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DIREITO CONSTITUCIONAL
STJ: NÃO. Em demandas relativas a direito à saúde, é incabível ao juiz estadual determinar a inclu-
são da União no polo passivo da demanda se a parte requerente optar pela não inclusão, ante a
solidariedade dos entes federados.
STJ. 1ª Seção. AgInt no CC 182.080-SC, Rel. Min. Manoel Erhardt (Desembargador convocado do TRF
da 5ª Região), julgado em 22/06/2022 (Info 742).
STF: SIM. É obrigatória a inclusão da União no polo passivo de demanda na qual se pede o forne-
cimento gratuito de medicamento registrado na Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas não
incorporado aos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas do Sistema Único de Saúde.
STF. 1ª Turma. RE 1286407 AgR-segundo/PR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 26/4/2022
(Info 1052).
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JULGADOS
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DIREITO CONSTITUCIONAL
É constitucional a Lei 14.172/2021, O Defensor Público, atuando em
que determinou à União a transfe- nome da Defensoria Pública, possui
rência aos estados e ao Distrito legitimidade para impetrar MS em
Federal de R$ 3,5 bilhões para garantir defesa das funções institucionais
acesso à internet, com fins educacio- e prerrogativas de seus órgãos de
nais, a professores e alunos da rede execução; essa legitimidade não é
de educação básica pública exclusiva do Defensor Público-Geral
Caso concreto: a Lei nº 14.172/2021 determi- O Defensor Público, atuando em nome da
nou que a União transferisse aos Estados e ao Defensoria Pública, possui legitimidade para
Distrito Federal R$ 3,5 bilhões para garantir impetrar mandado de segurança em defesa
acesso à internet, com fins educacionais, a das funções institucionais e prerrogativas
professores e alunos da rede de educação de seus órgãos de execução, nos termos do
básica pública. O Presidente da República ajui- artigo 4°, IX, da Lei Complementar n° 80/94,
zou ADI contra a Lei. atribuição não conferida exclusivamente ao
Defensor Público-Geral.
O STF julgou improcedente o pedido e decla-
rou a sua constitucionalidade. STJ. 4ª Turma. RMS 64.917/MT, Rel. Min. Maria
Isabel Gallotti, julgado em 7/6/2022 (Info 742).
A Lei nº 14.172/2021 está em consonância
com o art. 205 da CF/88, que afirma que a
educação é um direito social. Também está É inconstitucional lei estadual que
em harmonia com o princípio segundo o qual proibiu que faculdades particulares
o ensino será ministrado com “igualdade
de condições para o acesso e permanência recusassem matrícula de estudantes
na escola” (art. 206, I), uma vez que objetiva inadimplentes durante a pandemia
garantir a conectividade a alunos e professo- da Covid-19
res da rede pública de ensino no contexto da
pandemia da Covid-19. É inconstitucional, por violação à competência
privativa da União para legislar sobre direito
Ademais, não há qualquer contrariedade ao civil (art. 22, I, da CF/88), norma estadual que
devido processo legislativo porque: (i) a norma impede as instituições particulares de ensino
não prevê qualquer disposição que implique superior de recusarem a matrícula de estu-
na criação de órgãos na Administração Pública dantes inadimplentes e de cobrar juros, mul-
federal, na sua reorganização ou na alteração tas, correção monetária ou quaisquer outros
de suas atribuições; e (ii) a aprovação do proje- encargos durante o período de calamidade
to de lei foi precedida da demonstração da pública causado pela pandemia da COVID-19.
viabilidade financeira e orçamentária, em ob-
servância ao art. 113 do ADCT, respeitando as STF. Plenário. ADI 7104/RJ e ADI 7179/RJ, Rel. Min.
limitações legais cabíveis e sem desobedecer Edson Fachin, julgados em 5/8/2022 (Info 1062).
ao regime extraordinário fiscal implementado
pelas ECs 106/2020 e 109/2021.
DIREITO CONSTITUCIONAL
Constituição estadual não pode esta- É inconstitucional norma de Consti-
belecer que, em caso de dupla vacân- tuição estadual que amplia o rol de
cia dos cargos de Governador e Vice- autoridades sujeitas à fiscalização
-Governador, não haverá nova eleição direta pelo Poder Legislativo e à san-
ção por crime de responsabilidade
É inconstitucional, por violação ao princípio
democrático, norma de Constituição estadual É inconstitucional, por violação ao princípio
que, a pretexto de disciplinar a dupla vacância da simetria e à competência privativa da
no último biênio do mandato do chefe do Po- União para legislar sobre o tema (art. 22, I,
der Executivo, suprime a realização de eleições. da CF/88), norma de Constituição estadual
O art. 81, § 1º, da CF/88 é norma de reprodução que amplia o rol de autoridades sujeitas à
obrigatória e os Estados-membros possuem au- fiscalização direta pelo Poder Legislativo e
tonomia organizacional, no entanto, não podem à sanção por crime de responsabilidade.
dispensar a realização de eleições, sejam diretas Com base nesse entendimento, o STF decla-
ou indiretas, considerando que, no Brasil, os rou a inconstitucionalidade:
mandatos políticos são exercidos por pessoas
escolhidas pelo povo mediante votação. a) da previsão de que a ALE poderia convocar
o Presidente do Tribunal de Contas do Estado
STF. Plenário. ADI 7137/SP e ADI 7142/AC, Rel. Min. e os dirigentes da administração indireta (art.
Rosa Weber, julgados em 19/8/2022 (Info 1064). 28, XXIX, da Constituição do Amazonas);
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JULGADOS
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DIREITO CONSTITUCIONAL
Lei do Distrito Federal (ou lei esta- É constitucional lei estadual que obri-
dual) não pode exigir que os sindica- ga a presença de mensagens de incen-
tos divulguem prestação de contas tivo à doação de sangue nas faturas
dos valores recebidos a título de de água, luz, telefone, internet
contribuição sindical
É constitucional norma estadual que, a pretexto
É inconstitucional, por violar o art. 22, I, da de proteger a saúde pública, obriga as pres-
CF/88, norma distrital que obriga os sindica- tadoras de serviços de telefonia celular e de
tos a divulgarem na internet a prestação de internet a inserirem, nas faturas de consumo,
contas das verbas recebidas a título de con- mensagem incentivadora à doação de sangue.
tribuição confederativa, sindical e de outros STF. Plenário. ADI 6088/AM, Rel. Min. Edson
recursos recebidos do Distrito Federal. Fachin, julgado em 26/8/2022 (Info 1065).
Não se admite que ente federativo diverso
imponha espécie de obrigação tributária aces-
sória a entes destinatários de exação.
DIREITO ELEITORAL
Decisão do STF sobre a autonomia dos partidos para a duração dos mandatos
de seus dirigentes e para a vigência dos órgãos provisórios dos partidos
(Lei 13.831/2019)
Os partidos políticos podem, no exercício de sua autonomia constitucional, estabelecer a duração
dos mandatos de seus dirigentes, desde que compatível com o princípio republicano da alternância
do poder concretizado por meio da realização de eleições periódicas em prazo razoável.
É inconstitucional a previsão do prazo de até oito anos para a vigência dos órgãos provisórios dos
partidos, para evitar distorções ao claro significado de “provisoriedade”, notadamente porque, nes-
se período, podem ser realizadas distintas eleições em todos os níveis federativos.
STF. Plenário. ADI 6230/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 5/8/2022 (Info 1062).
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DIREITO ELEITORAL
As regras da Lei 14.356/2022, que permitem o aumento de gastos com publicida-
de dos governos federal, estaduais e municipais em ano eleitoral, não podem ser
aplicadas antes do pleito 2022
A ampliação dos limites para gasto com publicidade institucional às vésperas das eleições pode afetar
significativamente as condições da disputa eleitoral, sendo necessário postergar, em obediência ao
princípio da anterioridade eleitoral (art. 16 da CF/88), a eficácia de alterações normativas nesse sentido.
STF. Plenário. ADI 7178/DF e ADI 7182/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, redator do acórdão Min. Alexandre
de Moraes, julgados em 1º/7/2022 (Info 1062).
O FEFC é constitucional
A Lei nº 13.487/2017 inseriu o art. 16-C na Lei nº 9.504/97 prevendo a criação de um fundo para cus-
tear as campanhas eleitorais, o FEFC, Fundo Especial de Financiamento de Campanha.
Essa criação foi impugnada sob o argumento de que somente por emenda constitucional seria pos-
sível criar um novo fundo, além do que já existia, qual seja, o Fundo Partidário.
Não existe na Constituição nenhuma norma que estabeleça a exclusividade do Fundo Partidário e im-
peça a criação de novos fundos para financiamento de partidos e campanhas eleitorais. Também não
há dispositivo que imponha à temática sua veiculação somente por meio de Emenda à Constituição.
Desse modo, é constitucional a criação do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) por
meio de norma infraconstitucional, dada a inexistência de obrigação ou proibição sobre o tema na CF/88.
STF. Plenário. ADI 5795/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 19/8/2022 (Info 1065).
DIREITO ADMINISTRATIVO
É inconstitucional remunerar servidor público, mesmo que exerça jornada
de trabalho reduzida, em patamar inferior a um salário mínimo
É defeso (proibido) o pagamento de remuneração em valor inferior ao salário mínimo ao servidor
público, ainda que labore em jornada reduzida de trabalho.
STF. Plenário. RE 964659/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 5/8/2022 (Repercussão Geral – Tema 900)
(Info 1062).
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JULGADOS
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DIREITO ADMINISTRATIVO
É possível a anulação do ato de anistia A mesma autoridade que ofereceu
pela Administração Pública, eviden- denúncia criminal contra o suspeito
ciada a violação direta do art. 8º do pode atuar como julgadora no pro-
ADCT, mesmo quando decorrido o prazo cesso administrativo que apura o
decadencial contido na Lei 9.784/99 mesmo fato
No exercício de seu poder de autotutela, po- O oferecimento de denúncia criminal por auto-
derá a Administração Pública rever os atos de ridade que, em razão de suas atribuições legais,
concessão de anistia a cabos da Aeronáutica seja obrigada a fazê-lo não a inabilita, só por
relativos à Portaria n. 1.104/1964, quando se isso, a desempenhar suas funções como autori-
comprovar a ausência de ato com motivação dade julgadora no processo administrativo.
exclusivamente política, assegurando-se ao
anistiado, em procedimento administrativo, o Caso concreto: membro do MP praticou fato
devido processo legal e a não devolução das que, em tese, configura, ao mesmo tempo,
verbas já recebidas. infração disciplinar e crime. Foi instaurado
processo administrativo. Além disso, o PGJ
STF. Plenário. RE 817338/DF, Rel. Min. Dias ofereceu denúncia criminal. Depois da denún-
Toffoli, julgado em 16/10/2019 (Repercussão cia, chegou ao fim o processo administrativo
Geral – Tema 839) (Info 956). e o mesmo PGJ aplicou sanção disciplinar.
Ele poderia ter feito isso. Não há, nesse caso,
STJ. 1ª Seção. MS 20.187-DF, Rel. Min. Manoel comprometimento da imparcialidade.
Erhardt (Desembargador convocado Do TRF5),
julgado em 10/08/2022 (Info 744). STJ. 1ª Turma. RMS 54.717-SP, Rel. Min. Sérgio
Kukina, julgado em 09/08/2022 (Info 744).
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DIREITO ADMINISTRATIVO
Ao Poder Judiciário não cabe se imiscuir na decisão administrativa da ANAC
acerca da realocação de slots e hotrans, mesmo que a empresa aérea que perdeu
esse direito esteja em recuperação judicial
Ao Poder Judiciário não cabe se imiscuir na decisão administrativa da ANAC acerca da realocação
de slots e hotrans (horários de transporte), serviço prestado por empresa aérea em recuperação
judicial, a ponto de impor a observação absoluta do princípio da preservação da empresa, quando
inexistirem vícios objetivos na decisão, mesmo em prejuízos à concorrência do setor e aos usuários
do serviço público concedido.
Caso adaptado: a Pantanal Linhas Aéreas S/A encontrava-se em processo de recuperação judicial.
Ela possuía slots e hotrans relacionadas com o Aeroporto de Congonhas. Segundo a ANAC, a com-
panhia não estaria utilizando os slots e hotrans com regularidade. Diante disso, a ANAC decidiu
disponibilizá-los para nova alocação (para nova companhia aérea).
Não havendo vícios objetivos na decisão administrativa, deve-se preservar o ato da Agência.
Compete à ANAC a gestão dos slots, não sendo passíveis de incorporação, ainda que tangencial, aos di-
reitos da empresa aérea em recuperação, sob pena de grave violação da legislação federal do setor pro-
dutivo concedido e altamente regulado, em função de sua natureza estratégica na economia nacional.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.287.461-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 21/06/2022 (Info 745).
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DIREITO ADMINISTRATIVO
Não é possível a condenação de prefeito ao ressarcimento de valores despendidos
com a elaboração de projeto de lei, mesmo que depois se reconheça que esse pro-
jeto era ilegal e que foi praticado com desvio de finalidade
Caso adaptado: em 2011, o então Prefeito de São Paulo apresentou projeto de lei com a finalidade
de desafetar um imóvel do Município e autorizar que o Poder Executivo pudesse aliená-lo. O pro-
jeto de lei foi aprovado pela Câmara, sendo sancionado pelo Prefeito, motivo pelo qual virou Lei.
Um Vereador da época ajuizou ação popular contra o Prefeito argumentando que o projeto de lei
apresentado e aprovado violou a Lei Orgânica, que o imóvel em questão não pertencia somente ao
Município, mas também ao Estado de São Paulo e que a área estava em processo de tombamento.
Ao final, requereu que a lei fosse declarada nula e que os agentes públicos fossem responsabiliza-
dos e condenados a ressarcir o erário pelas despesas com a tramitação ilegal do projeto.
O TJ/SP reconheceu a nulidade da lei aprovada e, além disso, condenou o ex-Prefeito a restituir os cofres
públicos municipais pagando todas as despesas decorrentes da “tramitação ilícita do projeto de lei”.
No STJ, a nulidade da lei foi mantida, mas se afastou a condenação do ex-Prefeito ao ressarcimento.
O dano supostamente causado pelo réu foi um dano ao patrimônio histórico e cultural da cidade
de São Paulo, em razão do alegado desvio de finalidade. É com esta lesão que o demandado man-
tém vinculação direta e necessária, e é por ela que é juridicamente responsável. Vale ressaltar, por
outro lado, que a tramitação em si do projeto de lei não ofende nenhum bem jurídico tutelado em
abstrato, ou seja, não provoca dano. No máximo, a movimentação da máquina estatal implica custo
econômico, relacionado ao regular exercício de atribuições típicas da Administração. Mas custo não
é sinônimo de dano.
Além disso, a conduta direta e imediata do demandado apresenta nexo causal apenas com a de-
flagração do projeto de lei. O rumo que este (o projeto) tomou depois não tem mais relação direta
com aquela (a deflagração). Assim, ainda que se falasse em “dano” quanto à tramitação do projeto
de lei, este não teria relação direta e imediata com a conduta do ex-prefeito, mas sim seria decor-
rente da concomitância de outras causas e eventos, inclusive oriundos da conduta de terceiros (os
membros da casa legislativa municipal).
STJ. 1ª Turma. AREsp 1.408.660-SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 16/08/2022 (Info 745).
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DIREITO ADMINISTRATIVO
As mudanças promovidas pela Lei 14.230/2021 no elemento subjetivo e na pres-
crição da improbidade administrativa retroagem?
A partir do advento da Lei 14.230/2021 (nova Lei de Improbidade Administrativa – LIA) — cuja publi-
cação e entrada em vigor ocorreu em 26/10/2021 —, deixou de existir, no ordenamento jurídico, a
tipificação para atos culposos de improbidade administrativa.
Por força do art. 5º, XXXVI, da CF/88, a revogação da modalidade culposa do ato de improbidade
administrativa, promovida pela Lei 14.230/2021, é irretroativa, de modo que os seus efeitos não têm
incidência em relação à eficácia da coisa julgada, nem durante o processo de execução das penas e
seus incidentes.
Incide a Lei 14.230/2021 em relação aos atos de improbidade administrativa culposos praticados na
vigência da Lei 8.429/92, desde que não exista condenação transitada em julgado, cabendo ao juízo
competente o exame da ocorrência de eventual dolo por parte do agente.
Os prazos prescricionais previstos na Lei 14.230/2021 não retroagem, sendo aplicáveis a partir da
publicação do novo texto legal (26.10.2021).
3) A nova Lei 14.230/2021 aplica-se aos atos de improbidade administrativa culposos praticados na vi-
gência do texto anterior da lei, porém sem condenação transitada em julgado, em virtude da revogação
expressa do texto anterior; devendo o juízo competente analisar eventual dolo por parte do agente;
STF. Plenário. ARE 843989/PR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 18/8/2022 (Repercussão
Geral – Tema 1.199) (Info 1065).
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JULGADOS
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DIREITO AMBIENTAL
A omissão na fiscalização e mitigação dos danos ambientais enseja a imposição
judicial de obrigações positivas para o Município a fim de solucionar o problema
cuja extensão temporal e quantitativa revela afronta à dimensão ecológica da
dignidade humana
Caso concreto: ação civil pública foi ajuizada, em 2018, contra particular e o Município em razão de
maus-tratos identificados desde 2012 em abrigo clandestino de animais. A particular instalou o abrigo
em área pública abandonada. Na vistoria, que ocorreu 6 anos após a ocupação, havia 107 cães com
diversos problemas. Firmado termo de ajustamento de conduta, a área foi desocupada. Porém, veri-
ficou-se a mudança do canil clandestino para outro imóvel, igualmente com problemas e sem licença.
Nessa feita, identificou-se contaminação ambiental do solo e instalação desautorizada de poço. Na
ACP, buscou-se a determinação para o município acolher os animais em local adequado, com acom-
panhamento veterinário e encaminhamento para doação ou destinação a entidades de proteção.
Não há que se falar em ilegitimidade passiva da municipalidade que, ciente dos fatos por anos, dei-
xou de tomar medidas efetivas para sua solução, penalizando os animais submetidos ao “abrigo”,
o que não pode mesmo ser tolerado, inclusive diante da dimensão ecológica da dignidade humana.
STJ. 2ª Turma. AREsp 2.024.982-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 14/06/2022 (Info 742).
DIREITO CIVIL
Exceto no regime de separação abso- No caso de perda total do bem segu-
luta de bens, a fiança prestada sem rado, a indenização securitária deve
outorga conjugal conduz à nulidade corresponder ao valor máximo pre-
do contrato mesmo que o indivíduo visto na apólice ou apenas reparar os
tenha prestado a fiança na condição prejuízos suportados pela segurada?
de empresário
Em caso de perda total do bem segurado, a
É necessária a exigência geral de outorga do indenização securitária deve corresponder ao
cônjuge para prestar fiança, sendo indiferente valor do efetivo prejuízo experimentado no mo-
o fato de o fiador prestá-la na condição de mento do sinistro, observado, contudo, o valor
comerciante ou empresário, considerando a máximo previsto na apólice do seguro de dano,
necessidade de proteção da segurança econô- nos termos dos arts. 778 e 781 do CC/2002.
mica familiar. STJ. 4ª Turma. REsp 1.955.422-PR, Rel. Min. An-
STJ. 4ª Turma. REsp 1.525.638-SP, Rel. Min. An- tonio Carlos Ferreira, julgado em 14/06/2022
tonio Carlos Ferreira, julgado em 14/06/2022 (Info 742).
(Info 742).
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JULGADOS
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DIREITO CIVIL
Independentemente do desfecho da ação anulatória de registro civil, não há que
se falar em impossibilidade jurídica de pedido investigatório de paternidade
Independentemente do desfecho da ação anulatória de registro civil, não há que se falar em im-
possibilidade jurídica do pedido investigatório. Isso porque o STJ já proclamou que a existência de
vínculo com o pai registral não é obstáculo ao exercício do direito de busca da origem genética ou
de reconhecimento de paternidade biológica.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.817.729/DF, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 21/6/2022 (Info 742).
A autora argumentou que a manutenção desses resultados acabava por retroalimentar o sistema,
uma vez que, ao realizar a busca pelo nome da requerente e se deparar com a notícia, o usuário do
Google acessaria o conteúdo - até movido por curiosidade despertada em razão da exibição do link -
reforçando, no sistema automatizado (algoritmo), a confirmação da relevância da página catalogada.
Desse modo, a autora disse que não havia razoabilidade em se mostrar as notícias desse evento
pelo simples fato de ter sido digitado seu nome no sistema de busca (desacompanhado de outros
termos relacionados com a suposta fraude).
Esse pedido foi deferido pelo STJ porque não afronta a decisão do STF no Tema 786, no qual ficou
decidido que não existe direito ao esquecimento.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.660.168/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 21/06/2022 (Info 743).
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JULGADOS
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DIREITO CIVIL
Pratica ato ilícito apto à indenização, o locador que proíbe o funcionamento de
imóvel comercial locado, cujo acesso é autônomo e independente, sob a justifica-
tiva de cumprimento às normas de restrição sanitária pela Covid-19
Caso concreto: o restaurante RJR funcionava no Jockey Club de São Paulo. Havia entre eles uma re-
lação contratual de locação. Durante o auge da pandemia, por força de uma determinação governa-
mental, quase todas as atividades presenciais foram suspensas, inclusive de clubes e restaurantes.
Consequentemente, o restaurante ali localizado também ficou sem funcionar.
Em julho de 2020, as restrições impostas foram flexibilizadas e os governos permitiram que os res-
taurantes voltassem a funcionar presencialmente.
O restaurante RJR enviou notificação extrajudicial ao Jockey Club, informando que retomaria as suas
atividades presenciais. Ocorre que o Jockey respondeu dizendo que o restaurante não poderia voltar
a funcionar porque o clube ainda não estava autorizado pelo governo a retomar as suas atividades.
Diante disso, o restaurante ajuizou ação contra o Jockey questionando essa proibição imposta pelo
clube e pedindo autorização judicial para funcionar. O requerente pleiteou, ainda, a condenação do
réu no pagamento dos lucros cessantes.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.997.050-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 02/08/2022 (Info 743).
STJ. 3ª Turma. REsp 1.811.718-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 02/08/2022 (Info 743).
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JULGADOS
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DIREITO CIVIL
Sócio devedor tem legitimidade e O pronunciamento do juiz que defere
interesse para impugnar desconsi- ou nega a habilitação do crédito no
deração inversa da personalidade inventário é uma decisão interlocu-
jurídica tória contra a qual cabe agravo de
instrumento
O sócio executado possui legitimidade e inte-
resse recursal para impugnar a decisão que O pronunciamento judicial que versa sobre
defere o pedido de desconsideração inversa a habilitação do crédito no inventário é uma
da personalidade jurídica dos entes empresa- decisão interlocutória a que se impugna por
riais dos quais é sócio. meio de agravo de instrumento com base no
Exemplo: João iniciou o cumprimento de sen- art. 1.015, parágrafo único, do CPC/2015.
tença contra Pedro exigindo o pagamento de No caso concreto, o juiz indeferiu o pedido
certa quantia. Não foram encontradas contas de habilitação de crédito no inventário, re-
bancárias nem bens veículos ou imóveis em metendo o eventual credor às vias ordinárias
nome de Pedro. João pediu a instauração e reservando bens suficientes para pagar a
de incidente de desconsideração inversa da dívida por ele cobrada, nos termos do art. 643
personalidade jurídica a fim de atingir o patri- do CPC. Esse pronunciamento judicial é uma
mônio da pessoa jurídica Alfa, considerando decisão interlocutória recorrível mediante
que Pedro é um dos sócios. O juiz deferiu a agravo de instrumento.
desconsideração inversa da personalidade
jurídica, considerando que ficou demonstrado STJ. 3ª Turma. REsp 1.963.966-SP, Rel. Min. Nan-
a confusão patrimonial. Pedro possui legitimi- cy Andrighi, julgado em 03/05/2022 (Info 744).
dade e interesse para impugnar essa decisão
que deferiu a desconsideração inversa.
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JULGADOS
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DIREITO CIVIL
A transportadora que descumpriu sua obrigação contratual de consultar a pla-
taforma de Telerisco agravou o risco da operação e, por conta disso, não terá
direito à cobertura securitária mesmo tendo ocorrido roubo armado da carga
O roubo de carga em transporte rodoviário, mediante uso de arma de fogo, exclui a responsabili-
dade da transportadora perante a seguradora do proprietário da mercadoria transportada, quan-
do adotadas todas as cautelas que razoavelmente dela se poderia esperar, assim como a conduta
direta do segurado que agravar o risco da cobertura contratada, por ato culposo ou doloso, acarreta
a exoneração do dever da seguradora do pagamento da indenização.
Caso adaptado: a empresa contratou a transportadora para levar uma carga. A empresa contratou
seguro com a Chubb. A carga foi levada após um roubo com emprego de arma de fogo. A transpor-
tadora tinha um contrato seu com a Sul América e, portanto, acionou a seguradora. A Sul América
recusou-se a pagar sob o fundamento de que a transportadora não cumpriu uma determinada
cláusula contratual de gerenciamento de risco. Segundo o contrato assinado entre a UPS e a Sul
América, o motorista deveria um cadastro denominado Telerisco e acatar as instruções decorrentes
da consulta. Como não houve essa consulta, a seguradora argumentou que a segurada descumpriu
as obrigações contratuais e negou o pagamento.
Diante disso, a Chubb indenizou sua cliente e pediu ressarcimento da UPS, que foi condenada a pagar.
No caso concreto, ficou demonstrado que a transportadora segurada descumpriu seu dever de
cautela e, com isso, agravou o risco objeto do contrato. Cabia à transportadora fazer consulta ao
cadastro de Telerisco e não o fez. Isso agravou o risco da operação e, por conseguinte, afastou a
responsabilidade da seguradora.
STJ. 2ª Seção. EREsp 1.577.162-SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 10/08/2022 (Info 744).
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JULGADOS
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DIREITO CIVIL
É possível cumular pedidos de prisão e de penhora na mesma execução de alimentos
É possível a cumulação de técnicas executivas da coerção pessoal (prisão) e da coerção patrimonial
(penhora) no mesmo processo para cobrança de obrigação alimentar?
A escolha de um determinado procedimento afasta a utilização do outro, ou seja, trata-se de ritos ex-
cludentes entre si. A adoção do procedimento da penhora exclui a possibilidade de determinação da
prisão civil do devedor de alimentos, nos termos do art. 528, §8º, do CPC. Já a eleição do procedimen-
to da prisão civil adiará a possibilidade de penhora para o término da medida de constrição pessoal.
É possível a penhora de bens do devedor de alimentos, sem que haja a conversão do rito da prisão
para o da constrição patrimonial, enquanto durar a impossibilidade da prisão civil em razão da pan-
demia do coronavírus (STJ. 3ª Turma. REsp 1.914.052-DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
22/06/2021. Info 702).
Na cobrança de obrigação alimentar, é cabível a cumulação das medidas executivas de coerção pes-
soal e de expropriação no âmbito do mesmo procedimento executivo, desde que não haja prejuízo
ao devedor nem ocorra qualquer tumulto processual.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.930.593/MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 9/8/2022 (Info 744).
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JULGADOS
Destaque para alguns dos julgados que f oram
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DIREITO CIVIL
Cessado o comodato, o condômino privado da posse do imóvel tem direito
ao recebimento de indenização equivalente aos aluguéis proporcionais ao seu
quinhão, dos proprietários que permaneceram na posse exclusiva do bem
Cessado o comodato, o condômino privado da posse do imóvel tem direito ao recebimento de inde-
nização equivalente aos aluguéis proporcionais ao seu quinhão, dos proprietários que permanece-
ram na posse exclusiva do bem.
Caso hipotético: Armando, Bento e Carlos são coproprietários de um imóvel. Eles cederam esse
imóvel, em comodato, para uma empresa. Depois de alguns anos, Armando foi excluído da socie-
dade empresarial e a ele foi vedado o acesso ao imóvel. Armando ajuizou ação de arbitramento de
aluguel contra Bento, Carlos e a empresa. Ele tem direito ao recebimento de indenização equivalen-
te aos aluguéis proporcionais ao seu quinhão.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.953.347-SP, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 09/08/2022 (Info 745).
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JULGADOS
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DIREITO CIVIL
É cabível revisão judicial de contrato de locação não residencial - empresa de
coworking - com redução proporcional do valor dos aluguéis em razão de fato
superveniente decorrente da pandemia da Covid-19
Caso concreto: a locatária do imóvel era uma empresa de coworking; em razão das medidas de
isolamento da Covid-19, a empresa teve uma redução drástica do seu faturamento; diante disso,
ajuizou ação de revisão contra a proprietária do imóvel (locadora) pedindo a redução do valor dos
aluguéis pagos. O STJ concordou com o pleito.
A revisão dos contratos com base nas teorias da imprevisão ou da onerosidade excessiva, previstas
no Código Civil, exige que o fato (superveniente) seja imprevisível e extraordinário e que dele, além
do desequilíbrio econômico e financeiro, decorra situação de vantagem extrema para uma das par-
tes, situação evidenciada na hipótese.
A revisão dos contratos em razão da pandemia não constitui decorrência lógica ou automática,
devendo ser analisadas a natureza do contrato e a conduta das partes - tanto no âmbito material
como na esfera processual -, especialmente quando o evento superveniente e imprevisível não se
encontra no domínio da atividade econômica das partes.
Nesse passo, embora não se contestem os efeitos negativos da pandemia nos contratos de locação
para ambas as partes - as quais são efetivamente privadas do uso do imóvel ou da percepção dos
rendimentos sobre ele - no caso em debate, considerando que a empresa locatária exercia a ativida-
de de coworking e teve seu faturamento drasticamente reduzido, a revisão do contrato mediante a
redução proporcional e temporária do valor dos aluguéis constitui medida necessária para assegu-
rar o restabelecimento do equilíbrio entre as partes.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.984.277-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 16/08/2022 (Info 745).
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JULGADOS
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DIREITO CIVIL
Análise da responsabilidade civil pelos danos causados às vítimas na superfície
em razão da queda do avião que transportava Eduardo Campos
SITUAÇÃO 1: VÍTIMA AJUIZOU A AÇÃO CONTRA A ARRENDATÁRIA E POSSUIDORA INDIRETA
Caso adaptado: em 2014, o candidato à presidência da república Eduardo Campos faleceu, vítima
de um acidente aéreo. O avião em que estava (jato Cessna) caiu em uma rua no bairro do Boquei-
rão, cidade de Santos (SP). A queda da aeronave destruiu quase por completo os imóveis da região,
dentre os quais o apartamento de Regina. De acordo com os registros da ANAC, o jato Cessna esta-
va arrendado para a empresa AF Ltda., sendo esta empresa a operadora legal da aeronave. Regina
ajuizou ação de indenização por danos morais e materiais contra AF Ltda, arrendatária do avião.
Para o STJ, ficou demonstrado nos autos que a empresa era a arrendatária da aeronave, e por isso
ela responde pelos prejuízos causados pelo acidente às pessoas em terra, nos termos do Código
Brasileiro de Aeronáutica (CBA) e do Código de Defesa do Consumidor (CDC).
Os exploradores respondem pelos danos a terceiros na superfície, causados diretamente por aero-
nave em voo, assim como por pessoa ou coisa dela caída ou projetada (art. 268 do CBA).
Considera-se operador ou explorador da aeronave, entre outros, o proprietário ou quem a use dire-
tamente ou por meio de seus prepostos, quando se tratar de serviços aéreos privados, e também o
arrendatário que adquiriu a condução técnica da aeronave arrendada e a autoridade sobre a tripu-
lação (art. 123 do CBA).
Conclusão da situação 1:
Caso adaptado: conforme explicado acima, o avião em que estava Eduardo Campos caiu e, na coli-
são, destruiu diversos imóveis residenciais. O jato estava arrendado para a empresa AF Ltda. Ocorre
que a empresa não estava na posse direta do avião. Ela havia cedido a aeronave para dois empresá-
rios João e Apolo. Eles eram os possuidores diretos da aeronave e a usavam para fazer viagens. Com
a queda da aeronave, o apartamento de Patrícia foi destruído. Patrícia ajuizou ação de indenização
por danos morais e materiais contra João e Apolo, considerando que, na visão da autora, eles eram
os proprietários da aeronave.
Os réus João e Apolo, na qualidade de possuidores da aeronave acidentada, são considerados explora-
dores e, nessa condição, são também responsáveis pelos danos provocados a terceiros em superfície.
No caso concreto, os réus pareciam ser os proprietários da aeronave, razão pela qual deve ser invo-
cada, em favor da autora, a teoria da aparência.
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JULGADOS
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DIREITO CIVIL
Além disso, como Patrícia é reconhecida como consumidora por equiparação, todos os fornecedo-
res do serviço deverão ser solidariamente responsáveis, inclusive, os possuidores diretos.
Não competia à consumidora investigar se o contrato de arrendamento mercantil havia sido oficia-
lizado. Muito menos caberia às vítimas dos danos provocados pela atividade aérea apurar os titula-
res da posse direta ou indireta da aeronave, por serem a parte vulnerável da relação jurídica.
Conclusão da situação 2:
STJ. 4ª Turma. REsp 1.785.404-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 16/08/2022 (Info 745).
DIREITO DO CONSUMIDOR
É possível o cancelamento unilateral - Exclusão unilateral de usuário que,
por iniciativa da operadora - de contra- na condição de ex-empregado, foi
to de plano de saúde coletivo enquanto mantido no plano de saúde por força
pendente tratamento médico de usuá- de documento escrito que lhe assegu-
rio acometido de doença grave? rou o direito de permanecer no plano
por tempo indeterminado
A operadora, mesmo após o exercício regu-
lar do direito à rescisão unilateral de plano É abusiva a exclusão unilateral do usuário,
coletivo, deverá assegurar a continuidade dos quando seu direito de manutenção tem am-
cuidados assistenciais prescritos a usuário paro contratual, pactuado/firmado no “Ter-
internado ou em pleno tratamento médico mo de Opção”, e o rompimento unilateral do
garantidor de sua sobrevivência ou de sua vínculo somente seria admitido nas hipóteses
incolumidade física, até a efetiva alta, desde previstas na RN ANS nº 195/2008.
que o titular arque integralmente com a con-
traprestação devida. STJ. 3ª Turma. REsp 1.940.391-MG, Rel. Min.
Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em
STJ. 2ª Seção. REsp 1.846.123-SP, Rel. Min. Luis 21/06/2022 (Info 742).
Felipe Salomão, julgado em 22/06/2022 (Re-
curso Repetitivo – Tema 1082) (Info 742).
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JULGADOS
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DIREITO CIVIL
A empresa aérea que disponibilizar a opção de resgate de passagens aéreas com
pontos pela internet é obrigada a assegurar que o cancelamento ou reembolso
destas seja solicitado pelo mesmo meio
O fato de a empresa aérea não disponibilizar a opção de cancelamento de passagem por meio da
plataforma digital da empresa (internet) configura prática abusiva, na forma do art. 39, V, do CDC,
especialmente quando a ferramenta é disponibilizada ao consumidor no caso de aquisição/resgate
de passagens.
Caso adaptado: João adquiriu, pela internet, passagem aérea, mediante a utilização de pontos de
milhas. Por questões pessoais, precisou cancelar a viagem e solicitou, também pela internet, o
reembolso das milhas, mas não obteve êxito. A companhia aérea informou que o reembolso de
passagens adquiridas com pontos só poderia ser feito no aeroporto, ou por intermédio da central
de vendas, por telefone, mas não pelo site.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.966.032-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 16/08/2022 (Info 745).
DIREITO EMPRESARIAL
Produtor rural pode pedir recuperação judicial?
Ao produtor rural que exerça sua atividade de forma empresarial há mais de dois anos, é facultado
requerer a recuperação judicial, desde que esteja inscrito na Junta Comercial no momento em que
formalizar o pedido recuperacional, independentemente do tempo de seu registro.
STJ. 2ª Seção. REsp 1.905.573-MT, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 22/06/2022 (Recurso
Repetitivo – Tema 1145) (Info 743).
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JULGADOS
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DIREITO EMPRESARIAL
Em se tratando de crédito trabalhista por equiparação (honorários advocatí-
cios de alta monta), é possível a aplicação do limite previsto no art. 83, I, da Lei
11.101/2005 por deliberação da AGC, desde que previsto no plano de recuperação
Os créditos resultantes de honorários advocatícios têm natureza alimentar e equiparam-se aos tra-
balhistas para efeito de habilitação em falência ou recuperação judicial.
O fato de os créditos serem titularizados por sociedade de advogados não afasta sua natureza ali-
mentar, uma vez que a remuneração pelo trabalho desenvolvido pelos advogados organizados em
sociedade também se destina à subsistência de cada um dos causídicos integrantes da banca e de
suas famílias.
É possível, por deliberação da Assembleia Geral de Credores (AGC), a aplicação do limite previsto no
art. 83, I, da Lei nº 11.101/2005 às empresas em recuperação judicial, desde que devida e expressa-
mente previsto pelo plano de recuperação judicial, instrumento adequado para dispor sobre forma
de pagamento das dívidas da empresa em soerguimento.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.785.467-SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 02/08/2022 (Info 745).
ECA
O risco real de contaminação pela Covid-19 em casa de abrigo justifica a manuten-
ção de criança de tenra idade com a família substituta, apesar da suposta irregu-
laridade/ilegalidade dos meios empregados para a obtenção da guarda da infante
No caso concreto, a o juiz determinou que a criança ficasse em acolhimento institucional (“abrigo”)
unicamente pelo fato de estarem presentes indícios de que houve burla ao cadastro de adoção, não
tendo sido cogitado qualquer risco físico ou psicológico à criança.
Neste momento de situação pandêmica, apesar de aparentemente ter ocorrido a vedada “adoção
à brasileira”, é preferível e recomendada a manutenção da criança em um lar já estabelecido, com
uma família que a deseja como membro.
STJ. 3ª Turma. HC 735.525/SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 21/6/2022 (Info 742).
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JULGADOS
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Art. 2º Ficam cancelados os precatórios e as RPV federais expedidos e cujos valores não tenham sido
levantados pelo credor e estejam depositados há mais de dois anos em instituição financeira oficial.
§ 1º O cancelamento de que trata o caput deste artigo será operacionalizado mensalmente pela
instituição financeira oficial depositária, mediante a transferência dos valores depositados para a
Conta Única do Tesouro Nacional.
A ideia da Lei foi a de que, se o titular não pediu o pagamento do precatório ou da RPV em um pra-
zo de 2 anos, não faria sentido esse recurso ficar contingenciado (“preso”), devendo ele ser utilizado
para outras finalidades.
O STF, contudo, julgou inconstitucionais o art. 2º, caput e o § 1º, da Lei nº 13.463/2017.
A medida infringe o princípio da separação dos Poderes, dada a impossibilidade de edição de me-
didas legislativas para condicionar e restringir o levantamento de valores depositados a título de
precatórios, já que gestão de recursos destinados ao seu pagamento incumbe ao Judiciário por de-
corrência do texto constitucional (art. 100, da CF/88), o qual não deixou margem limitativa do direito
de crédito ao legislador infraconstitucional.
Também há violação aos princípios da segurança jurídica, do respeito à coisa julgada (art. 5º, XXXVI)
e do devido processo legal (art. 5º, LIV), sendo certo que a simples previsão da faculdade do credor
requerer posteriormente a expedição de novo ofício requisitório com a conservação da ordem cro-
nológica anterior não repara os vícios inerentes ao cancelamento.
Ademais, como nesse momento processual da tutela executiva a Fazenda Pública não detém a titu-
laridade da quantia, a previsão legal ofende o direito de propriedade (art. 5º, XXII), além de conferir
tratamento mais gravoso ao credor, criando distinção que deriva automaticamente do decurso do
tempo, sem averiguar as reais razões do não levantamento do montante, afastando-se da necessá-
ria obediência à isonomia.
STF. Plenário. ADI 5755/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 29 e 30/6/2022 (Info 1061).
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JULGADOS
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Em observância à causa de pedir e aos pedi- O art. 1.005 do CPC somente se aplica
dos contidos na petição inicial da ação civil
para o litisconsórcio unitário?
pública, conclui-se que a relação jurídica con-
trovertida possui contornos eminentemente A regra do art. 1.005 do CPC/2015 não se
públicos, quer sob a perspectiva do cumpri- aplica apenas às hipóteses de litisconsórcio
mento de normas regulamentares, quer sob unitário, mas, também, a quaisquer outras
a ótica da regulação do direito ao serviço de hipóteses em que a ausência de tratamento
telecomunicação (Lei nº 9.472/97). igualitário entre as partes gere uma situação
STJ. Corte Especial. CC 179.846-DF, Rel. Min. injustificável, insustentável ou aberrante.
Benedito Gonçalves, julgado em 03/08/2022 A expansão subjetiva dos efeitos do recurso
(Info 743). pode ocorrer em três hipóteses:
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JULGADOS
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A empresa ofereceu impugnação ao cumprimento de sentença alegando que tem um crédito líqui-
do, certo e exigível com o Município no valor de R$ 120 mil e que, portanto, requer a compensação
das dívidas.
O juiz rejeitou a impugnação alegando não seria possível a compensação porque os créditos não
seriam recíprocos:
• ocorre que o valor que está sendo executado neste cumprimento de sentença não pertence ao
Município, e sim aos Procuradores do Município. Logo, a empresa não pode querer utilizar uma
verba que pertence aos Procuradores para abater uma dívida que é do Município.
autônomo do procurador judicial, o que viabiliza sua compensação. Esse entendimento persiste
mesmo após a edição do CPC/2015 e a previsão do art. 85, § 19.
STJ. 2ª Turma. AgInt no AREsp 1.834.717-SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em
10/05/2022 (Info 743).
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JULGADOS
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Caso concreto: o vice-presidente do TJ negou seguimento ao Resp com fundamento na súmula 282
do STF. A parte interpôs agravo em recurso especial sem impugnar esse fundamento. O Presidente
do STJ não conhece do agravo. Contra a decisão, a parte interpõe agravo interno sem novamente
impugnar o mesmo. A Turma não conheceu do agravo interno e aplicou multa.
STJ. 2ª Turma. AgInt no AREsp 2.092.094-GO, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 16/08/2022
(Info 745).
Não cabe agravo de instrumento em execuções fiscais cujo valor não supere cin-
quenta Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTNS
O art. 34 da Lei de Execuções Fiscais (Lei nº 6.830/80) prevê a seguinte regra:
Art. 34. Das sentenças de primeira instância proferidas em execuções de valor igual ou inferior a 50
(cinquenta) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTN, só se admitirão embargos infrin-
gentes e de declaração.
Assim, se o juiz julga uma execução fiscal cujo valor é igual ou inferior a 50 ORTN, contra esta senten-
ça só se admitirão embargos infringentes e de declaração. Em outras palavras, não cabe apelação.
Além da apelação, também não cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias.
Não há recurso para a segunda instância quando o valor executado for inferior ao valor de alçada
(50 ORTNs), de modo que, estando o valor da execução abaixo do estipulado, haverá exceção ao
duplo grau de jurisdição, seja para a Fazenda Pública, seja para o executado.
STJ. 2ª Turma. AREsp 1.751.847-SP, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 16/08/2022 (Info 745).
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JULGADOS
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DIREITO PENAL
Reincidência x confissão: qual das duas prepondera?
É possível, na segunda fase da dosimetria da pena, a compensação integral da atenuante da confis-
são espontânea com a agravante da reincidência, seja ela específica ou não. Todavia, nos casos de
multirreincidência, deve ser reconhecida a preponderância da agravante prevista no art. 61, I, do Có-
digo Penal, sendo admissível a sua compensação proporcional com a atenuante da confissão espon-
tânea, em estrito atendimento aos princípios da individualização da pena e da proporcionalidade.
STJ. 3ª Seção. REsp 1.931.145-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 22/06/2022 (Recurso
Repetitivo – Tema 585) (Info 742).
Para que incida o § 1º do art. 155 do CP as únicas exigências são que o furto ocorra
à noite e em situação de repouso
1. Nos termos do § 1º do art. 155 do Código Penal, se o crime de furto é praticado durante o repou-
so noturno, a pena será aumentada de um terço.
2. O repouso noturno compreende o período em que a população se recolhe para descansar, de-
vendo o julgador atentar-se às características do caso concreto.
4. São irrelevantes os fatos das vítimas estarem, ou não, dormindo no momento do crime, ou o local
de sua ocorrência, em estabelecimento comercial, via pública, residência desabitada ou em veículos,
bastando que o furto ocorra, obrigatoriamente, à noite e em situação de repouso.
STJ. 3ª Seção. REsp 1.979.989-RS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 22/06/2022 (Recurso Repe-
titivo – Tema 1144) (Info 742).
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JULGADOS
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DIREITO PENAL
Para fins do disposto no art. 2º, II, da Acórdão que confirma sentença con-
Lei nº 8.137/90, a menção a inúmeros denatória também interrompe pres-
inadimplementos (inscritos em dívida crição, seja mantendo, reduzindo ou
ativa) gera a presunção relativa da aumentando a pena
ausência de tentativa de regularização
O acórdão condenatório de que trata o inciso IV
A denúncia narrou que se deixou de recolher do art. 117 do Código Penal interrompe a pres-
12 meses de ICMS cobrado dos consumidores crição, inclusive quando confirmatório de sen-
e 5 meses de ICMS relativo a operações tribu- tença condenatória, seja mantendo, reduzindo
táveis pelo regime de substituição tributária, ou aumentando a pena anteriormente imposta.
elementos que podem ser utilizados para STJ. 3ª Seção. REsp 1.930.130-MG, Rel.
caracterizar o dolo de apropriação. Min. João Otávio de Noronha, julgado em
Ademais, diante da existência de inúmeros 10/08/2022 (Recurso Repetitivo – Tema 1100)
inadimplementos (inscritos em dívida ativa), isso (Info 744).
gera a presunção relativa de ausência de ten-
tativa de regularização. Cabe à defesa alegar e
A atenuante da confissão espontânea
demonstrar que foram efetuadas tais tentativas.
deve preponderar sobre a agravante
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 728.271-SC, Rel. da dissimulação
Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em
21/06/2022 (Info 742). No concurso entre agravantes e atenuantes, a
atenuante da confissão espontânea deve pre-
ponderar sobre a agravante da dissimulação,
Não se deve designar a audiência de nos termos do art. 67 do Código Penal.
que trata o art. 16 da LMP se a mu-
Art. 67. No concurso de agravantes e ate-
lher manifesta interesse de desistir
nuantes, a pena deve aproximar-se do limite
da representação somente após o indicado pelas circunstâncias preponderantes,
recebimento da denúncia entendendo-se como tais as que resultam dos
motivos determinantes do crime, da persona-
A realização da audiência prevista no art. 16 da lidade do agente e da reincidência.
Lei nº 11.340/2006 somente se faz necessária
se a vítima houver manifestado, de alguma for- STJ. 6ª Turma. HC 557.224-PR, Rel. Min. Anto-
ma, em momento anterior ao recebimento da nio Saldanha Palheiro, julgado em 16/08/2022
denúncia, ânimo de desistir da representação. (Info 745).
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JULGADOS
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DIREITO PENAL
Inquéritos e ações penais em curso não servem para impedir o reconhecimento
do tráfico privilegiado
É vedada a utilização de inquéritos e/ou ações penais em curso para impedir a aplicação do art. 33,
§ 4º, da Lei nº 11.343/2006.
STJ. 3ª Seção. REsp 1.977.027-PR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 10/08/2022 (Recurso Repetitivo –
Tema 1139) (Info 745).
Esse é também o entendimento do STF que, no entanto, menciona, em quase todas as suas emen-
tas, a expressão “por si só”, indicando que tais elementos podem ser avaliados em conjunto com o
restante das provas:
STF. 1ª Turma. RHC 205080 AgR, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 04/10/2021.
STF. 2ª Turma. HC 206143 AgR, Relator p/ Acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/12/2021.
e mães de menores de até 12 anos, ainda que em regime semiaberto ou fechado, nos termos dos
arts. 318, V, do CPP e 117, III, da LEP, desde que presentes os requisitos legais.
Conforme art. 318, V, do CPP, a concessão de prisão domiciliar às genitoras de menores de até 12
anos incompletos não está condicionada à comprovação da imprescindibilidade dos cuidados ma-
ternos, que é legalmente presumida.
Assim, a defesa não precisa demonstrar que a genitora presa é imprescindível ao cuidado dos filhos
menores de 12 anos. Essa indispensabilidade é presumida, tanto que propositalmente o legislador
retirou da redação do art. 318, V do CPP, a comprovação de que seria ela imprescindível aos cuida-
dos do menor.
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 731.648-SC, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Rel. Acd. Min. João Otávio de No-
ronha, julgado em 07/06/2022 (Info 742).
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JULGADOS
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Muito embora não tenham sido acusadas de A defesa interpôs apelação requerendo que
integrar organização criminosa, tal circunstân- fosse declarada a nulidade da audiência de
cia não impedia o acordo de delação premia- instrução em decorrência da não observância
da, nem compromete a validade do material do art. 212 do CPP:
probatório dela oriundo. Art. 212. As perguntas serão formuladas pelas
A doutrina e a jurisprudência têm admitido partes diretamente à testemunha, não admitin-
que, em outros crimes cometidos em con- do o juiz aquelas que puderem induzir a respos-
curso de agentes, seja celebrada colaboração ta, não tiverem relação com a causa ou importa-
premiada. rem na repetição de outra já respondida.
STJ. 6ª Turma. HC 582.678-RJ, Rel. Min. Laurita Parágrafo único. Sobre os pontos não esclare-
Vaz, julgado em 14/06/2022 (Info 742). cidos, o juiz poderá complementar a inquirição.
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JULGADOS
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O STF entendeu que é devida a remição. O ensino a distância nas unidades prisionais surgiu como
alternativa às limitações para a implementação de estudo presencial, contribuindo para a qualifica-
ção profissional e a readaptação da população carcerária ao convívio social.
Se o sistema penitenciário não oferece fiscalização e acompanhamento, o sentenciado não pode ser
prejudicado.
Constando do atestado emitido pelo Sistema de Informações Penitenciárias que o sentenciado con-
cluiu o aprendizado das disciplinas, a inércia estatal em acompanhar e fiscalizar o estudo a distância
não deve ser a ele imputada, sob pena de prejudicá-lo pelo descumprimento de uma obrigação que
não é sua.
A ineficiência do Estado em fiscalizar as horas de estudo realizadas a distância pelo condenado não
pode obstaculizar o seu direito de remição da pena, sendo suficiente para comprová-las a certifica-
ção fornecida pela entidade educacional.
Em razão das condições diferenciadas em relação aos demais cidadãos, os presos devem ser tra-
tados de forma diferente, em respeito ao princípio da dignidade humana. Como as pessoas que
cumprem pena já então em situação precária, é necessário sobrevalorizar a remição da pena, para
que elas acreditem na superação do erro e na possibilidade de vida diferente a partir da educação.
STF. 1ª Turma. RHC 203546/PR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 28/6/2022 (Info 1061).
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JULGADOS
Destaque para alguns dos julgados que f oram
EM DESTAQUE inseridos no Buscador no último mês
Constatada a incapacidade dos agentes públicos na condução de investigações, seja por inércia,
seja por falta de vontade de apurar os fatos, de identificar os autores dos homicídios/execuções
cometidos nos casos conhecidos como “Maio Sangrento” e “Chacina do Parque Bristol”, de buscar a
respectiva responsabilização, aliada ao fato de que há risco de responsabilização internacional, fica
demonstrada a situação de excepcionalidade indispensável ao acolhimento do pleito de desloca-
mento de competência.
STJ. 3ª Seção. IDC 9-SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 10/08/2022 (Info 744).
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JULGADOS
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Apreendido o chip descartado pelo acusado, houve a inserção em outro aparelho telefônico pela
polícia para fins de possível identificação da vítima lesada, o que de fato ocorreu. Ocorre que a víti-
ma não era proprietária do celular descartado, mas somente do chip.
A defesa sustentou que o aparelho pertencia ao próprio acusado. Contudo, verificou-se que o apa-
relho telefônico não foi examinado. Assim, ainda que o celular fosse de propriedade do acusado,
não houve extração de nenhum dado do aparelho, pois o alvo de análise foi apenas o chip telefôni-
co descartado, que de fato era de uma das vítimas. Logo, não houve quebra de sigilo telefônico.
Hipótese distinta seria se o celular fosse acessado pelos policiais e alguma informação retirada e
utilizada em desfavor do acusado, o que não ocorreu.
Dessa forma, o STJ não admitiu a tese defensiva no sentido de suposta violação de sigilo telefônico,
uma vez que não encontrou amparo no contexto fático narrado nos autos.
STJ. 5ª Turma. HC 720.605-PR, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 09/08/2022 (Info 744).
DIREITO TRIBUTÁRIO
É inconstitucional lei estadual que É devida a restituição da diferença
conceda isenção de IPVA para veícu- do ICMS pago a mais no regime de
los que realizem transporte escolar substituição tributária para frente se
prestado por sindicato ou cooperativa a base de cálculo efetiva da operação
for inferior à presumida
É inconstitucional condicionar o benefício de
isenção fiscal do IPVA quanto à propriedade É devida a restituição da diferença do ICMS
de veículos utilizados para o serviço de trans- pago a mais no regime de substituição tribu-
porte escolar com a filiação de seus motoris- tária para frente se a base de cálculo efetiva
tas profissionais autônomos a sindicato ou da operação for inferior à presumida, sendo
cooperativa. inaplicável a condição de que trata o art. 166
STF. Plenário. ADI 5268/MG, Rel. Min. Dias do CTN.
Toffoli, julgado em 5/8/2022 (Info 1062). STJ. 2ª Turma. REsp 525.625-RS, Rel. Min. Fran-
cisco Falcão, julgado em 09/08/2022 (Info 744).
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JULGADOS
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DIREITO TRIBUTÁRIO
Empresas podem deduzir do IRPJ-lu- São inconstitucionais normas esta-
cro real os pagamentos a administra- duais que fixam a alíquota do ICMS
dores e conselheiros, ainda que não para operações de fornecimento de
corresponda a valor mensal e fixo energia elétrica e serviços de comu-
nicação em patamar superior à co-
É possível a dedução, na apuração do Imposto
sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ, pela brada sobre as operações em geral
sistemática do lucro real, da soma destina-
Uma vez adotada a seletividade no ICMS
da ao pagamento de montante em razão da
(quando a tributação é diferenciada de acordo
prestação de serviços de administradores e
com a essencialidade dos produtos e merca-
conselheiros, ainda que não corresponda a
dorias), o estado não pode estabelecer alíquo-
valor mensal e fixo.
tas sobre as operações de energia elétrica e os
STJ. 1ª Turma. REsp 1.746.268-SP, Rel. Min. serviços de comunicação mais elevadas que a
Regina Helena Costa, julgado em 16/08/2022 alíquota das operações em geral. Isso porque
(Info 745). a energia elétrica e os serviços de telecomuni-
cação são sempre considerados itens essen-
ciais e, por essa razão, a alíquota incidente so-
bre eles não pode ser maior do que a alíquota
incidente sobre as operações em geral.
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JULGADOS
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DIREITO FINANCEIRO
É constitucional a indenização por incapacidade ou morte de profissionais
da saúde em razão da pandemia da Covid-19, instituída pela Lei 14.128/2021
A Lei nº 14.128/2021 determina que a União pague...
- ou por terem realizado visitas domiciliares (no caso de agentes comunitários de saúde ou de com-
bate a endemias).
Caso o indivíduo tenha falecido, a compensação financeira será paga ao seu cônjuge ou companhei-
ro, aos seus dependentes e aos seus herdeiros necessários.
É constitucional norma federal que prevê compensação financeira de caráter indenizatório a ser
paga pela União por incapacidade permanente para o trabalho ou morte de profissionais da saúde
decorrentes do atendimento direto a pacientes acometidos pela Covid-19.
STF. Plenário. ADI 6970/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 15/8/2022 (Info 1065).
Design e diagramação: Carla Piaggio, Keille Lorainne • Carla Piaggio Design (www.carlapiaggio.com.br)
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