilização da prova emprestada" (REsp
930.596/ES, Rel. Min. Luiz fux, Primeira Turma).
3. Se a absolvição ocorreu por ausência de provas, a
administração não está vinculada à decisão proferida na
esfera penal, porquanto a conduta pode ser considerada
infração administrativa disciplinar, conforme a interativa
jurisprudência desta Corte, no sentido de que, a
sentença absolutória na esfera criminal somente
repercute na esfera administrativa quando reconhecida
a inexistência material do fato ou a negativa de sua
autoria no âmbito criminal. Precedentes.
4. Como bem decidiu o Supremo Tribunal Federal, "há
hipóteses em que os fundamentos da decisão
absolutória na instância criminal não obstam a
responsabilidade disciplinar na esfera administrativa,
porquanto os resíduos podem veicular transgressões
disciplinares de natureza grave, que ensejam o
afastamento do servidor da função pública" (ARE 664930
AgR, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado
em 16/10/2012, Acórdão Eletrônico DJe-221 DIVULG 08-
11-2012 PUBLIC 09-11-2012).
5. Demais disso, ao órgão do Ministério Público não é
permitido presunção de que seja probo, há de ser
peremptoriamente demonstrado que sua conduta é
acima de tudo isenta de cometimento de atos ilícitos.
6. Recurso especial improvido.
REsp 1323123/SP, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS,
SEGUNDA TURMA, julgado em 07/05/2013, DJe
16/05/2013.
Questão 26
Em janeiro de 2024, o Estado Alfa ajuizou ação de
improbidade administrativa em face de Betina, a fim de
obter o ressarcimento ao erário pelos danos causados,
além de outros pedidos. Betina, em sede de contestação,
alegou a ilegitimidade ativa da causa. Nesse contexto, à
luz da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF),
pode-se afirmar corretamente que
a) os entes públicos que sofreram prejuízos em razão de
atos de improbidade estão autorizados a propor a
respectiva ação penal pública.
b) a alegação de Betina deve ser indeferida, visto que o
ente público que sofre prejuízo em razão de atos de
improbidade também está autorizado, de forma
concorrente com o Ministério Público, a propor ação e a
celebrar acordos de não persecução civil em relação a
esses atos.
c) a alegação de Betina deve ser deferida, uma vez que a
legitimidade para propor ação de improbidade
administrativa e celebrar acordos de não persecução civil
é exclusiva do Ministério Público Federal.
d) a pretensão de Betina deve ser acolhida, já que foram
declaradas constitucionais as disposições da Lei nº
14.230/2021 que tratam da legitimidade ativa na ação de
improbidade administrativa.
e) a alegação de Betina deve ser acolhida, pois a
legitimidade para propor ação de improbidade
administrativa é exclusiva do Ministério Público, embora
a legitimidade para celebração de acordos de não
persecução civil seja concorrente entre o ente público
lesado e o órgão ministerial.
Comentários
Solução rápida
A alternativa B está correta e corresponde ao gabarito da
questão.
O STF, no julgamento da ADI nº 7042/DF e da ADI nº
7043/DF, entendeu:
Os entes públicos que sofreram prejuízos em razão de
atos de improbidade também estão autorizados, de
forma concorrente com o Ministério Público, a propor
ação e a celebrar acordos de não persecução civil em
relação a esses atos.
STF. Plenário. ADI 7042/DF e ADI 7043/DF, Rel. Min.
Alexandre de Moraes, julgados em 31/8/2022 (Info
1066).
Solução completa
A alternativa B está correta e corresponde ao gabarito da
questão.
O STF, no julgamento da ADI nº 7042/DF e da ADI nº
7043/DF, entendeu:
Os entes públicos que sofreram prejuízos em razão de
atos de improbidade também estão autorizados, de
forma concorrente com o Ministério Público, a propor
ação e a celebrar acordos de não persecução civil em
relação a esses atos.
STF. Plenário. ADI 7042/DF e ADI 7043/DF, Rel. Min.
Alexandre de Moraes, julgados em 31/8/2022 (Info
1066).
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
A alternativa A está incorreta. legitimidade para propor
ação penal pública é privativa do Ministério Público.
Confira-se a redação do art. 129, inciso I da Constituição
Federal:
Art. 129, CF/88: São funções institucionais do Ministério
Público:
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na
forma da lei;
[...]
A alternativa C está incorreta. Conforme
supramencionado, a legitimidade para propor ação de
improbidade administrativa não é exclusiva do
Ministério Público, mas concorrente entre o Órgão
Ministerial e o ente público lesado, alcançando,
inclusive, a legitimidade para celebrar acordo de não
persecução civil (ADI nº 7042/DF).
A alternativa D está incorreta. As disposições da Lei nº
14.230/2021 que tratam da legitimidade ativa na ação de
improbidade administrativa, nas quais somente o
Ministério Público teria legitimidade para propor a
referida ação e para celebrar acordo de não persecução
cível, excluindo a possibilidade da pessoa jurídica
interessada, foram declaradas inconstitucionais pelo
Supremo, no âmbito da ADI nº 7042/DF. Nestes termos,
CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO.
CONSTITUCIONALIZAÇÃO DE REGRAS RÍGIDAS DE
REGÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, PROTEÇÃO AO
PATRIMONIO PÚBLICO E RESPONSABILIZAÇÃO DOS
AGENTES PÚBLICOS CORRUPTOS PREVISTAS NO ARTIGO
37 DA CF. VEDAÇÃO À EXCLUSIVIDADE DO MINISTÉRIO
PÚBLICO PARA PROPOSITURA DA AÇÃO POR ATO DE
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA E DO ACORDO DE NÃO
PERSECUÇÃO CIVIL (CF, ARTIGO 129, §1º).
LEGITIMIDADE CONCORRENTE E DISJUNTIVA ENTRE
FAZENDA PÚBLICA E MINISTÉRIO PÚBLICO. VEDAÇÃO À
OBRIGATORIEDADE DE ATUAÇÃO DA ASSESSORIA
JURÍDICA NA DEFESA JUDICIAL DO ADMINISTRADOR
PÚBLICO. AÇÃO PARCIALMENTE PROCEDENTE.
1. Reconhecida a legitimidade ativa da Associação
Nacional dos Procuradores dos Estados e do Distrito
Federal – ANAPE e da Associação Nacional dos
Advogados Públicos Federais – ANAFE para o
ajuizamento das presentes demandas, tendo em conta o
caráter nacional e a existência de pertinência temática
entre suas finalidades institucionais e o objeto de
impugnação. Precedentes.
2. Vedação constitucional à previsão de legitimidade
exclusiva do Ministério Público para a propositura da
ação por ato de improbidade administrativa, nos termos
do artigo 129, §1º da Constituição Federal e,
consequentemente, para oferecimento do acordo de
não persecução civil.
3. A legitimidade da Fazenda Pública para o ajuizamento
de ações por improbidade administrativa é ordinária, já
que ela atua na defesa de seu próprio patrimônio
público, que abarca a reserva moral e ética da
Administração Pública brasileira.
4. A supressão da legitimidade ativa das pessoas jurídicas
interessadas para a propositura da ação por ato de
improbidade representa uma inconstitucional limitação
ao amplo acesso à jurisdição (CF, art. 5º, XXXV) e a defesa
do patrimônio público, com ferimento ao princípio da
eficiência (CF, art. 37, caput) e significativo retrocesso
quanto ao imperativo constitucional de combate à
improbidade administrativa.
5. A legitimidade para firmar acordo de não persecução
civil no contexto do combate à improbidade
administrativa exsurge como decorrência lógica da
própria legitimidade para a ação, razão pela qual
estende-se às pessoas jurídicas interessadas.
[...]
7. Ação julgada parcialmente procedente para (a)
declarar a inconstitucionalidade parcial, com
interpretação conforme sem redução de texto, do caput
e dos §§ 6º-A e 10-C do art. 17, assim como do caput e
dos §§ 5º e 7º do art. 17-B, da Lei 8.429/1992, na redação
dada pela Lei 14.230/2021, de modo a restabelecer a
existência de legitimidade ativa concorrente e disjuntiva
entre o Ministério Público e as pessoas jurídicas
interessadas para a propositura da ação por ato de
improbidade administrativa e para a celebração de
acordos de não persecução civil [...]
ADI 7042, Relator(a): ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal
Pleno, julgado em 31/08/2022, PROCESSO ELETRÔNICO
DJe-s/n DIVULG 27-02-2023 PUBLIC 28-02-2023.
A alternativa E está incorreta. Conforme
supramencionado, a legitimidade para propor ação de
improbidade administrativa não é exclusiva do
Ministério Público, mas concorrente entre o Órgão
Ministerial e o ente público lesado, alcançando,
inclusive, a legitimidade para celebrar acordo de não
persecução civil (ADI nº 7042/DF).
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
DIREITO CIVIL
Professor Paulo Sousa
Questão 27
Virgílio e Mário viviam juntos há 25 anos. Apesar de
nunca haverem formalizado sua relação, sempre ficou
muito clara a existência de um relacionamento amoroso
entre ambos, além da intenção expressa e publicamente
declarada de constituir família. Inclusive, o casal já havia
se cadastrado para iniciarem um processo de adoção.
Ocorre, porém, que Virgílio faleceu em um acidente de
avião. Com base nestes fatos e de acordo com a
jurisprudência, assinale a alternativa correta:
a) Mário não fará jus à nenhuma fração da herança de
Virgílio, uma vez que, às relações fáticas não se aplicam
as regras sucessórias previstas no Código Civil de 2002.
b) Mário não fará jus à nenhuma fração da herança de
Virgílio, uma vez que, ainda que se reconheça a união
estável, esta não goza das mesmas prerrogativas legais
de que goza o casamento.
c) Mário somente poderá fazer jus à fração da herança
de Virgílio, caso este não conte com ascendente vivo.
d) Mário fará jus à herança de Virgílio, uma vez que à
união estável aplica-se exatamente o mesmo regime
sucessório aplicável ao casamento.
e) A Jurisprudência brasileira não tem decisões sobre
esse assunto.
Comentários
Comentário longo
A alternativa correta é a letra D.
Havia grande discussão em relação às diferenças na
sucessão do cônjuge (casado) e do companheiro (união
estável). O STF, no entanto, colocou pá de cal nessas
discussões, de maneira acertada, ao declarar
inconstitucional o art. 1.790 do CC/2002, no RE 878.694
e no RE 646.721, julgados em conjunto.
Certo é que o artigo defenestrado trazia regras
matematicamente impossíveis de ser levadas a efeito na
prática, entre inúmeros problemas. O inc. II, por
exemplo, tornava o cálculo dos valores sucessíveis de
impossível resolução. A conta simplesmente não
fechava.
Igualmente, o inc. III trazia a absurda regra de que o
companheiro herda 1/3 da herança se concorrer com
outros parentes sucessíveis. Ocorria, assim, de um tio-
avô distante (parente consanguíneo colateral
ascendente em quarto grau) herdar 2/3 do patrimônio
do falecido ao passo que o cônjuge, que passara décadas
com aquele que morreu, herdava apenas 1/3.
A distorção, absurda, não tinha razão de ser. Felizmente,
o STF fixou, no RE 878.694 e no RE 646.721, a seguinte
tese, que acaba com a distinção:
É inconstitucional a distinção de regimes sucessórios
entre cônjuges e companheiros prevista no art. 1.790 do
CC/2002, devendo ser aplicado, tanto nas hipóteses de
casamento quanto nas de união estável, o regime do art.
1.829 do CC/2002.
Comentário curto
A alternativa D está correta, conforme entendimento do
STJ: “No sistema constitucional vigente, é
inconstitucional a diferenciação de regimes sucessórios
entre cônjuges e companheiros, devendo ser aplicado,
em ambos os casos, o regime estabelecido no artigo
1.829 do Código Civil”. (STF. Plenário. RE 646721/RS, rel.
Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso,
julgamento em 10.5.2017. (RE-646721)). É importante
destacar que no Informativo 864, o STF entendeu que a
Constituição contempla diferentes formas de família,
dentre as quais inclui-se as formadas mediante união
estável, assim, ilegítimo não equiparar, para fins
sucessórios, os cônjuges e os companheiros, de maneira
que estabelecer uma hierarquização entre entidades
familiares, mostra-se inconstitucional. Diante disto, o
art. 1.790 do CC torna-se incompatível com os princípios
de igualdade e dignidade da pessoa humana. Assim, o
STF, encerrou esta questão com a declaração de
inconstitucionalidade do art. 1.790, cônjuge e
companheiro, de casais heteroafetivos ou homoafetivos,
são, para fins sucessórios, iguais, devendo receber a
mesma proteção jurídica.
Consequentemente, estão incorretas as alternativas A,
B, C e D.
Questão 28
Joel é pai de Júnior. Quando este possuía dez anos de
idade, representado por sua mãe, requereu pensão
alimentícia. Quando Júnior completou 18 anos e
ingressou na universidade Joel parou de quitar as
prestações alimentícias. Com 19 anos, Júnior requereu a
execução das prestações não pagas, juntamente com a
prisão de seu pai. Joel, no meio da ação de execução,
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
requereu a exoneração alimentar. Com base nisto, é
correto afirmar que:
a) A pretensão de Júnior não deve prosperar, uma vez
que se encontra prescrita.
b) Caso a pretensão de Joel seja atendida pelo juiz, os
efeitos da sentença retroagirão até a data da citação de
Júnior, ficando Joel obrigado a quitar as prestações até
esta data.
c) Caso Joel não pudesse quitar as prestações vencidas,
a obrigação estender-se-ia aos seus irmãos, caso tivesse
e, na ausência destes, aos seus pais.
d) A pretensão de Júnior não deve prosperar, uma vez
que completou a maioridade, o que automaticamente
exonera o pai do dever alimentar.
e) A Lei civil não prevê a possibilidade de prestação de
alimentos após a maioridade.
Comentários
Comentário longo
A alternativa correta é a letra B.
A exoneração dos alimentos não é automática, com o fim
da necessidade do alimentando, mas demanda
intervenção judicial. Nesse sentido, a Súmula 358 do STJ
exige o contraditório antes do cancelamento dos
alimentos, ao atingir o alimentando a maioridade.
Até porque, praticamente falando, o que impediria o
alimentante de, a qualquer tempo, julgar que o
alimentando não mais necessita dos alimentos e
simplesmente cesse de prestar os alimentos devidos? O
Enunciado 344 da IV Jornada de Direito Civil afiança que
a obrigação alimentar originada do poder familiar,
especialmente para atender às necessidades
educacionais, pode não cessar com a maioridade.
O entendimento corrente no STJ vai nesse sentido. A
corte fixou que são devidos alimentos enquanto o
alimentante realiza Curso Superior ou Curso Técnico
(REsp 1.587.280). Inversamente, não são devidos mais
alimentos quando o alimentante cursa Pós-graduação, já
concluída a graduação (REsp 1.505.079).
Por isso, pela dicção do art. 1.699, deve o alimentante
sempre recorrer ao Judiciário para se exonerar dos
alimentos. Isso porque a desnecessidade dos alimentos
configura uma hipótese de modificação na situação
financeira das partes, ou seja, do trinômio necessidade-
possibilidade-proporcionalidade.
O STJ fixou entendimento, na Súmula 621, de que os
efeitos da sentença que reduz, majora ou exonera o
alimentante do pagamento retroagem à data da citação,
vedadas a compensação e a repetibilidade. Assim,
apesar da eficácia ex tunc da decisão, parcelas
alimentares vencidas, cobradas e já pagas em ação de
execução de alimentos não permitem repetição (das
parcelas pretéritas) ou compensação (das parcelas
futuras).
Comentário curto
A alternativa A está incorreta, pois a pretensão de Júnior
ainda não se encontra prescrita, conforme o expresso
pelo §2º, do art. 206 do CC/2002: “Art. 206. Prescreve:
2º Em dois anos, a pretensão para haver prestações
alimentares, a partir da data em que se vencerem”.
A alternativa B está correta, conforme entendimento
jurisprudencial: “Súmula 621 do STJ: Os efeitos da
sentença que reduz, majora ou exonera o alimentante do
pagamento retroagem à data da citação, vedadas a
compensação e a repetibilidade”.
A alternativa C está incorreta, pois a obrigação alimentar
estende-se aos ascendentes, conforme o art. 1.696 do
CC/2002: “Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos
é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os
ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos
em grau, uns em falta de outros”.
A alternativa D está incorreta, pois a exoneração não é
automática, depende de decisão judicial, conforme o
entendimento jurisprudencial: “Súmula 358 do STJ: O
cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu
a maioridade está sujeito à decisão judicial, mediante
contraditório, ainda que nos próprios autos”.
A alternativa E está incorreta, a maioridade, em si, não
extingue a prestação de alimentos
Questão 29
Luís e Cláudia, com 16 e 15 anos respectivamente,
namoram desde que Cláudia tinha 13 anos. Em
decorrência do relacionamento, a jovem engravidou.
Como ambos são de família tradicional, os pais do casal
passaram a exigir o casamento dos jovens. De acordo
com o Código Civil de 2002, o casamento será:
a) Possível, uma vez há autorização expressa de ambos
os pais dos jovens.
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
b) Possível, desde que haja autorização do Ministério
Público.
c) Possível, exceto se houver protesto de terceiro
interessado.
d) Impossível sem prévia autorização judicial.
e) Impossível, dada a idade dos nubentes.
Comentários
Comentário longo
A alternativa correta é a letra E.
O art. 1.520 prevê a impossibilidade, em qualquer caso,
de casamento de quem não atingiu a idade núbil. A regra,
assim, acabou com as hipóteses de casamento de quem
ainda não atingira a idade núbil.
Há alguns detalhes a atentar, porém. Pode um maior de
16 anos e menor de 18 anos se casar? Sim, desde que
tenha autorização dos genitores. E se ele tiver apenas um
dos genitores? O outro autoriza e pronto. E se um dos
genitores autorizar e o outro não? O juiz autoriza. E se
ele for menor de 16 anos? Não pode haver casamento,
ainda que permitam os pais ou o juiz.
Comentário curto
A alternativa E está correta, pois desde 2019 não é mais
permitido o casamento do menor que ainda não atingiu
idade núbil em hipótese alguma, conforme dita o art.
1.520 do CC/2002: “Art. 1.520. Não será permitido, em
qualquer caso, o casamento de quem não atingiu a idade
núbil, observado o disposto no art. 1.517 deste Código”.
Consequentemente, estão incorretas as alternativas A,
B, C e D.
Questão 30
Enquanto já viúvo, Marcos produziu testamento
deixando todo o seu patrimônio a seus três filhos. Anos
depois, Joana ajuizou ação de reconhecimento de
paternidade contra Marcos, a qual foi julgada
procedente. Nessa situação, é correto afirmar que:
a) haverá o rompimento do testamento, ainda que
Marcos desconhecesse a existência de Joana como sua
filha à época em que o produziu;
b) haverá o rompimento do testamento, apenas se
Marcos já conhecia a existência de Joana como sua filha
à época em que o produziu;
c) não haverá o rompimento do testamento;
d) haverá o rompimento do testamento, mas apenas de
forma parcial, nas disposições que prejudicarem Joana.
e) Somente haverá rompimento do testamento caso
Joana requeira.
Comentários
Comentário longo
A alternativa correta é a letra A.
Romper tem o sentido de “ignorar, revogar, tomar como
não existente”. O rompimento do testamento equivale a
uma revogação ficta, ainda que revogação não seja.
Talqualmente a revogação, o rompimento ataca o plano
da existência do negócio jurídico, tornando inexistente a
disposição testamentária.
Sobrevindo descendente sucessível ao testador, que não
o tinha ou não o conhecia quando testou, rompe-se o
testamento em todas as suas disposições, se esse
descendente sobreviver ao testador (art. 1.973). Isso
ocorre, por exemplo, quando você testa todo seu
patrimônio – não tendo herdeiros necessários - a um
sobrinho e, depois de sua morte, descobre-se que você
tinha um filho havido na juventude.
Se esse filho sobreviver a você, ele herda todo o seu
patrimônio, afastando na integralidade a disposição
testamentárias em questão. Veja que se você já
soubesse da existência do filho, não se rompe o
testamento, evidencia o STJ (REsp 1.169.639). Nesse
caso, haveria apenas redução da disposição
testamentária que violou a legítima, pelo que o filho
herdaria a metade e o sobrinho a outra metade.
Comentário curto
A alternativa A está correta. Conforme os artigos 1.973 e
1.974 do Código Civil: “Art. 1.973. Sobrevindo
descendente sucessível ao testador, que não o tinha ou
não o conhecia quando testou, rompe-se o testamento
em todas as suas disposições, se esse descendente
sobreviver ao testador. Art. 1.974. Rompe-se também o
testamento feito na ignorância de existirem outros
herdeiros necessários.”
A alternativa B está incorreta. O rompimento ocorrerá
ainda que a desconhecesse, conforme o art. 1.974 do
Código Civil.
A alternativa C está incorreta. O rompimento ocorrerá
ainda que a desconhecesse, conforme o art. 1.974 do
Código Civil.
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
A alternativa D está incorreta. O rompimento ocorrerá
em relação a todas as cláusulas do testamento,
conforme o art. 1.973 do Código Civil: “Art. 1.973.
Sobrevindo descendente sucessível ao testador, que não
o tinha ou não o conhecia quando testou, rompe-se o
testamento em todas as suas disposições, se esse
descendente sobreviver ao testador.”
A alternativa E está incorreta, tendo em vista que, o
rompimento do testamente independe do pedido de
Joana.
Questão 31
Joaquim realizou um negócio jurídico não solene com
Ana, que deveria pagar o valor acordado ao final do mês
de novembro de 2020. Passado o prazo, Ana não
cumpriu o prometido e, em razão disso, Joaquim viu
como única alternativa ajuizar ação para cobrar o
referido valor. Por não haver forma prescrita em lei para
a formalização do negócio jurídico feito, Joaquim terá
alguns meios de prová-lo, não o podendo fazer por meio
de:
a) confissão;
b) presunção;
c) perícia;
d) comprovação da notoriedade do fato;
e) testemunha.
Comentários
Comentário longo
A alternativa correta é a letra D.
Sobre o plano da existência dos fatos jurídicos, algumas
coisas talvez chamam a atenção. Como, por exemplo, as
situações em que o fato existe na realidade social, mas
não existe para o Direito, por numerosas razões.
Uma delas é, assim, pela ausência de prova. Se você, num
lugar sem câmeras, testemunhas ou qualquer outro
meio de prova, me promete um bem, estamos diante de
uma doação. Agora, na hora em que eu exijo a doação,
você simplesmente pode dizer que nunca doou. Como eu
farei para demonstrar a existência dessa doação? Por
meio de provas.
Se você não confessar, nem houver situação de
presunção legal, dificilmente conseguirei provar que
você efetivamente me doou algo. A doação existiu, no
mundo fático, mas não no mundo jurídico, porque a
incidência da norma nunca ocorrerá...
Mas, então, como se prova um fato jurídico? Primeiro,
tenho de atentar se o negócio jurídico não exige alguma
forma especial; se exige, tenho de observar aquela
forma. Se o negócio jurídico não exige forma especial ou
em se tratando dos demais fatos jurídicos, segundo o art.
212 do CC/2002, prova-se mediante:
I - confissão;
II - documento;
III - testemunha;
IV - presunção;
V - perícia.
Saliente-se ainda que o STJ já decidiu que a gravação de
áudio e/ou imagem por um dos interlocutores da
conversa, sem o conhecimento do outro, é lícita, tanto
no processo penal quanto no processo civil, ainda que
obtida sem autorização judicial. Por isso, nada impede
que ela seja utilizada como meio de prova no processo
(HC 222.818/MS).
Comentário curto
As alternativas A, B, C e E estão incorretas, pois previstas
no art. 212 do Código Civil: “Art. 212. Salvo o negócio a
que se impõe forma especial, o fato jurídico pode ser
provado mediante: I - confissão; II - documento; III -
testemunha; IV - presunção; V - perícia.”
A alternativa D está correta, pois não é hipótese prevista
no art. 212 do Código Civil. Ademais, o negócio jurídico
entre particulares não é fato notório capaz de ser
provado, pois a aplicação do art. 374, inciso I, do CPC,
impõe que isso seja feito com um fato notório à
coletividade, que os demais possam notar. Assim, não se
pode aplicar essa regra a uma relação estritamente
particular.
Questão 32
João faleceu e deixou um grande patrimônio a ser
herdado conforme a sucessão legítima definida por lei.
Quanto à sucessão legítima, supondo-se todas as
hipóteses possíveis de sucessores legítimos, assinale a
alternativa que indicar o último sucessor possível na
ordem legalmente posta:
a) os descendentes;
b) os ascendentes, em concorrência com o cônjuge;
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
c) o cônjuge sobrevivente, se casado com o João no
regime de separação obrigatória;
d) os colaterais;
e) o cônjuge sobrevivente, se casado com o João no
regime de separação obrigatória, no caso de ainda serem
vivos os ascendentes de João.
Comentários
Comentário longo
A alternativa correta é a letra D.
A ordem do art. 1.829 é excludente em relação às demais
classes. Assim, se houver descendentes, todos os
ascendentes são excluídos. Não havendo descendentes,
chamam-se os ascendentes, excluindo-se os colaterais.
Não havendo descendentes nem ascendentes, chama-se
o cônjuge ou companheiro, isoladamente, excluindo-se
os colaterais. Apenas se não houver descendentes,
ascendentes, cônjuge ou companheiro é que os
colaterais são chamados.
A regra segue o brocardo latino amor primim descendit,
deinde ascendit (o amor primeiro desce, depois sobe). O
art. 1.829 expressa esse entendimento de que os
descendentes devem sempre compor a primeira classe
sucessória, depois os ascendentes, assevera Giselda
Hironaka.
Esse é o primeiro momento. O CC/2002, porém, elevou
o cônjuge (e o companheiro, depois da decisão do STF) a
outro patamar em matéria sucessória. Não apenas o
convivente passou a preceder os colaterais, mas também
passou ele a concorrer com os descendentes e com os
ascendentes.
Agora eu posso passar ao segundo momento. No
segundo momento é necessário compreender como
ocorre a concorrência do cônjuge ou companheiro com
os ascendentes e os descendentes. Assim, ainda de
maneira rudimentar, posso refazer o quadro acima,
dessa forma:
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge, a
depender do regime de bens adotado
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge
III - ao cônjuge sobrevivente
IV - aos colaterais
Comentário curto
A alternativa D está correta. Conforme a ordem posta no
art. 1.829 do Código Civil (inciso IV): “Art. 1.829. A
sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: I - aos
descendentes, em concorrência com o cônjuge
sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no
regime da comunhão universal, ou no da separação
obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se,
no regime da comunhão parcial, o autor da herança não
houver deixado bens particulares; II - aos ascendentes,
em concorrência com o cônjuge; III - ao cônjuge
sobrevivente; IV - aos colaterais.”
Assim, as alternativas A, B, C e E estão incorretas.
Questão 33
Carlos, Carla e Márlia são irmãos. Após a morte de seus
pais, permanecem aguardando ansiosamente a abertura
do testamento, cabendo a Márlia a leitura das
disposições testamentárias. Em razão da rivalidade
existente entre os irmãos, todos ficarão atentos para
qualquer irregularidade nas disposições escritas, a fim de
evitar indevido favorecimento em proveito de qualquer
deles. Em relação às disposições testamentárias, é nula a
disposição:
a) que se refira a pessoa incerta, ainda que a identidade
se possa averiguar;
b) que não permita ao herdeiro fixar o valor do legado;
c) que favoreça a testemunha do testamento;
d) que favoreça a pessoa incerta, exceto quando a um
terceiro for determinado que a indique;
e) que deixe de instituir herdeiro ou legatário sob a
condição captatória de que este disponha.
Comentários
Comentário longo
A alternativa correta é a letra C.
De maneira geral, pode-se testar livremente. Nesse
sentido, a nomeação de herdeiro ou legatário pode
fazer-se pura e simplesmente, sob condição, para certo
fim ou modo, ou por certo motivo (art. 1.897). Assim, o
ato pode ser puro e simples, condicional (evento futuro
e incerto) ou submetido a encargo (modo ou ônus).
Inversamente, porém, a designação do tempo em que
deve começar ou cessar o direito do herdeiro tem-se por
não escrita (art. 1.898), ou seja, não pode o ato ser a
termo (evento futuro e certo). Isso porque o ato
configuraria uma tentativa de contornar a ordem
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
sucessória. A exceção fica por conta das substituições
fideicomissórias.
O art. 1.900, por sua vez, fixa uma série de disposições
que se consideram nulas:
• V. Favoreça as pessoas que não podem ser nomeadas
como herdeiras ou legatárias e as interpostas pessoas
São as pessoas apontadas nos arts. 1.801 e 1.802:
Art. 1.801. Não podem ser nomeados herdeiros nem
legatários:
I - a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o
seu cônjuge ou companheiro, ou os seus ascendentes e
irmãos;
II - as testemunhas do testamento;
III - o concubino do testador casado, salvo se este, sem
culpa sua, estiver separado de fato do cônjuge há mais
de cinco anos;
IV - o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou
escrivão, perante quem se fizer, assim como o que fizer
ou aprovar o testamento.
Art. 1.802. São nulas as disposições testamentárias em
favor de pessoas não legitimadas a suceder, ainda
quando simuladas sob a forma de contrato oneroso, ou
feitas mediante interposta pessoa.
Parágrafo único. Presumem-se pessoas interpostas os
ascendentes, os descendentes, os irmãos e o cônjuge ou
companheiro do não legitimado a suceder.
Comentário curto
A alternativa A está incorreta, conforme o art. 1.900,
inciso II, do Código Civil: “Art. 1.900. É nula a disposição:
II - que se refira a pessoa incerta, cuja identidade não se
possa averiguar;”
A alternativa B está incorreta. Esse é um caso em que a
cláusula será válida, conforme o art. 1.900, inciso IV, do
Código Civil: “Art. 1.900. É nula a disposição: IV - que
deixe a arbítrio do herdeiro, ou de outrem, fixar o valor
do legado;”
A alternativa C está correta, pois a testemunha é
impedida de ser nomeada como herdeira, conforme o
art. 1.801, inciso II, do Código Civil. Logo, é a nulidade
prevista no art. 1.900, inciso V, do Código Civil: “Art.
1.900. É nula a disposição: V - que favoreça as pessoas a
que se referem os arts. 1.801 e 1.802.”
A alternativa D está incorreta, conforme o art. 1.900,
inciso III, do Código Civil: “Art. 1.900. É nula a disposição:
III - que favoreça a pessoa incerta, cometendo a
determinação de sua identidade a terceiro;”
A alternativa E está incorreta, visto que contrária à
previsão do art. 1.900, inciso I, do Código Civil: “Art.
1.900. É nula a disposição: I - que institua herdeiro ou
legatário sob a condição captatória de que este
disponha, também por testamento, em benefício do
testador, ou de terceiro;”
Questão 34
Armando avisou a alguns familiares que iria viajar para o
Panamá para curtir um pouco as suas férias. Em uma
viagem programada para durar 10 (dez) dias, Armando
deixou de dar notícias a seus familiares sobre o que
estava fazendo no seu dia a dia no Panamá no oitavo dia
de viagem e, desde então, não mais retornou contato. Já
preocupados, alguns familiares de Armando iniciam os
procedimentos de busca por desaparecidos, tendo a
ajuda da polícia local. Passam-se 05 (cinco) meses e não
há sinais de Armando, seu telefone não chama, seus
pertences ficaram em no quarto de hotel em que se
hospedou e mais nada se sabe sobre ele. Nessa situação,
se Armando tiver deixado representante ou procurador
em sua cidade natal, poderão os interessados requerer
que se declare a ausência e se abra provisoriamente a
sucessão em:
a) um ano;
b) dois anos;
c) três anos;
d) cinco anos;
e) dez anos.
Comentários
Comentário longo
A alternativa correta é a letra C.
O art. 26 estabelece que no caso de o ausente ter
deixado representante ou procurador (nos casos de art.
23), esse prazo será de três anos, e não de apenas um.
Em outras palavras, esse prazo é uma espécie de chance
que o juiz dá para o ausente voltar, antes que seus bens
sejam postos à disposição dos herdeiros. Caso o ausente,
seus descendentes ou ascendentes apareçam, cessa a
curadoria, conforme o art. 745, §4º do CPC. Do contrário,
continua-se com o procedimento regularmente.
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
Quem fará o pedido de abertura provisória da sucessão?
Os interessados, resumidamente. Quem são os
interessados? Segundo o art. 27, somente se consideram
interessados:
I - o cônjuge não separado judicialmente;
II - os herdeiros presumidos, legítimos ou
testamentários;
III - os que tiverem sobre os bens do ausente direito
dependente de sua morte;
IV - os credores de obrigações vencidas e não pagas.
Comentário curto
As alternativas A, B, D e E estão incorretas. Conforme o
gabarito e com base no art. 26 do Código Civil.
A alternativa C está correta, conforme o art. 26 do
Código Civil: “Art. 26. Decorrido um ano da arrecadação
dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou
procurador, em se passando três anos, poderão os
interessados requerer que se declare a ausência e se
abra provisoriamente a sucessão.”
Questão 35
Após desastrosa enchente, Claudete, dona de uma balsa,
passou a cobrar de seus vizinhos, que tentavam
desesperadamente salvar seus bens móveis e
eletrodomésticos, dez vezes o valor que costumava
cobrar rotineiramente. Segundo o que dispõe o Código
Civil de 2002, o negócio jurídico celebrado por Claudete
é:
a) Válido, pois assim como os vizinhos, Claudete que
perdera seus móveis em razão da enchente, agora
precisa arrecadar fundos para reconstruir a sua casa e
readquirir seus bens.
b) Inexistente, pois a situação excepcional não permite a
formulação de negócios jurídicos de qualquer espécie.
c) Nulo, em razão do vício de lesão presente no negócio
jurídico celebrado entre Claudete e seus vizinhos.
d) Anulável, em razão do vício de lesão presente no
negócio jurídico celebrado entre Claudete e seus
vizinhos.
e) Anulável, em razão do vício de dolo presente no
negócio jurídico celebrado entre Claudete e seus
vizinhos.
Comentários
Comentário longo
A alternativa correta é a letra D.
A lesão, popularmente conhecida como “galinha morta”
ou “negócio da China”, já está presente no ordenamento
jurídico brasileiro há tempos. O art. 4º da Lei 1.521/1951,
que versa sobre a proteção da economia popular, veda a
criminosa conduta de cobrar juros elevados quando da
premente necessidade ou inexperiência do mutuário
(boa e velha agiotagem). No CC/2002, a lesão está
prevista no art. 157 e tem dois pressupostos:
1. Prestação manifestamente desproporcional: valorada
pelo juiz (elemento objetivo). Por exemplo, vende a casa
de 1 milhão por 100 mil;
2. O negócio se deu por estado de necessidade ou
inexperiência (elemento subjetivo).
Veja que a apreciação da desproporção das prestações
se dá segundo os valores vigentes ao tempo em que foi
celebrado o negócio jurídico. Assim, se é verificada
desproporção de valores durante a execução do
contrato, por exemplo, não há que se falar em lesão,
como é comum se ver em ações revisionais que pululam
no Poder Judiciário. Pode haver onerosidade excessiva,
mas não lesão.
Comentário curto
A alternativa D está correta, pois o negócio celebrado
por Claudete está eivado do vício de lesão, previsto no
art. 157 do CC/2002: “Art. 157. Ocorre a lesão quando
uma pessoa, sob premente necessidade, ou por
inexperiência, se obriga a prestação manifestamente
desproporcional ao valor da prestação oposta”. Assim, o
negócio é anulável, conforme previsão do art. 171, inc.
II, do CC/2002: “Art. 171. Além dos casos expressamente
declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: II - por
vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo,
lesão ou fraude contra credores”.
Consequentemente estão incorretas as alternativas A, B,
C e E.
Questão 36
Carla, idosa e sem descentes, é detentora de vasto
patrimônio. Ana presta o serviço de cuidadora da idosa
há mais de 15 anos. Diante do vínculo criado entre as
duas, Carla elaborou testamento deixando todos os seus
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
bens para Ana, porém, desde que esta continue sendo
sua cuidadora até o fim de sua vida. De acordo com o
Código Civil de 2002, a situação trata-se de:
a) Encargo.
b) Termo inicial.
c) Condição suspensiva.
d) Condição resolutiva.
e) Condição inexistente.
Comentários
Comentário longo
A alternativa correta é a letra C.
A condição será resolutiva quando por fim ao negócio,
extingui-lo. Assim, por exemplo, doarei mensalmente a
você uma quantia em dinheiro enquanto você estiver na
faculdade. No momento em que você sai da faculdade,
resolve-se o negócio. A condição suspensiva, por sua vez,
subordina a eficácia do negócio. Assim, por exemplo,
doarei uma quantia em dinheiro a você se você passar na
prova.
Se a condição for suspensiva, se adquire o direito apenas
quando de seu implemento, conforme regra do art. 125.
Se for resolutiva, o direito já se adquiriu, vigorando até
sua resolução, de acordo com o art. 127. Por isso,
segundo o art. 128:
Sobrevindo a condição resolutiva, extingue-se, para
todos os efeitos, o direito a que ela se opõe; mas, se
aposta a um negócio de execução continuada ou
periódica, a sua realização, salvo disposição em
contrário, não tem eficácia quanto aos atos já praticados,
desde que compatíveis com a natureza da condição
pendente e conforme aos ditames de boa-fé.
Se alguém dispuser de uma coisa sob condição
suspensiva, tome cuidado. Ainda pendente a condição, e
a pessoa fizer quanto à coisa novas disposições, essas
novas disposições valerão apenas se forem compatíveis
com a condição inicialmente prevista. Realizada a
condição, as adições não terão valor, se forem
incompatíveis com aquela, trata o art. 126.
Aqui se distinguem as condições pelo estado. A condição
pode ser pendente, implementada ou cumprida e
frustrada ou descumprida. A condição pendente é
aquela na qual não se verificou o evento ainda;
implementa, quando já efetivado o evento e; frustrada,
quando o evento não tem mais possiblidade de ser
implementado e a condição cumprida.
Comentário curto
A alternativa A está incorreta, pois o encargo trata-se de
uma restrição a certa liberalidade que foi concedida.
Assim, o encargo apresenta–se como cláusula acessória
as liberalidades, quer estabelecendo uma finalidade ao
objeto do negócio, quer impondo uma obrigação ao
favorecido, em benefício do instituidor, ou de terceiro,
ou mesmo da coletividade.
A alternativa B está incorreta, pois o termo inicial implica
na data de início de um negócio jurídico. É o primeiro dia,
é o acontecimento futuro e certo, compreende o dia de
início, dies a quo (termo inicial).
A alternativa C está correta, pois como o próprio nome
diz, condição suspensiva é uma condição estipulada
anterior a realização do negócio, sem a qual, o mesmo
não se realizará, ou seja, gera uma expectativa de direito.
A alternativa D está incorreta, pois condição resolutiva
resolve o negócio, ou seja, põe fim ao negócio, o que não
é caso.
A alternativa E está incorreta, pois a condição inexistente
é aquela impossível, quando resolutiva e de não fazer
coisa impossível, conforme art. 124, do CC/2002: “Têm-
se por inexistentes as condições impossíveis, quando
resolutivas, e as de não fazer coisa impossível”.
Questão 37
Jonas, dirigia em velocidade acima do permitido quando
colidiu com o portão da casa de Silas, destruindo-o
completamente. Apesar de haverem compartilhado o
contato e Jonas haver se comprometido a arcar com os
danos, este nunca mais contatou Silas. Segundo o que
dispõe o Código Civil de 2002, caso Silas não ressarça os
danos causados a Jonas, este poderá requerer
judicialmente a reparação no prazo de:
a) Dez anos, uma vez que a lei não estipula prazo
prescricional menor para a proposição da ação de
reparação abordada no enunciado.
b) Cinco anos, pois se trata de uma cobrança de dívida
líquida, formada a partir da promessa de ressarcimento
feita por Jonas.
c) Em um ano, pois se trata de pretensão contra credor
não pago.
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
d) Em três anos, pois se trata de pretensão relativa a
reparação civil.
e) Em dois anos, pois se trata de pretensão relativa a
reparação civil.
Comentários
Comentário longo
A alternativa correta é a letra D.
Prescreve:
Em três anos:
I - a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou
rústicos;
II - a pretensão para receber prestações vencidas de
rendas temporárias ou vitalícias;
III - a pretensão para haver juros, dividendos ou
quaisquer prestações acessórias, pagáveis, em períodos
não maiores de um ano, com capitalização ou sem ela;
IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento
sem causa;
V - a pretensão de reparação civil;
VI - a pretensão de restituição dos lucros ou dividendos
recebidos de má-fé, correndo o prazo da data em que foi
deliberada a distribuição;
VII - a pretensão contra as pessoas em seguida indicadas
por violação da lei ou do estatuto, contado o prazo:
a) para os fundadores, da publicação dos atos
constitutivos da sociedade anônima;
b) para os administradores, ou fiscais, da apresentação,
aos sócios, do balanço referente ao exercício em que a
violação tenha sido praticada, ou da reunião ou
assembleia geral que dela deva tomar conhecimento;
c) para os liquidantes, da primeira assembleia semestral
posterior à violação;
VIII - a pretensão para haver o pagamento de título de
crédito, a contar do vencimento, ressalvadas as
disposições de lei especial;
IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a
do terceiro prejudicado, no caso de seguro de
responsabilidade civil obrigatório.
No tocante à reparação civil, o STJ firmou o
entendimento de que deve ser aplicado o prazo
prescricional quinquenal previsto no Decreto
20.910/1932 nas ações indenizatórias ajuizadas contra a
Fazenda Pública, em detrimento do prazo trienal contido
do CC/2002 (PET no AREsp 295.729/GO). Esse raciocínio
se assenta na premissa de que o CC/2002 não revogou o
Decreto 20.910/1932 quanto à prescrição, já que ele é
norma especial.
É pacífico também o entendimento do STJ (EREsp
1.280.825/RJ) no sentido de que nas controvérsias
relacionadas à responsabilidade contratual, aplica-se a
regra geral de que o prazo é de 10 anos (art. 205) e,
quando se tratar de responsabilidade extracontratual,
aplica-se o prazo de 3 anos (art. 206, § 3º, inc. V).
Comentário curto
A alternativa A está incorreta, pois há na lei prazo menor
para a proposição da ação de reparação abordada no
enunciado.
A alternativa B está incorreta, pois o prazo não pode ser
de cinco anos, uma vez que não se trata de cobrança de
dívida líquida e sim de reparação civil.
A alternativa C está incorreta, pois a situação narrada no
enunciado, não alude à relação de credor que não foi
pago pelo devedor.
A alternativa D está correta, conforme disposição do art.
206, §3º, inc. V: “Art. 206. Prescreve: § 3 o Em três anos:
V - a pretensão de reparação civil”.
A alternativa E está incorreta, conforme alternativas
anteriores.
Questão 38
Roberta, Ana e Solange resolveram locar a chácara de
Dimas, locador, para comemorar o aniversário da mãe.
Ficou acordado que o pagamento do aluguel se daria no
dia seguinte à festa, de maneira solidária. Com base no
que dispõe o Código Civil, é correto afirmar que:
a) Em caso de inadimplemento, Dimas poderá cobrar o
pagamento do aluguel de apenas uma das irmãs ou de
todas elas.
b) Caso Roberta deposite em forma de pagamento
determinada quantia a Dimas, tal valor não deve ser
proporcionalmente abatido da dívida das outras duas
irmãs.
c) Caso Dimas ingresse com ação apenas em face de Ana,
ficará apenas ela obrigada ao pagamento do aluguel,
exonerando-se as demais.
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
d) Caso Dimas exonere Solange, automaticamente ficam
exoneradas também as outras duas irmãs.
e) Em caso de inadimplemento, Dimas somente poderá
o pagamento do aluguel de apenas uma das irmãs ou de
todas elas.
Comentários
Comentário longo
A alternativa correta é a letra A.
Na perspectiva externa, não interessa a relação dos
devedores entre si, mas apenas a relação do credor com
os codevedores solidários. “Ah, mas e se um codevedor
estiver insolvente e o outro pagar tudo, pode ele cobrar
do remitido da dívida”? Isso será objeto de análise na
perspectiva interna, apenas.
O credor escolhe quais devedores podem ser compelidos
a cumprir a integralidade da obrigação. Isso não exonera
os demais, nem o próprio cumpridor, segundo o art. 275:
O credor tem direito a exigir e receber de um ou de
alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida
comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os
demais devedores continuam obrigados solidariamente
pelo resto.
Por isso, estabelece o parágrafo único do art. 275, não
importa renúncia da solidariedade a propositura de ação
pelo credor contra um dos codevedores, sem que os
demais sejam incluídos no polo passivo da demanda.
Igualmente, o pagamento parcial feito por um dos
codevedores não implica, por si só, renúncia à
solidariedade, a qual deve derivar dos termos expressos
da quitação ou, inequivocamente, das circunstâncias do
recebimento da prestação pelo credor, esclarece o
Enunciado 348 da IV Jornada de Direito Civil.
Comentário curto
A alternativa A está correta, conforme dispõe o art. 275
do CC/2002: “Art. 275. O credor tem direito a exigir e
receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou
totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido
parcial, todos os demais devedores continuam obrigados
solidariamente pelo resto”.
A alternativa B está incorreta, pois o pagamento parcial
feito por uma das irmãs, não aproveita as demais,
conforme disposição do art. 277 do CC/2002: “Art. 277.
O pagamento parcial feito por um dos devedores e a
remissão por ele obtida não aproveitam aos outros
devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou
relevada”.
A alternativa C está incorreta, pois a cobrança feita
contra apenas uma das devedoras solidárias não exonera
as demais, conforme expresso pelo parágrafo único, do
art. 275 do CC/2002: “Art. 275. Parágrafo único. Não
importará renúncia da solidariedade a propositura de
ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores”.
A alternativa D está incorreta, pois apesar da exoneração
de uma das devedoras, a dívida subsiste para as demais,
conforme expresso pelo parágrafo único, do art. 282, do
CC/2002: “Art. 282. Parágrafo único. Se o credor
exonerar da solidariedade um ou mais devedores,
subsistirá a dos demais”.
A alternativa E está incorreta, conforme alternativa A.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Professor Rodrigo Vaslin
Questão 39
Julia ajuizou ação de indenização por danos morais em
face de Marina. Citada, Marina apresentou contestação
e propôs reconvenção em face de Julia. Ocorre que,
preocupada com o possível desfecho da reconvenção,
Julia cogita a possibilidade de desistir de sua ação.
À luz do Código de Processo Civil, se Marina
a)desistir de sua ação, o prosseguimento do processo
quanto à reconvenção também será obstado.
b)optar por desistir da ação, será necessário, para tal, o
consentimento de Marina.
c)desistir da ação, ficará responsável pelo pagamento
das despesas do processo, mas não por honorários
sucumbenciais, tendo em vista a ausência de sentença
com resolução do mérito a ela desfavorável.
d)desistir da ação, serão produzidos efeitos desde o seu
protocolo em juízo, sendo desnecessária homologação
judicial.
e)optar pela desistência da ação, ela poderá ser
apresentada até o fim da fase de instrução do processo.
Comentários
Gabarito: B
Letra a: errada. CPC, artigo 343, § 2º A desistência da
ação ou a ocorrência de causa extintiva que impeça o
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
exame de seu mérito não obsta ao prosseguimento do
processo quanto à reconvenção.
Letra B: correta. CPC, Art. 485, § 4º Oferecida a
contestação, o autor não poderá, sem o consentimento
do réu, desistir da ação.
Letras c: errada. CPC, Art. 90. Proferida sentença com
fundamento em desistência, em renúncia ou em
reconhecimento do pedido, as despesas e os honorários
serão pagos pela parte que desistiu, renunciou ou
reconheceu.
letra d: errada. Artigo 200, Parágrafo único. A desistência
da ação só produzirá efeitos após homologação judicial.
letra e: errada. Artigo 485, § 5º A desistência da ação
pode ser apresentada até a sentença.
Questão 40
Caio ajuizou ação em face de uma empresa pleiteando o
pagamento de um milhão de reais como indenização por
danos materiais sofridos em sua loja, por suposto ato
ilícito da empresa. Alegando não ter como aguardar o
trânsito em julgado da sentença, Caio requereu a tutela
de urgência para que o valor pretendido lhe fosse
imediatamente pago. Ao final do procedimento, o juízo
proferiu sentença julgando procedente o pedido autoral
e concedendo a tutela provisória de urgência para que a
empresa pagasse o valor ao autor. Irresignada, a
empresa recorre. Nesse caso, é correto afirmar que a
apelação:
a)interposta pela empresa terá efeito suspensivo
automático, só sendo devido o pagamento do valor
pleiteado após o seu julgamento.
b)não terá efeito suspensivo, sendo que, para pleiteá-lo,
a empresa pode formular pedido de concessão de efeito
suspensivo, por meio de requerimento sempre dirigido
ao presidente do tribunal.
c)não terá efeito suspensivo, podendo o apelado
promover o pedido de cumprimento provisório depois
de publicada a sentença.
d)interposta tem efeito suspensivo, razão pela qual o
relator poderá deferir pedido do apelado para
determinar o imediato pagamento do valor deferido na
sentença, caso verifique haver perigo na demora.
e)não terá efeito suspensivo, podendo a eficácia da
sentença ser suspensa pelo relator se houver risco de
dano, ainda que não seja grave.
Comentários
Gabarito: C
Letra a: errada. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo.
§ 1º Além de outras hipóteses previstas em lei, começa
a produzir efeitos imediatamente após a sua publicação
a sentença que: V - confirma, concede ou revoga tutela
provisória;
Letra b: errada. Art. 1012, § 3º O pedido de concessão de
efeito suspensivo nas hipóteses do § 1º poderá ser
formulado por requerimento dirigido ao: I - tribunal, no
período compreendido entre a interposição da apelação
e sua distribuição, ficando o relator designado para seu
exame prevento para julgá-la; II - relator, se já distribuída
a apelação.
Letra c: certa. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo.
§ 1º Além de outras hipóteses previstas em lei, começa
a produzir efeitos imediatamente após a sua publicação
a sentença que: V - confirma, concede ou revoga tutela
provisória; § 2º Nos casos do § 1º, o apelado poderá
promover o pedido de cumprimento provisório depois
de publicada a sentença.
Letra d: errada. Art. 1.012, § 4º Nas hipóteses do § 1º, a
eficácia da sentença poderá ser suspensa pelo relator se
o apelante demonstrar a probabilidade de provimento
do recurso ou se, sendo relevante a fundamentação,
houver risco de dano grave ou de difícil reparação.
Letra e: errada. Art. 1.012, § 4º Nas hipóteses do § 1º, a
eficácia da sentença poderá ser suspensa pelo relator se
o apelante demonstrar a probabilidade de provimento
do recurso ou se, sendo relevante a fundamentação,
houver risco de dano grave ou de difícil reparação.
Questão 41
Gabi comprou um imóvel de Luiza. Seis meses após se
mudar para o novo imóvel, Gabi foi surpreendida com
um mandado de citação em seu nome referente à ação
ajuizada por Maicon, que alega ser o imóvel em questão
de sua propriedade. Nesse caso, Gabi
a)não pode promover denunciação da lide a Luiza,
possuindo direito tão somente ao ajuizamento de ação
de regresso, caso o pedido formulado por Maicon seja
julgado procedente.
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
b)pode promover a denunciação da lide direto a terceira
pessoa, sem incluir Luiza na demanda, caso saiba que
Luiza havia adquirido o imóvel de um terceiro, que possui
situação financeira melhor do que este último.
c)é obrigada a fazer a denunciação da lide a Luiza se
quiser se ressarcir de eventual prejuízo advindo da ação
ajuizada por Maicon, sendo inadmissível o posterior
ajuizamento de ação de regresso.
d)pode promover a denunciação da lide a Luiza em
qualquer momento do processo de conhecimento,
desde que antes da decisão de saneamento.
e)pode optar entre promover a denunciação da lide a
Luiza, ou ajuizar posterior ação de regresso em face dela.
Comentários
Gabarito: E
Letra a: errada. Art. 125. É admissível a denunciação da
lide, promovida por qualquer das partes: I - ao alienante
imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi
transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer
os direitos que da evicção lhe resultam;
Letra b: errada. Art. 125, § 2º Admite-se uma única
denunciação sucessiva, promovida pelo denunciado,
contra seu antecessor imediato na cadeia dominial ou
quem seja responsável por indenizá-lo, não podendo o
denunciado sucessivo promover nova denunciação,
hipótese em que eventual direito de regresso será
exercido por ação autônoma.
Letra c: errada. Art. 125, § 1º O direito regressivo será
exercido por ação autônoma quando a denunciação da
lide for indeferida, deixar de ser promovida ou não for
permitida.
Letra d: errada. Art. 126. A citação do denunciado será
requerida na petição inicial, se o denunciante for autor,
ou na contestação, se o denunciante for réu, devendo
ser realizada na forma e nos prazos previstos no art. 131.
Letra e: certa. Art. 125, § 1º O direito regressivo será
exercido por ação autônoma quando a denunciação da
lide for indeferida, deixar de ser promovida ou não for
permitida.
Questão 42
Nadia promoveu ação pelo procedimento comum,
postulando a condenação de Joice a pagamento de
indenização correspondente a dois milhões de reais e
dando valor à causa de dois mil reais. Joice apresentou
contestação e impugnou o valor dado à causa.
Nos termos do Código de Processo Civil, no caso
enunciado, o valor da causa será
A)determinado pelo juiz diante das características da
parte.
b)equivalente a doze vezes o valor da condenação.
c)considerado pelo exame da avaliação do bem.
d)fixado aleatoriamente pelo autor.
e)correspondente ao valor pretendido.
Comentários
Gabarito: E
Letra e: certa. Art. 292. O valor da causa constará da
petição inicial ou da reconvenção e será: V - na ação
indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o valor
pretendido;
Questão 43
Em 03/03/2020, o Banco W ajuizou ação monitória em
face de Henrique. Determinada a citação, descobriu-se
que Henrique falecera em 01/02/2019. Nesse caso,
consoante entendimento do Superior Tribunal de Justiça
a respeito do tema, é correto afirmar:
I) o juiz deverá extinguir o feito sem resolução de mérito,
dado que a sucessão processual não pode ocorrer
quando o falecimento do réu se deu antes do
ajuizamento da ação.
II) tendo ocorrido a morte do devedor antes do
ajuizamento da ação e tendo sido tal informação
conhecida somente no decorrer do processo, a
jurisprudência pátria tem entendido não se tratar de
caso de extinção do feito já ajuizado, mas sim de
ilegitimidade passiva do de cujus, devendo-se facultar ao
autor a emenda da inicial com a substituição do devedor
por seu espólio ou pelos herdeiros.
III) Se o réu falecer antes do ajuizamento da ação de
conhecimento, não havendo citação válida, deve ser
facultada ao autor a emenda à petição inicial, para incluir
no polo passivo o espólio ou os herdeiros, nos termos do
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
art. 329, I, do CPC/2015. No entanto, é inadmissível a
emenda à inicial para a substituição de executado pelo
seu espólio, em execução ajuizada em face de devedor
falecido antes do ajuizamento da ação.
Estão corretos:
a) Apenas II.
b) Apenas I e III
c) II e III.
d) Todos os itens estão corretos.
e) Todos os itens estão incorretos.
Comentários
Gabarito: A
Item II: correto. O aditamento da inicial deve ser
permitido porque a ação judicial foi proposta contra
parte incapaz de figurar no polo passivo. Se o réu falecer
antes do ajuizamento da ação, não havendo citação
válida, deve ser facultada ao autor a emenda à petição
inicial, para incluir no polo passivo o espólio ou os
herdeiros, nos termos do art. 329, I, do CPC/2015. STJ. 4ª
Turma. REsp 2.025.757-SE, Rel. Min. Antonio Carlos
Ferreira, julgado em 2/5/2023 (Info 775).
Também é admissível a emenda à inicial para a
substituição de executado pelo seu espólio, em execução
ajuizada em face de devedor falecido antes do
ajuizamento da ação. STJ. 3ª Turma REsp 1559791-PB,
Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 28/08/2018 (Info
632).
Questão 44
Sobre o art. 139, IV, do Código de Processo Civil, julgue
os itens a seguir:
I) É cabível a medida coercitiva atípica de apreensão de
passaportes, em sede de processo de falência, quando
constatados fortes indícios de ocultação de patrimônio.
II) Segundo o STJ, a duração da medida coercitiva atípica
deve ser previamente fixada pelo juiz no momento de
sua concessão.
III) É imprescindível o esgotamento dos meios executivos
típicos para a utilização do sistema Central Nacional de
Indisponibilidade de Bens (CNIB) como medida executiva
atípica.
Estão corretos os itens:
a) I e III
b) apenas III
c) I, II e III
d) I e II
e) apenas I
Comentários
Gabarito: A
Item I: correto. STJ. 4ª Turma. HC 742879-RJ, Rel. Min.
Raul Araújo, julgado em 13/09/2022 (Info 749).
Item II: errado. As medidas coercitivas atípicas devem ser
deferidas e mantidas enquanto conseguirem operar,
sobre o devedor, restrições pessoais capazes de
incomodar e suficientes para tirá-lo da zona de conforto,
especialmente no que se refere aos seus deleites, aos
seus banquetes, aos seus prazeres e aos seus luxos,
todos bancados pelos credores. STJ. 3ª Turma. HC
711194-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Rel. Acd.
Min. Nancy Andrighi, julgado em 21/06/2022 (Info 749).
Item III: certo. STJ. 4ª Turma. REsp 1.969.105/MG, Rel.
Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 12/9/2023. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.963.178-SP, Rel. Min. Marco Aurélio
Bellizze, julgado em 12/12/2023 (Info 15 – Edição
Extraordinária).
Questão 45
Sobre a tutela provisória de urgência, seu regramento no
Código de Processo Civil (CPC/2015) e o entendimento
jurisprudencial atual do STJ, assinale a alternativa
incorreta.
a)O prazo de 30 (trinta) dias para apresentação do
pedido principal, nos mesmos autos da tutela cautelar
requerida em caráter antecedente, previsto no Art. 308
do CPC/2015, possui natureza processual, portanto deve
ser contabilizado em dias úteis (Art. 219 do CPC/2015).
b)Não atendido o prazo legal de 30 dias para formulação
do pedido principal em tutela cautelar requerida em
caráter antecedente, a medida concedida perderá a sua
eficácia, prosseguindo-se com o julgamento do
procedimento de tutela antecedente.
c)Os danos causados a partir da execução de tutela
antecipada suscitam responsabilidade processual
objetiva e devem ser integralmente reparados (Art. 944
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
do CC/02) após apurados em procedimento de
liquidação levado a efeito nos próprios autos.
d)Tratando-se de fornecimento de medicamentos, cabe
ao Juiz adotar medidas eficazes à efetivação de suas
decisões, podendo, se necessário, determinar até
mesmo o sequestro de valores do devedor (bloqueio),
segundo o seu prudente arbítrio, e sempre com
adequada fundamentação.
e)Não é possível que o magistrado, ao conceder tutela
antecipada no âmbito de processo cível cujo objeto não
consista em obrigação de natureza alimentícia, efetue
ameaça de decretação de prisão para o caso de eventual
descumprimento dessa ordem judicial, sob a justificativa
de que, nesse caso, configurar-se-ia crime de
desobediência (Art. 330 do CP).
Comentários
Gabarito: B
Letra a: certa. 1. O prazo de 30 (trinta) dias para
apresentação do pedido principal, nos mesmos autos da
tutela cautelar requerida em caráter antecedente,
previsto no art. 308 do CPC/2015, possui natureza
processual, portanto deve ser contabilizado em dias
úteis (art. 219 do CPC/2015) (...)(STJ - REsp: 1763736 RJ
2018/0225179-5, Data de Julgamento: 21/06/2022, T4 -
QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 18/08/2022)
letra b: errada. Desatendido o prazo legal, a medida
cautelar concedida perderá a sua eficácia (art. 309, I, do
CPC/2015) e o procedimento de tutela cautelar
antecedente será extinto sem exame do mérito.(...) 8.
Recurso especial conhecido e provido.(REsp n.
2.066.868/SP, relatora Ministra Nancy Andrighi, Terceira
Turma, julgado em 20/6/2023, DJe de 26/6/2023.)
letra c: certa. Nos termos da jurisprudência desta Corte,
os danos causados a partir da execução de tutela
antecipada suscitam responsabilidade processual
objetiva e devem ser integralmente reparados (art. 944
do CC/02) após apurados em procedimento de
liquidação levado a efeito nos próprios autos.(...) (REsp
1780410/SP, Rel. Ministro PAULO DE TARSO
SANSEVERINO, Rel. p/ Acórdão Ministro MOURA
RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em 23/02/2021, DJe
13/04/2021).
letra d: certa. Tratando-se de fornecimento de
medicamentos, cabe ao Juiz adotar medidas eficazes à
efetivação de suas decisões, podendo, se necessário,
determinar até mesmo, o sequestro de valores do
devedor (bloqueio), segundo o seu prudente arbítrio, e
sempre com adequada fundamentação.2. Recurso
Especial provido. Acórdão submetido ao regime do art.
543-C do CPC e da Resolução 08/2008 do STJ. (REsp
1069810/RS, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA
FILHO, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 23/10/2013, DJe
06/11/2013)
letra e: certa. STJ, HC 125.042-RS, Quarta Turma, DJe
23/3/2009; RHC 16.279-GO, Primeira Turma, DJ
30/9/2004; e HC 18.610-RJ, Quinta Turma, DJ 4/11/2002.
, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em
5/3/2013.
Questão 46
No que diz respeito ao mandado de segurança individual
e coletivo, levando-se em consideração a legislação de
regência e as súmulas do Superior Tribunal de Justiça e
do Supremo Tribunal Federal aplicáveis, analise as
assertivas abaixo:
I. A concessão de mandado de segurança produz efeitos
patrimoniais em relação a período pretérito à
impetração do writ, sendo dispensável requerimento
administrativo ou judicial para que o ato decisório
concessivo produza efeito no período referido.
II. A sentença ou o acórdão que decidir mandado de
segurança, seja com solução de mérito ou não, impedirá
que o requerente, por ação própria, pleiteie os seus
direitos e os respectivos efeitos patrimoniais.
III. Dentre os requisitos cumulativos previstos pela
jurisprudência sumulada do Superior Tribunal de Justiça
para a aplicação da teoria da encampação no mandado
de segurança, não está a ausência de modificação de
competência estabelecida na Constituição Federal.
IV. O ingresso de litisconsorte ativo não será admitido
após o oferecimento de contestação.
V. Os direitos defendidos por mandado de segurança
coletivo são os direitos difusos, coletivos e individuais
homogêneos.
Quais estão incorretas?
a)Apenas III e V.
b)Apenas I, II e IV.
c)Apenas II, III e IV.
d) Apenas I, II, III e IV.
e) I, II, III, IV e V.
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
Comentários
Gabarito: E
Item I: errado. Súmula 271/STF: Concessão de mandado
de segurança não produz efeitos patrimoniais em
relação a período pretérito, os quais devem ser
reclamados administrativamente ou pela via judicial
própria.
Item II: errado. Art. 19. A sentença ou o acórdão que
denegar mandado de segurança, sem decidir o mérito,
não impedirá que o requerente, por ação própria,
pleiteie os seus direitos e os respectivos efeitos
patrimoniais.
Item III: errado. SÚMULA N. 628/STJ: A teoria da
encampação é aplicada no mandado de segurança
quando presentes, cumulativamente, os seguintes
requisitos: a) existência de vínculo hierárquico entre a
autoridade que prestou informações e a que ordenou a
prática do ato impugnado; b) manifestação a respeito do
mérito nas informações prestadas; e c) ausência de
modificação de competência estabelecida na
Constituição Federal.
Item IV: errado. Art. 10 § 2 O ingresso de litisconsorte
ativo não será admitido após o despacho da petição
inicial.
Item V: errado. Art. 21. Parágrafo único. Os direitos
protegidos pelo mandado de segurança coletivo podem
ser: I - coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei,
os transindividuais, de natureza indivisível, de que seja
titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou
com a parte contrária por uma relação jurídica básica; II
- individuais homogêneos, assim entendidos, para efeito
desta Lei, os decorrentes de origem comum e da
atividade ou situação específica da totalidade ou de
parte dos associados ou membros do impetrante.
Questão 47
O Estado A foi condenado ao pagamento de indenização
por danos morais em favor de João na importância de R$
100.000,00 (cem mil reais). Contra tal sentença, o ente
interpôs recurso de apelação, o qual foi recebido com
efeito suspensivo pelo Tribunal de Justiça. Dias depois da
interposição do recurso, o Estado verificou a existência
de litispendência envolvendo uma outra ação cujas
partes são as mesmas e que apresenta a mesma causa
de pedir e o mesmo pedido, já em fase recursal,
aguardando julgamento de Recurso Especial, no STJ,
interposto por João. A situação verificada foi noticiada e
devidamente demonstrada pelo recorrente nos autos do
recurso interposto no Tribunal de Justiça por meio de
petição suplementar e provas. Diante da situação
hipotética, assinale a alternativa correta.
a)O desembargador relator deverá intimar as partes para
se manifestarem no prazo de cinco dias sobre a matéria.
b)A alegação de litispendência deverá ser rechaçada pelo
relator, pois preclusa.
c)O desembargador relator deverá remeter os autos ao
STJ para análise conjunta.
d)O desembargador relator extinguirá o processo, sem
resolução do mérito, dispensada a intimação das partes
para se manifestarem.
e) O desembargador relator deverá suspender o
julgamento do recurso até que o STJ julgue o recurso
especial.
Comentários
Gabarito: A
Letra a: correta. Art. 933. Se o relator constatar a
ocorrência de fato superveniente à decisão recorrida ou
a existência de questão apreciável de ofício ainda não
examinada que devam ser considerados no julgamento
do recurso, intimará as partes para que se manifestem
no prazo de 5 (cinco) dias. Art. 485. O juiz não resolverá
o mérito quando: V - reconhecer a existência de
perempção, de litispendência ou de coisa julgada; § 3º O
juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos
IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e grau de jurisdição,
enquanto não ocorrer o trânsito em julgado.
Questão 48
João pretende promover ação judicial fundada em
direito real sobre imóvel contra Ana. O imóvel objeto da
lide fica localizado na cidade A. João reside na cidade B e
Ana na cidade C. Cada cidade pertence a uma comarca
diferente. Com base no caso hipotético, assinale a
alternativa correta.
a)Se o litígio recair sobre direito de vizinhança, João
poderá promover a ação no foro da comarca da cidade
C.
b)Se o litígio versar sobre ação possessória, João poderá
ajuizar a demanda na comarca da cidade B.
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
c)Versando o litígio sobre direito de propriedade, João
deverá ajuizar a ação na comarca da cidade A.
d)Havendo foro de eleição, e versando o litígio sobre
direito de servidão, a ação poderá ser ajuizada na
comarca da cidade onde Ana reside.
e)Se o litígio recair sobre divisão e demarcação de terras,
poderá João ajuizar a ação na comarca da cidade B.
Comentários
Gabarito: C
Letra c: correta. Art. 47. Para as ações fundadas em
direito real sobre imóveis é competente o foro de
situação da coisa. § 1º O autor pode optar pelo foro de
domicílio do réu ou pelo foro de eleição se o litígio não
recair sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão,
divisão e demarcação de terras e de nunciação de obra
nova. § 2º A ação possessória imobiliária será proposta
no foro de situação da coisa, cujo juízo tem competência
absoluta.
Questão 49
Sobre a cláusula de eleição de foro no Processo Civil, é
correto alegar que:
a)Só é admitida em contratos de adesão.
b)Não obriga os herdeiros e sucessores das partes.
c)A parte pode alegar a sua abusividade em qualquer
momento do processo antes de proferida a sentença.
d)Se abusiva, pode ser reputada ineficaz pelo juiz antes
da citação.
e)A parte somente pode alegar a sua abusividade na
oportunidade da contestação, mas o juiz pode
reconhecer a sua abusividade em qualquer momento do
processo.
Comentários
Gabarito: D
Letra a: errada. Não há essa previsão legal.
Letra b: errada. O foro contratual obriga os herdeiros e
sucessores das partes (63, §2º, CPC).
Letra c: errada. Citado, incumbe ao réu alegar a
abusividade da cláusula de eleição de foro na
contestação, sob pena de preclusão (art. 63, 4º, CPC).
Letra d: certa. Antes da citação, a cláusula de eleição de
foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz de ofício pelo
juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do
foro de domicílio do réu (art. 63, 3º, CPC)
Letra e: errada. Art. 63, § 3º Antes da citação, a cláusula
de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz
de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos
ao juízo do foro de domicílio do réu.
Questão 50
Analise as assertivas abaixo:
I. O benefício da gratuidade da justiça não exime o autor
da ação rescisória de realizar o depósito prévio de cinco
por cento sobre o valor da causa, mas a exigência não se
aplica ao Município e às suas autarquias.
II. Ao réu revel será facultada a produção de provas ser
comparecer aos autos devidamente representado antes
do encerramento da instrução.
III. Comparecendo o réu aos autos apenas para alegar a
nulidade da citação e sendo acolhida a alegação, o prazo
para contestar será contado da data da intimação da
decisão que decreta a nulidade.
Quais estão corretas?
a)Apenas I.
b)Apenas II.
c)Apenas III.
d)Apenas I e III.
e)Apenas II e III.
Comentários
Gabarito: B
Item I: errado. Art. 968. A petição inicial será elaborada
com observância dos requisitos essenciais do , devendo
o autor: I - cumular ao pedido de rescisão, se for o caso,
o de novo julgamento do processo; II - depositar a
importância de cinco por cento sobre o valor da causa,
que se converterá em multa caso a ação seja, por
unanimidade de votos, declarada inadmissível ou
improcedente. § 1º Não se aplica o disposto no inciso II
à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios,
às suas respectivas autarquias e fundações de direito
público, ao Ministério Público, à Defensoria Pública e aos
que tenham obtido o benefício de gratuidade da justiça.
Item II: certo. Art. 349. Ao réu revel será lícita a produção
de provas, contrapostas às alegações do autor, desde
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
que se faça representar nos autos a tempo de praticar os
atos processuais indispensáveis a essa produção.
Item III: errado. Art. 239. § 1º O comparecimento
espontâneo do réu ou do executado supre a falta ou a
nulidade da citação, fluindo a partir desta data o prazo
para apresentação de contestação ou de embargos à
execução.
DIREITO EMPRESARIAL
Professor Alessandro Sanchez
Questão 51
O Banco Todavia S/A é credor de uma dívida líquida e
certa registrada em Cédula de Crédito Bancário, no valor
de R$ 100.000,00, emitida em 31 de janeiro de 2018,
com vencimento em 31 de janeiro de 2019. O emitente
da Cédula não paga o valor devido à instituição
financeira, que pretende cobrar judicialmente o
montante inadimplido em 31 de janeiro de 2023. Diante
da situação hipotética, é correto afirmar que:
a) o título encontra-se prescrito para sua execução por
ação de natureza cambial. Todavia, o credor poderá
propor ação monitória para sua execução, pois esta
prescreve em cinco anos, a contar do vencimento do
título não pago;
b) o título encontra-se prescrito, não sendo possível a
execução por ação de natureza cambial ou ação
monitória. Todavia, o credor poderá propor ação de
cobrança para sua execução, pois esta prescreve em
cinco anos, a contar da emissão do título;
c) é cabível a execução do título vencido e não pago tanto
por ação de natureza cambial quanto por ação
monitória;
d) o título encontra-se prescrito para sua execução por
ação de natureza cambial. Todavia, o credor poderá
propor ação monitória para sua execução, pois esta
prescreve em cinco anos, a contar da emissão do título;
e) o título encontra-se prescrito para sua execução por
ação de natureza cambial. Todavia, o credor poderá
propor ação monitória para sua execução, pois esta
prescreve em cinco anos, a contar do término do prazo
prescricional para propositura de ação cambial.
Comentários
Gabarito: A
A questão versa de sobre a Cédula de Crédito Bancário e
sua resposta pode ser encontrada na Lei n.o 10.931/04.
A alternativa A está correta, pois o prazo prescricional é
de 3 anos. Podendo o exequente se valer da ação
monitória cujo prazo prescricional é de 5 anos.
A cédula de crédito bancário se submete à regência da
lei 10.931 /04 que em seu artigo 44 dispõe ser aplicável
a legislação cambial naquilo que não contrariar a
especial. Assim, aplica-se ao referido título o prazo
trienal da prescrição para a cobrança pela via executiva,
consoante o artigo 70, do Decreto 57.663 /1966 (AgInt
no AREsp 1508950/SE)
Dessa forma, pelas razões expostas acima, as
alternativas B, C, D, E estão incorretas.
Questão 52
Isa e Ribeiro abriram um curso preparatório para
concursos públicos em uma pacata cidade do interior de
Santa Catarina. Clara não quis se envolver na atividade
constitutiva do objeto social, obrigando-se apenas
perante Ribeiro nos moldes do contrato social. Já
Ribeiro, por se tratar de figura notória e de conceituada
família, optou por contribuir ativamente e ser
reconhecido perante terceiros como o titular do negócio
exercendo a atividade constitutiva do objeto social em
seu nome individual e sob sua própria e exclusiva
responsabilidade. Efetivadas as negociações, foi
elaborado um contrato social com as normas, direitos e
deveres das partes, o qual foi registrado regularmente
no órgão competente.
Sobre a situação apresentada, assinale a afirmativa
correta.
a) Falindo Ribeiro, o contrato social fica sujeito às normas
que regulam os efeitos da falência nos contratos
bilaterais do falido.
b) A falência de Ribeiro acarreta a dissolução da
sociedade e a liquidação da respectiva conta, cujo saldo
constituirá crédito quirografário.
c) O contrato social produz efeito somente entre os
sócios, e a inscrição de seu instrumento em qualquer
registro confere personalidade jurídica à sociedade.
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
d) Isa, sem prejuízo do direito de fiscalizar a gestão dos
negócios sociais, pode tomar parte nas relações de
Francisco com terceiros, sem com ele responder
solidariamente pelas obrigações em que intervier.
e) Falindo Ribero, a desconsideração da personalidade
jurídica é efeito de sua inabilitação.
Comentários
Gabarito: B
Questão 53
Os advogados de doze sociedades empresárias
integrantes de grupo econômico, todas em recuperação
judicial, pleitearam ao juiz da recuperação, em nome de
suas representadas, que fosse autorizada a consolidação
dos ativos e passivos das devedoras, em unidade
patrimonial, de modo que fossem tratados como se
pertencessem a um único devedor.
Considerando-se a existência de parâmetros legais para
análise e eventual deferimento do pedido, é correto
afirmar que:
a) a consolidação pretendida pelas recuperandas poderá
ser apreciada pelo juiz após a homologação do pedido
pela assembleia de credores, que deverá ser convocada
em até trinta dias para deliberar exclusivamente sobre
essa matéria;
b) a consolidação dos ativos e passivos para fins de
votação do plano único de recuperação judicial é medida
excepcional e exclusiva para devedores integrantes do
mesmo grupo econômico que estejam em recuperação
judicial sob consolidação processual;
c) o juiz está autorizado a assentir no pedido de
consolidação de ativos e passivos das recuperandas
apenas quando constatar a ausência de conexão entre
eles e a separação patrimonial, de modo que seja
possível identificar sua titularidade em cada uma das
devedoras;
d) dentre as hipóteses legais a serem verificadas e que
autorizam o deferimento da consolidação de
patrimônios de sociedades em recuperação judicial para
efeito de votação de plano único, estão a inexistência de
garantias cruzadas e a relação de controle ou de
dependência entre as sociedades;
e) para que seja autorizada a consolidação de ativos e
passivos de sociedades em recuperação judicial
integrantes de grupos econômicos deve ficar constatada,
necessariamente, a identidade total ou parcial do quadro
societário das devedoras e a atuação conjunta delas no
mercado.
Comentários
Gabarito: B
Questão 54
A massa falida de Panificadora Itaúna Ltda.,
representada por seu administrador judicial, ajuizou
ação de repetição de indébito em face de Extrema S/A -
Arrendamento Mercantil. O autor pediu a restituição do
Valor Residual Garantido (VRG) pago antecipadamente
durante a vigência do contrato de arrendamento
mercantil e a declaração de nulidade da cláusula que
prevê tal pagamento.
O administrador judicial não usou da faculdade de
manutenção do contrato de arrendamento mercantil,
acarretando sua extinção e retomada da posse do bem
pela arrendadora.
Na contestação, a ré pugnou pela validade da cláusula
que autoriza o pagamento antecipado do VRG e pediu a
improcedência do pedido em razão da extinção do
contrato se dar por culpa exclusiva da devedora, ora
falida.
Com base nas informações do enunciado, assinale a
afirmativa correta.
a) É válida a cobrança antecipada do VRG, uma vez que
não descaracteriza o contrato de arrendamento
mercantil e não deve haver devolução de qualquer valor.
b) Ainda que seja válida a cláusula de cobrança
antecipada do VRG, com a extinção do contrato é devida
a restituição do valor pago antecipadamente, pois o
arrendatário não exercerá a opção de compra do bem.
c) A cobrança do VRG, seja antecipada ou ao final do
contrato, descaracteriza o contrato de arrendamento
mercantil, transformando-o em compra e venda a prazo,
logo é procedente o pedido.
d) A cobrança do VRG deve ocorrer necessariamente ao
final do contrato, sob pena de nulidade da cláusula e
devolução do valor ao arrendatário, logo é procedente o
pedido.
e) Diante do inadimplemento do arrendatário durante a
execução do contrato e sua extinção pela manifestação
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
do administrador judicial, é devida a retenção do VRG
por parte da arrendadora.
Comentários
Gabarito: B
Questão 55
Considere que um Estado, na condição de acionista
controlador em uma sociedade de economia mista,
esteja sendo acusado de abuso de poder de controle em
razão da adoção de um programa de tarifa social para
determinado segmento de usuários, com potencial de
redução dos lucros da companhia em relação às
projeções feitas pelos acionistas minoritários. De acordo
com as disposições do Estatuto Jurídico das Empresas
Estatais (Lei no 13.303/2016) e da Lei das Sociedades
Anônimas (Lei no 6.404/1976), o acionista controlador
da referida sociedade de economia mista
a) não está sujeito à responsabilização por abuso de
poder de controle, podendo orientar livremente a
condução dos negócios da companhia desde que
observado o objeto social estabelecido na lei
autorizativa.
b) estará atuando com abuso de poder de controle caso
tenha orientado, por voto de seus representantes na
Assembleia de Acionistas ou no âmbito do Conselho de
Administração, medida lastreada em política pública que
possa reduzir a lucratividade esperada pelos acionistas
da companhia.
c) estará impedido de votar nas deliberações dos órgãos
estatutários da companhia relativas à implementação de
tal política pública, sob pena de incidir em conduta
abusiva em razão da caracterização de conflito de
interesses.
d) pode orientar os negócios da companhia de acordo
com os objetivos que justificaram sua criação, ainda que
com sacrifício da lucratividade, cabendo explicitar tais
políticas públicas em carta anual subscrita pelos
administradores contendo a indicação do
correspondente impacto econômico-financeiro.
e) somente poderá impor aos demais acionistas da
companhia a redução de lucros decorrente da
implementação da referida política pública, se tal
prerrogativa constar expressamente do estatuto social
ou de acordo de acionistas, sob pena de caracterização
de abuso de poder de controle.
Comentários
Gabarito: D
Nos termos da Lei n. 6.404/1976, o acionista controlador
poderá orientar as atividades da companhia de modo a
atender ao interesse público que justificou a sua criação.
Questão 56
João, membro da Cooperativa Multi, do tipo singular,
ingressou em juízo com ação de responsabilidade civil
em face de um dos diretores da cooperativa, imputando-
lhe a falta de constituição de Fundo de Reserva
destinado a reparar perdas e atender ao
desenvolvimento de suas atividades. As provas dos autos
e depoimentos colhidos no processo mostram ser fato
incontroverso que a cooperativa não tem Fundo de
Reserva.
Diante dessa narrativa e das disposições pertinentes ao
tipo societário, é correto afirmar que:
a) não deve ser reconhecida a responsabilidade do
diretor em razão da dispensa legal da constituição de
Fundo de Reserva por qualquer sociedade cooperativa;
b) deve ser reconhecida a responsabilidade do diretor
em razão de ser obrigatório nas cooperativas o Fundo de
Reserva, constituído com 25%, pelo menos, da receita
operacional bruta;
c) não deve ser reconhecida a responsabilidade do
diretor, pois, ainda que o Fundo de Reserva seja
obrigatório, a competência para sua constituição é
privativa da Assembleia Geral;
d) não deve ser reconhecida a responsabilidade do
diretor, haja vista que a obrigatoriedade da constituição
de Fundo de Reserva se aplica apenas às centrais ou às
federações de cooperativas;
e) deve ser reconhecida a responsabilidade do diretor
em razão de ser obrigatório nas cooperativas o Fundo de
Reserva, constituído com 10%, pelo menos, das sobras
líquidas do exercício.
Comentários
Gabarito: E
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
DIREITO PENAL
Professora Michael Procópio
Questão 57
Foi apresentada notitia criminis a respeito de uma clínica
de massagens, cujas funcionárias, supostamente,
estariam oferecendo serviços sexuais durante as
sessões, havendo, inclusive, uma com 17 anos de idade.
Ao prestar declarações, a gerente da empresa negou ter
conhecimento das atividades. As funcionárias, por sua
vez, alegaram que se trata de prática comum no
ambiente, mas que se dá sem a intervenção ou proveito
por parte da gestora, que se apresenta indiferente à
atividade, embora, diferente do alegado, tenha plena
ciência. Diante do exposto, é correto afirmar que a
gerente da clínica de massagens incorre no crime de:
A) Mediação para servir a lascívia de outrem.
B) Favorecimento da prostituição ou outra forma de
exploração sexual.
C) Casa de prostituição.
D) Rufianismo.
E) Nenhum crime.
Comentários
Para resolvermos a questão, passamos à análise de suas
alternativas.
A Alternativa A está incorreta. Pelo teor das declarações,
não há interferência direta da gerente, razão pela qual,
sua conduta não se enquadra no tipo previsto pelo Art.
227, do Código Penal.
A Alternativa B está incorreta. Embora, à primeira vista,
seja possível enquadrar a conduta como “facilitar” a
prostituição, ocorre que o tipo penal que a especifica não
é o do Art. 228, do Código Penal, mas o Art. 229, da lei
penal, observada a manutenção do estabelecimento,
ainda que não haja mediação direta.
A Alternativa C está correta. Há enquadramento da
conduta nos termos do Art. 229, do Código Penal,
observado que se verifica manutenção de
estabelecimento em que ocorre exploração sexual,
mesmo sem mediação direta ou intuito de lucro por
parte da gerente.
A Alternativa D está incorreta. Não há participação direta
da gerente, pelo teor das declarações, razão pela qual
sua conduta não se enquadra no tipo previsto pelo Art.
230, do Código Penal.
A Alternativa E está incorreta. A gerente incorre no crime
previsto no Art. 229, do Código Penal, “Casa de
prostituição”, conforme explicitado na explicação da
Alternativa C.
Questão 58
João Correia, juiz, nomeou Carla para cargo em comissão
no Fórum de Tubarão/SC, já sabendo, de antemão, que
ela não trabalharia. Ela, na realidade, ficaria auxiliando o
pai, desembargador aposentado, a cuidar de seu
escritório de advocacia. Carla, nomeada, efetivamente
recebeu por 3 meses e não foi trabalhar.
Conforme o entendimento do STJ, assinale a alternativa
correta:
A) João Correia deve responder por prevaricação,
enquanto Carla responde por corrupção.
B) João Correia e Carla devem responder por corrupção,
em concurso de pessoas.
C) João Correia praticou o crime de peculato, enquanto
Carla praticou ato penalmente atípico.
D) João Correia não pode ser responsabilizada, já que
não tipificada a sua conduta, enquanto Carla praticou
peculato.
E) João Correia praticou corrupção passiva privilegiada,
enquanto Carla praticou o crime de peculato.
Comentários
A Alternativa C está correta. É o que tem entendido o STJ.
Quanto ao caso de João Correia, praticou peculato, como
já decidiu a Corte em caso análogo:
““No presente caso, não se verifica atipicidade da
conduta, uma vez que consta dos autos que o recorrente
nomeou terceiros para cargos em comissão em seu
gabinete, sabendo que tais pessoas não exerciam a
função para as quais foram nomeadas, caracterizando,
assim, "funcionários fantasmas". 4. Destaco que o
presente caso é diverso do decidido na Ação Penal n.
475/MT, na qual foi considerado que "servidor público
que se apropria dos salários que lhe foram pagos e não
presta o serviço, não comete peculato" (Apn n.
475/MT...), uma vez que não se trata de apropriação de
salário próprio, mas de nomeação de terceiros para os
cargos em comissão.”
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
(STJ, RHC n. 142.803/SE, relator Ministro Antonio
Saldanha Palheiro, Sexta Turma, julgado em 8/11/2022,
DJe de 11/11/2022)
Quanto à Carla, ela foi nomeada e não foi trabalhar, o
que não caracteriza crime, conforme vem entendendo o
Tribunal:
“No que tange ao crime de peculato, esta Corte Superior
sedimentou que é penalmente atípica a conduta
praticada pelo funcionário público que se apropria da
remuneração inerente ao cargo, sem a devida
contraprestação funcional à Administração, mesmo
caracterizando o que se convencionou chamar de
"funcionário fantasma". Precedentes.” (STJ, EDcl no
AgRg no RHC n. 163.537/RJ, Rel. Min. Messod Azulay
Neto, Quinta Turma, julgado em 26/2/2024, DJe de
29/2/2024.)
Questão 59
A Constituição prevê mandado de criminalização em
relação ao racismo. Ainda assim, esse tipo de delito
continua frequente na sociedade brasileira. Em uma loja
do interior de Rondônia, em Vilhena, o empresário
Mauro decide exigir, para uma vaga de emprego, que a
pessoa tivesse a pele mais clara e cabelos lisos. Diante do
exposto, é correto afirmar que:
A) Mauro cometeu crime previsto na Lei de Racismo,
estando sujeito às penas de multa e de prestação de
serviços à comunidade.
B) Mauro cometeu crime de injúria racial, devendo ser
punido na forma do artigo 140, § 3º, do CP.
C) Mauro cometeu crime previsto no artigo 20 da Lei n.
7.716/1989, punível com a pena de reclusão.
D) Mauro cometeu crime de injúria racial, que exige
representação para a persecução penal.
E) Mauro praticou delito previsto no artigo 4º, § 2º, da
Lei n. 7.716/1989, estando sujeito a pena privativa de
liberdade, cominada cumulativamente com a pena de
multa.
Comentários
A Alternativa A está correta. Apesar de a Constituição
trazer mandado de criminalização quanto ao racismo,
exigindo sua punição com reclusão, o artigo 4º, § 2º, da
Lei n. 7.716/1989, que trata de conduta descrita no
enunciado, não traz essa modalidade de pena, mas sim
multa e prestação de serviços à comunidade:
“§ 2o Ficará sujeito às penas de multa e de prestação de
serviços à comunidade, incluindo atividades de
promoção da igualdade racial, quem, em anúncios ou
qualquer outra forma de recrutamento de
trabalhadores, exigir aspectos de aparência próprios de
raça ou etnia para emprego cujas atividades não
justifiquem essas exigências. “
Questão 60
Lorena supõe estar grávida e conta para o seu namorado.
Ele, então, a incentiva a praticar o aborto. Compram,
então, o medicamento abortivo e Lorena o toma. No
mesmo dia, horas antes de tomar o medicamento, ela
realiza exame de gravidez. Quando sai o resultado,
Lorena descobre que nunca esteve grávida. No entanto,
a mãe do namorado, muito religiosa, relata à polícia o
que fizeram. Assinale a alternativa correta sobre o caso:
A) Lorena pode responder por aborto consentido,
enquanto o namorado responde por aborto com
consentimento da gestante.
B) Lorena deve ser beneficiada pela descriminante
putativa, o que não alcança o namorado, que não
incorreu em erro.
C) Ambos não podem ser responsabilizados por dolo, por
terem incorrido em erro de tipo essencial, podendo,
entretanto, ser punidos a título de culpa.
D) Por terem atuado em erro sobre a ilicitude do fato,
são ambos isentos de pena.
E) Lorena e o namorado não podem ser punidos, haja
vista a inidoneidade da tentativa.
Comentários
A Alternativa E está correta. Por absoluta impropriedade
do objeto, já que Lorena nunca esteve grávida, ambos
incorreram no crime impossível ou tentativa inidônea.
Nos termos do artigo 17 do CP, não podem ser
responsabilizados.
Não houve erro de tipo, pois não houve o
desconhecimento de circunstâncias que o fizeram
cometer uma conduta típica. Houve o oposto: acharam
que cometiam um crime, mas não o podiam praticar.
Não houve erro de proibição, já que esse erro, que recai
sobre a ilicitude do fato, consiste em o agente cometer a
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
conduta típica sob a interpretação equivocada de que
não viola a norma incriminadora. Eles queriam praticar o
delito, sabiam que era algo penalmente ilícito, mas não
havia concepção, de modo que era impossível realizar o
aborto.
Questão 61
Nágila namora Lucas há vários anos, tendo havido
desentendimentos constantes entre os dois. Lucas, para
evitar que Nágila retorne para a cidade de sua família,
sempre diz que vai se matar se ela for, bem como que ela
ficará sozinha para o resto da vida. Além disso,
frequentemente aponta que o seu corpo está
envelhecendo, que ela está fora de forma e que não tem
mais capacidade de seduzir alguém. Nágila, após uma
palestra no local de trabalho, resolve ir ver a família,
narra o ocorrido e procuram a delegacia de política.
Pode-se enquadrar a conduta de Lucas como:
A) Lesão corporal, considerando que a conduta já
demonstra, por si só, o dano à saúde mental da vítima.
B) Violência psicológica contra a mulher.
C) Perseguição.
D) Intimidação sistemática.
E) Ato atípico, por se tratar de briga de casal, dentro dos
limites da liberdade individual.
Comentários
Está correta a Alternativa B.
A Alternativa B está correta. Nos termos do art. 147-B do
CP, o crime de violência psicológica contra a mulher
consiste em causar dano emocional à mulher que a
prejudique e perturbe seu pleno desenvolvimento ou
que vise a degradar ou a controlar suas ações,
comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça,
constrangimento, humilhação, manipulação,
isolamento, chantagem, ridicularização, limitação do
direito de ir e vir ou qualquer outro meio que cause
prejuízo à sua saúde psicológica e autodeterminação. O
componente de violência de gênero demonstra o
enquadramento da conduta.
Não há, no enunciado, referência a dano aferível por
laudo médico, a atrair o tipo da lesão corporal.
Também não se verifica a limitação da liberdade de
locomoção ou, de forma mais específica, uma invasão ou
perturbação da esfera de liberdade ou privacidade. Esse
crime dificilmente pode ser visualizado em uma relação
amorosa existente, já que o perseguidor é aquele que
força a sua presença na vida da vítima. O enunciado
narra uma sujeição à violência, dentro da relação, e não
uma perseguição reiterada.
Não se vislumbra apenas o bullying, a intimidação
sistemática, crime que deve ser considerado subsidiário.
Por fim, não se trata de fato atípico, já que se enquadra
no artigo 147-B do CP.
Questão 62
Em país estrangeiro, foi verificada a existência de um
esquema de destinação de bolsas a brasileiros falecidos.
Os agentes utilizavam os documentos dessas pessoas
para pleitear a concessão de um valor mensal,
inscrevendo-os em um programa estadual de fomento
ao intercâmbio de universitários brasileiros. Diante do
exposto, é correto afirmar que, de acordo com o direito
positivo brasileiro, os autores do referido delito devem
ser punidos pela:
A) Pela lei brasileira, tratando-se de hipótese de
extraterritorialidade incondicionada.
B) Pela lei brasileira, tratando-se de hipótese de
extraterritorialidade condicionada, devendo ser
observados os requisitos do Art. 7º, § 2º, do Código
Penal.
C) Pela lei estrangeira, não se tratando de hipótese de
extraterritorialidade da lei brasileira.
D) Somente pela lei estrangeira, se os autores do delito
não forem brasileiros.
E) Deve ser observado o que diz eventual Tratado ou
Convenção celebrado entre o Brasil e o país estrangeiro.
Comentários
A Alternativa A está correta. Trata-se de hipótese de
extraterritorialidade incondicionada, nos termos do Art.
7º, inciso I, alínea b, do Código Penal: “ Art. 7º - Ficam
sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no
estrangeiro: I - os crimes: b) contra o patrimônio ou a fé
pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de
Território, de Município, de empresa pública, sociedade
de economia mista, autarquia ou fundação instituída
pelo Poder Público”.
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
Questão 63
Em Processo Administrativo Fiscal (PAF), verificou-se que
Pedro apresentou declaração falsa, a fim de eximir-se de
pagar determinado tributo. Ocorre, porém, que por
razões administrativas, o término do PAF e a respectiva
constituição do crédito tributário ocorreram somente
após exatos 4 (quatro) anos de ter sido apresentada a
declaração ao fisco. A respeito do exposto, é correto
afirmar:
A) Ocorreu a extinção da punibilidade pela prescrição,
tendo a consumação do crime ocorrido quando da
apresentação da declaração falsa.
B) Não ocorreu a extinção da punibilidade pela
prescrição, observado que seria necessário que
transcorressem 4 (quatro) anos e 1 (um) dia para a sua
incidência, tendo a consumação do crime ocorrido
quando da apresentação da declaração falsa.
C) O crime se consumou com o término do PAF.
D) O crime se consumou com a constituição do crédito
tributário.
E) Ainda que haja fraude em crimes dessa espécie, não
se pode flexibilizar o entendimento de que somente
pode haver persecução penal após a constituição
definitiva do crédito tributário.
Comentários
A Alternativa D está correta. Estabelece a Súmula
Vinculante nº 24, que crimes contra a ordem tributária
se consumam apenas com a constituição do crédito
tributário.
As Alternativas A e B estão incorretas. Não há que se falar
em prescrição, tendo em vista que a consumação de
crimes contra a ordem tributária se dá quando da
constituição do crédito tributário, nos termos da Súmula
Vinculante nº 24.
A Alternativa C está incorreta. O crime se consuma com
a constituição do crédito tributário, não com o término
do PAF.
A Alternativa E está incorreta. Veja como tem entendido
o STJ: “"4. Na espécie, embora efetivamente não haja
sido constituído o crédito tributário definitivo, isso
somente não ocorreu porque os mecanismos de
apuração na esfera administrativa, disponíveis à
autoridade fiscal, mostraram-se insuficientes para
depurar a engenhosidade, a complexidade e a dimensão
das conjecturadas fraudes que deram ensejo à
sonegação fiscal. Vale dizer, a constituição do crédito
tributário não ocorreu porque a receita estadual não
disporia, no âmbito de sua atuação administrativa, de
mecanismos investigativos somente existentes na seara
penal. 5. Nos casos em que o agente usa de fraude
(ideológica e/ou documental), para supressão ou
redução do imposto, a autoridade administrativa fica
alheia à ação delituosa sem a apreensão dos
documentos falsificados a fraude documental e/ou
emitidos em desacordo com a legislação de regência a
fraude ideológica , pois, por óbvio, sem esses
documentos a Administração Fiscal não tem
conhecimento dos valores supostamente sonegados. 6.
A peculiaridade existente no caso permite, até mesmo
nos casos em que praticadas as condutas previstas no
art. 1º da Lei n. 8.137/1990, a instauração de inquérito
policial ou procedimento investigativo junto ao
Ministério Público, para apuração de crime contra a
ordem tributária antes do encerramento do
procedimento administrativo fiscal. Aqui se configura o
distinguishing usado para justificar a inaplicabilidade de
um precedente em hipótese diversa da que motivou a
confecção de enunciado vinculativo”. (STJ, RHC n.
143.516/RJ, relator Ministro Rogerio Schietti Cruz, Sexta
Turma, julgado em 22/6/2021, DJe de 28/6/2021)
Questão 64
Roberto, após uma discussão durante o expediente
forense, agrediu fisicamente Eduardo, seu colega de
trabalho, deixando-o incapaz para suas ocupações
habituais pelo prazo de 15 (quinze) dias. No caso em tela,
pode-se falar que Roberto incorre no crime de:
A) Lesão corporal simples.
B) Lesão corporal grave.
C) Lesão corporal gravíssima.
D) Vias de fato.
E) Abuso de autoridade.
Comentários
A Alternativa A está correta. A conduta de Roberto é
tipificada pelo Art. 129, caput, do Código Penal.
A Alternativa B está incorreta. Para que fosse
configurada lesão corporal grave, a incapacidade deveria
perdurar por mais de 30 (trinta) dias, nos termos do Art.
129, § 1º, I, do Código Penal.
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
A Alternativa C está incorreta. Para que fosse
configurada lesão corporal gravíssima, a incapacidade
deveria ser permanente, nos termos do Art. 129, § 2º, I,
do Código Penal.
A Alternativa D está incorreta. Trata-se de infração penal
que ameaça a integridade física através da pratica de
atos de ataque ou violência contra pessoa, desde que
não resulte em lesões corporais. São os atos agressivos
de provocação praticados contra alguém. No caso em
tela, houve a lesão propriamente dita.
A Alternativa E está incorreta. Não há relato de uso da
função pública de forma abusiva, nem mesmo de
elemento subjetivo especial do tipo exigido pela Lei de
Abuso de Autoridade. Houve uma briga de colegas de
trabalhando, configurando-se crime contra a
incolumidade pública, a integridade física da vítima.
Questão 65
Sávio tentou realizar depósito de grande quantia em
poupança, na boca do caixa de banco onde mantém
conta. Ocorre que, diante da transação suspeita, o
atendente verificou que as notas estavam marcadas e,
ao chamar o gerente, descobriu-se que o dinheiro
poderia ser fruto de atividade criminosa de tráfico de
drogas. Foi chamada a polícia e realizada investigação,
tendo sido comprovado que o montante era proveniente
de crime. Diante do exposto, além da denúncia por
tráfico de drogas, é correto afirmar que pode o
Ministério Público denunciar Sávio por:
A) Lavagem de dinheiro na modalidade consumada.
B) Lavagem de dinheiro na modalidade tentada.
C) Lavagem de dinheiro na modalidade culposa.
D) Favorecimento real.
E) Receptação.
Comentários
A Alternativa B está correta. Verifica-se que há tentativa
de lavagem de dinheiro, nos termos do Art. 1º, § 3º, da
Lei nº 9.613/1998.
A alternativa A está incorreta. Verifica-se que o crime
ocorreu na modalidade tentada.
A alternativa C está incorreta. Não há, na lei, previsão de
modalidade culposa do referido crime.
A alternativa D está incorreta. O favorecimento real se
configura quando o agente presta a criminoso, fora dos
casos de concurso de agentes ou de receptação, auxílio
destinado a tornar seguro o proveito do crime. É crime
subsidiário e menos sofisticado do que a lavagem de
capitais, que se refere às condutas voltadas ao
mascaramento da origem ilícito dos recursos.
A alternativa E está incorreta. Não há atividade
relacionado à coisa proveniente de crime anterior, mas
sim busca de se ocultar a origem de dinheiro proveniente
de atividade criminosa.
Questão 66
Tiago, às 3 (três) horas da manhã, arrombou o cadeado
da residência de Ulana, adentrando o interior da casa da
vítima. De forma sorrateira e sem fazer barulho, para
evitar que acordasse a família da vítima, que lá dormia,
Tiago subtraiu uma televisão de 52 polegadas, levando-a
consigo. Dez minutos após sair da casa de Ulana, ao ser
abordado por policiais militares, Tiago acabou
confessando a prática delituosa. Diante do exposto, é
correto afirmar que Tiago incorreu no crime de:
A) furto simples com a causa de aumento relativa ao
repouso noturno.
B) furto qualificado.
C) furto qualificado com causa de aumento relativa ao
repouso noturno.
D) tentativa de furto com causa de aumento de pena
relativa ao repouso noturno.
E) tentativa de furto qualificado com causa de aumento
de pena relativa ao repouso noturno.
Comentários
A Alternativa B está correta. O furto praticado por Tiago
foi qualificado em razão do rompimento de obstáculo à
subtração da coisa (art. 155, §4º, I). Não há que se falar
em tentativa, haja vista a consumação do delito já ter
ocorrido, em razão da mera inversão da posse. Nesse
sentido: Tema Repetitivo 934, STJ: “Consuma-se o crime
de furto com a posse de fato da res furtiva, ainda que por
breve espaço de tempo e seguida de perseguição ao
agente, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou
desvigiada.” Com relação ao furto noturno, o STJ firmou
a tese no Tema Repetitivo 1087 que: “A causa de
aumento prevista no § 1° do art. 155 do Código Penal
(prática do crime de furto no período noturno) não
incide no crime de furto na sua forma qualificada (§ 4°).”
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
Questão 67
João praticou crime e pediu ao juízo das execuções a
comutação de pena. O juiz negou, entendendo que o
delito não era suscetível de tal benesse. No entanto, em
grau recursal, o Tribunal observou que era sim possível
que o executado se beneficiasse do decreto presidencial
que lhe concedia comutação de pena. Logo, é possível
concluir que João está cumprimento pena pela prática
de:
A) lesão corporal dolosa de natureza grave (Art. 129, §
1º) quando praticada contra integrante do sistema
prisional.
B) Extorsão mediante sequestro (Art. 159, caput).
C) Estupro (Art. 213, caput e §§ 1º e 2º).
D) Falsificação de produto medicinal (Art. 273, caput).
E) Epidemia com resultado morte (art. 267, § 1º).
Comentários
As alternativas trazem crimes previstos na Lei nº
8.072/1990, classificados como hediondos e, nos termos
do Art. 2º, do mesmo diploma, insuscetíveis de anistia,
graça e indulto, e fiança. A comuntação é o indulto
parcial, que leva à diminuição da pena imposta. Dentre
as alternativas, a única que não contempla um crime
hediondo ou equiparado é a alternativa A, uma vez que
a lesão corporal quando praticada contra integrante do
sistema prisional que é considerada hedionda é a dolosa
de natureza gravíssima (Art. 129, § 2º), e não grave (Art.
129, § 1º). Sendo assim, está correta a Alternativa A.
Questão 68
Valter, de 18 anos, namora com Zélia, de 13, com a
autorização dos pais desta. Ocorre que Valter tem a
pretensão de se relacionar sexualmente com Zélia. Após
pedir a permissão do pai e da mãe da garota, os quais
incentivam a filha a desenvolver intimidade com o
namorado, Valter leva a namorada para um jantar
romântico, ao final do qual os dois acabam tendo
relações. Diante do exposto, é correto afirmar:
A) Valter incorreu no crime de estupro de vulnerável, não
sendo imputadas condutas criminosas aos pais de Zélia.
B) Valter incorreu no crime de estupro de vulnerável,
sendo os pais de Zélia considerados coautores.
C) Valter incorreu no crime de estupro de vulnerável,
tendo os pais de Zélia incorrido no crime de corrupção
de menores.
D) À conduta de Valter se aplica a excludente de ilicitude
de exercício regular de direito, não sendo imputadas
quaisquer infrações penais aos pais de Zélia.
E) Não há condutas típicas no caso em análise, em razão
do relacionamento amoroso entre Zélia e Valter.
Comentários
Valter incorreu no crime de estupro de vulnerável,
previsto no Art. 213, § 1º, do Código Penal. Não há que
se falar de excludente de ilicitude no caso concreto. Os
pais de Zélia, por sua vez, diante do incentivo,
incorreram no crime de corrupção de menores, previsto
no Art. 218, do Código Penal. Sendo assim, está correta
a Alternativa C.
Ainda que haja divergência doutrinária, não se colocou
como hipótese a participação dos pais de Zélia no
estupro de vulnerável. Coautoria não houve, por
ausência de realização conjunta do ato libidinoso.
DIREITOS HUMANOS
Professor Ricardo Torques
Questão 69
Em 2011, o Conselho de Direitos Humanos das Nações
Unidas aprovou os Princípios Orientadores sobre
Empresas e Direitos Humanos. Esses princípios são
conhecimentos como Princípios Ruggie, em homenagem
a John G. Ruggie, que foi Representante Especial do
Secretário-Geral da ONU para Empresas e Direitos
Humanos. Em relação aos referidos princípios e a
temática dos direitos humanos nas empresas, assinale a
alternativa incorreta:
a) Os Estados devem promover o respeito aos direitos
humanos por parte das empresas com as quais realizam
transações comerciais.
b) Os Estados devem manter um marco normativo
nacional adequado a fim de assegurar o cumprimento de
suas obrigações de direitos humanos ao firmar acordos
políticos sobre atividades empresariais com outros
Estados ou empresas, por exemplo, por meio de tratados
ou contratos de investimento.
c) A responsabilidade das empresas de respeitar os
direitos humanos refere-se aos direitos humanos
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
internacionalmente reconhecidos – entendidos, no
mínimo, como aqueles expressos na Carta Internacional
de Direitos Humanos e os princípios de direitos
fundamentais estabelecidos na Declaração da
Organização Internacional do Trabalho sobre os
Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho.
d) A responsabilidade das empresas de respeitar os
direitos humanos aplica-se a todas as empresas,
independentemente de seu tamanho, setor, contexto
operacional, proprietário e estrutura, de modo que a
magnitude e a complexidade dos meios pelos quais as
empresas cumprem com essa responsabilidade não
podem variar de acordo com esses fatores.
e) Os Estados devem adotar as medidas apropriadas para
assegurar a eficácia dos mecanismos judiciais nacionais
ao tratarem de violações a direitos humanos
relacionadas às atividades empresariais, especialmente
considerando formas de reduzir os obstáculos jurídicos,
práticos e de outras naturezas que possam levar a uma
negação do acesso aos mecanismos de reparação
Comentários
Gabarito: D
Atente-se, uma vez que era necessário assinalar a
alternativa incorreta.
A alternativa A está CERTA. Trata-se do princípio 6.
Princípio 6. Os Estados devem promover o respeito aos
direitos humanos por parte das empresas com as quais
realizam transações comerciais.
A alternativa B está CERTA. Trata-se do princípio 9.
Princípio 9. Os Estados devem manter um marco
normativo nacional adequado a fim de assegurar o
cumprimento de suas obrigações de direitos humanos ao
firmar acordos políticos sobre atividades empresariais
com outros Estados ou empresas, por exemplo, por meio
de tratados ou contratos de investimento.
A alternativa C está CERTA. Trata-se do princípio 12.
Princípio 12. A responsabilidade das empresas de
respeitar os direitos humanos refere-se aos direitos
humanos internacionalmente reconhecidos – judiciário não implicaria no fortalecimento dos direitos
entendidos, no mínimo, como aqueles expressos na
Carta Internacional de Direitos Humanos e os princípios
de direitos fundamentais estabelecidos na Declaração da
Organização Internacional do Trabalho sobre os
Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho.
A alternativa D está ERRADA. Embora a primeira parte da
assertiva esteja certa, o final está em desacordo com a
norma do enunciado. Isso porque, segundo consta no
princípio 14, a magnitude e a complexidade dos meios
pelos quais as empresas cumprem com essa
responsabilidade pode variar em função desses fatores e
da gravidade dos impactos adversos das empresas nos
direitos humanos. Nesse sentido:
Princípio 14. A responsabilidade das empresas de
respeitar os direitos humanos aplicase a todas as
empresas, independentemente de seu tamanho, setor,
contexto operacional, proprietário e estrutura. Contudo,
a magnitude e a complexidade dos meios pelos quais as
empresas cumprem com essa responsabilidade pode
variar em função desses fatores e da gravidade dos
impactos adversos das empresas nos direitos humanos.
A alternativa E está CERTA. Trata-se do princípio 26.
Princípio 26. Os Estados devem adotar as medidas
apropriadas para assegurar a eficácia dos mecanismos
judiciais nacionais ao tratarem de violações a direitos
humanos relacionadas às atividades empresariais,
especialmente considerando formas de reduzir os
obstáculos jurídicos, práticos e de outras naturezas que
possam levar a uma negação do acesso aos mecanismos
de reparação.
Questão 70
Para além de questões meramente inter partes e de
interesses privados, na atualidade os processos judiciais
abordam temas específicos e muitas vezes sensíveis que
colocam em choque a noção de democracia e a proteção
de direitos humanos. Diante do exposto e considerando
o papel do poder judiciário em relação aos direitos
humanos, assinale a alternativa correta:
a) Não há interdependência entre o livre acesso à justiça,
a independência judicial e o direito à prestação
jurisdicional efetiva.
b) Considerando a sua função contra majoritária, a
redução da distância entre a população e o poder
humanos.
c) Enquanto instrumento concretizador das liberdades
constitucionais e dos direitos fundamentais, é dever dos
órgãos públicos - aí incluídos os juízes e os tribunais -
respeitar e promover a efetivação dos direitos humanos.
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
d) O Poder Judiciário tem por vocação apenas a proteção
de direitos e não a sua expansão ou ampliação diante das
novas realidades sociais.
e) No confronto entre a democracia, enquanto vontade
da maioria, e a proteção de direitos fundamentais, deve
prevalecer a primeira.
Comentários
Gabarito: C
A alternativa A está ERRADA. Segundo a doutrina de
Flávia Piovesan, os três aspectos são interdependentes:
Tendo em vista a historicidade dos direitos humanos e
considerando a fixação de parâmetros protetivos
mínimos afetos à dignidade humana, com destaque à
Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948, ao
Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e à
Convenção Americana de Direitos Humanos, no que se
refere ao direito à proteção judicial destacam-se três
dimensões:
a) o direito ao livre acesso à justiça;
b) a garantia da independência judicial (direito de toda
pessoa ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de
um prazo razoável, por um juiz ou Tribunal competente,
independente e imparcial, nos termos do art. 8º da
Convenção Americana de Direitos Humanos; do art. 14
do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e do
art. 10 da Declaração Universal); e
c) o direito à prestação jurisdicional efetiva, na hipótese
de violação a direitos (direito a remédios efetivos).
Essas três dimensões – o direito ao livre acesso à justiça;
a garantia de independência judicial; e o direito à
prestação jurisdicional efetiva – devem ser conjugadas,
mantendo uma relação de interdependência,
condicionalidade e indissociabilidade. Note-se que no
Estado Democrático de Direito há o monopólio da função
jurisdicional pelo Poder Judiciário, que, enquanto poder
desarmado, tem a última palavra. (PIOVESAN, Flávia.
Temas de direitos humanos. Editora Saraiva, 2023)
A alternativa B está ERRADA. Em relação ao tema
"Desafios e Perspectivas para o Fortalecimento do Poder
Judiciário na Proteção dos Direitos Humanos", Flávia
Piovesan (PIOVESAN, Flávia. Temas de direitos humanos.
Editora Saraiva, 2023) aponta a existência de sete
desafios e perspectivas para o fortalecimento do poder
judiciário na referida proteção. São eles:
1) Ampliar e democratizar o acesso ao Poder Judiciário;
2) Reduzir a distância entre a população e o Poder
Judiciário
3) Otimizar a litigância como uma estratégia jurídico-
política de proteção dos direitos humanos
4) Democratizar os órgãos do Poder Judiciário e
fortalecer o controle social quanto à composição de seus
órgãos de cúpula
5) Sistematizar dados estatísticos visando aprimorar a
prestação jurisdicional
6) Assegurar a observância de standards jurisdicionais no
âmbito federativo brasileiro
7) Encorajar a aplicação dos instrumentos internacionais
de proteção dos direitos humanos
Percebe-se, desse modo, que o item “2” supracitado
aponta, a redução da distância entre a população e o
poder judiciário pode levar ao fortalecimento da
proteção dos direitos humanos, contrariando a assertiva.
Sobre o tema, as lições da doutrinadora:
“O incipiente grau de provocação do Poder Judiciário
para demandas envolvendo a tutela dos direitos
humanos no Brasil reflete ainda um “estranhamento
recíproco” entre a população e o Poder Judiciário, tendo
em vista que ambos apontam o distanciamento como
um dos maiores obstáculos para a prestação
jurisdicional. De acordo com pesquisa realizada pela
IUPERJ/ABM, 79,5% dos juízes entendem que uma
dificuldade do Judiciário considerada essencial está
radicada no fato de ele se encontrar distante da maioria
da população. No mesmo sentido, pesquisas conduzidas
não apenas no Brasil, mas na Argentina, Peru e Equador,
evidenciam que 55% a 75% da população apontam para
o problema da inacessibilidade do Judiciário675. Esse
“estranhamento recíproco” tem implicado um reduzido
universo de demandas submetidas ao Poder Judiciário a
respeito dos direitos humanos”.
A alternativa C está CERTA. No voto relacionado à
impossibilidade de prisão do depositário infiel no atual
ordenamento jurídico, o ex-ministro do STF, Celso de
Mello bem esclarece a questão:
“É dever dos órgãos do Poder Público – e notadamente
dos juízes e Tribunais - respeitar e promover a efetivação
dos direitos garantidos pelas Constituições dos Estados
nacionais e assegurados pelas declarações
internacionais, em ordem a permitir a prática de um
constitucionalismo democrático aberto ao processo de
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
crescente internacionalização dos direitos básicos da
pessoa humana. (...) O respeito e a observância das
liberdades públicas impõem-se ao Estado como
obrigação indeclinável, que se justifica pela necessária
submissão do Poder Público aos direitos fundamentais
da pessoa humana”.
A alternativa D está ERRADA. É incorreto limitar a
atuação do poder judiciário apenas à proteção dos
direitos humanos, vez que estes estão em constante
evolução, que também deve ser observada pelos juízes e
tribunais. Nesse sentido as lições de Flávia Piovesan:
“É nesse contexto que há que se ampliar a litigância
orientada por casos emblemáticos de elevado impacto
social, capaz de fomentar transformações sociais na
esfera das políticas públicas e da reforma legislativa, com
o intenso envolvimento dos movimentos sociais.
Há, ainda, que se introjetar a consciência social de que o
Poder Judiciá-rio não tem apenas por vocação proteger
direitos, mas também expandi-los e ampliá-los,
vivificando os direitos fundamentais consagrados na
Constituição Federal, e não fossilizando-os. Para tanto,
ressalta-se a relevância da interpretação evolutiva e
dinâmica, que leve em consideração as transformações
sociais, os novos fatos e os novos valores.
Nesse sentido, devem ser estimulados programas de
capacitação e sensibilização a respeito do uso do Direito
em prol do interesse público, sob a perspectiva dos
direitos humanos, aos operadores do Direito
(advogados, defensores, promotores, juízes), com
especial atenção aos membros do Poder Judiciário, para
que este se torne um poder mais aberto, próximo e
socialmente responsável, transformando-se em um
locus de afirmação de direitos, em defesa do interesse
público.”
A alternativa E está ERRADA. Na realidade, a função
contra majoritária no âmbito do STF tem demonstrado a
prevalência da proteção dos direitos fundamentais.
Vejamos alguns exemplos citados por Flávia Piovesan:
“A agenda de direitos humanos tem sido lançada com
intensidade na esfera do STF, apontando para a
extraordinária responsabilidade do Poder Judiciário na
promoção desses direitos, por vezes trunfos de minorias
em face do arbítrio de conjunturas majoritárias, como
atenta Ronald Dworkin. A título de exemplo, merecem
destaque emblemáticas decisões proferidas pelo STF a
respeito: a) da constitucionalidade do uso de células-
tronco embrionárias para fins de pesquisa científica, em
maio de 2008; b) do reconhecimento constitucional das
uniões homoafetivas, em maio de 2011; c) da
constitucionalidade da Lei “Maria da Penha” de
prevenção e combate à violência contra a mulher, em
fevereiro de 2012; d) da constitucionalidade de leis
instituidoras de cotas raciais, em abril de 2012; e e) da
possibilidade de antecipação terapêutica do parto em
casos de anencefalia fetal, em 2012, entre outros
temas”.
Questão 71
Tramita no âmbito da Vara X da comarca Y, ação de
reintegração de posse ajuizada por Caio, rico fazendeiro,
em que pretende a retirada dos integrantes da
comunidade indígena Z que estariam ocupando as terras
que alegam ser suas oriunda de contrato de compra e
venda. Afirma ser o real possuidor da localidade e
requereu a procedência do pleito a fim de ser
reintegrado. Considerando o regramento jurídico de
proteção à população indígena, bem como aos
entendimentos da Corte Interamericana de Direitos
Humanos e do Supremo Tribunal Federal, assinale a
alternativa correta:
a) Os povos indígenas não serão removidos à força de
suas terras ou territórios. Nenhum traslado se realizará
sem o consentimento livre, prévio e informado dos
povos indígenas interessados e sem um acordo prévio
sobre uma indenização justa e equitativa e, sendo
vedada a opção de regresso.
b) A Corte Interamericana de Direitos Humanos tem
reiteradamente decidido que o texto da Convenção
Americana de Direitos Humanos (CADH) não abrange a
proteção da propriedade comunal dos povos indígenas
em suas peculiaridades.
c) A posse indígena espelha o habitat de uma
comunidade, a desaguar na própria formação da
identidade, à conservação das condições de
sobrevivência e do modo de vida indígena, não se
distinguindo da posse civil.
d) As terras indígenas configuram-se como res extra
commercium, em respeito à natureza pública e afetada
à manutenção do bem-estar indígena, razão pela qual
são inalienáveis, indisponíveis, e os direitos sobre elas,
imprescritíveis.
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
e) Ainda que ausente ocupação tradicional indígena ao
tempo da promulgação da Constituição Federal ou
renitente esbulho na data da promulgação da
Constituição, são inválidos e eficazes, os atos e negócios
jurídicos perfeitos e a coisa julgada relativos a justo título
ou posse de boa-fé das terras de ocupação tradicional
indígena, não assistindo ao particular direito à justa e
prévia indenização das benfeitorias necessárias e úteis,
pela União.
Comentários
Gabarito: D
A alternativa A está INCORRETA. Não há vedação da
opção de regresso. Sobre o tema, dispõe a Declaração
das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos
Indígenas:
Artigo 10. Os povos indígenas não serão removidos à
força de suas terras ou territórios. Nenhum traslado se
realizará sem o consentimento livre, prévio e informado
dos povos indígenas interessados e sem um acordo
prévio sobre uma indenização justa e eqüitativa e,
sempre que possível, com a opção do regresso.
A alternativa B está INCORRETA. A interpretação da
CorteIDH é no sentido contrário. Sobre o tema, vejamos
as lições da doutrina:
13.2.2. Ampliação do conceito de propriedade previsto
no art. 21 da CADH: a proteção da propriedade comunal
dos povos indígenas. O ponto chave do Caso Awas Tingni
vs. Nicarágua é, sem sombra de dúvida, o
reconhecimento da propriedade comunal dos povos
indígenas. A Corte IDH, ao analisar o direito de
propriedade previsto no art. 21 da CADH, conferiu
interpretação evolutiva ao dispositivo, reconhecendo
que, além do direito à propriedade privada, o texto da
Convenção também abrange a proteção da propriedade
comunal dos povos indígenas em suas peculiaridades.
Nesse sentido, decidiu a Corte Interamericana que
"Através de uma interpretação evolutiva dos
instrumentos internacionais de proteção de direitos
humanos, levando em consideração as normas de
interpretação aplicáveis e, conforme o artigo 29.b da
Convenção - que proíbe uma interpretação restritiva dos
direitos -, esta Corte considera que o artigo 21 da
Convenção protege o direito à propriedade num sentido
que compreende, entre outros, os direitos dos membros
das comunidades indígenas no contexto da propriedade
comunal, a qual também está reconhecida na
Constituição Política da Nicarágua" (Mérito, reparações
e custas, § 148). (PAIVA, Caio; HEEMANN, Thimotie
Aragon. Jurisprudência internacional de direitos
humanos: revista, atualizada e ampliada. 3. ed. Cei,
2020)
A alternativa C está ERRADA. A posse da população
indígena se distingue da civil. Sobre o tema, decidiu o
STF:
STF: (...) 6. A posse indígena espelha o habitat de uma
comunidade, a desaguar na própria formação da
identidade, à conservação das condições de
sobrevivência e do modo de vida indígena, distinguindo-
se da posse civil, de feição marcadamente econômica e
mercantil.”(RE 1017365, Relator(a): EDSON FACHIN,
Tribunal Pleno, julgado em 27-09-2023, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-s/n DIVULG 14-02-2024 PUBLIC 15-02-
2024)
A alternativa D está CERTA. Trata-se do que restou
decidido pelo STF no âmbito do RE 1017365
STF: (...) 13. As terras indígenas configuram-se como res
extra commercium, em respeito à natureza pública e
afetada à manutenção do bem-estar indígena, razão pela
qual, nos termos do §4º do artigo 231 do texto
constitucional, são inalienáveis, indisponíveis, e os
direitos sobre elas, imprescritíveis. RE 1017365,
Relator(a): EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em
27-09-2023, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-s/n DIVULG
14-02-2024 PUBLIC 15-02-2024)
A alternativa E está ERRADA, contrariando o que restou
decidido pelo STF no âmbito do RE 1017365:
STF: IV – Existindo ocupação tradicional indígena ou
renitente esbulho contemporâneo à promulgação da
Constituição Federal, aplica-se o regime indenizatório
relativo às benfeitorias úteis e necessárias, previsto no
§6º do art. 231 da CF/88; V – Ausente ocupação
tradicional indígena ao tempo da promulgação da
Constituição Federal ou renitente esbulho na data da
promulgação da Constituição, são válidos e eficazes,
produzindo todos os seus efeitos, os atos e negócios
jurídicos perfeitos e a coisa julgada relativos a justo título
ou posse de boa-fé das terras de ocupação tradicional
indígena, assistindo ao particular direito à justa e prévia
indenização das benfeitorias necessárias e úteis, pela
União; e quando inviável o reassentamento dos
particulares, caberá a eles indenização pela União (com
direito de regresso em face do ente federativo que
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
titulou a área) correspondente ao valor da terra nua,
paga em dinheiro ou em títulos da dívida agrária, se for
do interesse do beneficiário, e processada em autos
apartados do procedimento de demarcação, com
pagamento imediato da parte incontroversa, garantido o
direito de retenção até o pagamento do valor
incontroverso, permitidos a autocomposição e o regime
do §6º do art. 37 da CF;

Assim, não basta a assinatura.

Questão 72
Determinada demanda judicial tem como pano de fundo
o Tratado Internacional de Direitos Humanos X. Para
resolver a lide será necessário perpassar pela análise do
tratado, como seus requisitos materiais, formais e de
compatibilidade hierárquica com a ordem jurídica
interna. Na referida situação, é correto afirmar que:
a) Para ser incorporado no âmbito interno, basta que o
tratado internacional tenha sido assinado.
b) Os tratados internacionais são assinados pelo
Presidente da República no exercício da chefia de
governo.
c) Por se tratar de ato privativo do Presidente da
República e no exercício da chefia de estado, a
celebração de um tratado internacional não está sujeita
a referendo do Congresso Nacional.
d) Resolver definitivamente sobre tratados
internacionais que acarretem encargos ou
compromissos gravosos ao patrimônio nacional é
competência do Presidente da República.
e) Caso o tratado internacional de direitos humanos
tenha sido aprovado, em cada casa do congresso
nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos
respectivos membros, ele será equivalente às emendas
constitucionais.
Comentários
Gabarito: E
A alternativa A está ERRADA. Vejamos as 4 fases de
internalização:
A alternativa B está ERRADA. Os tratados internacionais
são assinados, no Brasil, pelo Presidente da República no
exercício da Chefia de Estado, conforme art. 84, VIII, da
Constituição Federal:
CRFB/88. Art. 84. Compete privativamente ao Presidente
da República: (...) VIII - celebrar tratados, convenções e
atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso
Nacional; (...).
A alternativa C está ERRADA. Nos termos do supracitado
artigo 84, VII, a incorporação estará sujeita a referendo
do congresso nacional.
A alternativa D está ERRADA. Trata-se de competência
do CONGRESSO NACIONAL.
CRFB/88. Art. 49. É da competência exclusiva do
Congresso Nacional:
I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou
atos internacionais que acarretem encargos ou
compromissos gravosos ao patrimônio nacional; (...).
A alternativa E está CERTA. Trata-se do disposto na
Constituição Federal.
CRFB/88. Art. 5º. (...) § 3º Os tratados e convenções
internacionais sobre direitos humanos que forem
aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em
dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, serão equivalentes às emendas
constitucionais.
Questão 73
A Convenção Americana de Direitos Humanos de 1969
(pacto de san josé da costa rica) estabelece que "No
tocante às disposições relativas às matérias que
correspondem à competência das entidades
componentes da federação, o governo nacional deve
tomar imediatamente as medidas pertinente, em
conformidade com sua constituição e suas leis, a fim de
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
que as autoridades competentes das referidas entidades
possam adotar as disposições cabíveis para o
cumprimento desta Convenção." O referido dispositivo
se traduz na noção de:
a) Cláusula Federal.
b) Cláusula de inviolabilidade.
c) Cláusula de irresponsabilidade.
d) Cláusula pro homine.
e) Cláusula de solidariedade.
Comentários
Gabarito: A
Trata-se da denominada cláusula federal.
CADH. Artigo 28. Cláusula federal
1. Quando se tratar de um Estado Parte constituído
como Estado federal, o governo nacional do aludido
Estado Parte cumprirá todas as disposições da presente
Convenção, relacionadas com as matérias sobre as quais
exerce competência legislativa e judicial.
2. No tocante às disposições relativas às matérias que
correspondem à competência das entidades
componentes da federação, o governo nacional deve
tomar imediatamente as medidas pertinente, em
conformidade com sua constituição e suas leis, a fim de
que as autoridades competentes das referidas entidades
possam adotar as disposições cabíveis para o
cumprimento desta Convenção.
3. Quando dois ou mais Estados Partes decidirem
constituir entre eles uma federação ou outro tipo de
associação, diligenciarão no sentido de que o pacto
comunitário respectivo contenha as disposições
necessárias para que continuem sendo efetivas no novo
Estado assim organizado as normas da presente
Convenção.
Sobre o tema, leciona a doutrina de André de Carvalho
Ramos:
“No caso brasileiro, não poderia o Brasil alegar não ter
responsabilidade sobre um ato de um Estado-membro
ou município da Federação brasileira. É o Estado como
um todo que possui personalidade jurídica de Direito
Internacional, não podendo, como é óbvio, alegar óbice
de direito interno para se eximir de sua responsabilidade
(Corte Interamericana de Direitos Humanos, Parecer
Consultivo sobre o direito à informação sobre a
assistência consular em relação às garantias do devido
processo legal, Parecer Consultivo n. 16/99, de 1º-10-
1999, Série A, n. 16).”
Assim, correta a alternativa A.
Questão 74
Ao analisar um incidente de deslocamento de
competência, o tribunal competente se deparou com as
seguintes teses: (a) “A criação do incidente de
deslocamento agride o princípio do juiz natural sob a
vertente de proibição de criação de juízo ex post facto”;
(b) o Procurador-Geral da República tem a faculdade de
suscitar o deslocamento quando preenchidos os
requisitos estabelecidos constitucionalmente; (c) Se é a
própria Constituição que estabelece, expressamente, a
competência da Justiça Federal, não há óbice de que
emenda constitucional disponha sobre o deslocamento
de competência em determinados casos. De acordo com
o entendimento do Supremo Tribunal Federal, dntre as
teses, está(ão) correta(s):
a) Apenas a tese a.
b) Apenas a tese b.
c) Todas as teses.
d) Nenhuma das teses.
e) Apenas a tese c.
Comentários
Gabarito: E
Dentre as teses, apenas a “c” está CERTA.
Tese A – ERRADA. Não há agressão ao princípio do juiz
nacional.
STF - ADI 3486. 10. A criação do incidente de
deslocamento não agride o princípio do juiz natural sob
a vertente de proibição de criação de juízo ex post facto
ou direcionado a caso específico, já que se trata de regra
abstrata de competência estabelecida previamente ao
fato delituoso. As investigações e os processos versados
sobre delitos cometidos anteriormente à edição da EC nº
45/04 não podem ser objeto do incidente de
deslocamento de competência. (...) (ADI 3486,
Relator(a): DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 12-
09-2023, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-s/n DIVULG 13-
11-2023 PUBLIC 14-11-2023).
Tese B – ERRADA. Nos termos do que decidiu o STF na
ADI 3486, trata-se de um PODER-DEVER:
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
STF – ADI 3486. ”. 13. Sob o prisma da máxima
legitimidade institucional, o Procurador-Geral da
República, em consonância com sua importante missão
constitucional, entre outras nobres atribuições, tem o
dever-poder de suscitar o deslocamento quando
preenchidos os requisitos estabelecidos
constitucionalmente. Ademais, o juízo do Procurador-
Geral da República, em última análise, submete-se ao
crivo do colegiado do Superior Tribunal de Justiça, cuja
apreciação se pauta por critérios jurídicos, e não
políticos, o que afasta a alegação de que pode haver
arbitrariedade em sua formulação. (...) (ADI 3486,
Relator(a): DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 12-
09-2023, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-s/n DIVULG 13-
11-2023 PUBLIC 14-11-2023).
TESE C- CERTA. É o que decidiu o STF na referida ADI:
9. A Justiça Federal, cujo plexo de competências
jurisdicionais está definido na Carta de 1988 (art. 109), é,
destarte, instância legitimada e regularmente
estruturada em nível constitucional. Se é a própria
Constituição que estabelece, expressamente, a
competência da Justiça Federal, não há óbice de que
emenda constitucional disponha sobre o deslocamento
de competência em determinados casos. (ADI 3486,
Relator(a): DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 12-
09-2023, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-s/n DIVULG 13-
11-2023 PUBLIC 14-11-2023).
Correta, portanto, a alternativa E.
FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
Professor Jean Vilbert
Questão 75
O direito deriva de diversas fontes, tais como práticas
sociais, interpretações judiciais consolidadas, noções de
justiça e igualdade preservadas no tempo, contribuições
intelectuais e mesmo a atividade burocrática do Estado.
Na hora de decidir os casos concretos, os juízes hão de
considerar:
a) A Doutrina como produto trabalho intelectual de
teóricos e juristas que discutem aspectos variados do
direito e das ciências humanas, enquanto as Leis em
sentido estrito são conjuntos de normas estabelecidas
por entidades legislativas e administrativas oficiais.
b) Costumes são entendidos como práticas sociais que,
por serem repetidas e amplamente aceitas, geram um
senso de obrigatoriedade, contrastando com a
equidade, que ajusta a aplicação de normas visando a
justiça em casos gerais.
c) Jurisprudência é caracterizada pela compilação de
decisões judiciais que, ao interpretarem as leis de
maneira unânime e consistente, estabelecem
precedentes para casos futuros, diferentemente dos
costumes, que são baseados na prática social
continuada.
d) Equidade é o princípio que busca a justiça idealizada,
ainda que flexível, ajustando a lei às necessidades
específicas de um caso, ou até mesmo afastando-a, em
contraponto aos costumes, que são práticas tradicionais
que podem evoluir para normas oficiais.
e) Leis, doutrina, e jurisprudência são reconhecidas
como fundamentos jurídicos diretos do direito,
enquanto a equidade é vista como uma ferramenta
interpretativa que assegura justiça, e os Costumes
emergem de práticas sociais estabelecidas.
Comentários
Comentário Longo:
O que te vem à cabeça ao pensar em uma fonte? A
estátua do anjinho no parque, fazendo xixi em uma bacia
(como a Manneken Piss em Bruxelas)? Talvez uma visão
mais comportada, estilo fonte dos desejos (cheia de
moedinhas)... Boa! Essa é a ideia. Fonte é de onde algo
brota, surge, tem origem. As fontes do direito nada mais
são do que isso: de onde vêm as normas de conduta. De
modo mais técnico: são os modos de manifestação
(exteriorização) das normas jurídicas.
É possível dividir as fontes em formais e materiais. Fonte
formal: forma pela qual o direito se manifesta;
instrumento utilizado para regular as condutas em
sociedade e para solucionar eventuais conflitos (leis,
costumes, princípios gerais do direito). Fonte material:
fatores que interferem e condicionam a formação das
normas (implicam o conteúdo das fontes formais); são as
razões para que as fontes formais possuam determinado
conteúdo (ex: razão política, ideológica, econômica,
etc.).
A questão em apreço trata justamente de compreender
essas classificações e o conceito das fontes:
A Opção A erra ao indicar que as leis são formuladas por
"entidades [...] administrativas", quando na verdade são
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
criadas por legisladores – ao menos lei em sentido
estrito.
A Opção B mandou mal ao não considerar que a
equidade é a justiça do caso CONCRETO (não geral).
A Opção C se equivoca ao usar o termo unânime. Imagina
se realmente precisássemos de unanimidade para
formar juris...
A Opção D é exata. Equidade pode ser flexibilização ou
afastamento da lei. Costumes são práticas que avançam
no tempo por repetição e senso de obrigatoriedade,
muitas vezes sendo depois formalizados.
A opção embora informativa, já que introduz uma nova
perspectiva, esclarecendo a distinção entre normas
diretas e indiretas, falha precisamente ao citar a doutrina
como fonte direta. A jurisprudência vem avançando para
se tornar realmente fonte imediata do direito, mas a
doutrina ainda é fonte mediata (indireta).
Comentário Curto:
Equidade é justiça no caso concreto e costumes são
práticas sociais repetidas e com senso de
obrigatoriedade.
Gabarito: D
Questão 76
Um desafio complexo para os juízes é a questão das
antinomias, que ocorrem quando há conflitos entre
normas dentro de um mesmo ordenamento jurídico.
Norberto Bobbio, em sua obra “Teoria do Ordenamento
Jurídico”, destaca que duas condições específicas
precisam ser atendidas para a ocorrência de uma
antinomia. Identifique qual das seguintes opções
descreve corretamente estas condições:
a) As normas em conflito devem fazer parte do mesmo
sistema jurídico; é necessário que essas normas
compartilhem o mesmo âmbito de validade, seja em
termos de tempo, espaço, sujeito ou matéria.
b) Para que ocorra uma antinomia, as normas devem ser
originárias da mesma fonte legislativa; não é requisito
que as normas tratem do mesmo tema.
c) Uma antinomia jurídica é identificada no processo
judicial quando decisões de diferentes instâncias se
contradizem.
d) Há uma antinomia quando duas normas aplicáveis não
fornecem uma resolução adequada para um
determinado caso; essas normas não podem ser
reconciliadas através da analogia ou de costumes.
e) A antinomia é caracterizada pela incompatibilidade
entre normas que, embora de diferentes hierarquias,
pretendem regular o mesmo fato de maneiras
divergentes, sem que exista uma regra clara de solução.
Comentários
Comentário Longo:
Antinomia é a incompatibilidade de normas dentro do
sistema jurídico; ocorre quando a mesma autoridade
competente edita duas normas que se tornam
insustentáveis uma em relação à outra (conflito entre
normas) – é o caso de uma lei proibir o que outra
autoriza. Aí ficam os operadores jurídicos a brigar para
ver qual norma vai prevalecer.
Um exemplo interessante é do artigo 1.521, inciso IV, do
Código Civil, que proíbe o casamento entre tios e
sobrinhos, em relação ao Decreto nº 3.200/1941, que o
autoriza, desde que com laudo médico atestando que
não haverá problemas para a prole (compatibilidade
genética). Pode ou não pode?
Vamos avaliar as opções:
Assertiva A: BINGO! Esta é a descrição correta de uma
antinomia segundo Bobbio. Ambas as normas em
conflito precisam pertencer ao mesmo ordenamento e
compartilhar o mesmo âmbito de validade.
Assertiva B: A origem legislativa comum não é uma
condição necessária para a antinomia, e normalmente,
as normas em conflito tratam do mesmo assunto.
Assertiva C: Essa opção confunde antinomia jurídica com
o processo de recurso em instâncias judiciais, o que não
se aplica à definição de antinomias.
Assertiva D: A incapacidade de duas normas resolverem
um caso não define por si só uma antinomia. A questão
central é a existência de conflito direto entre as normas
no mesmo âmbito de validade.
Assertiva E: Apesar de introduzir a noção de hierarquia,
esta opção confunde o conceito de antinomia com a
questão de normas de diferentes níveis hierárquicos
tentando regular o mesmo fato, o que não se alinha com
a definição de Bobbio. Aliás, em caso de hierarquia, há
uma regra clara de solução: a norma hierarquicamente
superior prevalece!
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
Comentário Curto:
Antinomia identifica o conflito de normas no mesmo
sistema jurídico, em mesmo âmbito de validade,
temporal, especial, subjetivo e substantivo.
Gabarito: A
Questão 77
A interseção entre Filosofia e a magistratura se revela
através de várias dimensões, refletindo no modo como
os juízes percebem seu papel e enfrentam desafios
jurídicos. Considere as seguintes afirmações sobre como
a Filosofia contribui para a atividade judicante e
identifique a opção que melhor representa essa
contribuição:
a) A Filosofia, agindo como uma lente ampla sobre o
mundo e a ciência, proporciona aos juízes uma
perspectiva mais abrangente e distanciada das questões
em disputa.
b) Por meio da Filosofia, a julgadora redescobre seu
próprio ser, um impulso interno para reconectar-se com
a sua essência mais autêntica, elevando sua dignidade
profissional.
c) A Filosofia representa um exercício do pensamento
livre de compromissos, que, embora possa vir a ter
aplicabilidade prática na magistratura, desprende-se do
pragmatismo.
d) Ela oferece uma visão panorâmica, permitindo ao
julgador escolher uma perspectiva específica para a
construção de argumentos e fundamentos.
e) A Filosofia promove um diálogo constante entre teoria
e prática, ajudando o julgador a equilibrar princípios
supralegais com a realidade pragmática das leis.
Comentários
Comentário Longo:
Assertiva A: Enquanto a Filosofia proporciona uma ampla
visão, essa visão não é necessariamente distanciada, mas
profundamente conectada à realidade observada.
Assertiva B: Reduzir a Filosofia a um papel meramente
reflexivo subestima o modo exterior com o qual a
Filosofia interage com o mundo é pode auxiliar a prática
jurídica.
Assertiva C: Contrário ao que sugere, a Filosofia é
intrinsecamente comprometida com a exploração e o
entendimento da verdade e da justiça.
Assertiva D: A análise filosófica oferece um panorama
rico de ideias, mas a prática filosófica não se volta à
seleção de uma única perspectiva; ela é acumulativa e
integrativa.
Assertiva E: Esta opção é a correta. Ela introduz uma
perspectiva importante sobre a relevância prática da
Filosofia, evidenciando seu papel em equilibrar o
idealismo com as exigências pragmáticas da arte de
julgar.
Comentário Curto:
A Filosofia é uma ponte entre o teórico e o prático, o
supra e o intra legal.
Gabarito: E
Questão 78
A Teoria Pura do Direito, desenvolvida por Hans Kelsen,
estabelece princípios diferenciados para a compreensão
do Direito, desvinculando-o de influências externas
como a moral, a política e a religião. Com base nos
conceitos desta teoria, analise as afirmações a seguir e
escolha a opção correta:
A) O fundamento de validade de um sistema jurídico
encontra-se na sua norma concreta fundamental, que é
anteposta às autoridades criadoras de normas legais.
B) Um sistema jurídico é considerado dinâmico quando
seu conteúdo está ligado a norma de balanço, com
ênfase na alterabilidade, não na rigidez conteudista.
C) A interpretação autêntica realizada por órgãos
judiciais é sempre criativa de direito ao aplicar normas a
casos específicos, refletindo a natureza formalista do
positivismo jurídico.
D) O objetivo principal da Teoria Pura do Direito é
esclarecer o que o Direito deve ser, mas com base na sua
estrutura e função.
E) A relação entre normas morais e jurídicas é de
hierarquia, em consonância com a perspectiva positivista
a norma jurídica impõe-se e derrui a norma moral.
Comentários
Comentário Longo:
Na “Teoria pura do Direito”, Kelsen propôs de uma
ciência jurídica com carimbo de científica: o Direito
desprovido de qualquer influência externa, isolado de
interferências indevidas, de interações prejudiciais com
outras disciplinas, o que lhe garantia a autonomia como
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
ciência – aproximava-o da metodologia das ciências
naturais (experimentação e certeza). Estavam
assentados os pilares do positivismo jurídico. Essa
questão nos ilustra detalhes sobre esse pensamento:
Assertiva A: A norma hipotética fundamental de Kelsen é
um pressuposto lógico-jurídico que serve como alicerce
para a validade de todo o sistema jurídico. Ela não é
estabelecida por uma autoridade, sendo pressuposta.
Assertiva B: Esta afirmação confunde a natureza
dinâmica do ordenamento jurídico com o conceito de
"conteúdo de validade". Pois bem, de fato, Kelsen
enfatiza a importância da forma sobre o conteúdo para
a validade das normas. Agora, o resto é pura invenção...
essa coisa de norma balanço nem existe...
Assertiva C: Kelsen realmente entende que a função dos
órgãos jurisdicionais ao interpretar o direito não é
meramente declaratória, mas também criativa, e que
isso está dentro do quadro formalista que define o
Direito.
Assertiva D: Kelsen busca compreender a essência e a
estrutura do Direito, sim, mas se afastando de
questionamentos sobre o "dever ser" do Direito,
concentrando-se no "ser" do Direito — como o direito é!
Assertiva E: De acordo com a Teoria Pura do Direito, há
uma distinção clara entre o direito e a moral; Kelsen
argumenta que o sistema jurídico é autônomo e sua
validade não depende de critérios morais. Agora, isso
não quer dizer que haja uma HIERARQUIA! Os sistemas
são separados, nos ligados hierarquicamente — é cada
um na sua!
Comentário Curto:
No entendimento de Kelsen, a interpretação jurídica
pelos juízes é uma atividade criativa dentro do sistema
legal.
Gabarito: C
Questão 79
Robert Alexy, em sua “Teoria dos Direitos
Fundamentais”, aborda os mecanismos para resolução
de conflitos dentro do sistema jurídico. Segundo a obra,
os conflitos entre regras podem resolvidos com a
introdução de cláusulas de exceção. Alexy propõe uma
abordagem distinta para a colisão entre princípios,
devido à sua natureza diferenciada na dimensão da
validade. Imagine que você está a julgar um caso e
precisa aplicar princípios para solucionar a questão —
por exemplo intimidade e liberdade de imprensa —, mas
ambos parecem estar em choque. Socorrendo-se de
Alexy, analise as opções abaixo e indique a correta
abordagem para a resolução de conflitos entre
princípios:
a) Você deve declarar um dos princípios como inválido
naquele caso concreto.
b) Naquela determinada condição, você assenta que um
dos princípios poderá ter precedência sobre o outro.
c) Seria possível que você introduzisse uma cláusula
judiciária de exceção a um dos princípios para casos
daquela estirpe.
d) Você anota que alguns princípios sempre têm
precedência sobre outros, considerando sua
envergadura constitucional e veiculação com a
dignidade humana.
e) O conflito deve ser resolvido, segundo você observa,
na dimensão da validade jurídica.
Comentários
Comentário longo:
Alexy aponta que é possível traçar uma diferenciação
bem mais segura, pois, diferentemente dos princípios, as
regras exigem que o comando seja realizado exatamente
conforme determina seu conteúdo (não em graus). Elas
ou são aplicáveis (satisfeitas) ou são não aplicáveis. Se
uma regra é válida (e sem cláusula de exceção incidente
na espécie), deve ser cumprida exatamente como exige.
Regras possuem determinações dentro daquilo que,
preliminarmente, consideram fática e juridicamente
possível, não sendo dado ao julgador (ao menos em
teoria) fazer gradações.
Conflito entre REGRAS: soluciona-se por duas formas =
(a) pela aplicação de uma cláusula de exceção; (b)
declarando a invalidade de uma das normas. Caso não
seja aplicável uma exceção legal e havendo ambiguidade
(normas colidentes em tese aplicáveis ao mesmo caso)
será necessário considerar uma das regras inválida.
Colisão entre princípios: a resolução se dá por
ponderação (ou sopesamento). Não é possível
considerar um princípio inválido quando ele colide com
outro princípio – um deles deverá ceder (sem perder sua
eficácia) para que o outro tenha precedência no caso
concreto.
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
O conflito entre regras se resolve na dimensão de
validade, enquanto a colisão entre princípios se resolve
na dimensão de peso e importância.
Assertiva A: Alexy não sugere que princípios se tornem
inválidos em relação uns aos outros; princípios são
considerados válidos até mesmo se se encontrarem em
uma situação de colisão concreta, caso em que se faz
sopesamento.
Assertiva B: Esta é a visão de Alexy sobre como resolver
a colisão entre princípios. O sopesamento, ou
balanceamento, entre eles depende do contexto
específico, determinando qual princípio tem maior peso
ou importância em uma situação particular.
Assertiva C: Cláusulas de exceção aplicam-se a conflitos
entre regras, e não entre princípios. Os princípios,
diferentemente das regras, são otimizados no contexto
de sua aplicação através do sopesamento. Na verdade,
essa opção é tentadora, não é? Mas pense, em uma
situação semelhante no futuro o princípio que fora
vencido pode ser tornar vencedor... então não é mesmo
uma questão de se impor exceção...
Assertiva D: Alexy argumenta contra a ideia de uma
hierarquia rígida entre princípios que determinaria sua
aplicação independentemente do contexto; o processo
de sopesamento é essencial para determinar a
precedência em cada caso específico.
Assertiva E: O conflito entre princípios é resolvido não
pela validade, mas pela análise de seu peso ou
importância relativa ao caso concreto, destacando a
diferenciação fundamental entre princípios e regras na
teoria de Alexy.
Comentário Curto:
O sopesamento é o método para resolver a colisão entre
princípios, de acordo com a teoria proposta por Robert
Alexy.
Gabarito: B
Questão 80
Você tomou posse na magistratura e está conferindo os
deveres e restrição aplicáveis magistrados e as
normativas éticas pertinentes. Pode-se afirmar que:
A) Além das vedações estabelecidas pela Constituição
Federal, o Conselho Nacional de Justiça pode instituir
vedações e restrições aos juízes.
B) As penas de advertência e censura são aplicáveis por
voto da maioria absoluta do respectivo tribunal, ao passo
que as de remoção, disponibilidade e aposentadoria, por
voto da maioria absoluta do Conselho Nacional de
Justiça.
C) A Lei Orgânica da Magistratura Nacional, derivada do
período ditatorial, foi não recepcionada, de modo que
por decisão do Supremo Tribunal Federal está pendente
a edição de nova lei a disciplinar integralmente a carreira
da magistratura nacional.
D) A garantia da imparcialidade é estabelecida pela
Constituição Federal sob a forma de vedações aos juízes,
às quais se acrescentam aquelas previstas Lei Orgânica
da Magistratura Nacional.
E) É dever dos magistrados observar conduta ilibada fora
do exercício da função, ainda que as infrações
extrafuncionais não possam ser punidas com as mesmas
penalidades aplicáveis às infrações cometidas no
exercício da função.
Comentários
Comentário longo:
Assertiva A: O CNJ tem o papel de regulamentar e
explicitar as vedações já existentes no artigo 95,
parágrafo único da Constituição Federal, conforme a
Constituição (artigo 103-B, § 4°, da Carta) e a legislação
infraconstitucional, mas não possui competência para
instituir novas vedações autônomas.
Assertiva B: Ambos, o tribunal ao qual o juiz está
vinculado e o CNJ, possuem competências concorrentes
para aplicar penalidades aos magistrados, conforme
entendimento do Supremo Tribunal Federal.
Assertiva C: A Lei Orgânica da Magistratura Nacional (LC
35/1975) dispõem sobre a organização geral da carreira
e foi recepcionada pela nova ordem constitucional.
Assertiva D: Esta opção reflete corretamente o
mecanismo de garantia da imparcialidade dos juízes,
conforme estabelecido pela Constituição Federal e
complementado pela Lei Orgânica da Magistratura
Nacional.
Assertiva E: Ressalta-se a exigência de probidade e
conduta ilibada dos magistrados, tanto no exercício de
suas funções quanto fora delas. As infrações a esse dever
podem ser punidas com as mesmas penalidades
aplicáveis a infrações cometidas no exercício da função,
 5º Simulado ENAMA – 23/03/2024
conforme estabelece a Lei Orgânica da Magistratura
Nacional (LC 35/1975).
Comentário Curto:
A garantia da imparcialidade é estabelecida pelo artigo
95, parágrafo único, da Constituição Federal sob a forma
de vedações aos juízes, às quais se acrescentam aquelas
previstas no artigo 36 da Lei Orgânica da Magistratura
Nacional (LC 35/1975).
Gabarito: D
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