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Informativos de 2021

Sumário
Direito Administrativo .................................................................................................................2
Direito Ambiental ........................................................................................................................7
Direito Agrário .............................................................................................................................8
Direito Civil ..................................................................................................................................8
Direito Constitucional ...............................................................................................................17
Direito da Criança e do Adolescente .....................................................................................34
Direito do Consumidor .............................................................................................................35
Direito do Trabalho e Processo do Trabalho........................................................................37
Direito Econômico ....................................................................................................................37
Direito Eleitoral..........................................................................................................................37
Direito Empresarial ...................................................................................................................38
Direito Financeiro .....................................................................................................................42
Direitos Humanos .....................................................................................................................44
Direito Internacional Público e Privado .................................................................................45
Direito Penal e Processual Penal ..........................................................................................45
Direito Penal Militar e Processual Penal Militar ...................................................................57
Direito Processual Civil ............................................................................................................57
Direito Previdenciário ...............................................................................................................70
Direito Tributário .......................................................................................................................72

STF: 1023, 1022,1015, 1014, 1013, 1012, 1011, 1010, 1009, 1008, 1005, 1004,
1003, 1002, 1001, 1000, 999, 998.
STJ: 702, 701, 700, 692, 691, 690, 689, 687, 688, 686, 683
Direito Administrativo

ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO CÍVEL: É possível acordo de não


persecução cível no âmbito da ação de improbidade administrativa em fase
recursal. STJ. 1ª Turma. AREsp 1.314.581/SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves,
julgado em 23/02/2021 (Info 686 STJ)
APOSENTADORIA: Em atenção aos princípios da segurança jurídica e da
confiança legítima, os Tribunais de Contas estão sujeitos ao prazo de cinco anos
para o julgamento da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria,
reforma ou pensão, a contar da chegada do processo à respectiva Corte de
Contas. STF. Plenário. RE 636553/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
19/2/2020 (repercussão geral – Tema 445) (Info 967). Os Tribunais de Contas
estão sujeitos ao prazo de 5 anos para o julgamento da legalidade do ato de
concessão inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, a contar da chegada do
processo à respectiva Corte de Contas. STJ. 2ª Turma. REsp 1.506.932/PR, Rel.
Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 02/03/2021 (Info 687 STJ).
AUTOTUTELA – INCONSTITUCIONALIDADE: É inconstitucional lei estadual
que estabeleça prazo decadencial de 10 (dez) anos para anulação de atos
administrativos reputados inválidos pela Administração Pública estadual. STF.
Plenário. ADI 6019/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Roberto
Barroso, julgado em 12/4/2021 (Info 1012 STF). Em regra, o prazo decadencial
para que a Administração Pública anule atos administrativos
inválidos é de 5 anos, aplicável a todos os entes federativos, por força do princípio da
isonomia.

CONCURSO PÚBLICO: É inconstitucional a fixação de critério de desempate


em concursos públicos que favoreça candidatos que pertencem ao serviço
público de um determinado ente federativo. Caso concreto: lei do Estado do Pará
previa que, em caso de empate de candidatos no concurso público, teria
preferência para a ordem de classificação o candidato que já pertencesse ao
serviço público do Estado do Pará e, persistindo a igualdade, aquele que
contasse com maior tempo de serviço público ao Estado do Pará. Essa previsão
viola o art. 19, III, da CF/88, que veda a criação de distinções entre brasileiros
ou preferências entre si. STF. Plenário. ADI 5358/PA, Rel. Min. Roberto Barroso,
julgado em 27/11/2020 (Info 1000 STF)
CONCURSO PÚBLICO – ESCUSA DE CONSCIÊNCIA RELIGIOSA: É possível
que o candidato a concurso público consiga a alteração das datas e horários
previstos no edital por motivos religiosos, desde que cumpridos alguns requisitos
Nos termos do art. 5º, VIII, da Constituição Federal, é possível a realização de
etapas de concurso público em datas e horários distintos dos previstos em edital,
por candidato que invoca escusa de consciência por motivo de crença religiosa,
desde que presentes a razoabilidade da alteração, a preservação da igualdade
entre todos os candidatos e que não acarrete ônus desproporcional à
Administração Pública, que deverá decidir de maneira fundamentada. STF.
Plenário. RE 611874/DF, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o ac. Min. Edson
Fachin, julgado em 19/11, 25/11 e 26/11/2020 (Repercussão Geral – Tema 386)
(Info 1000 STF). Nos termos do art. 5º, VIII, da Constituição Federal, é possível
à Administração Pública, inclusive durante o estágio probatório, estabelecer
critérios alternativos para o regular exercício dos deveres funcionais inerentes
aos cargos públicos, em face de servidores que invocam escusa de consciência
por motivos de crença religiosa, desde que presentes a razoabilidade da
alteração, não se caracterize o desvirtuamento do exercício de suas funções e
não acarrete ônus desproporcional à Administração Pública, que deverá decidir
de maneira fundamentada. STF. Plenário. RE 611874/DF, rel. orig. Min. Dias
Toffoli, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 19/11, 25/11 e 26/11/2020
(Repercussão Geral – Tema 386) (Info 1000 STF)
DESESTATIZAÇÃO: O art. 37, XIX, da CF/88 afirma que é necessária a edição
de uma lei específica para se autorizar a instituição de uma sociedade de
economia mista ou uma empresa pública. Para que ocorra a desestatização da
empresa estatal também necessária lei específica ou basta uma autorização
genérica prevista em lei que veicule programa de desestatização? A Lei nº
9.491/97 tratou sobre o Programa Nacional de Desestatização e autorizou a
desestatização de empresas estatais. Essa lei genérica é suficiente? Em regra,
sim. É desnecessária, em regra, lei específica para inclusão de sociedade de
economia mista ou de empresa pública em programa de desestatização. Não se
aplica o princípio do paralelismo das formas. Exceção: em alguns casos a lei que
autorizou a criação da empresa estatal afirmou expressamente que seria
necessária lei específica para sua extinção ou privatização. Nesses casos,
obviamente, não é suficiente uma lei genérica (não basta a Lei nº 9.491/97),
sendo necessária lei específica. STF. Plenário. ADI 6241/DF, Rel. Min. Cármen
Lúcia, julgado em 6/2/2021 (Info 1004 STF).
DÍVIDA ATIVA: As inscrições em dívida ativa dos créditos referentes a
benefícios previdenciários ou assistenciais pagos indevidamente ou além do
devido constituídos por processos administrativos que tenham sido iniciados
antes da vigência da Medida Provisória n. 780, de 2017, convertida na Lei n.
13.494/2017 (antes de 22.05.2017) são nulas, devendo a constituição desses
créditos ser reiniciada através de notificações/intimações administrativas a fim
de permitir-se o contraditório administrativo e a ampla defesa aos devedores e,
ao final, a inscrição em dívida ativa, obedecendo-se os prazos prescricionais
aplicáveis; e As inscrições em dívida ativa dos créditos referentes a benefícios
previdenciários ou assistenciais pagos indevidamente ou além do devido contra
os terceiros beneficiados que sabiam ou deveriam saber da origem dos
benefícios pagos indevidamente em razão de fraude, dolo ou coação,
constituídos por processos administrativos que tenham sido iniciados antes da
vigência da Medida Provisória n. 871, de 2019, convertida na Lei n. 13.846/2019
(antes de 18.01.2019) são nulas, devendo a constituição desses créditos ser
reiniciada através de notificações/intimações administrativas a fim de permitir-se
o contraditório administrativo e a ampla defesa aos devedores e, ao final, a
inscrição em dívida ativa, obedecendo-se os prazos prescricionais aplicáveis.
(Info 702 STJ)
EMPREGO PÚBLICO: A justiça comum é competente para processar e julgar
ação em que se discute a reintegração de empregados públicos dispensados em
face da concessão de aposentadoria espontânea. RE 655283/DF, relator Min.
Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Dias Toffoli, julgamento em 16.6.2021
(INFO 1022 STF)
EMPREGO PÚBLICO – APOSENTADORIA: A concessão de aposentadoria,
com utilização do tempo de contribuição, leva ao rompimento do vínculo
trabalhista nos termos do art. 37, § 14 da CF (2). Entretanto, é possível a
manutenção do vínculo trabalhista, com a acumulação dos proventos com o
salário, se a aposentadoria se deu pelo RGPS antes da promulgação da EC
103/2019. RE 655283/DF, relator Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min.
Dias Toffoli, julgamento em 16.6.2021 (INFO 1022 STF)
LIBERDADE DE EXPRESSÃO – TESTES PSICOLÓGICOS: O STF admite o
uso das ações do controle concentrado de constitucionalidade para o exame de
atos normativos infralegais, nos casos em que a tese de inconstitucionalidade
articulada pelo autor propõe o cotejo da norma impugnada diretamente com o
texto constitucional. No caso, a Resolução do Conselho não tratou de mero
exercício de competência regulamentar, mas expressou conteúdo normativo que
lida diretamente com direitos e garantias tutelados pela Constituição. Por esse
motivo, cabe ADI para questionar a norma. STF. Plenário. ADI 3481/DF, Rel.
Min. Alexandre de Moraes, julgado em 6/3/2021. Ao restringirem a
comercialização e o uso de testes psicológicos aos profissionais regularmente
inscritos no Conselho Federal de Psicologia (CFP), o inciso III e os §§ 1º e 2º do
art. 18 da Resolução 2/2003-CFP acabaram por instituir disciplina
desproporcional e ofensiva aos postulados constitucionais relativos à liberdade
de manifestação do pensamento (art. art. 5º, IV, IX e XIV, da CF/88) e de
liberdade de acesso à informação (art. 220, da CF/88). STF. Plenário. ADI
3481/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 6/3/2021 (Info 1008 STF).
LICITAÇÃO – SERPRO: É constitucional o art. 2º da Lei nº 5.615/70, com
redação dada pela Lei nº 12.249/2010, que dispensa a licitação a fim de permitir
a contratação direta do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro),
pela União, para prestação de serviços de tecnologia da informação
considerados estratégicos, assim especificados em atos de ministro de Estado,
no âmbito do respectivo ministério. Há evidente interesse público a justificar que
serviços de tecnologia da informação a órgãos como a Secretaria do Tesouro
Nacional e a Secretaria da Receita Federal, integrantes da estrutura do Ministério
da Economia, sejam prestados com exclusividade por empresa pública federal
criada para esse fim, como é o caso do Serpro. STF. Plenário. ADI 4829/DF, Rel.
Min. Rosa Weber, julgado em 20/3/2021 (Info 1010 STF).
LICITAÇÃO – TAXA DE ADMINISTRAÇÃO: O edital de licitação não pode fixar
um preço mínimo a ser oferecido pelos licitantes (art. 40, X, da Lei nº 8.666/93).
Só um preço máximo. Essa vedação se justifica porque o objetivo da licitação é
o de selecionar a proposta mais vantajosa. Ocorre que algumas propostas
apresentadas são claramente inexequíveis, ou seja, o licitante não conseguirá
custear o bem ou prestar o serviço e ainda ter lucro. Isso significa que, mais a
frente, haverá transtornos para a Administração Pública com a inexecução do
contrato. Diante disso, alguns entes públicos passaram a exigir algo que
denominaram de “taxa de administração”. Essa taxa é o percentual de
remuneração que a empresa irá obter com aquela venda ou serviço. Se a taxa
for equivalente a zero ou mesmo negativa, a proposta é claramente inexequível
considerando que não haverá lucro para a empresa. Assim, alguns editais
passaram a exigir um percentual mínimo de taxa de administração (ex: a
empresa deverá demonstrar que, na planilha de custos que gerou o preço, está
prevista a sua remuneração em, no mínimo, 1%). Essa prática é válida? O ente
público pode estipular cláusula editalícia em licitação/pregão prevendo
percentual mínimo de taxa de administração como forma de se resguardar de
eventuais propostas inexequíveis? Não. A fixação de percentual mínimo de taxa
de administração em edital de licitação/pregão fere expressamente a norma
contida no inciso X do art. 40 da Lei nº 8.666/93. A taxa de administração é uma
forma de remuneração do contratado pela Administração Pública, integrando,
portanto, o conceito de preço. Logo, ao exigir um percentual mínimo de taxa de
administração, o edital está fixando um preço mínimo. Sendo o objetivo da
licitação selecionar a proposta mais vantajosa para a Administração (art. 3º da
Lei nº 8.666/93), a fixação de um preço mínimo atenta contra essa finalidade. A
Lei de Licitações prevê outros mecanismos de combate às propostas
inexequíveis em certames licitatórios, permitindo que o licitante preste garantia
adicional, tal como caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública, seguro-
garantia e fiança bancária. STJ. 1ª Seção. REsp 1.840.113-CE, Rel. Min. Og
Fernandes, julgado em 23/09/2020 (Recurso Repetitivo – Tema 1038) (Info 683
STJ)
PETROBRÁS – LICITAÇÃO: O regime de licitação e contratação previsto na Lei
nº 8.666/93 é inaplicável às sociedades de economia mista que explorem
atividade econômica própria das empresas privadas, concorrendo, portanto, no
mercado. Não é possível conciliar o regime previsto na Lei nº 8.666/93 com a
agilidade própria desse tipo de mercado que é movido por intensa concorrência
entre as empresas que nele atuam. STF. Plenário. RE 441280/RS, Rel. Min. Dias
Tofolli, julgado em 6/3/2021 (Info 1008 STF).
REPERCUSSÃO GERAL – AUSÊNCIA: (Info 1010 STF).
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO – TORTURA: Súmula 647-STJ: São
imprescritíveis as ações indenizatórias por danos morais e materiais decorrentes
de atos de perseguição política com violação de direitos fundamentais ocorridos
durante o regime militar. STJ. 1ª Seção. Aprovada em 10/03/2021, DJe
15/03/2021
SERVIDORES PÚBLICOS – ALTERAÇÃO DE CARGOS: É inconstitucional o
aproveitamento de servidor, aprovado em concurso público a exigir formação de
nível médio, em cargo que pressuponha escolaridade superior. STF. Plenário.
RE 740008/RR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 19/12/2020 (Repercussão
Geral – Tema 697) (Info 1003 STF).
SERVIDORES PÚBLICOS – EQUIPARAÇÃO SALARIAL: É vedada a
vinculação remuneratória de seguimentos do serviço público, nos termos do art.
37, XIII, da Constituição Federal. STF. Plenário. ADPF 328/MA, Rel. Min. Marco
Aurélio, julgado em 13/11/2020 (Info 999 STF)
SERVIDORES PÚBLICOS – EQUIPARAÇÃO SALARIAL: É inconstitucional lei
que equipara, vincula ou referencia espécies remuneratórias devidas a cargos e
carreiras distintos, especialmente quando pretendida a vinculação ou a
equiparação entre servidores de Poderes e níveis federativos diferentes. STF.
Plenário. ADI 6436/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 27/11/2020
(Info 1000 STF)
SERVIDORES PÚBLICOS – PAGAMENTO INDEVIDO: Os pagamentos
indevidos aos servidores públicos decorrentes de erro administrativo
(operacional ou de cálculo), não embasado em interpretação errônea ou
equivocada da lei pela Administração, estão sujeitos à devolução, ressalvadas
as hipóteses em que o servidor, diante do caso concreto, comprova sua boa-fé
objetiva, sobretudo com demonstração de que não lhe era possível constatar o
pagamento indevido. STJ. 1ª Seção. REsp 1.769.306/AL, Rel. Min. Benedito
Gonçalves, julgado em 10/03/2021 (Recurso Repetitivo – Tema 1009) (Info 688
STJ).
SERVIDORES PÚBLICOS – PARIDADE E INTEGRALIDADE: É
inconstitucional norma que preveja a concessão de aposentadoria com paridade
e integralidade de proventos a policiais civis. É inconstitucional norma que
preveja a concessão de “adicional de final de carreira” a policiais civis. STF.
Plenário. ADI 5039/RO, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 10/11/2020 (Info
998 STF)
SERVIDORES PÚBLICOS – PROIBIÇÃO DE RETORNO: O parágrafo único do
art. 137 da Lei nº 8.112/90 proíbe, para sempre, o retorno ao serviço público
federal de servidor que for demitido ou destituído por prática de crime contra a
Administração Pública, improbidade administrativa, aplicação irregular de
dinheiro público, lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional
e corrupção. Essa previsão viola o art. 5º, XLVII, “b”, da CF/88, que afirma que
não haverá penas de caráter perpétuo. STF. Plenário. ADI 2975, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 04/12/2020. (INFO 1000 STF)
SERVIDORES PÚBLICOS – EMPRESAS ESTATAIS: É constitucional a
determinação de que a participação de trabalhadores nos lucros ou resultados
de empresas estatais deve observar diretrizes específicas fixadas pelo Poder
Executivo ao qual as entidades estejam sujeitas. STF. Plenário. ADI 5417/DF,
Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 4/12/2020 (Info 1001 STF).
SERVIDORES PÚBLICOS – PROIBIÇÃO DE RETORNO: O parágrafo único do
art. 137 da Lei nº 8.112/90 proíbe, para sempre, o retorno ao serviço público
federal de servidor que for demitido ou destituído por prática de crime contra a
Administração Pública, improbidade administrativa, aplicação irregular de
dinheiro público, lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional
e corrupção. Essa previsão viola o art. 5º, XLVII, “b”, da CF/88, que afirma que
não haverá penas de caráter perpétuo. STF. Plenário. ADI 2975, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 04/12/2020 (Info 1001 STF)
SERVIDORES PÚBLICOS – REVISÃO GERAL ANUAL: O Poder Judiciário não
possui competência para determinar ao Poder Executivo a apresentação de
projeto de lei que vise a promover a revisão geral anual da remuneração dos
servidores públicos, tampouco para fixar o respectivo índice de correção. STF.
Plenário. RE 843112, Rel. Luiz Fux, julgado em 22/09/2020 (Repercussão Geral
– Tema 624) (Info 998 STF)
SERVIDORES PÚBLICOS – SV 27: Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem
função legislativa, aumentar qualquer verba de servidores públicos de carreiras
distintas sob o fundamento de isonomia, tenham elas caráter remuneratório ou
indenizatório. A vedação da Súmula Vinculante 37 se aplica tanto para as verbas
remuneratórias como também para as parcelas de caráter indenizatório. Logo, a
SV 37 também proíbe que Poder Judiciário equipare o auxílio-alimentação, ou
qualquer outra verba desta espécie, com fundamento na isonomia. Súmula
vinculante 37-STF: Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa,
aumentar vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia.
STF. Plenário. RE 710293, Rel. Luiz Fux, julgado em 16/09/2020 (Repercussão
Geral – Tema 600) (Info 998 – clipping STF).
TRÂNSITO – CRV: A transferência de propriedade de veículo automotor usado
implica, obrigatoriamente, na expedição de novo Certificado de Registro de
Veículo - CRV, conforme dispõe o art. 123, I, do CTB, ainda quando a aquisição
ocorra para fins de posterior revenda. Art. 123. Será obrigatória a expedição de
novo Certificado de Registro de Veículo quando: I - for transferida a propriedade;
STJ. 1ª Turma. REsp 1.429.799/SP, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em
02/03/2021 (Info 687 STJ).
VERBAS – EMPRESA ESTATAL: Os recursos públicos vinculados ao
orçamento de estatais prestadoras de serviço público essencial, em regime não
concorrencial e sem intuito lucrativo primário, não podem ser bloqueados ou
sequestrados por decisão judicial para pagamento de verbas trabalhistas, em
virtude do disposto no art. 100 da CF/1988, e dos princípios da legalidade
orçamentária (art. 167, VI, da CF), da separação dos poderes (arts. 2º, 60, § 4º,
III, da CF) e da eficiência da administração pública (art. 37, ‘caput’, da CF). STF.
Plenário. ADPF 588/PB, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 26/4/2021 (Info
1014 STF).

Direito Ambiental

CODIGO FLORESTAL – CURSO D’AGUA: Na vigência do novo Código


Florestal (Lei nº 12.651/2012), a extensão não edificável nas Áreas de
Preservação Permanente de qualquer curso d'água, perene ou intermitente, em
trechos caracterizados como área urbana consolidada, deve respeitar o que
disciplinado pelo seu art. 4º, caput, inciso I, alíneas a, b, c, d e e, a fim de
assegurar a mais ampla garantia ambiental a esses espaços territoriais
especialmente protegidos e, por conseguinte, à coletividade. STJ. 1ª Seção.
REsp 1.770.760/SC, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 28/04/2021
(Recurso Repetitivo – Tema 1010) (Info 694 STJ)
COMPETÊNCIA AMBIENTAL: É inconstitucional norma estadual que
estabelece hipóteses de dispensa e simplificação do licenciamento ambiental
para atividades de lavra a céu aberto por invadir a competência legislativa da
União para editar normas gerais sobre proteção do meio ambiente, nos termos
previstos no art. 24, §§ 1º e 2º, da Constituição Federal. Vale ressaltar também
que o estabelecimento de procedimento de licenciamento ambiental estadual
que torne menos eficiente a proteção do meio ambiente equilibrado quanto às
atividades de mineração afronta o caput do art. 225 da Constituição por
inobservar o princípio da prevenção. STF. Plenário. ADI 6650/SC, Rel. Min.
Cármen Lúcia, julgado em 26/4/2021 (Info 1014 STF).
PROIBIÇÃO DE CAÇA – CONSTITUCIONALIDADE: Não afronta a
competência legislativa da União o dispositivo de Constituição do estado de São
Paulo (art. 240) (1) que proíbe a caça em seu respectivo território. Considerando
as regras de repartição de competência previstas nos arts. 23, VI e VII, e 24, VI,
da Constituição Federal (CF) (2), o constituinte estadual apenas reforçou a
proibição de caça prevista no art. 1º da Lei 5.197/1967, norma geral editada pela
União. No entanto, cabe destacar que, na interpretação do art. 240 da
Constituição do estado de São Paulo, não devem ser incluídas a vedação às
modalidades conhecidas como caça de controle e caça científica. Isso porque
essas modalidades de caça destinam-se ao reequilíbrio do ecossistema, tendo,
portanto, natureza protetiva em relação ao meio ambiente. ADI 350/SP, relator
Min. Dias Toffoli, julgamento virtual finalizado em 18.6.2021 (INFO 1022 STF)
PROIBIÇÃO DE RETROCESSO AMBIENTAL: O direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado se configura como direito fundamental da pessoa
humana. A mera revogação de normas operacionais fixadoras de parâmetros
mensuráveis necessários ao cumprimento da legislação ambiental, sem sua
substituição ou atualização, aparenta comprometer a observância da
Constituição Federal, da legislação vigente e de compromissos internacionais.
STF. Plenário. ADPF 747 MC-Ref/DF, ADPF 748 MC-Ref/DF e ADPF 749 MC-
Ref/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgados em 27/11/2020 (Info 1000 STF).
Direito Agrário

Direito Civil
ARRAS – INEXECUÇÃO: Da inexecução contratual imputável, única e
exclusivamente, àquele que recebeu as arras, estas devem ser devolvidas mais o
equivalente. (Info 702 stj)

BEM DE FAMÍLIA – CAUÇÃO IMOBILIÁRIA: Caso concreto: em um contrato


de locação de terceiro, João ofereceu sua casa como caução (garantia) da
relação locatícia (art. 37, I, da Lei nº 8.245/91). O terceiro (locatário) não pagou
os aluguéis e a empresa locadora executou o locatário e João pedindo a penhora
da casa objeto da caução. Ocorre que se trata de bem de família onde João
reside. Será possível a penhora? Não. As hipóteses excepcionais nas quais o
bem de família pode ser penhorado estão previstas, taxativamente, no art. 3º da
Lei nº 8.009/90. Tais hipóteses não admitem interpretação extensiva. A caução
imobiliária oferecida em contrato de locação não consta como uma situação na
qual o art. 3º da Lei autorize a penhora do bem de família. Assim, não é possível
a penhora do bem de família mesmo que o proprietário tenha oferecido o imóvel
como caução em contrato de locação. STJ. 3ª Turma. REsp 1.873.203-SP, Rel.
Min. Nancy Andrighi, julgado em 24/11/2020 (Info 683 STJ).
COMPRA E VENDA – DECADÊNCIA: Na hipótese em que as dimensões de
imóvel adquirido não correspondem às noticiadas pelo vendedor, cujo preço da
venda foi estipulado por medida de extensão (venda ad mensuram), aplica-se o
prazo decadencial de 1 (um) ano, previsto no art. 501 do CC/2002, para exigir: •
o complemento da área; • reclamar a resolução do contrato; ou • o abatimento
proporcional do preço. STJ. 3ª Turma. REsp 1.890.327/SP, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 20/04/2021 (Info 693 STJ)
CONDOMÍNIO – VENDA DE COISA INDIVISA: Se um dos condôminos de uma
coisa indivisível decidir vender a sua parte, ele terá que, antes de efetivada a
venda, dar ciência aos demais condôminos, os quais terão preferência na
aquisição da quota, desde que assim requeiram, no prazo decadencial de 180
dias, depositando o preço equivalente àquele ofertado ao terceiro. Trata-se de
um direito de preferência, previsto no art. 504 do CC. A partir de quando se inicia
esse prazo de 180 dias? Inicia-se com a notificação feita pelo alienante ao outro
condômino. Se não houver a notificação, o prazo decadencial do exercício do
direito de preferência iniciase com o registro da escritura pública de compra e
venda da fração ideal da coisa comum indivisa. STJ. 3ª Turma. REsp 1.628.478-
MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 03/11/2020 (Info 683 STJ).
CONDOMÍNIO – AIRBNB: É vedado o uso de unidade condominial com
destinação residencial para fins de hospedagem remunerada, com múltipla e
concomitante locação de aposentos existentes nos apartamentos, a diferentes
pessoas, por curta temporada. STJ. 4ª Turma. REsp 1.819.075-RS, Rel. p/
acórdão Min. Raul Araújo, julgado em 20/04/2021 (Info 693 STJ)
CONDOMÍNIO EDILÍCIO – CASAS: É inconstitucional a cobrança por parte de
associação de taxa de manutenção e conservação de loteamento imobiliário
urbano de proprietário não associado até o advento da Lei nº 13.465/2017, ou
de anterior lei municipal que discipline a questão, a partir da qual se torna
possível a cotização dos proprietários de imóveis, titulares de direitos ou
moradores em loteamentos de acesso controlado, que: i) já possuindo lote,
adiram ao ato constitutivo das entidades equiparadas a administradoras de
imóveis; ou ii) sendo novos adquirentes de lotes, o ato constitutivo da obrigação
esteja registrado no competente Registro de Imóveis. STF. Plenário. RE 695911,
Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 14/12/2020 (Repercussão Geral – Tema 492)
(INFO 1000 STF)
CONTRATOS – AÇÃO DE EXTINÇÃO: É lícito à parte lesada optar pelo
cumprimento forçado ou pelo rompimento do contrato, não lhe cabendo, todavia,
o direito de exercer ambas a alternativas simultaneamente. O art. 475 do Código
Civil afirma que, “...a parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução
do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos
casos, indenização por perdas e danos...” Note-se, portanto, que esse artigo dá
o direito de a parte lesada optar pelo cumprimento forçado do contrato ou então
pelo seu rompimento. É um ou outro (e não os dois). A escolha, uma vez feita,
pode ser alterada, desde que antes da sentença. STJ. 4ª Turma. REsp
1.907.653-RJ, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 23/02/2021 (Info 686
STJ)
CONTRATOS – ADOLESCENTE: A emancipação legal proveniente de relação
empregatícia, prevista no art. 5º, parágrafo único, V, parte final, do CC/2002,
pressupõe: i) que o menor possua ao menos dezesseis anos completos; ii) a
existência de vínculo empregatício; e iii) que desse liame lhe sobrevenha
economia própria. Por decorrer diretamente do texto da lei, essa espécie de
emancipação prescinde de autorização judicial, bem como dispensa o registro
público respectivo, bastando apenas que se evidenciem os requisitos legais para
a implementação da capacidade civil plena. Além disso, a autorização judicial
não é pressuposto de validade de contratos de gestão de carreira e de
agenciamento de atleta profissional celebrados por atleta relativamente incapaz
devidamente assistido pelos pais ou responsável legal. STJ. 3ª Turma. REsp
1.872.102/SP, Rel. Min. Marco Aurélio Belizze, julgado em 02/03/2021 (Info 687
STJ).
COOPERATIVAS – LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL: Quando a assembleia-
geral aprova a liquidação extrajudicial da cooperativa, isso acarreta a sustação
de qualquer ação judicial contra a entidade, pelo prazo de 1 ano (art. 76 da Lei
nº 5.764/71). Esse prazo pode ser prorrogado por mais 1 ano. Não é possível
ampliar essa suspensão para além do limite legal de 2 anos, não sendo possível
aplicar, por analogia, a regra de prorrogação do stay period da recuperação
judicial (art. 6º, § 4º, da Lei nº 11.101/2005). O art. 76 da Lei nº 5.764/71 possui
caráter excepcional porque atribui atribuir a uma deliberação privada o condão
de suspender a prestação da atividade jurisdicional. Em suma: não é cabível a
suspensão do cumprimento de sentença contra cooperativa em regime de
liquidação extrajudicial para além do prazo de 1 ano, prorrogável por mais 1 ano.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.833.613-DF, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino,
julgado em 17/11/2020 (Info 683 STJ)
DANO MORAL – ACIDENTE DE TRÂNSITO: A omissão de socorro à vítima de
acidente de trânsito, por si, não configura hipótese de dano moral in re ipsa. A
evasão do réu do local do acidente pode, a depender do caso concreto, causar
ofensa à integridade física e psicológica da vítima, no entanto, para isso, deverão
ser analisadas as particularidades envolvidas. Haverá circunstâncias em que a
fuga do réu, sem previamente verificar se há necessidade de auxílio aos demais
envolvidos no acidente, superará os limites do mero aborrecimento e, por
consequência, importará na devida compensação pecuniária do sofrimento
gerado. Por outro lado, é possível conceber situação hipotética em que a evasão
do réu do local do sinistro não causará transtorno emocional ou psicológico à
vítima. Logo, o simples fato de ter havido omissão de socorro não significa, por
si só, que houve dano moral. Não se trata de hipótese de dano moral presumido.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.512.001-SP, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado
em 27/04/2021 (Info 694 STJ).
DIREITOS AUTORAIS – INFORMAÇÃO: É obrigatório o fornecimento, a qualquer
interessado, das informações relativas à participação individual de cada artista nas
obras musicais coletivas. REsp 1.921.769-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira
Turma, por unanimidade, julgado em 08/06/2021, DJe 11/06/2021. (INFO 700 STJ)

DIREITOS AUTORAIS – MUSICA RADIO: Os ônibus de transporte de


passageiros são considerados locais de frequência coletiva para fins de proteção
de direitos autorais, o que gera dever de repasse ao ECAD. A execução, via
rádio, de obras intelectuais (músicas) no interior dos transportes coletivos
(ônibus) pressupõe intuito de lucro, fomentando a atividade empresarial, mesmo
que indiretamente, não estando albergada por qualquer das exceções contidas
no art. 46 da Lei nº 9.610/98. Logo, a empresa deverá pagar os direitos autorais.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.735.931/CE, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino,
julgado em 09/03/2021 (Info 688 STJ).
DIREITOS AUTORAIS – HOTEIS: a) A disponibilização de equipamentos em
quarto de hotel, motel ou afins para a transmissão de obras musicais,
literomusicais e audiovisuais permite a cobrança de direitos autorais pelo
Escritório Central de Arrecadação e Distribuição - ECAD. b) A contratação por
empreendimento hoteleiro de serviços de TV por assinatura não impede a
cobrança de direitos autorais pelo Escritório Central de Arrecadação e
Distribuição - ECAD, inexistindo bis in idem. STJ. 2ª Seção. REsp 1.870.771/SP,
Rel. Min. Antônio Carlos Ferreira, julgado em 24/03/2021 (Recurso Repetitivo –
Tema 1066) (Info 692 STJ)
DOAÇÃO – CLAUSULA DE REVERSÃO EM FAVOR DE TERCEIRO: É válida
a cláusula de reversão em favor de terceiro aposta em contrato de doação
celebrado à luz do CC/1916. É válida e eficaz a cláusula de reversão estipulada
em benefício de apenas alguns dos herdeiros do donatário, mesmo na hipótese
em que a morte deste se verificar apenas sob a vigência do CC/2002. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.922.153/RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/04/2021
(Info 693 STJ).
EIRELI – CAPITAL SOCIAL: A exigência de integralização do capital social por
empresas individuais de responsabilidade limitada (EIRELI), no montante
previsto no art. 980-A do Código Civil, com redação dada pelo art. 2º da Lei nº
12.441/2011, não viola a regra constitucional que veda a vinculação do salário-
mínimo para qualquer fim e também não configura impedimento ao livre exercício
da atividade empresarial. O art. 980-A do Código Civil exige que o capital social
da empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI) não seja inferior a
100 vezes o maior salário-mínimo vigente no País. Essa previsão é
constitucional. Não há violação ao art. 7º, IV, da CF/88 porque não existe, no art.
980-A, qualquer forma de vinculação que possa interferir ou prejudicar os
reajustes periódicos do salário mínimo. Não há afronta ao art. 170 da CF/88 (livre
iniciativa) porque essa exigência de capital social mínimo tem por objetivo
proteger os interesses de eventuais credores, além do que não impede que a
pessoa exerça a livre iniciativa, sendo apenas um requisito para a constituição
de EIRELI. STF. Plenário. ADI 4637/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
4/12/2020 (Info 1001 STF).
IMÓVEL – AQUISIÇÃO: É cabível a aquisição de imóveis particulares situados no
Setor Tradicional de Planaltina/DF, por usucapião, ainda que pendente o processo de
regularização urbanística. REsp 1.818.564-DF, Rel. Min. Moura Ribeiro, Segunda
Seção, por unanimidade, julgado em 09/06/2021. (Tema 1025) (INFO 700 STJ)

INCAPACIDADE ABSOLUTA: É inadmissível a declaração de incapacidade


absoluta às pessoas com enfermidade ou deficiência mental. REsp 1.927.423/SP, Rel.
Min. Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em
27/04/2021. (Info 694 STJ)

LOCAÇÃO – PERDAS E DANOS: O locatário tem a obrigação de restituir o bem


ao locador no estado em que o recebeu, ressalvadas as deteriorações
decorrentes do seu uso normal. Se houve uma deterioração anormal do bem, o
locador terá o direito de exigir do locatário indenização por perdas e danos.
Quando se fala em perdas e danos, deve-se interpretar isso de acordo com o
princípio da reparação integral, de maneira que a indenização deve abranger
tanto o desfalque efetivo e imediato no patrimônio do credor, como a perda
patrimonial futura. Desse modo, para além dos danos emergentes, a restituição
do imóvel locado em situação de deterioração enseja o pagamento de
indenização por lucros cessantes, pelo período em que o bem permaneceu
indisponível para o locador. STJ. 3ª Turma. REsp 1.919.208/MA, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 20/04/2021 (Info 693 STJ).
LOCAÇÕES – PRAZO: O termo inicial de contagem do prazo para a denúncia
vazia, nas hipóteses de que trata o art. 47, V, da Lei n. 8.245/1991, coincide com
a formação do vínculo contratual. STJ. 4ª Turma. REsp 1.511.978-BA, Rel. Min.
Antônio Carlos Ferreira, julgado em 02/03/2021 (Info 687 STJ). Exemplo hipotético:
em jan/2013, Pedro alugou seu imóvel para João. O contrato foi celebrado por prazo determinado
e com duração de 1 ano. Chegou jan/2014, mas nem o locador nem o locatário falaram nada.
João permaneceu morando no imóvel e pagando os aluguéis e Pedro continuou recebendo
normalmente. Isso significa que o contrato passou a vigorar por prazo indeterminado. Em
fev/2018, Pedro ajuizou contra João ação de despejo por denúncia vazia pedindo a desocupação
do imóvel e a entrega das chaves. A situação se amolda ao art. 47, V, porque o prazo de 5 anos
é contado do contrato original (e não da prorrogação do vínculo). STJ. 4ª Turma. REsp 1.511.978-
BA, Rel. Min. Antônio Carlos Ferreira, julgado em 02/03/2021

LOTEAMENTO URBANO: A taxa de manutenção de loteamento urbano cobrada


por associação de moradores, prevista no contrato-padrão registrado no Cartório
de Imóveis, vincula os adquirentes somente à obrigação de pagar as taxas a partir
da aquisição, não abrangendo os débitos do anterior proprietário. A jurisprudência
do STJ está assentada no sentido de que a taxa de manutenção cobrada por
associação de moradores tem natureza pessoal, não se equiparando a despesas
condominiais. Ademais, no julgamento do REsp 1.439.163/SP e do REsp
1.280.871/SP, submetidos ao rito dos recursos repetitivos, restou fixado o
entendimento de que as taxas instituídas por associação de moradores e/ou
condomínios de fato não alcançam quem não é associado ou que não tenha aderido
ao ato que instituiu o encargo. O fato de o contrato padrão ter sido levado a
registro, permitindo que seja consultado por qualquer interessado, além de ter
sido reproduzido em parte na matrícula do imóvel, apenas indica que os
compradores foram cientificados de que estariam aderindo à cobrança de uma taxa
de manutenção e não de que responderiam por débitos de antigo proprietário, que
nem sequer era o titular do domínio na época da arrematação. (INFO 702 STJ)

NOME – ALTERAÇÃO: É admissível o retorno ao nome de solteiro do cônjuge


ainda na constância do vínculo conjugal. Exemplo hipotético: Regina Andrade
Medina casou-se com João da Costa Teixeira. Com o casamento, ela passou a
ser chamada de Regina Medina Teixeira. Ocorre que, após anos de casada,
Regina arrependeu-se da troca e deseja retornar ao nome de solteira. Ela
apresentou justas razões de ordem sentimental e existencial. O pedido deve ser
acolhido a fim de ser preservada a intimidade, a autonomia da vontade, a vida
privada, os valores e as crenças das pessoas, bem como a manutenção e
perpetuação da herança familiar. STJ. 3ª Turma. REsp 1.873.918-SP, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 02/03/2021 (Info 687 STJ).
PLANO DE SAÚDE – MEDICAMENTOS: REGRA: em regra, os planos de
saúde não são obrigados a fornecer medicamentos para tratamento domiciliar.
EXCEÇÕES: Os planos de saúde são obrigados a fornecer: a) os
antineoplásicos orais (e correlacionados); b) a medicação assistida (home care);
e c) outros fármacos incluídos pela ANS (Agência Nacional de Saúde
Suplementar) no rol de fornecimento obrigatório. STJ. 3ª Turma. REsp
1.692.938/SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 27/04/2021 (Info
694 STJ)
PARTILHA – ANULAÇÃO: No caso de a anulação de partilha acarretar a perda
de imóvel já registrado em nome de herdeiro casado sob o regime de comunhão
universal de bens, a citação do cônjuge é indispensável, tratando-se de hipótese
de litisconsórcio necessário. STJ. 3ª Turma. REsp 1.706.999-SP, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 23/02/2021 (Info 686 STJ)
PRESCRIÇÃO – HONORÁRIOS: Se o mandante (cliente) morre, quando se
inicia o prazo prescricional para o advogado cobrar os honorários advocatícios
que não foram pagos? • Regra geral: a partir da data em que o advogado toma
ciência da morte. Em caso de falecimento do mandante, o termo inicial da
prescrição, em regra, é a data da ciência desse fato pelo advogado (mandatário).
Desse modo, extinto o contrato de prestação de serviços advocatícios pela morte
do cliente, nos termos do art. 682, II, do CC/2002, nasce para o advogado a
pretensão de postular a verba honorária em juízo. • Exceção: se houver cláusula
quota litis. A existência de cláusula quota litis em contrato de prestação de
serviços advocatícios faz postergar o início da prescrição até o momento da
implementação da condição suspensiva. STJ. 3ª Turma. REsp 1.605.604/MG,
Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 20/04/2021 (Info 693 STJ)
RESPONSABILIDADE CIVIL – INTERNET: Caso concreto: Luís recebeu
ameaças por mensagens eletrônicas enviadas por meio da conta de e-mail
xxxxx@outlook.com. Diante disso, Luís ajuizou ação contra a Microsoft
(proprietária do outlook) pedindo que ela fosse condenada a fornecer as
informações necessárias (IP, data e horário de acesso) para a identificação do
usuário da conta responsável pelas ameaças. A Microsoft alegou que a Justiça
Brasileira não teria competência para apreciar a causa e para determinar o
fornecimento dos dados. Isso porque o provedor de conexão se encontra
localizado fora do Brasil, o endereço eletrônico foi acessado no exterior e as
ameaças foram escritas em inglês. O STJ não concordou com a alegação de
incompetência. Em caso de ofensa ao direito brasileiro em aplicação hospedada
no estrangeiro (ex: uma ofensa veiculada contra residente no Brasil feita no
Facebook por um estrangeira), é possível sim a determinação judicial, por
autoridade brasileira, de que tal conteúdo seja retirado da internet e que os dados
do autor da ofensa sejam apresentados à vítima. Não fosse assim, bastaria a
qualquer pessoa armazenar informações lesivas em países longínquos para não
responder por seus atos danosos. Com base no art. 11 do Marco Civil da Internet
(Lei nº 12.965/2014), tem-se a aplicação da lei brasileira sempre que qualquer
operação de coleta, armazenamento, guarda e tratamento de registros, de dados
pessoais ou de comunicações por provedores de conexão e de aplicações de
internet ocorra em território nacional, mesmo que apenas um dos dispositivos da
comunicação esteja no Brasil e mesmo que as atividades sejam feitas por
empresa com sede no estrangeiro. STJ. 3ª Turma. REsp 1.745.657-SP, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 03/11/2020 (Info 683 STJ).
RESPONSABILIDADE CIVIL – INTERNET: É vedado ao provedor de
aplicações de internet fornecer dados de forma indiscriminada dos usuários que
tenham compartilhado determinada postagem, em pedido genérico e coletivo,
sem a especificação mínima de uma conduta ilícita realizada. STJ. 4ª Turma.
REsp 1.859.665/SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 09/03/2021 (Info
688 STJ)
RESPONSABILIDADE CIVIL – PERDA DE UMA CHANCE: Exemplo hipotético:
João contratou Marcelo para ajuizar uma ação ordinária contra o plano de saúde.
Foi ajuizada a ação, mas o juiz negou o pedido de tutela provisória de urgência.
Marcelo, sem uma razão justificável, deixou de interpor agravo de instrumento.
Em 06/06/2016, transcorreu in albis o prazo recursal. O processo continuou
tramitando, no entanto, Marcelo sempre se mostrava negligente e sem
compromisso para com seu cliente. Assim, em 07/07/2017, João revogou os
poderes conferidos a Marcelo e contratou outro advogado para acompanhar o
processo. O termo inicial do prazo prescricional para a ação de indenização pela
perda de uma chance é 07/07/2017. No caso, não é razoável considerar como
marco inicial da prescrição a data limite para a interposição do agravo de
instrumento, haja vista inexistirem elementos nos autos - ou a comprovação por
parte do causídico - de que o cliente tenha sido cientificado da perda de prazo
para apresentar o recurso cabível. Portanto, o prazo prescricional não pode ter
início no momento da lesão ao direito da parte (dia em que o advogado perdeu
o prazo), mas sim na data do conhecimento do dano, aplicando-se
excepcionalmente a actio nata em sua vertente subjetiva. STJ. 3ª Turma. REsp
1.622.450/SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 16/03/2021 (Info
689 STJ).
RESPONSABILIDADE CIVIL – TORCIDAS: A entidade esportiva mandante do
jogo responde pelos danos sofridos por torcedores em decorrência de atos violentos
perpetrados por membros de torcida rival. Em caso de falha de segurança nos
estádios, as entidades responsáveis pela organização da competição, bem como seus
dirigentes responderão solidariamente, independentemente da existência de culpa,
pelos prejuízos causados ao torcedor (art. 19 do EDT). O art. 14 do Estatuto do
Torcedor é enfático ao atribuir à entidade de prática desportiva detentora do mando
de jogo e a seus dirigentes a responsabilidade pela segurança do torcedor em evento
esportivo. Assim, para despontar a responsabilidade da agremiação, é suficiente a
comprovação do dano, da falha de segurança e do nexo de causalidade. REsp
1.924.527-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado
em 15/06/2021, DJe de 17/06/2021. (INFO 701 STJ)

RESPONSABILIDADE CIVIL – TRANSPORTE MARÍTIMO: O prazo


prescricional da pretensão indenizatória decorrente de extravio, perda ou avaria
de cargas transportadas por via marítima é de 1 (um) ano. Fundamento: art. 8º
do Decreto-Lei nº 116/67. STJ. 3ª Turma. REsp 1.893.754/MA, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 09/03/2021 (Info 688 STJ).
SIMULAÇÃO DO NJ – RECONHECIMENTO: Na vigência do novo Código
Florestal (Lei nº 12.651/2012), a extensão não edificável nas Áreas de
Preservação Permanente de qualquer curso d'água, perene ou intermitente, em
trechos caracterizados como área urbana consolidada, deve respeitar o que
disciplinado pelo seu art. 4º, caput, inciso I, alíneas a, b, c, d e e, a fim de
assegurar a mais ampla garantia ambiental a esses espaços territoriais
especialmente protegidos e, por conseguinte, à coletividade. STJ. 1ª Seção.
REsp 1.770.760/SC, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 28/04/2021
(Recurso Repetitivo – Tema 1010) (Info 694 STJ)
SUCESSÃO – MEAÇÃO: Se o companheiro é proprietário de um bem particular
e o aluga, o valor dos aluguéis é considerado bem que entra na comunhão (art.
1.660, V, CC), de forma que a companheira é meeira dessa quantia: Art. 1.660.
Entram na comunhão: (...) V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de
cada cônjuge, percebidos na constância do casamento, ou pendentes ao tempo
de cessar a comunhão. Depois que ele morre, essa comunhão termina e a
companheira não terá mais direito à metade desse valor. Os aluguéis que
vencerem depois da abertura da sucessão, não estão abrangidos pelo art. 1.660,
V, do CC e devem se submeter à divisão da herança. STJ. 3ª Turma. REsp
1.795.215/PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 23/03/2021 (Info 690 STJ)
SUCESSÃO – REGIME: A tese fixada pelo Supremo Tribunal Federal por
ocasião do julgamento do tema n. 809/STF, segundo a qual "é inconstitucional a
distinção de regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros prevista no art.
1.790 do CC/2002, devendo ser aplicado, tanto nas hipóteses de casamento
quanto nas de união estável, o regime do art. 1.829 do CC/2002", deve ser
aplicada ao inventário em que a exclusão da concorrência entre herdeiros
ocorreu em decisão anterior à tese. STJ. 3ª Turma. REsp 1.904.374/DF, Rel.
Min. Nancy Andrighi, julgado em 13/04/2021 (Info 692 STJ). Aplica-se a tese
fixada no Tema 809/STF ao inventário em que ainda não foi proferida a sentença
de partilha, ainda que tenha havido, no curso do processo, a prolação de decisão
que, aplicando o art. 1.790 do CC, excluiu herdeiro da sucessão
SEGURO EM GRUPO – DEVER DE INFORMAÇÃO: No contrato de seguro de
vida em grupo, cuja estipulação é feita em favor de terceiros, três são as partes
interessadas: a) estipulante, responsável pela contratação com o segurador (ex:
empresa ou associação); b) seguradora, que oferece a cobertura dos riscos
especificados na apólice; c) o grupo segurado, usufrutuários dos benefícios, que
assumem suas obrigações para com o estipulante (ex: trabalhadores ou
associados). Uma pessoa está decidindo se irá ou não aderir a um seguro de
vida em grupo oferecido pelo empregador (estipulante). De quem é o dever de
informar previamente ao segurado a respeito das cláusulas limitativas/restritivas
do contrato? Esse dever é da seguradora ou do estipulante? • Estipulante. É a
posição atual da 3ª Turma do STJ: Incumbe exclusivamente ao estipulante o
dever de prestar informação prévia ao segurado a respeito das cláusulas
limitativas/restritivas nos contratos de seguro de vida em grupo. STJ. 3ª Turma.
REsp 1.825.716-SC, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 27/10/2020
(Info 683 STJ). • Seguradora. É o entendimento da 4ª Turma do STJ: A
seguradora tem o dever de prestar informações ao segurado, mesmo nos
contratos de seguro de vida em grupo. Tal responsabilidade não pode ser
transferida integralmente à estipulante, eximindo a seguradora. STJ. 4ª Turma.
AgInt no REsp 1.848.053/SC, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 10/3/2020
SEGURO DE VIDA EM GRUPO: Nos contratos de seguro de vida em grupo, a
obrigação de prestar informações aos segurados recai sobre o estipulante. REsp
1.850.961-SC, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, Quarta Turma, por maioria, julgado em
15/06/2021. (INFO 702 STJ)

SISTEMA FINANCEIRO DE HABITAÇÃO: Nos contratos de mútuo imobiliário


regidos pelo Plano de Equivalência Salarial - PES, segurados pelo Fundo de
Compensação de Valorizações Salariais - FCVS, o reconhecimento de
anatocismo não gera direito a repetição de indébito se tal procedimento impactou
apenas no valor do saldo devedor do contrato. STJ. 1ª Seção. EREsp
1.460.696/PR, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 24/02/2021 (Info 686 STJ).
SUCESSÕES – UNIÃO ESTAVEL – PARTILHA: É imperiosa a aplicação da
tese firmada pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do Tema 809/STF,
que impõe a igualdade de tratamento no regime sucessório entre cônjuges e
companheiros, em processo cuja inexistência jurídica da sentença de partilha,
ante a ausência de citação de litisconsorte necessário, impede a formação da
coisa julgada material. STJ. 3ª Turma. REsp 1.857.852/RS, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 16/03/2021 (Info 689 STJ).
UNIÃO ESTÁVEL – RECONHECIMENTO: A preexistência de casamento ou de
união estável de um dos conviventes, ressalvada a exceção do artigo 1.723, §
1º, do Código Civil, impede o reconhecimento de novo vínculo referente ao
mesmo período, inclusive para fins previdenciários, em virtude da consagração
do dever de fidelidade e da monogamia pelo ordenamento jurídico-constitucional
brasileiro. STF. Plenário. RE 1045273, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado
em 18/12/2020 (Repercussão Geral – Tema 529) (Info 1003 STF)
USUFRUTO: A morte de usufrutuário que arrenda imóvel, durante a vigência do
contrato de arrendamento, sem a reivindicação possessória pelo proprietário, torna
precária e injusta a posse exercida pelos seus sucessores, mas não constitui óbice ao
exercício dos direitos provenientes do contrato de arrendamento pelo espólio perante
o terceiro arrendatário. REsp 1.758.946-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Terceira
Turma, por unanimidade, julgado em 08/06/2021, DJe 11/06/2021. (INFO 700 STJ)

Direito Constitucional

ADI – ADITAMENTO: Não é admitido o aditamento à inicial da ação direta de


inconstitucionalidade após o recebimento das informações dos requeridos e das
manifestações do Advogado-Geral da União e do Procurador-Geral da
República. STF. Plenário. ADI 4541/BA, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em
16/4/2021 (Info 1013 STF).
ADI – GOVERNADOR: Governador de Estado afastado cautelarmente de suas
funções — por força do recebimento de denúncia por crime comum — não tem
legitimidade ativa para a propositura de ação direta de inconstitucionalidade.
STF. Plenário. ADI 6728 AgR/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 30/4/2021
(Info 1015 STF)
ATIVIDADE PROFISSIONAL: É formalmente inconstitucional portaria do
Departamento Estadual de Trânsito (Detran) que dispõe sobre condições para o
exercício de atividade profissional. Compete privativamente à União legislar
sobre o tema (1), nos termos do art. 22, XVI, da Constituição Federal (CF) (2).
Ademais, não existe lei complementar federal autorizando os estados-membros
a legislarem sobre questões específicas relacionadas a essa matéria, conforme
estabelece a repartição constitucional de competências, e, tampouco, norma
primária estadual que disponha sobre interesse local na matéria. No caso, a
portaria impugnada desbordou o âmbito meramente administrativo ao disciplinar
a profissão de despachante documentalista, estabelecendo requisitos para a
habilitação e o credenciamento dos profissionais, definindo atribuições, deveres,
impedimentos, e cominando penalidades. ADI 6754/TO, relator Min. Edson
Fachin, julgamento virtual finalizado em 25.6.2021 (Info 1023 STF)
AUTONOMIA UNIVERSITÁRIA: A Lei nº 5.540/68, com redação dada pela Lei
nº 9.192/95, prevê que a Universidade, por meio do seu colegiado máximo, irá
encaminhar ao Presidente da República uma lista com três nomes de
professores da instituição. A partir dessa lista tríplice, o Presidente escolhe um
nome e o nomeia para um mandato de 4 anos. Essa opção legal pela escolha
dos dirigentes máximos das universidades em ato complexo não ofende a
autonomia universitária, prevista no art. 207 da Constituição. O ato de nomeação
dos Reitores de universidades públicas federais, regido pela Lei nº 5.540/68, com
a redação dada pela Lei nº 9.192/95, não afronta o art. 207 da Constituição
Federal, por não significar tal ato um instrumento de implantação de políticas
específicas determinadas pelo chefe do Poder Executivo, nem indicar
mecanismo de controle externo à autonomia universitária. Trata-se de
discricionariedade mitigada que, a partir de requisitos objetivamente previstos
pela legislação federal, exige que a escolha do chefe do Poder Executivo recaia
sobre um dos três nomes eleitos pela universidade. STF. Plenário. ADPF 759
MC-Ref/DF, Rel. Min. Edson Fachin, redator do acórdão Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 6/2/2021 (Info 1004 STF).
AUTONOMIA UNIVERSITÁRIA: A previsão de nomeação “pro tempore”, pelo
Ministro da Educação, de dirigentes de instituições de ensino federais viola os
princípios da isonomia, da impessoalidade, da proporcionalidade, da autonomia
e da gestão democrática do ensino público. É cabível ação direta de
inconstitucionalidade contra Decreto presidencial quando este assume feição
flagrantemente autônoma, ou seja, quando não regulamenta lei, apresentandose
como ato normativo independente que inova na ordem jurídica, criando,
modificando ou extinguindo direitos e deveres. STF. Plenário. ADI 6543/DF, Rel.
Min. Cármen Lúcia, julgado em 26/3/2021 (Info 1011 STF).
CNJ – DECISÕES ADMINISTRATIVAS: O art. 106 do Regimento Interno do
CNJ prevê o seguinte: Art. 106. O CNJ determinará à autoridade recalcitrante,
sob as cominações do disposto no artigo anterior, o imediato cumprimento de
decisão ou ato seu, quando impugnado perante outro juízo que não o Supremo
Tribunal Federal. O STF afirmou que essa previsão é constitucional e decorre do
exercício legítimo de poder normativo atribuído constitucionalmente ao CNJ, que
é o órgão formulador da política judiciária nacional. Assim, o CNJ pode
determinar à autoridade recalcitrante o cumprimento imediato de suas decisões,
ainda que impugnadas perante a Justiça Federal de primeira instância, quando
se tratar de hipótese de competência originária do STF. STF. Plenário. ADI
4412/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18/11/2020 (Info 1000 STF)
COMPETÊNCIA – CNJ: Nos termos do art. 102, I, “r”, da Constituição Federal,
é competência exclusiva do STF processar e julgar, originariamente, todas as
ações ajuizadas contra decisões do Conselho CNJ e do CNMP proferidas no
exercício de suas competências constitucionais, respectivamente, previstas nos
arts. 103-B, § 4º, e 130-A, § 2º, da CF/88. STF. Plenário. Pet 4770 AgR/DF, Rel.
Min. Roberto Barroso, julgado em 18/11/2020 (Info 1000). STF. Plenário. Rcl
33459 AgR/PE, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18/11/2020 (Info
1000). STF. Plenário. ADI 4412/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
18/11/2020 (Info 1000 STF)
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA – BOLETOS: Os Estados-membros e o Distrito
Federal têm competência legislativa para estabelecer regras de postagem de
boletos referentes a pagamento de serviços prestados por empresas públicas e
privadas. STF. Plenário. ARE 649379/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac.
Min. Alexandre de Moraes, julgado em 13/11/2020 (Repercussão Geral – Tema
491) (Info 999 STF)
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA – CONCESSIONÁRIA DE ENERGIA
ELÉTRICA: São constitucionais as normas estaduais, editadas em razão da
pandemia causada pelo novo coronavírus, pelas quais veiculados a proibição de
suspensão do fornecimento do serviço de energia elétrica, o modo de cobrança,
a forma de pagamentos dos débitos e a exigibilidade de multa e juros moratórios.
STF. Plenário. ADI 6432/RR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 7/4/2021 (Info
1012 STF).
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA – CONSUMIDOR: Normas estaduais que
disponham sobre obrigações destinadas às empresas de telecomunicações,
relativamente à oferta de produtos e serviços, incluem-se na competência
concorrente dos estados para legislarem sobre direitos do consumidor. STF.
Plenário. ADI 5962/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 25/2/2021 (Info 1007
STF)
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA – DESCONTO EM MEDICAMENTO: É
formalmente inconstitucional lei estadual que concede descontos aos idosos
para aquisição de medicamentos em farmácias localizadas no respectivo estado.
STF. Plenário. ADI 2435/RJ, Rel. Min. Cármen Lúcia, redator do acórdão Min.
Gilmar Mendes, julgado em 18/12/2020 (Info 1003 STF).
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA – EMOLUMENTOS: São constitucionais as
normas estaduais que destinam parte da arrecadação obtida com os
emolumentos cobrados pelos notários e registradores para os fundos de
financiamento da estrutura do Poder Judiciário ou de órgãos e funções
essenciais à Justiça, como, por exemplo, o Ministério Público, a Defensoria
Pública e a Advocacia Pública. STF. Plenário. ADI 3704/RJ, Rel. Min. Marco
Aurélio, redator do acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 26/4/2021 (Info
1014 STF).
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA – EMPRÉSTIMO CONSIGNADO: É
inconstitucional norma estadual que autoriza a suspensão, pelo prazo de 120
dias, do cumprimento de obrigações financeiras referentes a empréstimos
realizados e empréstimos consignados. Ao interferir nas relações obrigacionais
firmadas entre instituições de crédito e os tomadores de empréstimos, a lei
adentrou em matéria relacionada com direito civil e com política de crédito,
assuntos que são de competência legislativa privativa da União, nos termos do
art. 22, I e VII, da CF/88. STF. Plenário. ADI 6495/RJ, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 20/11/2020 (Info 1000 STF). É inconstitucional lei
estadual que determina a suspensão temporária da cobrança das consignações
voluntárias contratadas por servidores públicos estaduais. STF. Plenário. ADI
6484, Rel. Roberto Barroso, julgado em 05/10/2020.
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA – ENERGIA ELÉTRICA: São constitucionais as
normas estaduais, editadas em razão da pandemia causada pelo novo
coronavírus, pelas quais veiculados a proibição de suspensão do fornecimento
do serviço de energia elétrica, o modo de cobrança, a forma de pagamentos dos
débitos e a exigibilidade de multa e juros moratórios. STF. Plenário. ADI
6432/RR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 7/4/2021 (Info 1012 STF).
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA – ENSINO À DISTÂNCIA: É formalmente
inconstitucional lei estadual, de iniciativa parlamentar, que, ao dispor sobre
ensino a distância, proíba a utilização do termo “tutor”, além de criar restrições e
requisitos para exercício da atividade de tutoria. STF. Plenário. ADI 5997/RJ,
Rel. Min. Edson Fachin, redator do acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em
16/4/2021 (Info 1013 STF)
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA – IDADE ESCOLAR: É inconstitucional lei
estadual que fixa critério etário para o ingresso no Ensino Fundamental diferente
do estabelecido pelo legislador federal e regulamentado pelo Ministério da
Educação. STF. Plenário. ADI 6312, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
18/12/2020 (Info 1003 STF). É constitucional a exigência de 6 (seis) anos de idade para o ingresso no
ensino fundamental, cabendo ao Ministério da Educação a definição do momento em que o aluno deverá preencher o
critério etário. STF. Plenário. ADC 17/DF, Rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, jugado em 1º/8/2018
(Info 909 STF).

COMPETÊNCIA LEGISLATIVA – MENSALIDADE ESCOLAR: É


inconstitucional a legislação estadual que estabelece a redução obrigatória das
mensalidades da rede privada de ensino durante a vigência das medidas
restritivas para o enfrentamento da emergência de saúde pública decorrente do
novo Coronavírus. Essa lei viola a competência privativa da União para legislar
sobre Direito Civil (art. 22, I, da CF/88). Ao estabelecer uma redução geral dos
preços fixados nos contratos para os serviços educacionais, a leis alterou, de
forma geral e abstrata, o conteúdo dos negócios jurídicos, o que as caracteriza
como norma de Direito Civil. Os efeitos da pandemia sobre os negócios jurídicos
privados, inclusive decorrentes de relações de consumo, foram tratados pela Lei
federal nº 14.010/2020. Ao estabelecer o Regime Jurídico Emergencial e
Transitório das relações jurídicas de Direito Privado (RJET) para o período, a
norma reduziu o espaço de competência complementar dos estados para legislar
e não contém previsão geral de modificação dos contratos de prestação de
serviços educacionais. STF. ADI 6575, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado
em 18/12/2020 (Info 1003 STF).
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA – ÓRGÃO PÚBLICO: É inconstitucional, na
acepção formal, norma de iniciativa parlamentar que prevê a criação de órgão
público e organização administrativa, levando em conta iniciativa privativa do
Chefe do Executivo – arts. 25 e 61, § 1º, II, alíneas “b” e “e”, da CF/88. STF.
Plenário. ADI 4726/AP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 10/11/2020 (Info 998
STF).
COMPETÊNCIA LEGISLATIA – POSTOS DE GASOLINA: É inconstitucional
norma estadual que vede ao consumidor, pessoa física, o abastecimento de
veículos em local diverso do posto de combustível. STF. Plenário. ADI 6580/RJ,
Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 11/5/2021 (Info 1016 STF)
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA – PUBLICIDADE: É constitucional legislação
estadual que proíbe toda e qualquer atividade de comunicação comercial dirigida
às crianças nos estabelecimentos de educação básica. STF. Plenário. ADI
5631/BA, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 25/3/2021 (Info 1011 STF)
COMPETENCIA LEGISLATIVA: TELECOMUNICAÇÕES: É inconstitucional lei
municipal que estabeleça limitações à instalação de sistemas transmissores de
telecomunicações por afronta à competência privativa da União para legislar
sobre telecomunicações, nos termos dos arts. 21, XI, e 22, IV, da Constituição
Federal. STF. Plenário. ADPF 732/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado
em 26/4/2021 (Info 1014 STF).
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA – TELEMARKETING A APOSENTADOS: É
constitucional a proibição — por lei estadual — de que instituições
financeiras, correspondentes bancários e sociedades de arrendamento mercantil
façam telemarketing, oferta comercial, proposta, publicidade ou qualquer tipo de
atividade tendente a convencer aposentados e pensionistas a celebrarem
contratos de empréstimo. Essa lei trata sobre defesa do consumidor, matéria que
é de competência concorrente (art. 24, V, da CF/88), servindo para suplementar
os princípios e as normas do CDC e reforçar a proteção dos consumidores
idosos, grupo em situação de especial vulnerabilidade econômica e social. STF.
Plenário. ADI 6727/PR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 11/5/2021 (Info 1016
STF).
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA – TELEFONIA: É constitucional norma estadual
que disponha sobre a obrigação de as operadoras de telefonia móvel e fixa
disponibilizarem, em portal da “internet”, extrato detalhado das chamadas
telefônicas e serviços utilizados na modalidade de planos “pré-pagos”. Trata-se
de norma sobre direito do consumidor que admite regulamentação concorrente
pelos Estados-Membros, nos termos do art. 24, V, da Constituição Federal. STF.
Plenário. ADI 5724/PI, rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o ac. Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 27/11/2020 (Info 1000 STF)
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA – TUTORIA: É formalmente inconstitucional lei
estadual, de iniciativa parlamentar, que, ao dispor sobre ensino a distância,
proíba a utilização do termo “tutor”, além de criar restrições e requisitos para
exercício da atividade de tutoria. STF. Plenário. ADI 5997/RJ, Rel. Min. Edson
Fachin, redator do acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 16/4/2021 (Info
1013 STF).
CONSTITUIÇÃO ESTADUAL – FORO POR PRERROGATIVA: É
inconstitucional dispositivo de Constituição Estadual que confere foro por
prerrogativa de função para Defensores Públicos e Procuradores do Estado.
Constituição estadual não pode atribuir foro por prerrogativa de função a
autoridades diversas daquelas arroladas na Constituição Federal. STF. Plenário.
ADI 6501 Ref-MC/PA, ADI 6508 Ref-MC/RO, ADI 6515 Ref-MC/AM e ADI 6516
RefMC/AL, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em 20/11/2020 (Info 1000 STF).
CONSTITUIÇÃO ESTADUAL – FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO: É
incompatível com a Constituição Federal norma de Constituição estadual que
disponha sobre nova hipótese de foro por prerrogativa de função, em especial
relativo a ações destinadas a processar e julgar atos de improbidade
administrativa. STF. Plenário. ADI 4870/ES, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
14/12/2020 (Info 1002 STF).
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE – ADPF: A arguição de
descumprimento de preceito fundamental (ADPF) é instrumento eficaz de
controle da inconstitucionalidade por omissão. A ADPF pode ter por objeto as
omissões do poder público, quer totais ou parciais, normativas ou não
normativas, nas mesmas circunstâncias em que ela é cabível contra os atos em
geral do poder público, desde que essas omissões se afigurem lesivas a preceito
fundamental, a ponto de obstar a efetividade de norma constitucional que o
consagra. STF. Plenário. ADPF 272/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em
25/3/2021 (Info 1011 STF).
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE – CORRUPÇÃO: Em tese, é
possível o reconhecimento de inconstitucionalidade formal no processo
constituinte reformador quando eivada de vício a manifestação de vontade do
parlamentar no curso do devido processo constituinte derivado, pela prática de
ilícitos que infirmam a moralidade, a probidade administrativa e fragilizam a
democracia representativa. Caso concreto: ADEPOL ajuizou ADI pedindo a
declaração de inconstitucionalidade formal da EC 41/2003 e da EC 47/2005 sob
o argumento de que elas foram aprovadas com votos “comprados” de Deputados
Federais condenados no esquema do “Mensalão” (AP 470). O STF afirmou que,
sob o aspecto formal, as emendas constitucionais devem respeitar o devido
processo legislativo, que inclui, entre outros requisitos, a observância dos
princípios da moralidade e da probidade. Assim, é possível o reconhecimento de
inconstitucionalidade formal no processo de reforma constituinte quando houver
vício de manifestação de vontade do parlamentar, pela prática de ilícitos. Porém,
para tanto, é necessária a demonstração inequívoca de que, sem os votos
viciados pela ilicitude, o resultado teria sido outro. No caso, apenas sete
Deputados foram condenados pelo Supremo na AP 470, por ficar comprovado
que eles participaram do esquema de compra e venda de votos e apoio político
conhecido como Mensalão. Portanto, o número comprovado de “votos
comprados” não é suficiente para comprometer as votações das ECs 41/2003 e
47/2005. Ainda que retirados os votos viciados, permanece respeitado o rígido
quórum estabelecido na Constituição Federal para aprovação de emendas
constitucionais, que é 3/5 em cada casa do Congresso Nacional. STF. Plenário.
ADI 4887/DF, ADI 4888/DF e ADI 4889/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em
10/11/2020 (Info 998 STF).
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE – GOVERNADOR: Governador de
Estado afastado cautelarmente de suas funções — por força do recebimento de
denúncia por crime comum — não tem legitimidade ativa para a propositura de
ação direta de inconstitucionalidade. STF. Plenário. ADI 6728 AgR/DF, Rel. Min.
Edson Fachin, julgado em 30/4/2021 (Info 1015 STF).
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE: RENDA BÁSICA CIDADANIA: A
Lei nº 10.835/2004 instituiu um programa denominado “renda básica de
cidadania”. Segundo esse programa, todas as pessoas residentes no Brasil, não
importando a sua condição socioeconômica, deverão receber um benefício cujo
valor deve ser fixado pelo Poder Executivo. O pagamento do benefício deverá
ser de igual valor para todos, e suficiente para atender às despesas mínimas de
cada pessoa com alimentação, educação e saúde. Como esse programa ainda
não havia sido implementado, em 2020 o Defensor Público-Geral Federal ajuizou
mandado de injunção contra o Presidente da República. O STF decidiu que,
como está presente estado de mora inconstitucional, deve ser fixado o valor da
renda básica de cidadania para o estrato da população brasileira em condição
de vulnerabilidade socioeconômica — pobreza e extrema pobreza — a ser
efetivado, pelo Presidente da República, no exercício fiscal seguinte ao da
conclusão do julgamento de mérito (2022). STF. Plenário. MI 7300/DF, Rel. Min.
Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 26/4/2021
(Info 1014).
CPI: É constitucional o art. 3º da Lei 10.001/2000, que confere prioridade aos
processos e procedimentos decorrentes de relatórios de Comissão Parlamentar
de Inquérito (CPI). ADI 5351/DF, relatora Min. Cármen Lúcia, julgamento virtual
finalizado em 18.6.2021 (INFO 1022 STF)
CPI – PODERES: Em juízo de delibação, não é possível a convocação de
governadores de estados-membros da Federação por Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI) instaurada pelo Senado Federal. ADPF 848 MC-Ref/DF, relatora
Min. Rosa Weber, julgamento virtual finalizado em 25.6.2021 (INFO 1023 STF)
CPI – REQUISITOS: A instauração de Comissão Parlamentar de Inquérito
depende unicamente do preenchimento dos requisitos previstos no art. 58, § 3º,
da Constituição Federal, ou seja: a) o requerimento de um terço dos membros
das casas legislativas; b) a indicação de fato determinado a ser apurado; e c) a
definição de prazo certo para sua duração. STF. Plenário. MS 37760 MC-Ref/DF,
Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 14/4/2021 (Info 1013 STF).
CULTURA: São constitucionais os procedimentos licitatórios que exijam
percentuais mínimos e máximos a serem observados pelas emissoras de rádio
na produção e transmissão de programas culturais, artísticos e jornalísticos
locais, nos termos do art. 221 da Constituição Federal. STF. Plenário. RE
1070522/PE, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 18/3/2021 (Repercussão Geral –
Tema 1013) (Info 1010 STF).
CULTURA – COTA DE TELA: São constitucionais a cota de tela, consistente na
obrigatoriedade de exibição de filmes nacionais nos cinemas brasileiros, e as
sanções administrativas decorrentes de sua inobservância. A denominada “cota
de tela” promove intervenção voltada a viabilizar a efetivação do direito à cultura,
sem, por outro lado, atingir o núcleo dos direitos à livre iniciativa, à livre
concorrência e à propriedade privada, apenas adequando as liberdades
econômicas à sua função social. STF. Plenário. RE 627432/RS, Rel. Min. Dias
Toffoli, julgado em 18/3/2021 (Repercussão Geral – Tema 704) (Info 1010 STF)
DIREITO À SAÚDE – VACINAÇÃO: O STF julgou parcialmente procedente ADI,
para conferir interpretação conforme à Constituição ao art. 3º, III, “d”, da Lei nº
13.979/2020. Ao fazer isso, o STF disse que o Poder Público pode determinar
aos cidadãos que se submetam, compulsoriamente, à vacinação contra a Covid-
19, prevista na Lei nº 13.979/2020. O Estado pode impor aos cidadãos que
recusem a vacinação as medidas restritivas previstas em lei (multa, impedimento
de frequentar determinados lugares, fazer matrícula em escola), mas não pode
fazer a imunização à força. Também ficou definido que os Estados-membros, o
Distrito Federal e os Municípios têm autonomia para realizar campanhas locais
de vacinação. A tese fixada foi a seguinte: (A) A vacinação compulsória não
significa vacinação forçada, por exigir sempre o consentimento do usuário,
podendo, contudo, ser implementada por meio de medidas indiretas, as quais
compreendem, dentre outras, a restrição ao exercício de certas atividades ou à
frequência de determinados lugares, desde que previstas em lei, ou dela
decorrentes, e (i) tenham como base evidências científicas e análises
estratégicas pertinentes, (ii) venham acompanhadas de ampla informação sobre
a eficácia, segurança e contraindicações dos imunizantes, (iii) respeitem a
dignidade humana e os direitos fundamentais das pessoas; (iv) atendam aos
critérios de razoabilidade e proporcionalidade, e (v) sejam as vacinas distribuídas
universal e gratuitamente; e (B) tais medidas, com as limitações acima expostas,
podem ser implementadas tanto pela União como pelos Estados, Distrito Federal
e Municípios, respeitadas as respectivas esferas de competência. STF. Plenário.
ADI 6586, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 17/12/2020 (Info 1003
STF)
DIREITO À SAÚDE – VACINAÇÃO FILHOS: É constitucional a obrigatoriedade
de imunização por meio de vacina que, registrada em órgão de vigilância
sanitária, (i) tenha sido incluída no Programa Nacional de Imunizações ou (ii)
tenha sua aplicação obrigatória determinada em lei ou (iii) seja objeto de
determinação da União, estado, Distrito Federal ou município, com base em
consenso médico-científico. Em tais casos, não se caracteriza violação à
liberdade de consciência e de convicção filosófica dos pais ou responsáveis, nem
tampouco ao poder familiar. STF. Plenário. ARE 1267879/SP, Rel. Min. Roberto
Barroso, julgado em 16 e 17/12/2020 (Repercussão Geral – Tema 1103) (Info
1003 STF)
DIREITO À SAUDE – ORDEM DE VACINAÇÃO: A pretensão de que sejam
editados e publicados critérios e subcritérios de vacinação por classes e
subclasses no Plano de Vacinação, assim como a ordem de preferência dentro
de cada classe e subclasse, encontra arrimo: • nos princípios da publicidade e
da eficiência que regem a Administração Pública (art. 37, da CF/88); • no direito
à informação que assiste aos cidadãos em geral (art. 5º, XXXIII, e art. 37, § 2º,
II); • na obrigação da União de “planejar e promover a defesa permanente contra
as calamidades públicas” (art. 21, XVII); • no dever incontornável cometido ao
Estado de assegurar a inviolabilidade do direito à vida (art. 5º, caput), traduzida
por uma “existência digna” (art. 170); e • no direito à saúde (art. 6º e art. 196).
STF. Plenário. ADPF 754 TPI-segunda-Ref/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,
julgado em 27/2/2021 (Info 1007 STF)
DIREITO AO ESQUECIMENTO: É incompatível com a Constituição a ideia de
um direito ao esquecimento, assim entendido como o poder de obstar, em razão
da passagem do tempo, a divulgação de fatos ou dados verídicos e licitamente
obtidos e publicados em meios de comunicação social analógicos ou digitais.
Eventuais excessos ou abusos no exercício da liberdade de expressão e de
informação devem ser analisados caso a caso, a partir dos parâmetros
constitucionais – especialmente os relativos à proteção da honra, da imagem, da
privacidade e da personalidade em geral – e as expressas e específicas
previsões legais nos âmbitos penal e cível. STF. Plenário. RE 1010606/RJ, Rel.
Min. Dias Toffoli, julgado em 11/2/2021 (Repercussão Geral – Tema 786) (Info
1005 STF)
DIREITO DE RESPOSTA: A Lei nº 13.188/2015 disciplinou o exercício do direito
de resposta ou retificação do ofendido em matéria divulgada, publicada ou
transmitida por veículo de comunicação social. O STF analisou três ações diretas
de inconstitucionalidade propostas contra o diploma. O art. 2º, § 3º; o art. 4º; o
art. 5º, § 1º; e o art. 6º, incisos I e II, da Lei nº 13.188/2015 foram julgados
constitucionais. Por outro lado, foi declarada a inconstitucionalidade da
expressão “em juízo colegiado prévio” presente no art. 10 da Lei nº 13.188/2015:
Art. 10. Das decisões proferidas nos processos submetidos ao rito especial
estabelecido nesta Lei, poderá ser concedido efeito suspensivo pelo tribunal
competente, desde que constatadas, em juízo colegiado prévio, a plausibilidade
do direito invocado e a urgência na concessão da medida. O Poder Judiciário,
tal qual estruturado no art. 92, caput e parágrafos, da Constituição Federal,
segue escala hierárquica de jurisdição, em que consta no topo o Supremo
Tribunal Federal e, em seguida, tribunais superiores, tribunais
regionais/estaduais e juízes locais. Essa gradação hierárquica tem por
pressuposto a ampliação dos poderes dos magistrados à medida que se afastam
da base dessa estrutura orgânico-funcional em direção a seu topo. Admitir que
um juiz integrante de tribunal não possa ao menos conceder efeito suspensivo a
recurso dirigido contra decisão de juiz de primeiro grau é subverter a lógica
hierárquica estabelecida pela Constituição, pois é o mesmo que atribuir ao juízo
de primeira instância mais poderes que ao magistrado de segundo grau de
jurisdição. Ademais, o poder geral de cautela, assim compreendido como a
capacidade conferida ao magistrado de determinar a realização de medidas de
caráter provisório, ainda que inominadas no Código de Processo Civil, é ínsito
ao exercício da jurisdição e uma forma de garantir a efetividade do processo
judicial (art. 297 do CPC). No caso, o poder geral de cautela se faz essencial
porque o direito de resposta é, por natureza, satisfativo, de modo que, uma vez
exercido, não há como ser revertido. Desse modo, a interpretação literal do art.
10 da Lei nº 13.188/2015, atribuindo exclusivamente a colegiado de tribunal o
poder de deliberar sobre a concessão de efeito suspensivo a recurso em face de
decisão que tenha assegurado o direito de resposta, dificultaria sensivelmente a
reversão liminar de decisão concessiva do direito de resposta, com risco,
inclusive, de tornar ineficaz a apreciação do recurso pelo tribunal. STF. Plenário.
ADI 5415/DF, ADI 5418/DF e ADI 5436/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
11/3/2021 (Info 1009 STF)
DIREITO DE REUNIÃO – PRÉVIO AVISO: O art. 5º, XVI, da CF/88 prevê o
direito de reunião nos seguintes termos: XVI - todos podem reunir-se
pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de
autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada
para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade
competente; Qual é o sentido de “prévio aviso” mencionado pelo dispositivo
constitucional? O STF fixou a seguinte tese: A exigência constitucional de aviso
prévio relativamente ao direito de reunião é satisfeita com a veiculação de
informação que permita ao poder público zelar para que seu exercício se dê de
forma pacífica ou para que não frustre outra reunião no mesmo local. STF.
Plenário. RE 806339/SE, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Edson
Fachin, julgado em 14/12/2020 (Repercussão Geral – Tema 855) (Info 1003
STF).
DIREITOS SOCIAIS – SALÁRIO MÍNIMO: Lei estadual criou um benefício
assistencial e previu que seu valor seria o do salário mínimo vigente. Tal
previsão, em princípio, viola o art. 7º, IV, da CF/88, que proíbe que o salário
mínimo seja utilizado como referência (parâmetro) para outras finalidades que
não sejam a remuneração do trabalho. No entanto, o STF afirmou que seria
possível conferir interpretação conforme a Constituição e dizer que o dispositivo
previu que o valor do benefício seria igual ao salário mínimo vigente na época
em que a lei foi editada (R$ 545). Após isso, mesmo o salário mínimo
aumentando nos anos seguintes, o valor do benefício não pode acompanhar
automaticamente os reajustes realizados sobre o salário mínimo, considerando
que ele não pode servir como indexador. Em suma, o STF determinou que a
referência ao salário mínimo contida na lei estadual seja considerada como um
valor certo que vigorava na data da edição da lei, passando a ser corrigido nos
anos seguintes por meio de índice econômico diverso. Com isso, o benefício
continua existindo e será necessário ao governo do Amapá apenas reajustar
esse valor por meio de índices econômicos. STF. Plenário. ADI 4726/AP, Rel.
Min. Marco Aurélio, julgado em 10/11/2020 (Info 998 STF)
FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO: Extrapola a autonomia do estado
previsão, em constituição estadual, que confere foro privilegiado a Delegado
Geral da Polícia Civil. A autonomia dos estados para dispor sobre autoridades
submetidas a foro privilegiado não é ilimitada, não pode ficar ao arbítrio político
do constituinte estadual e deve seguir, por simetria, o modelo federal. STF.
Plenário. ADI 5591/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 20/3/2021 (Info 1010
STF)
IMPORTAÇÃO DE VACINAS: É possível que ente federado proceda à
importação e distribuição, excepcional e temporária, de vacina contra o
coronavírus, no caso de ausência de manifestação, a esse respeito, da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA no prazo estabelecido pelo art. 16 da
Lei nº 14.124/2021. Caso concreto: no dia 08/04/2021, o Estado do Maranhão
ingressou com pedido de tutela provisória incidental alegando que a União
estaria descumprindo o Plano Nacional de Vacinação, o que teria levado o
Estado a adquirir 4 milhões e meio de doses da vacina Sputnik V, produzida pelo
Instituto Gamaleya, da Rússia. O Estado afirmou que, para conseguir trazer
regularmente as vacinas para o Brasil, protocolizou na Anvisa, no dia
29/03/2021, pedido de autorização excepcional de uso e de importação da
Sputnik V. Ocorre que a agência ainda não teria examinado o requerimento, a
despeito da situação de urgência. Diante disso, o Estado do Maranhão pediu ao
STF, a título de tutela provisória incidental, que seja determinado à Anvisa que
emita autorização excepcional de uso e importação da vacina Sputnik V,
conforme requerimento apresentado. O STF deferiu em parte o pedido e
determinou que a Anvisa, no prazo máximo de 30 dias, a contar de 29/3/2021,
decida sobre a importação excepcional e temporária da vacina Sputnik V.
Fundamento legal para a decisão: art. 16, § 4º da Lei nº 14.124/2021. STF.
Plenário. ACO 3451 TPI-Ref/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em
30/4/2021 (Info 1015 STF)
INCONSTITUCINALIDADE – GRATIFICAÇÃO – MP: A Associação dos
Magistrados Brasileiros - AMB ajuizou ADI contra o art. 2º e o art. 91, V, da Lei
Complementar estadual nº 106/2003, do Estado do Rio de Janeiro. O art. 2º
prevê autonomia financeira ao MP. O art. 91, V, afirma que os membros do MP
possuem direito à gratificação pela prestação de serviço à Justiça Eleitoral, verba
a ser paga pelo TRE. A AMB possui pertinência temática para ajuizar ações que
busquem o aperfeiçoamento e a defesa do funcionamento do próprio Poder
Judiciário. Assim, o interesse dessa associação não se restringe às matérias de
interesse corporativo. O art. 2º é constitucional. É constitucional dispositivo de lei
estadual que prevê a autonomia financeira do Ministério Público. Fundamento:
art. 127, § 1º e § 3º, da CF/88. O art. 91, V é inconstitucional. É inconstitucional
dispositivo de lei estadual que institui gratificação aos membros do MP pela
prestação de serviço à Justiça Eleitoral a ser paga pelo Poder Judiciário. A
previsão representa uma inadequada ingerência na autonomia financeira do
Poder Judiciário. STF. Plenário. ADI 2831/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, redator
do acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 30/4/2021 (Info 1015 STF).
INDÍGENAS – INVASÃO DE TERRAS: Cabível o deferimento de tutela
provisória incidental em arguição de descumprimento de preceito
fundamental para adoção de todas as providências indispensáveis para
assegurar a vida, a saúde e a segurança de povos indígenas vítimas de
ilícitos e problemas de saúde decorrentes da presença de invasores de
suas terras, em situação agravada pelo curso da pandemia ocasionada
pelo novo coronavírus (Covid-19). ADPF 709 TPI-Ref/DF, relator Min.
Roberto Barroso, julgamento virtual finalizado em 18.6.2021 (INFO 1022
STF)
INTERVENÇÃO ESTADUAL EM MUNICÍPIO: A Constituição Estadual não
pode trazer hipóteses de intervenção estadual diferentes daquelas que são
elencadas no art. 35 da Constituição Federal. As hipóteses de intervenção
estadual previstas no art. 35 da CF/88 são taxativas. Caso concreto: STF julgou
inconstitucionais os incisos IV e V do art. 25 da Constituição do Estado do Acre,
que previa que o Estado-membro poderia intervir nos Municípios quando: IV –
se verificasse, sem justo motivo, impontualidade no pagamento de empréstimo
garantido pelo Estado; V – fossem praticados, na administração municipal, atos
de corrupção devidamente comprovados. STF. Plenário. ADI 6616/AC, Rel. Min.
Cármen Lúcia, julgado em 26/4/2021 (Info 1014 STF)
LIBERDADE DE EXPRESSÃO – STREAMING: Retirar de circulação produto
audiovisual disponibilizado em plataforma de “streaming” apenas porque seu
conteúdo desagrada parcela da população, ainda que majoritária, não encontra
fundamento em uma sociedade democrática e pluralista como a brasileira. STF.
2ª Turma. Rcl 38782/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 3/11/2020 (Info
998 STF)
LIBERDADE PROFISSIONAL – CVM: São constitucionais as restrições
impostas aos auditores independentes pelo art. 31 da Instrução 308/99 da
Comissão de Valores Mobiliários (CVM). STF. Plenário. ADI 3033/RJ, Rel. Min.
Gilmar Mendes, julgado em 10/11/2020 (Info 998 STF).
LIBERDADE RELIGIOSA: A imposição legal de manutenção de exemplares de
Bíblias em escolas e bibliotecas públicas estaduais configura contrariedade à
laicidade estatal e à liberdade religiosa consagrada pela Constituição da
República de 1988. STF. Plenário. ADI 5258/AM, Rel. Min. Cármen Lúcia,
julgado em 12/4/2021 (Info 1012 STF)
LIBERDADE RELIGIOSA – COVID: É compatível com a Constituição Federal a
imposição de restrições à realização de cultos, missas e demais atividades
religiosas presenciais de caráter coletivo como medida de contenção do avanço
da pandemia da Covid-19. STF. Plenário. ADPF 811/SP, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 8/4/2021 (Info 1012 STF).
MINISTÉRIO PÚBLICO: São formalmente inconstitucionais dispositivos da Lei
10.001/2000 (1), de iniciativa do Poder Legislativo, que tratam de atribuições do
Ministério Público (“caput” e parágrafo único do art. 2º e art. 4º). A Constituição
Federal (CF) reserva ao Presidente da República (2) e ao Chefe do Ministério
Público (3) o poder de iniciativa para deflagrar o processo legislativo no que
concerne a normas de organização e atribuições do Ministério Público. ADI
5351/DF, relatora Min. Cármen Lúcia, julgamento virtual finalizado em 18.6.2021
(INFO 1023 STF)
MINISTÉRIO PÚBLICO – INCONSTITUCIONALIDADE: Foi editada emenda à
Constituição estadual afirmando que somente o PGJ poderia instaurar inquérito
civil e propor ACP contra membros do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do
Tribunal de Contas, do Ministério Público e da Defensoria Pública. Essa emenda
padece de vícios de inconstitucionalidade formal e material. A referida emenda
é formalmente inconstitucional porque: a) usurpou a iniciativa reservada pela
Constituição Federal ao Presidente da República para tratar sobre normas gerais
para a organização do Ministério Público estadual (art. 61, § 1º, II, “d”, da CF/88);
b) tratou sobre matéria que deve ser disciplinada por meio de lei complementar
de iniciativa do chefe do Ministério Público estadual (§ 5º do art. 128 da CF/88).
Além disso, constata-se inconstitucionalidade material na norma impugnada por
ofensa à autonomia e à independência do Ministério Público, asseguradas pelo
§ 2º do art. 127 e pelo § 5º do art. 128 da CF/88. STF. Plenário. ADI 5281/RO e
ADI 5324/RO, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 11/5/2021 (Info 1016 STF)
PARTIDO POLÍTICO: O símbolo partidário pode ser registrado como marca para
que se resguarde a exploração econômica por agremiações políticas (associações
civis ou partidos) do uso de marca de produtos/serviços, ainda que não exerçam
precipuamente atividade empresarial. A identificação de um partido político transita
e coexiste nas esferas privada e pública. Por conseguinte, os seus símbolos alcançam
dois regimes de proteção: o da Lei n. 9.096/1995, no que se refere ao uso para
finalidade eleitoral; e, ainda, o da Lei n. 9.279/1996, relativamente à exploração
econômica. REsp 1.353.300-DF, Rel. Min. Marco Buzzi, Quarta Turma, por
unanimidade, julgado em 22/06/2021. (INFO 702 STJ)

PISO NACIONAL DA EDUCAÇÃO BÁSICA: O mecanismo de atualização do


piso nacional do magistério da educação básica, previsto no art. 5º, parágrafo
único, da Lei nº 11.738/2008, é compatível com a Constituição Federal: Art. 5º O
piso salarial profissional nacional do magistério público da educação básica será
atualizado, anualmente, no mês de janeiro, a partir do ano de 2009. Parágrafo
único. A atualização de que trata o caput deste artigo será calculada utilizando-
se o mesmo percentual de crescimento do valor anual mínimo por aluno
referente aos anos iniciais do ensino fundamental urbano, definido
nacionalmente, nos termos da Lei nº 11.494, de 20 de junho de 2007. STF.
Plenário. ADI 4848/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 27/2/2021 (Info
1007 STF)
PODER LEGISLATIVO – REELEIÇÃO DE PRESIDENTE DAS MESAS: Não é
possível a recondução dos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado
Federal para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente, dentro da
mesma legislatura. Por outro lado, é possível a reeleição dos Presidentes da
Câmara dos Deputados e do Senado Federal em caso de nova legislatura. Ex:
o mandato de Presidente da Câmara e de Presidente do Senado é de 2 anos.
Cada legislatura tem a duração de 4 anos. Imagine que João foi eleito Deputado
Federal para a legislatura de 2013 a 2016. Suponhamos que ele foi escolhido
para ser Presidente da Câmara no período de 2013-2014. Significa que João
não poderá ser reeleito como Presidente da Câmara para o biênio de 2015-2016.
Isso porque seria uma reeleição dentro da mesma legislatura. Ex2: Pedro foi
eleito Deputado Federal para a legislatura de 2013 a 2016. Suponhamos que ele
foi escolhido para ser Presidente da Câmara no período de 2015-2016. Em 2016,
ele foi reeleito Deputado Federal para a legislatura de 2017 a 2020. Significa que
Pedro poderá ser novamente Presidente da Câmara para no biênio de 2017-
2018. Isso porque seria uma reeleição para nova legislatura. O fundamento para
isso está no art. 57, § 4º da CF/88: § 4º Cada uma das Casas reunir-se-á em
sessões preparatórias, a partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano da legislatura,
para a posse de seus membros e eleição das respectivas Mesas, para mandato
de 2 (dois) anos, vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição
imediatamente subsequente. Havia uma tentativa de se dar interpretação
conforme e dizer que o § 4º do art. 57 da CF/88 foi derrogado pela Emenda
Constitucional nº 16/97, que permitiu uma reeleição para os cargos do Poder
Executivo. O STF, contudo, não concordou com a alegação e manteve a
literalidade do art. 57, § 4º. STF. Plenário. ADI 6524, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgado em 14/12/2020 (Info 1003 STF).
PODER JUDICIÁRIO – LIMITE ETÁRIO: A fixação de limite etário, máximo e
mínimo, como requisito para o ingresso na carreira da magistratura viola o
disposto no art. 93, I, da Constituição Federal. STF. Plenário. ADI 5329/DF, rel.
orig. Min. Marco Aurélio, rel. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
14/12/2020 (Info 1002 STF)
PODER JUDICIÁRIO – REMUNERAÇÃO: Não é possível o estabelecimento de
subteto remuneratório para a magistratura estadual inferior ao teto remuneratório
da magistratura federal. A correta interpretação do art. 37, XI e § 12, da
Constituição Federal exclui a submissão dos membros da magistratura estadual
ao subteto de remuneração. STF. Plenário. ADI 3854/DF e ADI 4014/DF, Rel.
Min. Gilmar Mendes, julgados em 4/12/2020 (Info 1001 STJ).
PROCESSO LEGISLATIVO – VETO: Não se admite “novo veto” em lei já
promulgada e publicada. Manifestada a aquiescência do Poder Executivo com
projeto de lei, pela aposição de sanção, evidencia-se a ocorrência de preclusão
entre as etapas do processo legislativo, sendo incabível eventual retratação.
STF. Plenário. ADPF 714/DF, ADPF 715/DF e ADPF 718/DF, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 13/2/2021 (Info 1005 STF).
PROCESSO LEGISLATIVO – SESSÕES VIRTUAIS: A tramitação de projeto de
lei por meio de sistema de deliberação remota não viola as normas do processo
legislativo. Isso porque o fato de as sessões deliberativas do Senado Federal e
da Câmara dos Deputados terem acontecido por meio virtual não afasta a
participação e o acompanhamento da população em geral. Ambas as Casas
Legislativas fornecem meios de comunicação de amplo e fácil acesso, em tempo
real, em relação ao exercício da atividade legislativa. Ademais, a circunstância
de se estar diante de uma pandemia, cujo vírus se revelou altamente contagioso,
justifica a prudente opção do Congresso Nacional em prosseguir com suas
atividades por meio eletrônico STF. Plenário. ADI 6442/DF, ADI 6447/DF, ADI
6450/DF e ADI 6525/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 13/3/2021
(Info 1009 STF).
PUBLICIDADE – COVID: A redução da transparência dos dados referentes à
pandemia de COVID-19 representa violação a preceitos fundamentais da
Constituição Federal, nomeadamente o acesso à informação, os princípios da
publicidade e transparência da Administração Pública e o direito à saúde. STF.
Plenário. ADPF 690 MC-Ref/DF, ADPF 691 MC-Ref/DF e ADPF 692 MC-Ref/DF,
Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 20/11/2020 (Info 1000 STF).
PUBLICIDADE – COVID: É necessária a manutenção da divulgação integral dos
dados epidemiológicos relativos à pandemia da Covid-19. A interrupção abrupta
da coleta e divulgação de importantes dados epidemiológicos, imprescindíveis
para a análise da série histórica de evolução da pandemia (Covid-19),
caracteriza ofensa a preceitos fundamentais da Constituição Federal,
nomeadamente o acesso à informação, os princípios da publicidade e da
transparência da Administração Pública e o direito à saúde. STF. Plenário. ADPF
690/DF, ADPF 691/DF e ADPF 692 /DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgados
em 13/03/2021 (Info 1009 STF)
SAÚDE – COVID: A prudência — amparada nos princípios da prevenção e da
precaução — aconselha que continuem em vigor as medidas excepcionais
previstas nos arts. 3º ao 3º-J da Lei nº 13.979/2020, dada a continuidade da
situação de emergência na área da saúde pública. STF. Plenário. ADI 6625 MC-
Ref/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 6/3/2021 (Info 1008 STF).
SAÚDE – COVID: É possível que ente federado proceda à importação e
distribuição, excepcional e temporária, de vacina contra o coronavírus, no caso
de ausência de manifestação, a esse respeito, da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária - ANVISA no prazo estabelecido pelo art. 16 da Lei nº 14.124/2021.
Caso concreto: no dia 08/04/2021, o Estado do Maranhão ingressou com pedido
de tutela provisória incidental alegando que a União estaria descumprindo o
Plano Nacional de Vacinação, o que teria levado o Estado a adquirir 4 milhões e
meio de doses da vacina Sputnik V, produzida pelo Instituto Gamaleya, da
Rússia. O Estado afirmou que, para conseguir trazer regularmente as vacinas
para o Brasil, protocolizou na Anvisa, no dia 29/03/2021, pedido de autorização
excepcional de uso e de importação da Sputnik V. Ocorre que a agência ainda
não teria examinado o requerimento, a despeito da situação de urgência. Diante
disso, o Estado do Maranhão pediu ao STF, a título de tutela provisória
incidental, que seja determinado à Anvisa que emita autorização excepcional de
uso e importação da vacina Sputnik V, conforme requerimento apresentado. O
STF deferiu em parte o pedido e determinou que a Anvisa, no prazo máximo de
30 dias, a contar de 29/3/2021, decida sobre a importação excepcional e
temporária da vacina Sputnik V. Fundamento legal para a decisão: art. 16, § 4º
da Lei nº 14.124/2021. STF. Plenário. ACO 3451 TPI-Ref/DF, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 30/4/2021 (Info 1015 STF).
SAÚDE – REMÉDIOS: Constatada a incapacidade financeira do paciente, o
Estado deve fornecer medicamento que, apesar de não possuir registro
sanitário, tem a importação autorizada pela Agencia Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa). Para tanto, devem ser comprovadas a imprescindibilidade do
tratamento e a impossibilidade de substituição por outro similar constante das
listas oficiais de dispensação e dos protocolos de intervenção terapêutica do
Sistema Único de Saúde (SUS). RE 1165959/SP, relator Min. Marco Aurélio,
redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgamento virtual finalizado em
18.6.2021 (info 1022 STF)
SAÚDE – REQUISIÇÃO ADMINISTRATIVA: É incabível a requisição
administrativa, pela União, de bens insumos contratados por unidade federativa
e destinados à execução do plano local de imunização, cujos pagamentos já
foram empenhados. A requisição administrativa não pode se voltar contra bem
ou serviço de outro ente federativo. Isso para que não haja indevida interferência
na autonomia de um sobre outro. STF. Plenário. ACO 3463 MC-Ref/SP, Rel. Min.
Ricardo Lewandowski, julgado em 8/3/2021 (Info 1008 STF)
SAÚDE – VEDAÇÃO AO RETROCESSO: Em condições de recrudescimento
da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), não é constitucionalmente
aceitável qualquer retrocesso nas políticas públicas de saúde, como a que
resulta em decréscimo no número de leitos de Unidade de Terapia Intensiva
(UTI) habilitados (custeados) pela União. STF. Plenário. ACO 3473 MC-Ref/DF,
ACO 3474 TP-Ref/SP, ACO 3475 TP-Ref/DF, ACO 3478 MCRef/PI e ACO 3483
TP-Ref/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 7/4/2021 (Info 1012 STF).
SERVIÇOS PÚBLICOS – LEI 9472: O art. 18, I, II e III da Lei 9.472/97 é
compatível com os arts. 21, XI, e 48, XII, da CF/88 A competência atribuída ao
chefe do Poder Executivo para expedir decreto em ordem a instituir ou eliminar
a prestação do serviço em regime público, em concomitância ou não com a
prestação no regime privado, aprovar o plano geral de outorgas do serviço em
regime público e o plano de metas de universalização do serviço prestado em
regime público está em perfeita consonância com o poder regulamentar previsto
no art. 84, IV, parte final, e VI, da Constituição Federal. Interpretação conforme
dada ao art. 19, IV e X A competência da Agência Nacional de
Telecomunicações (ANATEL) para expedir normas subordina-se aos preceitos
legais e regulamentares que regem a outorga, prestação e fruição dos serviços
de telecomunicações no regime público e no regime privado. O art. 19, IV e X,
da Lei 9.472/97, desse modo, é constitucional. Impossibilidade de a ANATEL
realizar busca e apreensão (o inciso XV do art. 19 é inconstitucional) A busca e
posterior apreensão efetuada sem ordem judicial, com base apenas no poder de
polícia de que é investida a ANATEL, mostra-se inconstitucional diante da
violação ao disposto no princípio da inviolabilidade de domicílio, à luz do art. 5º,
XI, da Constituição Federal. Logo, o art. 19, XV, da Lei nº 9.472/97 é
inconstitucional. Intepretação conforme do art. 22, II A competência atribuída ao
Conselho Diretor da ANATEL para editar normas próprias de licitação e
contratação (art. 22, II, da Lei nº 9.472/97) deve observar o arcabouço normativo
atinente às licitações e aos contratos, em respeito ao princípio da legalidade. É
inconstitucional a expressão “serão disciplinados pela Agência” contida no art.
55 da Lei Diante da especificidade dos serviços de telecomunicações, é válida a
criação de novas modalidades licitatórias por lei de mesma hierarquia da Lei
Geral de Licitações (Lei 8.666/93). Portanto, sua disciplina deve ser feita por
meio de lei, e não de atos infralegais, em obediência aos artigos 21, XI, e 22,
XXVII, do texto constitucional. Interpretação conforme do art. 59 A contratação,
a que se refere o art. 59 da Lei nº 9.472/97, de técnicos ou empresas
especializadas, inclusive consultores independentes e auditores externos, para
executar atividades de competência da ANATEL, deve observar o regular
procedimento licitatório previsto pelas leis de regência. Constitucionalidade dos
arts. 65, III, §§ 1º e 2º, 66 e 69 da Lei A possibilidade de concomitância de
regimes público e privado de prestação do serviço, assim como a definição das
modalidades do serviço são questões estritamente técnicas, da alçada da
agência, a quem cabe o estabelecimento das bases normativas de cada matéria
relacionada à execução, à definição e ao estabelecimento das regras peculiares
a cada serviço. Inconstitucionalidade das expressões “simplificado” e “nos
termos por ela regulados” previstas no art. 119 da Lei nº 9.472/97 A ANATEL
não pode disciplinar procedimento licitatório simplificado por meio de norma de
hierarquia inferior à Lei Geral de Licitações, sob pena de ofensa ao princípio da
reserva legal. Por isso, são inconstitucionais as expressões “simplificado” e “nos
termos por ela regulados” do art. 119, da Lei nº 9.472/97. STF. Plenário. ADI
1668/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 27/2/2021 (Info 1007 STF).
SERVIÇOS PÚBLICOS – PPI: O Programa de Parcerias de Investimentos (PPI)
destinado à ampliação e ao fortalecimento da interação entre o Estado e a
iniciativa privada (MP 727/2016, convertida na Lei nº 13.334/2016) não afronta
os princípios da Administração Pública e da proteção do meio ambiente e dos
índios (art. 23, VI, art. 37, caput e art. 231, § 2º, da CF/88). STF. Plenário. ADI
5551/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 13/3/2021 (Info 1009)
TRIBUNAIS DE CONTAS: Os Tribunais de Contas dos Estados são organizados
pelas Constituições Estaduais. Contudo, por força do princípio da simetria, as
regras do TCU também são aplicadas, no que couber, aos TCE’s, conforme
determina o art. 75 da CF: Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção
aplicam-se, no que couber, à organização, composição e fiscalização dos
Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais
e Conselhos de Contas dos Municípios. Parágrafo único. As Constituições
estaduais disporão sobre os Tribunais de Contas respectivos, que serão
integrados por sete Conselheiros. Vale ressaltar que o princípio da simetria
previsto nesse art. 75 aplica-se: • aos Tribunais de Contas Estaduais; e • aos
Tribunais de Contas dos Municípios. Por outro lado, essa simetria não abrange
o Tribunal de Contas do Município (TCM). O preceito veiculado pelo art. 75 da
Constituição Federal aplica-se, no que couber, à organização, composição e
fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal e dos
Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios, excetuando-se ao princípio da
simetria os Tribunais de Contas do Município. Dessa forma, não é obrigatória a
instituição e regulamentação do Ministério Público especial junto ao Tribunal de
Contas do Município de São Paulo. STF. Plenário. ADPF 272/DF, Rel. Min.
Cármen Lúcia, julgado em 25/3/2021 (Info 1011 STF).
TRIBUNAIS DE CONTAS: O Estado-membro que desrespeita o mínimo
constitucional que deve ser aplicado na saúde, realocando recurso em programa
diverso, deve devolvê-lo à sua área de origem em sua totalidade. STJ. 2ª Turma.
REsp 1.752.162/RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 13/04/2021 (Info
692 STJ)
TRIBUNAIS DE CONTAS – AUDITORES: Auditores jurídicos e Auditores do
controle externo são duas classes de servidores do Tribunal de Contas da Bahia
(TCE/BA). Essas duas carreiras não se confundem com o Auditor substituto de
Ministro ou Conselho de que trata o art. 73, § 4º, da CF/88. Assim, não é possível
a equiparação legislativa do cargo de Auditor Jurídico e de Auditor do Controle
Externo do TCE/BA com o cargo de Auditor previsto no art. 73, § 4º, da CF/88.
Somente para este último é atribuída a substituição de Ministros do TCU ou de
Conselheiros do TCE e o exercício de atos da judicatura. STF. Plenário. ADI
4541/BA, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 16/4/2021 (Info 1013 STF).
TRIBUNAIS DE CONTAS: Caracteriza excesso de poder a ampliação do poder
investigativo das CPIs para atingir a esfera de competência dos estados
federados ou as atribuições exclusivas — competências autônomas — do
Tribunal de Contas da União (TCU). ADPF 848 MC-Ref/DF, relatora Min. Rosa
Weber, julgamento virtual finalizado em 25.6.2021 (INFO 1023 STF)
Direito da Criança e do Adolescente

ADOÇÃO – NOME: Presentes os requisitos autorizadores da tutela antecipada,


é cabível a inclusão de informações adicionais, para uso administrativo em
instituições escolares, de saúde, cultura e lazer, relativas ao nome afetivo do
adotando que se encontra sob guarda provisória. Exemplo hipotético: Tayson Cardoso
é filho de Maria. Desde os 7 meses de idade, Tayson mora com Regina Carvalho e João Melo,
que passou a cuidar do garoto como filho em razão de Maria tê-lo abandonado. Regina e João
iniciaram o processo de adoção e obtiveram a guarda provisória. Vale ressaltar que Regina e
João sempre chamaram “Tayson” de “Thiago”, sendo o nome por meio do qual o garoto é
conhecido entre os amigos e familiares do casal. Tayson/Thiago tem agora 3 anos. O processo
de adoção ainda não foi concluído. Regina e João vão matricular a criança na escola. Ocorre
que eles ficaram com receio de o menino ficar sendo chamado de Tayson na escola e ficar
confuso, considerando que o nome que conhece é Thiago. Diante disso, eles peticionaram ao
juiz da adoção pedindo que fosse concedida tutela antecipada para que fosse autorizada a
inclusão do nome social para uso administrativo em instituições escolares, de saúde, cultura e
lazer, relativas ao nome afetivo do adotando. Assim, nos cadastros da escola e demais
instituições constará o nome social do adotando: Thiago Carvalho Melo. STJ. 3ª Turma. REsp
1.878.298/MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 02/03/2021 (Info 687 STJ).

ADOÇÃO – PRAZO: A regra que estabelece a diferença mínima de 16 (dezesseis)


anos de idade entre adotante e adotando (art. 42, § 3º do ECA) pode, dada as
peculiaridades do caso concreto, ser relativizada no interesse do adotando. REsp
1.338.616-DF, Rel. Min. Marco Buzzi, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em
15/06/2021. INFO 701 STJ

ADOÇÃO – REVOGAÇÃO: É possível, mesmo ante a regra da irrevogabilidade


da adoção, a rescisão de sentença concessiva de adoção ao fundamento de que
o adotado, à época da adoção, não a desejava verdadeiramente e de que, após
atingir a maioridade, manifestou-se nesse sentido. A interpretação sistemática e
teleológica do § 1º do art. 39 do ECA conduz à conclusão de que a
irrevogabilidade da adoção não é regra absoluta, podendo ser afastada sempre
que, no caso concreto, verificar-se que a manutenção da medida não apresenta
reais vantagens para o adotado, tampouco é apta a satisfazer os princípios da
proteção integral e do melhor interesse da criança e do adolescente. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.892.782/PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 06/04/2021
(Info 691 STJ).
CONSELHO NACIONAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: São
incompatíveis com a Constituição Federal as regras previstas no Decreto nº
10.003/2019, que, a pretexto de regular o funcionamento do Conselho Nacional
da Criança e do Adolescente (Conanda), frustram a participação das entidades
da sociedade civil na formulação e no controle da execução de políticas públicas
em favor de crianças e adolescentes. Não bastasse isso, essas normas violam
o princípio da legalidade. STF. Plenário. ADPF 622/DF, Rel. Min. Roberto
Barroso, julgado em 27/2/2021 (Info 1007 STF).
INFRAÇÃO ADM – MULTA: A multa instituída pelo art. 249 do ECA não possui
caráter meramente preventivo, mas também punitivo e pedagógico, de modo que
não pode ser afastada sob fundamentação exclusiva do advento da maioridade
civil da vítima dos fatos que determinaram a imposição da penalidade. Art. 249.
Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres inerentes ao pátrio poder
familiar ou decorrente de tutela ou guarda, bem assim determinação da
autoridade judiciária ou Conselho Tutelar: Pena - multa de três a vinte salários
de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência. STJ. 4ª Turma.
REsp 1.653.405-RJ, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 02/03/2021 (Info
687 STJ).

Direito do Consumidor

CONTRATOS BANCÁRIOS – CHEQUE ESPECIAL: É inconstitucional a


cobrança de tarifa bancária pela disponibilização de limite para “cheque
especial”. Contraria o ordenamento jurídico-constitucional a permissão dada por
resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) às instituições financeiras
para cobrarem tarifa bancária pela mera disponibilização de crédito ao cliente na
modalidade “cheque especial”. STF. Plenário. ADI 6407/DF, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 30/4/2021 (Info 1015 STF)
INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA – REGRA DE INSTRUÇÃO: A inversão do
ônus da prova prevista no art. 6º, VIII, do Código de Defesa do Consumidor é regra
de instrução e não regra de julgamento, motivo pelo qual a decisão judicial que a
determina deve ocorrer antes da etapa instrutória ou, quando proferida em momento
posterior, há que se garantir à parte a quem foi imposto o ônus a oportunidade de
apresentar suas provas, sob pena de absoluto cerceamento de defesa. REsp
1.286.273-SP, Rel. Min. Marco Buzzi, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em
08/06/2021. INFO 701 STJ

OBRIGAÇÃO DE FORNECIMENTO: A impossibilidade do cumprimento da


obrigação de entregar coisa, no contrato de compra e venda, que é consensual,
deve ser restringida exclusivamente à inexistência absoluta do produto, na
hipótese em que não há estoque e não haverá mais, pois aquela espécie, marca
e modelo não é mais fabricada. Sendo possível ao fornecedor cumprir com a
obrigação, entregando ao consumidor o produto anunciado, ainda que obtendo-
o por outros meios, como o adquirindo de outros revendedores, não há razão
para se eliminar a opção pelo cumprimento forçado da obrigação. Exemplo:
Regina comprou um monitor modelo XYZ456 em site de e-commerce. Ocorre
que, um dia depois, ela recebeu um e-mail da loja informando que não mais havia
o produto em estoque e que, portanto, iria haver a resolução do contrato. Regina
pode exigir a entrega do monitor, nos termos do art. 35, I, do CDC. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.872.048-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 23/02/2021
(Info 686 STJ).
PLANO DE SAÚDE COLETIVO – ABUSIVIDADE: Falecendo o titular do plano
de saúde coletivo, seja este empresarial ou por adesão, nasce para os
dependentes já inscritos o direito de pleitear a sucessão da titularidade, nos
termos dos arts. 30 ou 31 da Lei nº 9.656/98, a depender da hipótese, desde que
assumam o seu pagamento integral. A conduta da operadora, de impor à
dependente a obrigação de assumir eventual dívida do falecido titular, sob pena
de ser excluída do plano de saúde, configura, em verdade, o exercício abusivo
do direito de exigir o respectivo pagamento, na medida em que, valendo-se da
situação de fragilidade da beneficiária e sob a ameaça de causar-lhe um
prejuízo, constrange quem não tem o dever de pagar a fazê-lo, evitando, com
isso, todos os trâmites de uma futura cobrança dirigida ao legítimo responsável
(espólio). STJ. 3ª Turma. REsp 1.899.674/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 16/03/2021 (Info 689 STJ).
PLANO DE SAÚDE COLETIVO – EXTINÇÃO: É vedado o uso de unidade
condominial com destinação residencial para fins de hospedagem remunerada,
com múltipla e concomitante locação de aposentos existentes nos apartamentos,
a diferentes pessoas, por curta temporada. STJ. 4ª Turma. REsp 1.819.075-RS,
Rel. p/ acórdão Min. Raul Araújo, julgado em 20/04/2021 (Info 693 STJ)
PLANO DE SAÚDE COLETIVO – SUCESSÃO: No caso de morte do titular, os
membros do grupo familiar - dependentes e agregados - podem permanecer
como beneficiários no plano de saúde coletivo, desde que assumam o
pagamento integral. Falecendo o titular do plano de saúde coletivo, seja este
empresarial ou por adesão, nasce para os dependentes ou agregados o direito
de pleitear a sucessão da titularidade, nos termos dos arts. 30 ou 31 da Lei nº
9.656/98, a depender da hipótese, desde que assumam o seu pagamento
integral. STJ. 3ª Turma. REsp 1.841.285/DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 23/03/2021 (Info 690 STJ). Se o titular de um plano de saúde individual morre, seu
dependente poderá assumir o pagamento e continuar como beneficiário do plano, sem
necessidade de novas carências e nas condições originais? SIM. No que se refere aos planos
de saúde individuais, a Resolução ANS 195/2009 estabelece, em seu art. 3º, § 1º, que “a extinção
do vínculo do titular do plano familiar não extingue o contrato, sendo assegurado aos
dependentes já inscritos o direito à manutenção das mesmas condições contratuais, com a
assunção das obrigações decorrentes.

PRÁTICA COMERCIAL – VENDA DE INGRESSO PELA INTERNET: Algumas


empresas especializadas na venda de ingressos cobram dos consumidores um
“valor” adicional pelo fato de eles estarem comprando os ingressos por meio da
sua página na internet. Essa cobrança é lícita, desde que o consumidor seja
previamente informado sobre o preço total da aquisição do ingresso, com o
destaque de que está pagando um valor extra a título de “taxa de conveniência”.
É válida a intermediação, pela internet, da venda de ingressos para eventos
culturais e de entretenimento mediante cobrança de “taxa de conveniência”,
desde que o consumidor seja previamente informado do preço total da aquisição
do ingresso, com o destaque do valor da referida taxa. STJ. 3ª Turma. EDcl no
REsp 1.737.428-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. Acd. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, julgado em 06/10/2020 (Info 683 STJ).
SEGURO DE VIDA EM GRUPO: A cláusula contratual que circunscreve e
particulariza a cobertura securitária não encerra, por si, abusividade nem indevida
condição potestativa por parte da seguradora. É da própria natureza do contrato de
seguro a prévia delimitação dos riscos cobertos a fim de que exista o equilíbrio
atuarial entre o valor a ser pago pelo consumidor e a indenização securitária de
responsabilidade da seguradora, na eventual ocorrência do sinistro. Vale dizer que a
restrição da cobertura do seguro às situações específicas de invalidez por acidente
decorrente de "qualquer tipo de hérnia e suas consequências", "parto ou aborto e
suas consequências", "perturbações e intoxicações alimentares de qualquer espécie,
bem como as intoxicações decorrentes da ação de produtos químicos, drogas ou
medicamentos, salvo quando prescritos por médico devidamente habilitado, em
decorrência de acidente coberto" e "choque anafilático e suas consequências" não
contraria a natureza do contrato de seguro nem esvazia seu objeto, apenas delimita
as hipóteses de não pagamento do prêmio. REsp 1.358.159-SP, Rel. Min. Antonio
Carlos Ferreira, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 08/06/2021. Info 701
STJ

TARIFA BANCÁRIA – CHEQUE ESPECIAL: Contraria o ordenamento jurídico-


constitucional a permissão dada por resolução do Conselho Monetário Nacional
(CMN) às instituições financeiras para cobrarem tarifa bancária pela mera
disponibilização de crédito ao cliente na modalidade “cheque especial”. STF.
Plenário. ADI 6407 MC-Ref /DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
27/11/2020 (Info 1000 STF)
Direito do Trabalho e Processo do Trabalho

EXECUÇÃO – CORREÇÃO MONETÁRIA: É inadequada a aplicação da Taxa


Referencial (TR) para a correção monetária de débitos trabalhistas e de
depósitos recursais no âmbito da Justiça do Trabalho. Devem ser utilizados na
Justiça Trabalhista os mesmos índices de correção monetária vigentes para as
condenações cíveis em geral: o Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo
Especial (IPCA-E), na fase pré-judicial, e, a partir da citação, a taxa referencial
do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC). STF. Plenário. ADC
58/DF, ADC 59/DF, ADI 5867/DF e ADI 6021/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgado em 18/12/2020 (Info 1003 STF).
PRESCRIÇÃO: A disposição relativa ao termo inicial do prazo prescricional a que
submetido o trabalhador avulso, prevista no art. 37, § 4º, da Lei nº 12.815/2013, é
compatível com a Constituição Federal. STF. Plenário. ADI 5132/DF, Rel. Min. Gilmar
Mendes, redator do acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 26/3/2021 (Info 1011 STF)
TERCEIRIZAÇÃO: A equiparação de remuneração entre empregados da empresa
tomadora de serviços e empregados da empresa contratada (terceirizada) fere o
princípio da livre iniciativa, por se tratarem de agentes econômicos distintos, que não
podem estar sujeitos a decisões empresariais que não são suas. STF. Plenário. RE
635546/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Roberto Barroso, julgado
em 26/3/2021 (Repercussão Geral – Tema 383) (Info 1011 STF).

Direito Econômico

Direito Eleitoral

PARTIDOS POLÍTICOS – FUSÃO: A Lei nº 13.107/2015 acrescentou o § 9º ao


art. 29 da Lei nº 9.096/95 prevendo o seguinte: § 9º Somente será admitida a
fusão ou incorporação de partidos políticos que hajam obtido o registro definitivo
do Tribunal Superior Eleitoral há, pelo menos, 5 (cinco) anos. Essa previsão é
constitucional e não viola a autonomia partidária prevista no art. 17 da CF/88. A
exigência do tempo mínimo de 5 anos para que possa ser feita a fusão ou
incorporação de partidos políticos é necessária para garantir o compromisso do
cidadão com a sua opção partidária, evitando-se agremiações
descompromissadas e sem substrato social. Além disso, reforça o objetivo do
constituinte reformador, expresso na EC 97/2017, em coibir o enfraquecimento
da representação partidária. STF. Plenário. ADI 6044/DF, Rel. Min. Cármen
Lúcia, julgado em 6/3/2021 (Info 1008 STF)

Direito Empresarial

AÇÃO DE NULIDADE DE REGISTRO DE MARCA: O INPI, se não for o autor


da nulidade de registro de marca, deverá ser obrigatoriamente citado para intervir
no processo. Ao ser citado, o INPI irá analisar, com base no interesse público,
se deve defender o registro que foi realizado ou se é caso realmente de nulidade.
A participação do INPI na ação de nulidade não é necessariamente para
defender o ato que concedeu o registro. Ao contrário, o interesse jurídico do INPI
se distingue do interesse individual de ambas as partes, considerando que o
objetivo da Instituição é de proteger a concorrência e o consumidor, direitos
essencialmente transindividuais. STJ. 4ª Turma. REsp 1.817.109-RJ, Rel. Min.
Luis Felipe Salomão, julgado em 23/02/2021 (Info 686 STJ)
CONTRATOS EMPRESARIAIS: É cabível o repasse da despesa relativa à tarifa
de emissão de boletos bancários feito pela distribuidora de medicamentos às
drogarias e farmácias. STJ. 3ª Turma. REsp 1.515.640/SP, Rel. Min. Paulo de
Tarso Sanseverino, julgado em 19/09/2017. STJ. 4ª Turma. REsp 1.580.446-RJ,
Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 23/02/2021 (Info 686 STJ).
DUPLICATA: Nas operações de endosso-caução – nas quais a parte
endossante transmite um título ao endossatário como forma de garantia da
dívida, mas sem a transferência da titularidade da cártula –, o endossatário de
boa-fé não tem seu direito de crédito abalado no caso de eventual quitação
realizada ao endossante (credor originário), sem resgate do título. STJ. 4ª
Turma. AgInt no AREsp 1.635.968/PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado
em 06/04/2021 (Info 691 STJ).
DUPLICATA – ENDOSSO: Uma vez aceita, o sacado vincula-se ao título como
devedor principal e a ausência de entrega da mercadoria ou de prestação de
serviços, ou mesmo quitação referente à relação fundamental ao credor
originário, somente pode ser oponível ao sacador, como exceção pessoal, mas
não a endossatários de boa-fé. A duplicata é título de crédito causal. Isso
significa que, para sua regular constituição, deve haver uma prestação de
serviço. Essa causalidade, todavia, não lhe retira o caráter de abstração. Uma
vez circulando o título, ao endossatário não podem ser opostas as exceções.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.518.203-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
27/04/2021 (Info 694 STJ)
DUPLICATA – REQUISITOS: A cártula, contendo todos os requisitos essenciais
previstos no art. 2º, § 1º, da Lei das Duplicatas, tem validade e eficácia de
duplicata, mesmo que não siga rigorosamente as medidas do modelo
estabelecido na Resolução do Bacen nº 102/1968 e tenha, também, a descrição
da mercadoria objeto da compra e venda e uma fatura da mercadoria objeto da
negociação. STJ. 4ª Turma. REsp 1.518.203-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
julgado em 27/04/2021 (Info 694 STJ).
FALÊNCIA – ENCARGOS DA MASSA: Os encargos da massa são
preferenciais e não dependem de habilitação para serem satisfeitos, observadas
as ressalvas legais do art. 124 do Decreto-Lei nº 7.661/45. STJ. 4ª Turma. REsp
1.383.914/RS, Rel. Min. Antônio Carlos Ferreira, julgado em 16/03/2021 (Info
689 STJ)
FALÊNCIA: Auditores jurídicos e Auditores do controle externo são duas classes
de servidores do Tribunal de Contas da Bahia (TCE/BA). Essas duas carreiras
não se confundem com o Auditor substituto de Ministro ou Conselho de que trata
o art. 73, § 4º, da CF/88. Assim, não é possível a equiparação legislativa do cargo
de Auditor Jurídico e de Auditor do Controle Externo do TCE/BA com o cargo de
Auditor previsto no art. 73, § 4º, da CF/88. Somente para este último é atribuída
a substituição de Ministros do TCU ou de Conselheiros do TCE e o exercício de
atos da judicatura. STF. Plenário. ADI 4541/BA, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado
em 16/4/2021 (Info 1013 STF). O art. 75, § 3º, da Lei nº 4.728/65 foi
recepcionada pela Constituição Federal de 1988. STF. Plenário. ADPF 312/DF,
Rel. Min. Edson Fachin, redator do acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em
16/4/2021 (Info 1013 STF)
MARCA: Red Bull é uma marca de energéticos, conhecidíssima tanto no Brasil
como no restante do mundo. Ela foi registrada no INPI em 1993. Em 2010, a
empresa Funcional Drinks Ltda registrou, no INPI, a marca Power Bull, para
também ser utilizada em bebidas energéticas. Ao tomar conhecimento disso, a
Red Bull ajuizou ação contra a empresa Funcional Drinks Ltda e contra o INPI
pedindo a nulidade desse registro. Assim, discutiu-se se havia colidência entre
as marcas de bebida energética Red Bull e Power Bull. As empresas em conflito
atuam no mesmo segmento mercadológico, fornecendo produto similar, que
podem estar presente nos mesmos locais de venda e que visam o mesmo
público. Existe uma proximidade grande nas marcas considerando que ambas
utilizam o termo “bull”, diferenciando-se apenas pelo acréscimo dos vocábulos
“red” e “power”. Diante desse quadro, o STJ reconheceu que havia o risco de a
empresa Red Bull, notoriamente mais antiga e conhecida, ser indevidamente
associada ao produto concorrente. A associação indevida a marca alheia,
prevista no art. 124, XIX, da Lei nº 9.279/96, pode ser caracterizada pelo risco
de vinculação equivocada quanto à origem dos produtos contrafeitos, ainda que
inexista confusão entre os conjuntos marcários. O STJ entendeu também que
havia risco de diluição da marca. Isso porque não existem, no Brasil, outras
bebidas registradas com o elemento “bull”, de forma que a utilização pela marca
concorrente gera um da expressão na classe de bebidas. Vale ressaltar que o
fato de haver marcas com o elemento “bull” no exterior não interessa se no Brasil
não existe. Isso porque a diluição da marca no exterior não é suficiente para
afastar a distintividade do registro no Brasil. Tendo sido reconhecida a colidência
entre marcas, o STJ declarou a nulidade do registro da marca Power Bull e
condenou a empresa ré a se abster de utilizar essa marca. STJ. 3ª Turma. REsp
1.922.135/RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 13/04/2021 (Info
692 STJ).
MARCA – SÍMBOLO OLÍMPICO: Caso concreto: uma empresa fabricante de
álcool registrou, no INPI, a marca “Fogo Olímpico” para ser usada em seus
produtos. O STJ decidiu que esse registro não é válido porque não é registrável
como marca nome, prêmio ou símbolo de evento esportivo (art. 124, XIII, da Lei
nº 9.279/96). Além disso, o art. 15 da Lei nº 9.615/98 (Lei Pelé) conferiu às
entidades de administração ou prática desportiva a propriedade exclusiva das
denominações e dos símbolos que as identificam, sendo tal proteção válida em
todo o território nacional, por tempo indeterminado, sem a necessidade de
registro ou averbação no órgão competente. Logo, o Comitê Olímpico Brasileiro
(COB) e o Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPOB) possuem a exclusividade de
uso de símbolos olímpicos e paraolímpicos, assim como das denominações
“jogos olímpicos”, “olimpíadas”, “jogos paraolímpicos” e “paraolimpíadas”. Diante
desse quadro, deve ser reconhecida a nulidade do registro marcário, tendo em
vista: a) a proteção especial, em todos os ramos de atividade, conferida pelo
ordenamento jurídico brasileiro aos sinais integrantes da “propriedade industrial
Olímpica”, que não podem ser reproduzidos ou imitados por terceiros sem a
autorização prévia do COB; b) o necessário afastamento do aproveitamento
parasitário decorrente do denominado “marketing de emboscada” pelo uso
conjugado de expressão e símbolos olímpicos cujo magnetismo comercial é
inegável; e c) o cabimento da aplicação da teoria da diluição a fim de proteger o
COB contra a perda progressiva da distintividade dos signos olímpicos, cujo
acentuado valor simbólico pode vir a ser maculado, ofuscado ou adulterado com
a sua utilização em produto de uso cotidiano. STJ. 4ª Turma. REsp 1.583.007-
RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 20/04/2021 (Info 693 STJ)
RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL – HONORÁRIOS: Havendo impugnação
pelos credores, é cabível a fixação de honorários advocatícios sucumbenciais em
procedimento de homologação do plano de recuperação extrajudicial. (INFO 702 STJ)

RECUPERAÇÃO JUDICIAL: Caso concreto: determinado supermercado queria


fazer um cartão de crédito para seus clientes. Para isso, ele contratou uma
empresa que ficou responsável por administrar esse serviço. Quando o cliente
pagasse a fatura do cartão, os valores iam para a conta da empresa que conferia
tudo e depois repassava ao supermercado. Algum tempo depois, a empresa
ingressou com pedido de recuperação judicial. Os clientes quitaram a fatura do
cartão de crédito, mas a empresa não repassou ao supermercado. Esses
valores, que ainda estão na conta bancária da empresa, podem ser entregues
ao supermercado, não estando sujeitos à recuperação judicial. STJ. 3ª Turma.
REsp 1.736.887/SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em
13/04/2021 (Info 692 STJ).
RECUPERAÇÃO JUDICIAL: Os créditos decorrentes de contratos a termo de
moeda submetem-se aos efeitos da recuperação judicial ainda que seus vencimentos
ocorram após o deferimento do pedido de soerguimento. REsp 1.924.161-SP, Rel.
Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 08/06/2021, DJe
11/06/2021 (INFO 700 STJ)

RECUPERAÇÃO JUDICIAL – PAGAMENTO: O termo inicial da contagem do


prazo para pagamento dos credores trabalhistas no procedimento de recuperação
judicial do devedor é a data da concessão desta. Decorre da interpretação sistemática
desse diploma legal que o início do cumprimento de quaisquer obrigações previstas
no plano de soerguimento está condicionado à concessão da recuperação judicial
(art. 61, caput, c/c o art. 58, caput, da LFRE). REsp 1.924.164-SP, Rel. Min. Nancy
Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 15/06/2021, DJe de
17/06/2021. INFO 701 STJ

RELAÇÃO ENTRE EMPRESAS: A matriz pode discutir relação jurídico-tributária,


pleitear restituição ou compensação relativamente a indébitos de suas filiais. AREsp
1.273.046-RJ, Rel. Min. Gurgel de Faria, Primeira Turma, por unanimidade, julgado
em 08/06/2021. (INFO 700 STJ)

SOCIEDADE ANÔNIMA: Nos termos do art. 115, § 1º, da LSA, o acionista não
poderá votar nas deliberações da assembleia-geral relativas à aprovação de
suas contas como administrador. A aprovação das próprias contas é caso típico
de conflito formal (ou impedimento de voto), sendo vedado ao acionista
administrador proferir voto acerca da regularidade de suas contas. Na hipótese,
o fato de o único outro sócio da sociedade anônima fechada ter ocupado cargo
de administração em parte do exercício não altera a conclusão que o sócio
administrador não pode aprovar as próprias contas. STJ. 3ª Turma. REsp
1.692.803-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 23/02/2021 (Info
686 STJ)
SOCIEDADE ANÔNIMA – AÇÕES: Ações nominativas são ações da sociedade
anônima que, para serem transferidas precisam de termo lavrado em um livro
próprio denominado “Livro de Transferência de Ações Nominativas”. Mesmo que
as partes celebrem contrato de cessão das ações, essa transferência somente
irá se efetivar com esse registro no livro. Imagine que a parte A1 combinou de
transferir para A2 ações nominativas de uma sociedade anônima fechada. A2
pagou o preço, mas A1 não lavrou o termo no Livro. Nem a lei nem o contrato
preveem prazo para que seja feita essa lavratura. Neste caso, como não há
prazo estipulado, a partir de que momento a inércia do cedente passou a
significar inadimplemento? Como não há prazo previsto nem no estatuto nem no
contrato, o credor (A2) terá que fazer uma interpelação do devedor (A1) para que
ele cumpra a sua parte e lavre o termo. Somente a partir dessa notificação, pode-
se dizer que o devedor está em mora. STJ. 3ª Turma. REsp 1.645.757, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 06/04/2021 (Info 693 STJ)
SOCIEDADE LIMITADA – RETIRADA DE SÓCIO: O art. 1.029 do Código Civil
prevê que, se a sociedade empresária for por prazo indeterminado, o sócio terá
o direito de se retirar, de forma imotivada, sem que seja necessária, para tanto,
a propositura de ação de dissolução parcial. Este dispositivo está inserido no
capítulo relativo às sociedades simples. Apesar disso, o STJ entende que ele é
perfeitamente aplicável às sociedades limitadas. Vale ressaltar que a sociedade
limitada possui regras próprias previstas nos arts. 1.052 a 1.087 do CC. Além
disso, aplicam-se às sociedades limitadas, supletivamente, as regras da
sociedade simples (arts. 997 a 1.038) ou da sociedade anônima (Lei nº
6.404/76), se o contrato social assim estipular (art. 1.053, parágrafo único, CC).
Ainda que o contrato social tenha optado pela regência supletiva da Lei nº
6.404/76 (sociedades anônimas), há direito potestativo de retirada imotivada do
sócio na sociedade limitada. Assim, o fato de a sociedade limitada ser regida
supletivamente pela Lei das Sociedades Anônimas não afasta a possibilidade de
retirada imotivada do sócio. STJ. 3ª Turma. REsp 1.839.078/SP, Rel. Min. Paulo
de Tarso Sanseverino, julgado em 09/03/2021 (Info 688 STJ).
TÍTULO DE CRÉDITO – EXECUÇÃO: O ajuizamento da ação de busca e
apreensão fundada no inadimplemento da cédula de crédito comercial garantida
por alienação fiduciária, com a citação válida do devedor, interrompe o prazo
para propor ação de execução com base no mesmo título de crédito. STJ. 4ª
Turma. REsp 1.135.682-RS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em
13/04/2021 (Info 692 STJ)

Direito Financeiro

DIREITO À SAÚDE: O Estado-membro que desrespeita o mínimo constitucional


que deve ser aplicado na saúde, realocando recurso em programa diverso, deve
devolvê-lo à sua área de origem em sua totalidade. STJ. 2ª Turma. REsp
1.752.162/RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 13/04/2021 (Info 692
STJ)
EMENDAS PARLAMENTARES – CONSTITUIÇÃO ESTADUAL: É
inconstitucional norma estadual que estabeleça limite para aprovação de
emendas parlamentares impositivas em patamar diferente do imposto pelo art.
166 da Constituição Federal. STF. Plenário. ADI 6670 MC/DF, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 30/4/2021 (Info 1015 STF).
FUNDO ESTADUAL DE SAÚDE: Decisões judiciais que determinam o bloqueio,
penhora ou liberação, para satisfação de créditos trabalhistas, de receitas
públicas oriundas do Fundo Estadual de Saúde objeto de contratos de gestão
firmados entre o Estado-membro e entidades de terceiro setor, violam o princípio
da legalidade orçamentária (art. 167, VI, da CF/88), o preceito da separação
funcional de poderes (art. 2º c/c art. 60, § 4º, III, da CF/88), o princípio da
eficiência da Administração Pública (art. 37, caput, da CF/88) e o princípio da
continuidade dos serviços públicos (art. 175 da CF/88). STF. Plenário. ADPF
664/ES, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 16/4/2021 (Info 1013 STF).
INCONSTITUCIONALIDADE: Decisões judiciais que determinam o bloqueio,
penhora ou liberação, para satisfação de créditos trabalhistas, de receitas
públicas oriundas do Fundo Estadual de Saúde objeto de contratos de gestão
firmados entre o Estado-membro e entidades de terceiro setor, violam o princípio
da legalidade orçamentária (art. 167, VI, da CF/88), o preceito da separação
funcional de poderes (art. 2º c/c art. 60, § 4º, III, da CF/88), o princípio da
eficiência da Administração Pública (art. 37, caput, da CF/88) e o princípio da
continuidade dos serviços públicos (art. 175 da CF/88). STF. Plenário. ADPF
664/ES, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 16/4/2021 (Info 1013 STF)
LRF – COVID 19: Os limites da despesa total com pessoal e as vedações à
concessão de vantagens, reajustes e aumentos remuneratórios previstos na Lei
de Responsabilidade Fiscal somente podem ser afastados quando a despesa for
de caráter temporário, com vigência e efeitos restritos à duração da calamidade
pública, e com propósito exclusivo de enfrentar tal calamidade e suas
consequências sociais e econômicas. STF. Plenário. ADI 6394/AC, Rel. Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 20/11/2020 (Info 1000 STF). Ainda que sob o
argumento da pandemia da Covid-19, não pode ser atendido pedido feito por
Governador do Estado para que sejam afastadas as limitações da Lei de
Responsabilidade Fiscal referentes a execução de gastos públicos continuados.
LRF – ORÇAMENTO: O § 6º do art. 2º da LC 173/2020 não ofende a autonomia
dos estados, Distrito Federal e municípios, pois a norma apenas confere uma
benesse fiscal condicionada à renúncia de uma pretensão deduzida em juízo.
Por ser uma norma de caráter facultativo, e estando resguardada a autonomia
dos entes menores, compete a cada gestor verificar a oportunidade e
conveniência, dentro do seu poder discricionário, de abrir mão de ação judicial.
Não sendo interessante para o ente, basta não renunciar à ação judicial e
prosseguir com a demanda. Além disso, por caracterizar norma de caráter
facultativo — faculdade processual —, o art. 2º, § 6º, da LC 173/2020, ao prever
o instituto da renúncia de direito material em âmbito de disputa judicial entre a
União e os demais entes, não viola o princípio do devido processo legal. Já o art.
7º, primeira parte, da LC 173/2020 apenas reforçou a necessidade de uma
gestão fiscal transparente e planejada, impedindo que atos que atentem contra
a responsabilidade fiscal sejam transferidas para o próximo gestor,
principalmente quando em jogo despesas com pessoal. A norma não representa
afronta ao pacto federativo, uma vez que diz respeito a tema relativo à prudência
fiscal aplicada a todos os entes da federação. Quanto à alteração do art. 65 da
Lei de Responsabilidade Fiscal, o art. 7º da LC 173/2020 possibilitou uma
flexibilização temporária das amarras fiscais impostas pela LRF em caso de
enfrentamento de calamidade pública reconhecida pelo Congresso Nacional. Na
prática, observou-se, com a pandemia do coronavírus, que o art. 65 da LRF, em
sua redação original, se mostrou insuficiente para o devido enfrentamento da
crise de saúde pública e fiscal decorrentes da Covid-19, sendo necessárias,
portanto, outras medidas para superar os problemas decorrentes da calamidade
pública. Com relação ao art. 8º da LC 173/2020, observa-se que o dispositivo
estabeleceu diversas proibições temporárias direcionadas a todos os entes
públicos, em sua maioria ligadas diretamente ao aumento de despesas com
pessoal. Nesse sentido, a norma impugnada traz medidas de contenção de
gastos com funcionalismo, destinadas a impedir novos dispêndios, congelando-
se o crescimento vegetativo dos existentes, permitindo, assim, o direcionamento
de esforços para políticas públicas de enfrentamento da calamidade pública
decorrente da pandemia da Covid-19. Ademais, as providências estabelecidas
nos arts. 7º e 8º da LC 173/2020 não versam sobre regime jurídico de servidores
públicos. Os dispositivos cuidam de normas de direito financeiro, cujo objetivo é
permitir que os entes federados empreguem esforços orçamentários para o
enfrentamento da pandemia, e impedir o aumento de despesas ao fim do
mandato do gestor público, pelo que se mostra compatível com o art. 169 da CF.
Nesses termos, não houve uma redução do valor da remuneração dos servidores
públicos, uma vez que apenas proibiu-se, temporariamente, o aumento de
despesas com pessoal para possibilitar que os entes federados enfrentem as
crises decorrentes da pandemia de Covid-19, buscando sempre a manutenção
do equilíbrio fiscal Por fim, as normas dispostas no § 6º do art. 2º e no § 7º do
art. 5º da LC 173/2020 não traduzem nenhuma instabilidade para o sistema
federativo, e sequer dizem respeito a conflitos de âmbito federativo, não sendo
aplicável, ao caso, portanto, o disposto no art. 102, I, “f”, da CF/88. STF. Plenário.
ADI 6442/DF, ADI 6447/DF, ADI 6450/DF e ADI 6525/DF, Rel. Min. Alexandre
de Moraes, julgado em 13/3/2021 (Info 1009 STF)

Direitos Humanos

CÔMPUTO DA PENA EM DOBRO – RESOLUÇAO CORTE IDH: A Resolução


da Corte Interamericana de Direitos Humanos de 22/11/2018, que determina o
cômputo da pena em dobro, deve ser aplicada a todo o período cumprido pelo
condenado no Instituto Penal Plácido de Sá Carvalho. Ao sujeitar-se à jurisdição
da Corte IDH, o País alarga o rol de direitos das pessoas e o espaço de diálogo com
a comunidade internacional. Com isso, a jurisdição brasileira, ao basear-se na
cooperação internacional, pode ampliar a efetividade dos direitos humanos. A
sentença da Corte IDH produz autoridade de coisa julgada internacional, com
eficácia vinculante e direta às partes. Todos os órgãos e poderes internos do país
encontram-se obrigados a cumprir a sentença. Na hipótese, as instâncias inferiores
ao diferirem os efeitos da decisão para o momento em que o Estado Brasileiro
tomou ciência da decisão proferida pela Corte Interamericana, deixando com isso
de computar parte do período em que teria sido cumprida pena em situação
considerada degradante, deixaram de dar cumprimento a tal mandamento,
levando em conta que as sentenças da Corte possuem eficácia imediata para os
Estados Partes e efeito meramente declaratório. Não se mostra possível que a
determinação de cômputo em dobro tenha seus efeitos modulados como se o
condenado tivesse cumprido parte da pena em condições aceitáveis até a
notificação e a partir de então tal estado de fato tivesse se modificado. Em
realidade, o substrato fático que deu origem ao reconhecimento da situação
degradante já perdurara anteriormente, até para que pudesse ser objeto de
reconhecimento, devendo, por tal razão, incidir sobre todo o período de
cumprimento da pena. Por princípio interpretativo das convenções sobre direitos
humanos, o Estado-parte da CIDH pode ampliar a proteção dos direitos humanos,
por meio do princípio pro personae, interpretando a sentença da Corte IDH da
maneira mais favorável possível aquele que vê seus direitos violados. As
autoridades públicas, judiciárias inclusive, devem exercer o controle de
convencionalidade, observando os efeitos das disposições do diploma internacional
e adequando sua estrutura interna para garantir o cumprimento total de suas
obrigações frente à comunidade internacional, uma vez que os países signatários
são guardiões da tutela dos direitos humanos, devendo empregar a interpretação
mais favorável ao ser humano. RHC 136.961-RJ, Rel. Min. Reynaldo Soares da
Fonseca, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 15/06/2021, DJe
21/06/2021. INFO 701 STJ

Direito Internacional Público e Privado

Direito Penal e Processual Penal

ANPP – CABIMENTO: A Lei nº 13.964/2019 (“Pacote Anticrime”) inseriu o art.


28-A ao CPP, criando, no ordenamento jurídico pátrio, o instituto do acordo de
não persecução penal (ANPP). A Lei nº 13.964/2019, no ponto em que institui o
ANPP, é considerada lei penal de natureza híbrida, admitindo conformação entre
a retroatividade penal benéfica e o tempus regit actum. O ANPP se esgota na
etapa pré-processual, sobretudo porque a consequência da sua recusa, sua não
homologação ou seu descumprimento é inaugurar a fase de oferecimento e de
recebimento da denúncia. O recebimento da denúncia encerra a etapa pré-
processual, devendo ser considerados válidos os atos praticados em
conformidade com a lei então vigente. Dessa forma, a retroatividade penal
benéfica incide para permitir que o ANPP seja viabilizado a fatos anteriores à Lei
nº 13.964/2019, desde que não recebida a denúncia. Assim, mostra-se
impossível realizar o ANPP quando já recebida a denúncia em data anterior à
entrada em vigor da Lei nº 13.964/2019. STJ. 5ª Turma. HC 607.003-SC, Rel.
Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 24/11/2020 (Info 683 STJ). STF.
1ª Turma. HC 191464 AgR, Rel. Roberto Barroso, julgado em 11/11/2020
BUSCA E APREENSÃO: É válida, com base na teoria da aparência, a
autorização expressa para que os policiais fizessem a busca e apreensão na
sede de empresa investigada, autorização essa dada por pessoa que, embora
tenha deixado de ser sócia formal, continuou assinando documentos como
representante da empresa. Caso concreto: policiais chegaram até a sede da
empresa e, enquanto aguardavam decisão judicial para entrar no local, foram
autorizados a fazer a busca e apreensão no imóvel. Essa autorização foi
concedida por uma mulher que se apresentou como representante da empresa.
A mulher que concedeu a autorização, embora tenha deixado de ser
formalmente sócia, continuou assinando documentos como representante da
empresa. A evidência de que ela ainda agia como representante da empresa é
reforçada pelo fato de que tinha a chave do escritório sede da empresa e livre
acesso a ele, não tendo sido barrada por nenhum dos empregados que estavam
no local, nem mesmo pelo advogado da empresa que acompanhou toda a
diligência. Diante disso, o STJ afirmou que deveria ser aplicada, no caso
concreto, a teoria da aparência. Embora tal teoria tenha encontrado maior
amplitude de aplicação jurisprudencial na seara civil, processual civil e no CDC,
nada há que impeça sua aplicação também na seara penal. STJ. 5ª Turma. RMS
57.740-PE, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 23/03/2021 (Info
690 STJ)
BUSCA E APREENSÃO: Realizada a busca e apreensão, apesar de o relatório
sobre o resultado da diligência ficar adstrito aos elementos relacionados com os
fatos sob apuração, deve ser assegurado à defesa acesso à integra dos dados
obtidos no cumprimento do mandado judicial. STJ. 6ª Turma. RHC 114.683/RJ,
Rel. Rogério Schietti Cruz, julgado em 13/04/2021 (Info 692 STJ)
BUSCA E APREENSÃO: Situação hipotética: João, médico, estava sendo
investigado por, supostamente, ter adulterado prontuários de pacientes
internados em clínica psiquiátrica, com o objetivo de camuflar ilicitudes que
ocorriam no local. A autoridade policial formulou representação ao juiz pedindo
a busca e apreensão na clínica psiquiátrica e na residência do investigado. O
magistrado deferiu a medida e a polícia apreendeu diversos prontuários médicos
que haviam sido assinados pelo investigado. João impetrou habeas corpus
alegando que a apreensão foi ilícita, considerando que na decisão que autorizou
a medida não existia autorização específica para a apreensão de prontuários
médicos. Segundo a defesa, os prontuários são documentos sigilosos e,
portanto, só poderiam ter sido recolhidos com autorização judicial específica.
Embora os prontuários possam conter dados sigilosos, foram apreendidos a
partir da imprescindível autorização judicial prévia. O fato de o mandado de
busca não ter feito uma discriminação específica é irrelevante, até porque os
prontuários médicos encontram-se inseridos na categoria de documentos em
geral. Ademais, vale frisar que o sigilo do qual se revestem os prontuários
médicos pertence única e exclusivamente aos pacientes, não ao médico. Assim,
caso houvesse a violação do direito à intimidade, essa ofensa teria que ser
arguida pelos seus titulares (pacientes) e não pelo investigado. STJ. 6ª Turma.
RHC 141.737/PR, Rel. Min. Sebastião Reis Junior, julgado em 27/04/2021 (Info
694)
CALÚNIA – RETRATAÇÃO: O art. 143 do CP autoriza que a pessoa acusada
do crime de calúnia ou de difamação apresente retratação e, com isso, tenha
extinta a punibilidade: Art. 143. O querelado que, antes da sentença, se retrata
cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena. Parágrafo único.
Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a difamação
utilizando-se de meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar
o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa. A retratação não
é ato bilateral, ou seja, não pressupõe aceitação da parte ofendida para surtir
seus efeitos na seara penal, porque a lei não exige isso. O Código, quando quis
condicionar o ato extintivo da punibilidade à aceitação da outra parte, o fez de
forma expressa, como no caso do perdão ofertado pelo querelante depois de
instaurada a ação privada. O art. 143 do CP exige apenas que a retratação seja
cabal, ou seja, deve ser clara, completa, definitiva e irrestrita, sem remanescer
nenhuma dúvida ou ambiguidade quanto ao seu alcance, que é justamente o de
desdizer as palavras ofensivas à honra, retratando-se o ofensor do malfeito. STJ.
Corte Especial. APn 912/RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 03/03/2021 (Info
687 STJ).
CITAÇÃO: É possível a utilização de WhatsApp para a citação de acusado,
desde que sejam adotadas medidas suficientes para atestar a autenticidade do
número telefônico, bem como a identidade do indivíduo destinatário do ato
processual. STJ. 5ª Turma. HC 641.877/DF, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado
em 09/03/2021 (Info 688 STJ)
CITAÇÃO – CARTA ROGATÓRIA: O termo final da suspensão do prazo
prescricional pela expedição de carta rogatória para citação do acusado no
exterior é a data da efetivação da comunicação processual no estrangeiro, ainda
que haja demora para a juntada da carta rogatória cumprida aos autos. REsp
1.882.330/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado
em 06/04/2021 (Info 691 STJ). *As rogatórias não suspendem a instrução
criminal, apenas o prazo prescricional.
CITAÇÃO POR EDITAL – SUSPENSÃO: O art. 366 do CPP estabelece que se
o acusado for citado por edital e não comparecer ao processo nem constituir
advogado o processo e o curso da prescrição ficarão suspensos. Enquanto o réu
não for localizado, o curso processual não pode ser retomado. STJ. 6ª Turma.
RHC 135.970/RS, Rel. Min. Sebastião Reis Junior, julgado em 20/04/2021 (Info
693 STJ)
COMPETÊNCIA – PETICIONAMENTO NO STF: O Min. Ricardo Lewandowski
proferiu decisão monocrática determinando ao Juízo da 13ª Vara Federal de
Curitiba/PR que liberasse à defesa do ex-Presidente Lula acesso às provas
colhidas na “Operação Spoofing”. O Ministro autorizou que a defesa tivesse
acesso, inclusive, às mensagens que foram supostamente trocadas entre o
então Juiz Sergio Moro com integrantes da força-tarefa da Lava Jato e que
estavam com hackers suspeitos de invadir celulares. Os Procuradores da
República que integram a força-tarefa da “Operação Lava Jato” ingressaram com
petição, em nome próprio e de terceiros, pedindo a reconsideração da decisão
do Ministro. O pedido não foi conhecido. O colegiado entendeu que os membros
do Ministério Público de primeiro grau não possuem legitimidade para postular
na causa. O art. 46 da LC 75/93 (Lei Orgânica do Ministério Público da União)
atribui competência exclusiva à Procuradoria-Geral da República para oficiar nos
processos em curso perante o STF. Os trechos das mensagens trocadas e que
vieram a público não veicularam quaisquer comunicações de natureza pessoal
ou familiar nem expuseram a vida privada ou a intimidade de nenhum dos
interlocutores, mas apenas supostos diálogos travados por membros do
Ministério Público entre si e com Sérgio Moro acerca de investigações e ações
penais em pleno exercício das respectivas atribuições e em razão delas. Para o
STF, essas conversas não estão cobertas pelo sigilo. A questão relativa à
autenticidade ou ao valor probatório de elementos colhidos pela defesa é tema
a ser resolvido no bojo dos processos nos quais venham a ser juntados, mas
não na reclamação, sabidamente de estreitos limites. STF. 2ª Turma. Rcl 43007
AgR/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 9/2/2021 (Info 1005 STF).
COLABORAÇÃO PREMIADA – COMPETÊNCIA: Os elementos de informação
trazidos pelo colaborador a respeito de crimes que não sejam conexos ao objeto
da investigação primária devem receber o mesmo tratamento conferido à
descoberta fortuita ou ao encontro fortuito de provas em outros meios de
obtenção de prova, como a busca e apreensão e a interceptação telefônica. A
colaboração premiada, como meio de obtenção de prova, não constitui critério
de determinação, de modificação ou de concentração da competência. Assim,
ainda que o agente colaborador aponte a existência de outros crimes e que o
juízo perante o qual foram prestados seus depoimentos ou apresentadas as
provas que corroborem suas declarações ordene a realização de diligências
(interceptação telefônica, busca e apreensão etc.) para sua apuração, esses
fatos, por si sós, não firmam sua prevenção. STF. 2ª Turma. HC 181978 AgR/RJ,
Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 10/11/2020 (Info 999 STF)
COLABORAÇÃO PREMIADA PÓS SENTENÇA: A homologação de acordo de
colaboração, em regra, terá que se dar perante o juízo competente para autorizar
as medidas de produção de prova e para processar e julgar os fatos delituosos
cometidos pelo colaborador. Caso a proposta de acordo aconteça entre a
sentença e o julgamento pelo órgão recursal, a homologação ocorrerá no
julgamento pelo Tribunal e constará do acórdão. STF. 2ª Turma. HC 192063/RJ,
Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 2/2/2021 (Info 1004 STF).
COLABORAÇÃO PREMIADA – RECURSOS: Atualmente, não existe previsão
legal de recurso cabível em face de não homologação ou de homologação
parcial de acordo. Logo, deve ser possível a impetração de habeas corpus. A
homologação do acordo de colaboração premiada é etapa fundamental da
sistemática negocial regulada pela Lei nº 12.850/2013, estando diretamente
relacionada com o exercício do poder punitivo estatal, considerando que nesse
acordo estão regulados os benefícios concedidos ao imputado e os limites à
persecução penal. STF. 2ª Turma. HC 192063/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgado em 2/2/2021 (Info 1004 STF). Obs: a 6ª Turma do STJ possui julgado
afirmando que: a apelação criminal é o recurso adequado para impugnar a
decisão que recusa a homologação do acordo de colaboração premiada, mas
ante a existência de dúvida objetiva é cabível a aplicação do princípio da
fungibilidade (REsp 1834215-RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
27/10/2020. (Info 683 STj)
COLABORAÇÃO PREMIADA – RECURSOS: Realizado o acordo de
colaboração premiada, ele será remetido ao juiz para análise e eventual
homologação, nos termos do art. 4º, § 7º, da Lei nº 12.850/2013. O magistrado
poderá recusar a homologação da proposta que não atender aos requisitos
legais e esse ato judicial tem conteúdo decisório, pois impede o meio de
obtenção da prova. Entretanto, não existe previsão normativa sobre o recurso
cabível para a sua impugnação. Diante da lacuna na lei, o STJ entende que a
apelação criminal é o recurso apropriado para confrontar a decisão que recusar
a homologação da proposta de acordo de colaboração premiada. De toda forma,
como existe dúvida objetiva quanto ao recurso cabível, não constitui erro
grosseiro caso a parte ingresse com correição parcial contra a decisão do
magistrado. Assim, mesmo sendo caso de apelação, se a parte ingressou com
correição parcial no prazo de 5 dias, é possível conhecer da irresignação como
apelação, aplicando-se o princípio da fungibilidade recursal (art. 579 do CPP).
STJ. 6ª Turma. REsp 1.834.215-RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
27/10/2020 (Info 683 STJ).
CRIME CONTRA A SAÚDE PÚBLICA – IMPORTAÇÃO DE REMÉDIO SEM
REGISTRO: É inconstitucional a aplicação do preceito secundário do art. 273 do
Código Penal, com redação dada pela Lei nº 9.677/98 (reclusão, de 10 a 15
anos, e multa), à hipótese prevista no seu § 1º- B, I, que versa sobre a importação
de medicamento sem registro no órgão de vigilância sanitária. Para esta situação
específica, fica repristinado o preceito secundário do art. 273, na redação
originária (reclusão, de 1 a 3 anos, e multa). STF. Plenário. RE 979962/RS, Rel.
Min. Roberto Barroso, julgado em 24/3/2021 (Repercussão Geral – Tema 1003)
(Info 1011 STF)
DROGAS – CANABIDIOL: A concessão de autorização para o cultivo de
maconha depende de critérios técnicos cujo estudo refoge à competência do
juízo criminal, que não pode se imiscuir em temas cuja análise incumbe à
ANVISA Importante!!! É incabível salvo-conduto para o cultivo da cannabis
visando a extração do óleo medicinal, ainda que na quantidade necessária para
o controle da epilepsia, posto que a autorização fica a cargo da análise do caso
concreto pela ANVISA. STJ. 5ª Turma. RHC 123.402-RS, Rel. Min. Reynaldo
Soares da Fonseca, julgado em 23/03/2021 (Info 690 STJ).
DOSIMETRIA DA PENA: Condenações criminais transitadas em julgado, não
consideradas para caracterizar a reincidência, somente podem ser valoradas, na
primeira fase da dosimetria, a título de antecedentes criminais, não se admitindo
sua utilização para desabonar a personalidade ou a conduta social do agente.
(Info 702 stj)
ESBULHO POSSESSÓRIO: Compete à Justiça Federal processar e julgar o crime
de esbulho possessório de imóvel vinculado ao Programa Minha Casa Minha Vida. CC
179.467-RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em
09/06/2021. (INFO 700 STJ)

ESTELIONATO: A exigência de representação da vítima no crime de estelionato


não retroage aos processos cuja denúncia já foi oferecida. STJ. 3ª Seção. HC
610.201/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 24/03/2021 (Info 691 STJ).
ESTELIONATO: A alteração promovida pela Lei 13.964/2019, que introduziu o
§ 5º ao art. 171 do Código Penal (CP) (1), ao condicionar o exercício da
pretensão punitiva do Estado à representação da pessoa ofendida, deve ser
aplicada de forma retroativa a abranger tanto as ações penais não iniciadas
quanto as ações penais em curso até o trânsito em julgado. HC 180421 AgR/SP,
relator Min. Edson Fachin, julgamento em 22.6.2021 (INFO 1023 STF)
EXECUÇÃO PENAL: Caso concreto: João cumpria pena em regime semiaberto.
O juiz da vara de execuções penais concedeu ao condenado a progressão ao
regime aberto. Uma das condições impostas a João foi a de que ele deveria ficar
comparecendo mensalmente perante o juízo para informar e justificar suas
atividades (art. 113 c/c o art. 115, IV, da LEP). Ocorre que, diante da situação de
pandemia decorrente da Covid-19, o CNJ recomendou a suspensão temporária
do dever de apresentação regular em juízo das pessoas em cumprimento de
pena no regime aberto (art. 5º, inciso V, da Recomendação nº 62/2020 do CNJ).
O TJ acolheu a recomendação, assim como o juiz das execuções penais. O
período de suspensão do dever de apresentação mensal em juízo, em razão da
pandemia de Covid-19, pode ser reconhecido como pena efetivamente
cumprida. STJ. 6ª Turma. HC 657.382/SC, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em
27/04/2021 (Info 694 STJ)
EXECUÇÃO PENAL – AUDIÊNCIAS PÚBLICAS: Diante da permanência de
“Estado de Coisas Inconstitucional” (ECI) no âmbito do sistema penitenciário
brasileiro — caracterizado pela manutenção de altos níveis de encarceramento
e da resistência ao cumprimento de decisões do STF —, faz-se necessária a
adoção de medidas tendentes ao efetivo implemento de ordens judiciais, dentre
as quais, a realização de audiências públicas. STF. 2ª Turma. HC 165704 Extn-
trigésima nona/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 13/4/2021 (Info 1013
STF).
EXECUÇÃO PENAL – CHIP: É possível considerar o tempo submetido à medida
cautelar de recolhimento noturno, aos finais de semana e dias não úteis,
supervisionados por monitoramento eletrônico, com o tempo de pena
efetivamente cumprido, para detração da pena. STJ. 3ª Seção. HC 455.097/PR,
Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 14/04/2021 (Info 693 STJ).
EXECUÇÃO PENAL – DETRAÇÃO: É possível considerar o tempo submetido
à medida cautelar de recolhimento noturno, aos finais de semana e dias não
úteis, supervisionados por monitoramento eletrônico, com o tempo de pena
efetivamente cumprido, para detração da pena. STJ. 3ª Seção. HC 455.097/PR,
Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 14/04/2021 (Info 693 STJ).
EXECUÇÃO PENAL – FALTA GRAVE: O reconhecimento de falta grave
consistente na prática de fato definido como crime doloso no curso da execução
penal dispensa o trânsito em julgado da condenação criminal no juízo do
conhecimento, desde que a apuração do ilícito disciplinar ocorra com
observância do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa,
podendo a instrução em sede executiva ser suprida por sentença criminal
condenatória que verse sobre a materialidade, a autoria e as circunstâncias do
crime correspondente à falta grave. STF. Plenário. RE 776823, Rel. Min. Edson
Fachin, julgado em 04/12/2020 (Repercussão Geral – Tema 758) (Info 1001
STF)
EXECUÇÃO PENAL – REMIÇÃO: A Resolução CNJ nº 44/2013 menciona a
carga horária de 1.600 horas para o ensino fundamental, e 1.200 horas para o
ensino médio, que se refere ao percentual de 50% da carga horária definida
legalmente para cada nível de ensino. Considerando como base de cálculo 50%
da carga horária definida legalmente para o ensino médio, ou seja, 1.200 horas,
deve-se dividir esse total por 12, encontrando-se o resultado de 100 dias de
remição em caso de aprovação em todos os campos de conhecimento do ENEM.
Se a aprovação foi no ENCCEJA (ensino fundamental), deve-se dividir as 1.600
horas por 12, encontrando-se o resultado de 133 dias, desprezando-se a fração.
Se o apenado obteve aprovação em todas as cinco áreas de conhecimento, faz
jus ao total de 133 dias de remição, acrescidos de bônus de 1/3, nos termos do
art. 126, § 5º, da Lei de Execução Penal, perfazendo o total de 177 dias remidos
por estudo. STJ. 3ª Seção. HC 602.425/SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da
Fonseca, julgado em 10/03/2021 (Info 689 STJ).
EXECUÇÃO PENAL – REMIÇÃO: Para o cálculo de dias remidos pelo estudo,
a Recomendação 44/2013 do CNJ orienta-se pelos parâmetros previstos na
Resolução 3/2010 do Conselho Nacional de Educação, a qual, todavia, deve ser
conjugada com a carga horária prevista na Lei nº 9.394/96, por se tratar de
interpretação mais benéfica ao réu. STF. 2ª Turma. HC 190806 AgR/SC, Rel.
Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 30/3/2021 (Info 1011 STF).
EXPLORAÇÃO SEXUAL: O delito previsto no art. 218-B, § 2°, inciso I, do
Código Penal, na situação de exploração sexual, não exige a figura do terceiro
intermediador. A configuração do crime do art. 218-B do CP não pressupõe a
existência de terceira pessoa, bastando que o agente, por meio de pagamento,
convença a vítima, maior de 14 e menor de 18 anos, a praticar com ele conjunção
carnal ou outro ato libidinoso, de modo a satisfazer a sua própria lascívia. STJ.
3ª Seção. EREsp 1.530.637/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em
24/03/2021 (Info 690 STJ).

FORO POR PRERROGATIVA: Mesmo no caso de recebimento da denúncia


antes das reformas ocorridas no ano de 2008 e antes de o réu ser diplomado como
deputado estadual, apresentada a defesa escrita, caberá ao Tribunal de origem
apreciar a possibilidade de absolvição sumária ou reconsideração da decisão do
juiz de primeiro grau que recebeu a denúncia, na forma do art. 6º da Lei n.
8.038/1990. Consoante o entendimento do STF, "recebida a denúncia antes de o
réu ter sido diplomado como Deputado Federal, apresentada a defesa escrita, é de
ser examinada a possibilidade de absolvição sumária, segundo a previsão do art.
397 do Código de Processo Penal, mesmo que o rito, por terem os autos sido
remetidos ao Supremo Tribunal Federal, passe a ser o da Lei 8.038/90" (AP 630
AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Tribunal Pleno, julgado em 15/12/2011, DJe
22/3/2012). Destarte, caberá ao Tribunal de origem apreciar a possibilidade de
absolvição sumária (ou reconsideração da decisão do juiz de primeiro grau que
recebeu a denúncia), na forma do art. 6º da Lei n. 8.038/1990. Caso rejeite as
alegações defensivas, aí sim o réu deverá ser notificado para apresentar a defesa
prévia do art. 8º da mesma Lei. AREsp 1.492.099-PA, Rel. Min. Ribeiro Dantas,
Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 15/06/2021, DJe de 21/06/2021.
INFO 701 STJ

HABEAS CORPUS – SENTENÇA: Nos crimes contra a propriedade imaterial


que deixam vestígios, depois que o ofendido tem ciência da autoria do delito, ele
possui o prazo decadencial de 6 meses para a propositura da ação penal, nos
termos do art. 38 do CPP. Se, antes desses 6 meses, o laudo pericial for
concluído, o ofendido terá 30 dias para oferecer a queixa crime. Assim, em se
tratando de crimes contra a propriedade imaterial que deixem vestígio, a ciência
da autoria do fato delituoso dá ensejo ao início do prazo decadencial de 6 meses
(art. 38 do CPP), sendo tal prazo reduzido para 30 dias (art. 38) se homologado
laudo pericial nesse ínterim. STJ. 6ª Turma. REsp 1.762.142/MG, Rel. Min.
Sebastião Reis Junior, julgado em 13/04/2021 (Info 692 STJ)
HOMICÍDIO – DOLO EVENTUAL: O dolo eventual no crime de homicídio é
compatível com as qualificadoras objetivas previstas no art. 121, § 2º, III e IV, do
Código Penal. REsp 1.836.556-PR, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, por
unanimidade, julgado em 15/06/2021. INFO 701 STJ

INSERÇÃO DE INFORMAÇÕES FALSAS – CRIME: As sucessivas revisões dos


quantitativos máximos de receita bruta para enquadramento como ME ou EPP, da Lei
Complementar n. 123/2006, para fazer frente à inflação, não descaracterizam crimes
de inserção de informação falsa em documento público, para fins de participação em
procedimento licitatório, cometidos anteriormente. AREsp 1.526.095-RJ, Rel. Min.
Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 08/06/2021. (INFO 700
STJ)

JUIZADOS ESPECIAIS – COMPETÊNCIA: Os Juizados Especiais Criminais


são dotados de competência relativa para julgamento das infrações penais de
menor potencial ofensivo, razão pela qual se permite que essas infrações sejam
julgadas por outro juízo com vis atractiva para o crime de maior gravidade, pela
conexão ou continência, observados, quanto àqueles, os institutos
despenalizadores, quando cabíveis. STF. Plenário. ADI 5264/DF, Rel. Min.
Cármen Lúcia, julgado em 4/12/2020 (Info 1001 STF).
JURI – PRONUNCIA: É possível a pronúncia do acusado baseada
exclusivamente em elementos informativos obtidos na fase inquisitorial? • NÃO.
Haverá violação ao art. 155 do CPP. Além disso, muito embora a análise
aprofundada seja feita somente pelo Júri, não se pode admitir, em um Estado
Democrático de Direito, a pronúncia sem qualquer lastro probatório colhido sob
o contraditório judicial, fundada exclusivamente em elementos informativos
obtidos na fase inquisitorial. STJ. 5ª Turma. HC 560.552/RS, Rel. Min. Ribeiro
Dantas, julgado em 23/02/2021. STJ. 6ª Turma. HC 589.270, Rel. Min. Sebastião
Reis Júnior, julgado em 23/02/2021. • SIM. É possível admitir a pronúncia do
acusado com base em indícios derivados do inquérito policial, sem que isso
represente afronta ao art. 155. Embora a vedação imposta no art. 155 se aplique
a qualquer procedimento penal, inclusive dos do Júri, não se pode perder de
vista o objetivo da decisão de pronúncia não é o de condenar, mas apenas o de
encerrar o juízo de admissibilidade da acusação (iudicium accusationis). Na
pronúncia opera o princípio in dubio pro societate, porque é a favor da sociedade
que se resolvem as dúvidas quanto à prova, pelo Juízo natural da causa.
Constitui a pronúncia, portanto, juízo fundado de suspeita, que apenas e tão
somente admite a acusação. Não profere juízo de certeza, necessário para a
condenação, motivo pelo qual a vedação expressa do art. 155 do CPP não se
aplica à referida decisão. STJ. 5ª Turma. AgRg no AgRg no AREsp 1702743/GO,
Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 15/12/2020. STJ. 6ª Turma. AgRg no
AREsp 1609833/RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 06/10/2020
LAVAGEM DE DINHEIRO – AFASTAMENTO DE SERVIDOR: É
inconstitucional a determinação de afastamento automático de servidor público
indiciado em inquérito policial instaurado para apuração de crimes de lavagem
ou ocultação de bens, direitos e valores. Com base nesse entendimento, o STF
declarou inconstitucional o art. 17-D da Lei de Lavagem de Dinheiro (Lei nº
9.613/98): Art. 17-D. Em caso de indiciamento de servidor público, este será
afastado, sem prejuízo de remuneração e demais direitos previstos em lei, até
que o juiz competente autorize, em decisão fundamentada, o seu retorno. O
afastamento do servidor somente se justifica quando ficar demonstrado nos
autos que existe risco caso ele continue no desempenho de suas funções e que
o afastamento é medida eficaz e proporcional para se tutelar a investigação e a
própria Administração Pública. Tais circunstâncias precisam ser apreciadas pelo
Poder Judiciário. STF. Plenário. ADI 4911/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin, red.
p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 20/11/2020 (Info 1000 STF)
LEGITIMA DEFESA DA HONRA: Ao apreciar medida cautelar em ADPF, o STF
decidiu que: a) a tese da legítima defesa da honra é inconstitucional, por
contrariar os princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana (art. 1º,
III, da CF/88), da proteção à vida e da igualdade de gênero (art. 5º, da CF/88);
b) deve ser conferida interpretação conforme à Constituição ao art. 23, II e art.
25, do CP e ao art. 65 do CPP, de modo a excluir a legítima defesa da honra do
âmbito do instituto da legítima defesa; e c) a defesa, a acusação, a autoridade
policial e o juízo são proibidos de utilizar, direta ou indiretamente, a tese de
legítima defesa da honra (ou qualquer argumento que induza à tese) nas fases
pré-processual ou processual penais, bem como durante julgamento perante o
tribunal do júri, sob pena de nulidade do ato e do julgamento. STF. Plenário.
ADPF 779 MC-Ref/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 13/3/2021 (Info 1009
STF).
MACONHA – ATIPICIDADE: É atípica a conduta de importar pequena
quantidade de sementes de maconha. STJ. 3ª Seção. EREsp 1.624.564-SP, Rel.
Min. Laurita Vaz, julgado em 14/10/2020 (Info 683). STF. 2ª Turma. HC
144161/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/9/2018 (Info 915 STJ)
NULIDADES – LULA: O ex-Presidente Lula responde a quatro ações penais
que se iniciaram na 13ª Vara Federal de Curitiba. Em duas delas, já havia
sentença penal condenatória, mas sem trânsito em julgado. A defesa impetrou
habeas corpus no STF alegando a incompetência da 13ª Vara porque os fatos
apurados não tinham qualquer relação com os crimes praticados contra a
Petrobras (HC 193726). O Min. Relator Edson Fachin, monocraticamente,
concedeu a ordem de habeas corpus para reconhecer a incompetência da 13ª
Vara Federal e declarar a nulidade dos atos decisórios praticados. Houve agravo
regimental contra a decisão. O Ministro Fachin decidiu afetar o julgamento
desses recursos para o Plenário. Explicando melhor: em regra, a competência
para julgar o recurso seria da 2ª Turma do STF, mas o Relator decidiu remeter
ao Pleno da Corte. 1) O Ministro Relator poderia ter afetado esse julgamento ao
Plenário? SIM. A afetação de feitos a julgamento pelo Plenário do Supremo
Tribunal Federal é atribuição discricionária do relator. Essa afetação é autorizada
pelo art. 6º, II, ‘c’ e pelo art. 22, do RISTF. 2) O MPF estava atuando como custos
legis no processo. Ele poderia ter recorrido? SIM. O Ministério Público Federal,
quando atua perante o STF, por intermédio da Procuradoria-Geral da República,
mesmo na qualidade de “custos legis”, detém legitimidade para a interposição
de agravo regimental contra decisões monocráticas proferidas pelos ministros
relatores. Fundamento: art. 179, II e art. 996, do CPC c/c art. 3º do CPP. 3) Foi
correta a decisão que reconheceu a incompetência da 13ª Vara Federal de
Curitiba para julgamento das ações penais envolvendo Lula? SIM. No âmbito da
“Operação Lava Jato”, a competência da 13ª Vara Federal de Curitiba é restrita
aos crimes praticados de forma direta em detrimento apenas da Petrobras S/A.
Esse é o entendimento do STF desde o julgamento da questão de ordem no Inq
4130 QO, em 23/09/2015. Para o STF, no caso concreto, não ficou demonstrado
que as condutas atribuídas ao ex-Presidente Lula tenham relação direta com os
ilícitos praticados em detrimento da Petrobras S/A. 4) O STF admite, em tese, a
teoria do juízo aparente para convalidar os atos decisórios praticados por juízo
posteriormente declarado incompetente. Prevalece o seguinte: A superveniência
de circunstâncias fáticas aptas a alterar a competência da autoridade judicial, até
então desconhecidas, autoriza a preservação dos atos praticados por juízo
aparentemente competente em razão do quadro fático subjacente no momento
em que requerida a prestação jurisdicional. No entanto, no caso concreto, o STF
afirmou que, tanto o MP como o juízo, desde o início do processo, já sabiam,
com base nas outras decisões da Corte, que a 13ª Vara Federal não seria
competente para julgar a causa. Isso porque a denúncia foi recebida em
14/09/2016 e, nessa época, já havia sido julgado o primeiro precedente que
reduziu a competência daquele juízo (Inq 4.130 QO). Logo, a “teoria do juízo
aparente” não se aplica à hipótese. 5) Não se aplica a regra do art. 64, § 4º, do
CPC ao caso. Isso porque o CPP possui regra própria e específica no art. 567
do CPP, que estabelece a sanção de nulidade aos atos decisórios praticados por
juízo incompetente. STF. Plenário. HC 193726 AgR-AgR/PR e HC 193726
AgR/PR, Rel. Min. Edson Fachin, julgados em 14/4/2021 (Info 1014).
PRISÃO: O que acontece se o juiz decretar a prisão preventiva de ofício (sem
requerimento)? • Regra: a prisão deverá ser relaxada por se tratar de prisão
ilegal. • Exceção: se, após a decretação, a autoridade policial ou o Ministério
Público requererem a prisão, o vício de ilegalidade que maculava a custódia é
suprido (convalidado) e a prisão não será relaxada. O posterior requerimento da
autoridade policial pela segregação cautelar ou manifestação do Ministério
Público favorável à prisão preventiva suprem o vício da inobservância da
formalidade de prévio requerimento. STJ. 5ª Turma. AgRg RHC 136.708/MS,
Rel. Min. Felix Fisher, julgado em 11/03/2021 (Info 691 STJ)
PROCEDIMENTO – LAUDO PERICIAL: Nos crimes contra a propriedade
imaterial que deixam vestígios, depois que o ofendido tem ciência da autoria do
delito, ele possui o prazo decadencial de 6 meses para a propositura da ação
penal, nos termos do art. 38 do CPP. Se, antes desses 6 meses, o laudo pericial
for concluído, o ofendido terá 30 dias para oferecer a queixa crime. Assim, em
se tratando de crimes contra a propriedade imaterial que deixem vestígio, a
ciência da autoria do fato delituoso dá ensejo ao início do prazo decadencial de
6 meses (art. 38 do CPP), sendo tal prazo reduzido para 30 dias (art. 38) se
homologado laudo pericial nesse ínterim. STJ. 6ª Turma. REsp 1.762.142/MG,
Rel. Min. Sebastião Reis Junior, julgado em 13/04/2021 (Info 692 STJ)
PROVAS – DIREITO AO SILÊNCIO: A CF/88 determina que as autoridades
estatais informem os presos que eles possuem o direito de permanecer em
silêncio (art. 5º, LXIII). Esse alerta sobre o direito ao silêncio deve ser feito não
apenas pelo Delegado, durante o interrogatório formal, mas também pelos
policiais responsáveis pela voz de prisão em flagrante. Isso porque a todos os
órgãos estatais impõe-se o dever de zelar pelos direitos fundamentais. A falta da
advertência quanto ao direito ao silêncio torna ilícita a prova obtida a partir dessa
confissão. STF. 2ª Turma. RHC 170843 AgR/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgado em 4/5/2021 (Info 1016 STF).
PROVAS – INGRESSO EM DOMICÍLIO: A prova da legalidade e da
voluntariedade do consentimento para o ingresso na residência do suspeito
incumbe, em caso de dúvida, ao Estado, e deve ser feita com declaração
assinada pela pessoa que autorizou o ingresso domiciliar, indicando-se, sempre
que possível, testemunhas do ato. Em todo caso, a operação deve ser registrada
em áudio-vídeo e preservada a prova enquanto durar o processo. Principais
conclusões do STJ: 1) Na hipótese de suspeita de crime em flagrante, exige-se,
em termos de standard probatório para ingresso no domicílio do suspeito sem
mandado judicial, a existência de fundadas razões (justa causa), aferidas de
modo objetivo e devidamente justificadas, de maneira a indicar que dentro da
casa ocorre situação de flagrante delito. 2) O tráfico ilícito de entorpecentes, em
que pese ser classificado como crime de natureza permanente, nem sempre
autoriza a entrada sem mandado no domicílio onde supostamente se encontra a
droga. Apenas será permitido o ingresso em situações de urgência, quando se
concluir que do atraso decorrente da obtenção de mandado judicial se possa
objetiva e concretamente inferir que a prova do crime (ou a própria droga) será
destruída ou ocultada. 3) O consentimento do morador, para validar o ingresso
de agentes estatais em sua casa e a busca e apreensão de objetos relacionados
ao crime, precisa ser voluntário e livre de qualquer tipo de constrangimento ou
coação. 4) A prova da legalidade e da voluntariedade do consentimento para o
ingresso na residência do suspeito incumbe, em caso de dúvida, ao Estado, e
deve ser feita com declaração assinada pela pessoa que autorizou o ingresso
domiciliar, indicando-se, sempre que possível, testemunhas do ato. Em todo
caso, a operação deve ser registrada em áudio-vídeo e preservada tal prova
enquanto durar o processo. 5) A violação a essas regras e condições legais e
constitucionais para o ingresso no domicílio alheio resulta na ilicitude das provas
obtidas em decorrência da medida, bem como das demais provas que dela
decorrerem em relação de causalidade, sem prejuízo de eventual
responsabilização penal do(s) agente(s) público(s) que tenha(m) realizado a
diligência. STJ. 6ª Turma. HC 598.051/SP, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz,
julgado em 02/03/2021 (Info 687 STJ).
PROVAS – PREJUÍZO: Para que se reconheça a nulidade pela inobservância
da regra do art. 400 do CPP (interrogatório como último ato da instrução) é
necessária a comprovação de prejuízo? SIM. É o entendimento da 5ª Turma do
STJ: No que tange à pretensão de reconhecimento da nulidade da instrução
processual, desde o interrogatório, por suposta violação do art. 400, do CPP, a
5ª Turma do STJ consolidou o entendimento de que, para se reconhecer
nulidade pela inversão da ordem de interrogatório, é necessário: • que o
inconformismo da Defesa tenha sido manifestado tempestivamente, ou seja, na
própria audiência em que realizado o ato, sob pena de preclusão; e • que seja
comprovada a ocorrência de prejuízo que o réu teria sofrido com a citada
inversão. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1573424/SP, Rel. Min. Reynaldo
Soares da Fonseca, julgado em 08/09/2020. NÃO. Existe julgado da 6ª Turma
do STJ nesse sentido: É desnecessária a comprovação de prejuízo para o
reconhecimento da nulidade decorrente da não observância do rito previsto no
art. 400 do CPP, o qual determina que o interrogatório do acusado seja o último
ato a ser realizado. Embora, em regra, a decretação da nulidade de determinado
ato processual requeira a comprovação de prejuízo concreto para a parte - em
razão do princípio do pas de nullité sans grief -, o prejuízo à defesa é evidente e
corolário da própria inobservância da máxima efetividade das garantias
constitucionais do contraditório e da ampla defesa. STJ. 6ª Turma. REsp
1.808.389-AM, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 20/10/2020 (Info 683
STJ). Obs: penso que prevalece a primeira corrente, havendo decisões da
própria 6ª Turma do STJ também exigindo a comprovação do prejuízo (STJ. 6ª
Turma. AgRg no REsp 1617950/MG, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro,
julgado em 03/11/2020)
PRESCRIÇÃO: Em caso de inatividade processual decorrente de citação por
edital, ressalvados os crimes previstos na Constituição Federal como
imprescritíveis, é constitucional limitar o período de suspensão do prazo
prescricional ao tempo de prescrição da pena máxima em abstrato cominada ao
crime, a despeito de o processo permanecer suspenso. Art. 366. Se o acusado,
citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos
o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a
produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso,
decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312. STF. Plenário.
STF. Plenário. RE 600851, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 04/12/2020
(Repercussão Geral – Tema 438) (Info 1001 STF). No mesmo sentido: Súmula
415-STJ: O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo
máximo da pena cominada.
PRISÃO PREVENTIVA – PACOTE ANTI-CRIME: Após o advento da Lei nº
13.964/2019, não é mais possível a conversão da prisão em flagrante em
preventiva sem provocação por parte ou da autoridade policial, do querelante,
do assistente, ou do Ministério Público, mesmo nas situações em que não ocorre
audiência de custódia. A Lei nº 13.964/2019, ao suprimir a expressão “de ofício”
que constava do art. 282, § 2º, e do art. 311, ambos do CPP, vedou, de forma
absoluta, a decretação da prisão preventiva sem o prévio requerimento das
partes ou representação da autoridade policial. Logo, não é mais possível, com
base no ordenamento jurídico vigente, a atuação ‘ex officio’ do Juízo processante
em tema de privação cautelar da liberdade. A interpretação do art. 310, II, do
CPP deve ser realizada à luz do art. 282, § 2º e do art. 311, significando que se
tornou inviável, mesmo no contexto da audiência de custódia, a conversão, de
ofício, da prisão em flagrante de qualquer pessoa em prisão preventiva, sendo
necessária, por isso mesmo, para tal efeito, anterior e formal provocação do
Ministério Público, da autoridade policial ou, quando for o caso, do querelante ou
do assistente do MP. Vale ressaltar que a prisão preventiva não é uma
consequência natural da prisão flagrante, logo é uma situação nova que deve
respeitar o disposto, em especial, nos arts. 311 e 312 do CPP. STJ. 3ª Seção.
RHC 131.263, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 24/02/2021 (Info 686
STJ). STF. 2ª Turma. HC 192532 AgR, Rel. Gilmar Mendes, julgado em
24/02/2021
RECURSOS – PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO: Os pedidos de
reconsideração carecem de qualquer respaldo no regramento processual
vigente. Eles não constituem recursos, em sentido estrito, nem mesmo meios de
impugnação atípicos. Por isso, não suspendem prazos e tampouco impedem a
preclusão. STF. 2ª Turma. Rcl 43007 AgR/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,
julgado em 9/2/2021 (Info 1005 STF)
RECURSOS – PRELIMINAR E MÉRITO: Há nulidade no acórdão que julga
apelação sem a observância da formalidade de colher os votos em separado
sobre questão preliminar e de mérito, em razão da diminuição do espectro da
matéria possível de impugnação na via dos infringentes. Aplica-se o art. 939 do
CPC para o julgamento de apelação criminal. STJ. 5ª Turma. REsp
1.843.523/CE, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 09/03/2021 (Info 688 STJ).
Se existe preliminar e questão de mérito, o Tribunal, ao apreciar o recurso, deverá separar o
julgamento, proclamando inicialmente o resultado da preliminar e, sendo esta rejeitada, colhendo
os votos quanto ao mérito.

RECURSOS – REFORMATIO IN PEJUS: O art. 75, § 3º, da Lei nº 4.728/65 foi


recepcionada pela Constituição Federal de 1988. STF. Plenário. ADPF 312/DF,
Rel. Min. Edson Fachin, redator do acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em
16/4/2021 (Info 1013 STF)
TESTEMUNHAS – INQUIRIÇÃO: Não cabe ao juiz, na audiência de instrução e
julgamento de processo penal, iniciar a inquirição de testemunha, cabendo-lhe,
apenas, complementar a inquirição sobre os pontos não esclarecidos. STF. 1ª
Turma. HC 187035/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 6/4/2021 (Info 1012
STF)

Direito Penal Militar e Processual Penal Militar

Direito Processual Civil

AÇÃO DE EXIGIR CONTAS: O termo inicial do prazo de 15 (quinze) dias,


previsto no art. 550, § 5º, do CPC/2015, para o réu cumprir a condenação da
primeira fase do procedimento de exigir contas começa a fluir automaticamente
a partir da intimação do réu, na pessoa do seu advogado, acerca da respectiva
decisão. STJ. 3ª Turma. REsp 1.847.194/MS, Rel. Min. Marco Aurélio Belizze,
julgado em 16/03/2021 (Info 689). Obs: o prazo de 48 horas para a apresentação
das contas pelo réu, previsto no art. 915, § 2º, do CPC/1973, deve ser computado
a partir da intimação do trânsito em julgado da sentença que reconheceu o direito
do autor de exigir a prestação de contas (STJ. 3ª Turma. REsp 1.582.877-SP,
Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 23/04/2019. Info 647 STJ). “É preciso notar,
porém, que não se está diante de dois processos distintos, tramitando simultaneamente nos
mesmos autos. O processo, em verdade, é único, embora dividido em duas fases distintas. Há,
pois, o ajuizamento de uma única demanda, contendo um único mérito. A análise deste, porém,
é dividida em dois momentos: o primeiro, dedicado à verificação da existência do direito de exigir
a prestação de contas, o segundo, dirigido à verificação das contas e do saldo eventualmente
existente.” (CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil. São Paulo: Atlas,
21ª ed., 2014, p. 391)

AÇÃO DE ALIMENTOS: É possível a penhora de bens do devedor de alimentos,


sem que haja a conversão do rito da prisão para o da constrição patrimonial,
enquanto durar a impossibilidade da prisão civil em razão da pandemia do
coronavírus. (INFO 702 STJ)

AÇÃO DE EXIGIR CONTAS: O inventariante não pode encerrar seu mister sem
que antes apresente as contas de sua gestão. Essa prestação de contas é,
portanto, uma atribuição imposta pela lei ao inventariante, razão pela qual possui
interesse de agir para ajuizar a presente ação autônoma de prestação de contas.
Vale ressaltar, inclusive, que esse interesse de agir é presumido. STJ. 4ª Turma.
REsp 1.707.014/MT, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 02/03/2021 (Info
687 STF).

AÇÃO DEMOLITÓRIA: Em ação demolitória, não há obrigatoriedade de


litisconsórcio passivo necessário dos coproprietários do imóvel. Em ação
demolitória, como na hipótese, não se discute a propriedade do imóvel, caso em
que, dada a incindibilidade do direito material, os demais proprietários deveriam
necessariamente integrar a relação processual. Portanto, na condição de
coproprietário, a parte sofrerá os efeitos materiais da sentença, mas isso não é
suficiente para caracterizar o litisconsórcio necessário, até porque o direito de
propriedade permanecerá intocado. REsp 1.721.472-DF, Rel. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 15/06/2021. (INFO
701 STJ)

AÇÕES POSSESSÓRIAS: É vedado o ajuizamento de ação de imissão na posse


de imóvel na pendência de ação possessória envolvendo o mesmo bem. Nos termos
do art. 557 do CPC/15, "na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor
quanto ao réu, propor ação de reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão
for deduzida em face de terceira pessoa". Apesar de seu nomen iuris, a ação de
imissão na posse é ação do domínio, por meio da qual o proprietário, ou o titular de
outro direito real sobre a coisa, pretende obter a posse nunca exercida.
Semelhantemente à ação reivindicatória, a ação de imissão funda-se no direito à
posse que decorre da propriedade ou de outro direito real (jus possidendi), e não na
posse em si mesmo considerada, como uma situação de fato a ser protegida
juridicamente contra atentados praticados por terceiros (jus possessionis). REsp
1.909.196-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado
em 15/06/2021, DJe 17/06/2021. (INFO 701 STJ)

APELAÇÃO: O Tribunal não pode julgar fora do limite definido pelo recorrente
(extensão do efeito devolutivo) A extensão do efeito devolutivo da apelação é
definida pelo pedido do recorrente e qualquer julgamento fora desse limite não
pode comprometer a efetividade do contraditório, ainda que se pretenda aplicar
a teoria da causa madura. STJ. 4ª Turma. REsp 1.909.451-SP, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão, julgado em 23/03/2021 (Info 690 STJ).
ARBITRAGEM – NULIDADE: A declaração de nulidade da sentença arbitral
pode ser pleiteada, judicialmente, por duas vias: a) ação declaratória de nulidade
de sentença arbitral (art. 33, § 1º, da Lei nº 9.307/96); ou b) impugnação ao
cumprimento de sentença arbitral (art. 33, § 3º, da Lei nº 9.307/96). O § 1º do
art. 33 verá que ele fala em um prazo de 90 dias para ajuizar a ação declaração
de nulidade. O § 3º do mesmo artigo não prevê prazo. Diante disso, indaga-se:
o prazo de 90 dias do § 1º do art. 33 também se aplica para a hipótese do § 3º?
A impugnação ao cumprimento de sentença arbitral também deve ser
apresentada no prazo de 90 dias? Depende: • se a parte executada quiser alegar
algum dos vícios do art. 32 da Lei nº 9.307/96: ela possui o prazo de 90 dias.
Assim, se já tiver se passado 90 dias da notificação da sentença, ela não poderá
apresentar impugnação alegando um dos vícios do art. 32. • mesmo que já tenha
se passado o prazo de 90 dias, a parte ainda poderá alegar uma das matérias
do § 1º do art. 525 do CPC. STJ. 3ª Turma. REsp 1.900.136/SP, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 06/04/2021 (Info 691 STJ).
ASTREINTES: O valor das astreintes é estabelecido sob a cláusula rebus sic
stantibus, de maneira que, quando se tornar irrisório ou exorbitante ou
desnecessário, pode ser modificado ou até mesmo revogado pelo magistrado, a
qualquer tempo, até mesmo de ofício, ainda que o feito esteja em fase de
execução ou cumprimento de sentença, não havendo falar em preclusão ou
ofensa à coisa julgada. STJ. Corte Especial. EAREsp 650.536/RJ, Rel. Min. Raul
Araújo, julgado em 07/04/2021 (Info 691 STJ)
AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO – MULTA: Não cabe a aplicação de multa pelo
não comparecimento pessoal à audiência de conciliação, por ato atentatório à
dignidade da Justiça, quando a parte estiver representada por advogado com poderes
específicos para transigir. RMS 56.422-MS, Rel. Min. Raul Araújo, Quarta Turma, por
unanimidade, julgado em 08/06/2021. (INFO 700 STJ)

BEM DE FAMÍLIA – PROTESTO CONTRA ALIENAÇÃO: É possível a


averbação de protesto contra a alienação de imóvel classificado como bem de
família – não para impedir a venda do imóvel impenhorável, mas para informar
terceiros de boa-fé sobre a pretensão do credor, especialmente na hipótese de
futuro afastamento da proteção contra a penhora. A impenhorabilidade do bem
de família é uma garantia jurídica que incide sobre uma situação fática atual: a
moradia familiar. No entanto, os fatos podem ser modificados por várias razões,
como o recebimento de herança, a compra de um segundo imóvel ou a mudança
de residência da família. Havendo alguma mudança, aquele imóvel pode deixar
de ser um bem de família. Assim, ao perder a qualidade de bem de família, a
venda posterior do imóvel com registro de protesto contra alienação de bens
pode, numa análise casuística, configurar fraude à execução. STJ. 4ª Turma.
REsp 1.236.057-SP, Rel. Min. Antônio Carlos Ferreira, julgado em 06/04/2021
(Info 692 STJ)
CÉDULA DE TITULO RURAL: Na execução de cédula de produto rural em formato
cartular é necessária a juntada do original do título de crédito, salvo se comprovado
que o título não circulou. (INFO 702 STJ)

COMPETÊNCIA – CONTRIBUIÇÃO SINDICAL: Compete à Justiça comum


processar e julgar demandas em que se discute o recolhimento e o repasse de
contribuição sindical de servidores públicos regidos pelo regime estatutário. STF.
Plenário. RE 1089282/AM, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4/12/2020
(Repercussão Geral – Tema 994) (Info 1001 STF).
COMPETÊNCIA – CONTRIBUIÇÃO SINDICAL: A Súmula 222 do STJ prevê o
seguinte: Compete à Justiça Comum processar e julgar as ações relativas à
contribuição sindical prevista no art. 578 da CLT. O STJ, depois do que o STF
decidiu no RE 1089282/AM (Tema 994), teve que conferir nova interpretação a
esse enunciado. O que prevalece atualmente é o seguinte: a) Compete à Justiça
Comum julgar as ações em que se discute a contribuição sindical de servidor
público estatutário. b) Compete à Justiça do Trabalho julgar as ações em que se
discute a contribuição sindical de empregado celetista (seja ele servidor público
ou trabalhador da iniciativa privada). STJ. 1ª Seção. CC 147.784/PR, Rel. Min.
Mauro Campbell Marques, julgado em 24/03/2021 (Info 690 STJ).
COMPETÊNCIA – JUSTIÇA FEDERAL: A insolvência civil está entre as
exceções da parte final do artigo 109, I, da Constituição da República, para fins
de definição da competência da Justiça Federal. STF. Plenário. RE 678162/AL,
Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Edson Fachin, julgado em
26/3/2021 (Repercussão Geral – Tema 859) (Info 1011 STF).
COMPETÊNCIA – SOCIEDADE ANÔNIMA: Não é da Justiça do Trabalho a
competência para julgar ação na qual se pede a anulação da eleição realizada
para escolher o representante dos trabalhadores no conselho de administração
da sociedade anônima. STJ. 2ª Seção. CC 164.709/MG, Rel. p/ acórdão Min.
Raul Araújo, julgado em 28/04/2021 (Info 694 STJ).
COMPETÊNCIA – VARA FEDERAL: O § 3º do art. 109 da CF/88 afirma que, se
não existir vara federal na comarca do domicílio do segurado, a lei poderá
autorizar que esse segurado ajuíze a ação contra o INSS na justiça estadual: Art.
109. (...) § 3º Lei poderá autorizar que as causas de competência da Justiça
Federal em que forem parte instituição de previdência social e segurado possam
ser processadas e julgadas na justiça estadual quando a comarca do domicílio
do segurado não for sede de vara federal. A delegação de competência de que
trata esse dispositivo constitucional foi feita pelo art. 15, III, da Lei nº 5.010/66,
com redação dada pela Lei nº 13.876/2019. Vale ressaltar que o que importa é
que não exista vara federal na comarca. Algumas vezes uma mesma comarca
abrange mais de um Município. Se no Município não existir vara federal, mas
houver na Comarca, então, neste caso, o segurado terá que se deslocar até lá
para ajuizar a ação. Ex: em Itatinga (SP) não existe vara federal; no entanto,
Itatinga faz parte da comarca de Botucatu. Em Botucatu existe vara federal.
Logo, o segurado terá que se deslocar até lá para ajuizar a ação contra o INSS.
STF. Plenário. RE 860508/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 6/3/2021
(Repercussão Geral – Tema 820) (Info 1008 STF).
COMPETÊNCIA – TURMAS STJ: Caso concreto: o MP/RJ ajuizou ACP contra
concessionárias do serviço de telefonia pedindo que essas empresas se
abstenham de cobrar multa rescisória da fidelização nas hipóteses em que o
contrato é cancelado em decorrência de furto ou roubo do aparelho de celular.
Assim, se o consumidor comprou o celular com desconto, mas ele foi furtado ou
roubado, o cliente teria que ser dispensado de pagar a multa rescisória pela
quebra da fidelidade. O juiz e o Tribunal de Justiça julgaram o pedido do
Ministério Público procedente e as empresas de telefonia interpuseram recurso
especial. A competência para julgar esse recurso é da 3ª ou da 4ª Turma (que
examinam matérias de direito privado). Isso porque não se está discutindo o
serviço público de telefonia, mas sim a validade de uma cláusula presente em
um contrato de consumo. STJ. Corte Especial. CC 165.221/DF, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, julgado em 03/03/2021 (Info 687 STJ).
CRÉDITO RURAL: A extinção da execução em virtude da renegociação de dívida
fundada em cédula de crédito rural não impõe à parte executada o dever de arcar
com as custas processuais e os honorários advocatícios em favor dos patronos da
parte exequente. (INFO 702 STJ)

CUMPRIMENTO DE SENTENÇA: Com o advento do CPC/2015, o início da fase


de cumprimento de sentença para pagamento de quantia certa passou a
depender de provocação do credor (art. 523). Assim, a intimação do devedor
para pagamento é consectário legal do requerimento, e, portanto, irrecorrível,
por se tratar de mero despacho de expediente. O juiz simplesmente cumpre o
procedimento determinado pela lei, impulsionando o processo. STJ. 3ª Turma.
REsp 1.837.211/MG, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 09/03/2021 (Info 688
STJ).
EXECUÇÃO – DESISTÊNCIA ANTES DA CITAÇÃO: A desistência da
execução antes do oferecimento dos embargos independe da anuência do
devedor. A apresentação de desistência da execução quando ainda não
efetivada a citação do devedor provoca a extinção dos embargos posteriormente
opostos, ainda que estes versem acerca de questões de direito material. O
credor não responde pelo pagamento de honorários sucumbenciais se
manifestar a desistência da execução antes da citação e da apresentação dos
embargos e se não houver prévia constituição de advogado nos autos. STJ. 2ª
Turma. REsp 1.682.215/MG, Rel. Min. Ricardo Vilas Bôas Cueva, julgado em
06/04/2021 (Info 692 STJ)
EXECUÇÃO – CUSTAS: O art. 90, § 3º do CPC/2015 prevê o seguinte: Art. 90
(...) § 3º Se a transação ocorrer antes da sentença, as partes ficam dispensadas
do pagamento das custas processuais remanescentes, se houver. O art. 90, §
3º, está localizado na parte geral do Código de Processo Civil. Isso significa que
ele é aplicável não só ao processo de conhecimento, como também ao processo
de execução. Esse dispositivo, no entanto, somente se refere às custas
remanescentes. Assim, se a legislação estadual prever o recolhimento da taxa
judiciária ao final do processo, as partes não estarão desobrigadas de recolhê-
la. Isso porque taxa judiciária não se confunde com custas processuais e,
portanto, taxa judiciária não se enquadra na definição de custas remanescentes.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.880.944/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
23/03/2021 (Info 690 STJ)
EXECUÇÃO EXTRAJUDICIAL: É constitucional, pois foi devidamente
recepcionado pela Constituição Federal de 1988, o procedimento de execução
extrajudicial, previsto no Decreto-lei nº 70/66. STF. Plenário. RE 627106/PR e
RE 556520/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgados em 7/4/2021 (Repercussão Geral
– Tema 249) (Info 1012 STF). O processo de execução hipotecária será promovido por uma
instituição financeira, que atuará na condição de “agente fiduciário”. Confira o que diz o art. 31 do DL 70/66:
Art. 31. Vencida e não paga a dívida hipotecária, no todo ou em parte, o credor que houver preferido
executá-la de acordo com este decreto-lei formalizará ao agente fiduciário a solicitação de execução da
dívida, instruindo-a com os seguintes documentos: (...) Como essa execução hipotecária é extrajudicial, é
o agente fiduciário quem tomará as providências para cobrar do devedor. Depois de notificado, o
inadimplente poderá purgar a mora e, caso não o faça, o agente fiduciário ficará autorizado a alienar o
imóvel dado em garantia. Nesse sentido: Art. 31 (...) § 1º Recebida a solicitação da execução da dívida, o
agente fiduciário, nos dez dias subsequentes, promoverá a notificação do devedor, por intermédio de
Cartório de Títulos e Documentos, concedendo-lhe o prazo de vinte dias para a purgação da mora. Art. 32.
Não acudindo o devedor à purgação do débito, o agente fiduciário estará de pleno direito autorizado a
publicar editais e a efetuar no decurso dos 15 (quinze) dias imediatos, o primeiro público leilão do imóvel
hipotecado.

EXECUÇÃO – FAZENDA PÚBLICA: A alegação da Fazenda Pública de


excesso de execução sem a apresentação da memória de cálculos com a
indicação do valor devido não acarreta, necessariamente, o não conhecimento
da arguição. STJ. 2ª Turma. REsp 1.887.589/GO, Rel. Min. Og Fernandes,
julgado em 06/04/2021 (Info 691 STJ)
EXECUÇÃO – PENHORA: É admitida a alienação integral do bem indivisível em
qualquer hipótese de propriedade em comum, resguardando-se, ao
coproprietário ou cônjuge alheio à execução, o equivalente em dinheiro da sua
quota-parte no bem. STJ. 3ª Turma. REsp 1.818.926/DF, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 13/04/2021 (Info 692 STJ).
EXECUÇÃO – PENHORA: Não é possível a penhora de ativos financeiros da
conta bancária pessoal de terceiro, não integrante da relação processual em que
se formou o título executivo, pelo simples fato de ser cônjuge da parte executada
com quem é casado sob o regime da comunhão parcial de bens. Situação
hipotética: Luciana comprou itens de vidraçaria de uma loja, mas não pagou. A
loja ajuizou ação de cobrança contra Luciana, tendo a sentença condenado a ré
a pagar o valor devido. Após o trânsito em julgado, o banco ingressou com
cumprimento de sentença contra Luciana. Não se localizou qualquer bem em
nome da devedora. Diante disso, a exequente pediu a penhora de ativos
financeiros (dinheiro) que estavam na conta bancária de Pedro, marido de
Luciana. Essa penhora é indevida. STJ. 3ª Turma. REsp 1.869.720/DF, Relator
p/ acórdão Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 27/04/2021 (Info 694
STJ).
EXECUÇÃO – PEQUENA PROPRIEDADE RURAL: É impenhorável a pequena
propriedade rural familiar constituída de mais de 01 (um) terreno, desde que
contínuos e com área total inferior a 04 (quatro) módulos fiscais do município de
localização. STF. Plenário. ARE 1038507, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em
18/12/2020 (Repercussão Geral – Tema 961) (Info 1003 STF).
EXECUÇÃO – PEQUENA PROPRIEDADE RURAL: O art. 5º, XXVI, da CF/88
e o art. 833, VIII, do CPC preveem que é impenhorável a pequena propriedade
rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família. Assim, para que
o imóvel rural seja impenhorável, são necessários dois requisitos: 1) que seja
enquadrado como pequena propriedade rural, nos termos definidos pela lei; e 2)
que seja trabalhado pela família. Quem tem o encargo de provar esses
requisitos? Quem tem o encargo de provar os requisitos da impenhorabilidade
da pequena propriedade rural? 3ª Turma do STJ: o devedor. Para o
reconhecimento da impenhorabilidade, o devedor tem o ônus de comprovar que
além de pequena, a propriedade destina-se à exploração familiar. STJ. 3ª Turma.
REsp 1843846/MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 02/02/2021. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.913.236/MT, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 16/03/2021
(Info 689). 4ª Turma do STJ: • Requisito 1: comprovar que o imóvel se trata de
pequena propriedade rural: trata-se de ônus do executado (devedor). • Requisito
2: comprovar que a propriedade rural é trabalhada pela família: não é necessário
que o executado faça prova disso. Existe uma presunção juris tantum (relativa)
de que a pequena propriedade rural é trabalhada pela família. STJ. 4ª Turma.
REsp 1408152-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 1/12/2016 (Info
596). STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp 1826806/RS, Rel. Min. Antonio Carlos
Ferreira, julgado em 23/03/2020. O fato de o devedor ter dado o bem em garantia
representa uma renúncia à garantia da impenhorabilidade? NÃO. A pequena
propriedade rural é impenhorável por determinação da Constituição. Tal direito
fundamental é indisponível, pouco importando que o bem tenha sido dado em
hipoteca. Nesse sentido, já decidiu o STJ: A pequena propriedade rural
trabalhada pela entidade familiar é impenhorável, mesmo quando oferecida em
garantia hipotecária pelos respectivos proprietários. O oferecimento do bem em
garantia não afasta a proteção da impenhorabilidade, haja vista que se trata de
norma de ordem pública, inafastável pela vontade das partes. STJ. 3ª Turma.
REsp 1.913.236/MT, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 16/03/2021 (Info 689
STJ).
EXECUÇÃO – PRECATÓRIO E RPV: Os Estados e o Distrito Federal devem
observar o prazo de dois meses, previsto no art. 535, § 3º, II, do CPC, para
pagamento de obrigações de pequeno valor. Não é razoável impedir a satisfação
imediata da parte incontroversa de título judicial, devendo-se observar, para
efeito de determinação do regime de pagamento — se por precatório ou
requisição de pequeno valor —, o valor total da condenação. STF. Plenário. ADI
5534/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 18/12/2020 (Info 1003 STF)
EXECUÇÃO – REMISSÃO: Para a remição da execução, o executado deve
pagar ou consignar o montante correspondente à totalidade da dívida executada,
acrescida de juros, custas e honorários de advogado, não sendo possível exigir-
lhe o pagamento de débitos executados em outras demandas A remição da
execução, consagrada no art. 826 do CPC/2015, consiste na satisfação integral
do débito executado no curso da ação e impede a alienação do bem penhorado.
Mesmo que o credor possua outros processos movidos contra o devedor, o
exequente não poderá exigir do executado, para fins de remição, o pagamento
desses débitos que estão sendo executados em outras demandas. Se o devedor
estiver sendo executado em mais de um processo, ele tem o direito de remir
aquela que melhor lhe aprouver. Assim, é lícito ao executado escolher a dívida
que pretende pagar, talvez com o propósito de extinguir a execução mais
adiantada, em que se realizarão os atos expropriatórios. O termo final para a
remição da execução é a assinatura do auto de arrematação A remição da
execução pode ser exercida até a assinatura do auto de arrematação. Logo, a
arrematação do imóvel não impede o devedor de remir a execução, desde que
faça isso antes de o auto de arrematação ser assinado. STJ. 3ª Turma. REsp
1.862.676-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 23/02/2021 (Info 686 STJ)
EXECUÇÃO FISCAL: Não é vedado, ao Procurador da Fazenda Nacional que
emitiu a certidão de dívida ativa, atuar como representante judicial da Fazenda
Nacional, na respectiva execução fiscal. As duas atribuições estão previstas
expressamente no art. 12, I e II, da LC 73/93 que, em nenhum momento, afirma
ou sugere que tais atividades devam ser praticadas por membros diferentes da
PGFN. As vedações legais à atuação do Procurador da Fazenda Nacional estão
previstas nos arts. 28 a 31 da LC 73/93, entre as quais não se encontra essa
hipótese. De igual forma, a Lei nº 6.830/80 (Lei de Execução Fiscal) não faz essa
exigência nem estabelece tal impedimento. STJ. 2ª Turma. REsp 1.311.899-RS,
Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 23/02/2021 (Info 686 STJ).
EXECUÇÃO FISCAL – CADASTRO DE INADIMPLENTES: O art. 782, §3º, do
CPC é aplicável às execuções fiscais, devendo o magistrado deferir o
requerimento de inclusão do nome do executado em cadastros de inadimplentes,
preferencialmente pelo sistema SERASAJUD, independentemente do
esgotamento prévio de outras medidas executivas, salvo se vislumbrar alguma
dúvida razoável à existência do direito ao crédito previsto na Certidão de Dívida
Ativa - CDA. STJ. 1ª Seção. REsp 1.807.180/PR, Rel. Min. Og Fernandes,
julgado em 24/02/2021 (Recurso Repetitivo – Tema 1026) (Info 686 STJ)
EXECUÇÃO FISCAL – HONORÁRIOS: É possível a fixação de honorários
advocatícios, em exceção de pré-executividade, quando o sócio (que apresentou
a exceção) é excluído do polo passivo da execução fiscal, que não é extinta.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.764.405/SP, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em
10/03/2021 (Recurso Repetitivo – Tema 961) (Info 688 STJ).
HERANÇA JACENTE: A herança jacente é um procedimento especial de
jurisdição voluntária que consiste na arrecadação judicial de bens da pessoa
falecida, com declaração, ao final, da herança vacante, ocasião em que se
transfere o acervo hereditário para o domínio público, salvo se comparecer em
juízo quem legitimamente os reclame. Esse procedimento pode ser iniciado por
qualquer interessado, pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública e pela
Fazenda Pública, bem como pelo juiz, de ofício (art. 738 do CPC/2015). Se um
legitimado ingressar com petição ao juiz requerendo a instauração do
procedimento de herança jacente, o magistrado não deverá indeferir a inicial sob
o argumento de que o requerente não juntou todas as provas necessárias à
comprovação dos fatos alegados. Antes de extinguir o feito, o magistrado deverá
diligenciar, ainda que minimamente, para obter as informações necessárias
considerando que ele tem o poder-dever de instaurar, ainda que de ofício, esse
procedimento. STJ. 3ª Turma. REsp 1.812.459/ES, Rel. Min. Marco Aurélio
Bellizze, julgado em 09/03/2021 (Info 688 STJ)
HONORÁRIOS AVOCATÍCIOS – LEGITIMIDADE: A parte e o advogado possuem
legitimidade recursal concorrente quanto à fixação dos honorários advocatícios. REsp
1.776.425-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira Turma, por
unanimidade, julgado em 08/06/2021. (INFO 700 STJ)
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS – LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA: Proferida
sentença ilíquida nas causas em que a Fazenda Pública for parte, a definição do
percentual dos honorários só ocorrerá após a liquidação do julgado. Isso significa
que também não deverão ser majorados os honorários advocatícios recursais
enquanto não definido o valor. STJ. 2ª Turma. EDCL no REsp 1.785.364/CE,
Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 06/04/2021 (Info 691 STJ).
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS – HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA
ESTRANGEIRA: Não se aplica o § 2º do art. 85 do CPC, mas sim o § 8º
(apreciação equitativa) porque o procedimento de homologação de sentença
estrangeira não tem natureza condenatória ou proveito econômico imediato. O
mérito da decisão homologada não é objeto de deliberação no STJ. Logo, não
faz sentido que o Tribunal utilize o proveito econômico ou o valor da causa como
parâmetros para o cálculo dos honorários advocatícios com base nos
percentuais do § 2º do art. 85. Vale ressaltar, no entanto, que, se o pedido de
homologação de decisão estrangeira tiver por objeto demanda de cunho
patrimonial, o valor da causa julgada no exterior deverá ser usado como um dos
critérios para embasar a fixação dos honorários de sucumbência por equidade,
conforme o § 8º do art. 85 do CPC. Assim, no momento de fazer a apreciação
equitativa, o STJ deverá levar em consideração também o valor da causa como
um dos critérios para definir a quantia a ser paga a título de honorários
advocatícios sucumbenciais, quando a causa originária, tratar de relações
patrimoniais. STJ. Corte Especial. HDE 1.809/EX, Rel. Min. Raul Araújo, julgado
em 22/04/2021 (Info 693 STJ).
IMPENHORABILIDADE – DPVAT: Os valores pagos a título de indenização
pelo “Seguro DPVAT” aos familiares da vítima fatal de acidente de trânsito
gozam da proteção legal de impenhorabilidade ditada pelo art. 833, VI, do
CPC/2015, enquadrando-se na expressão "seguro de vida". Art. 833. São
impenhoráveis: (...) VI - o seguro de vida. STF. 4ª Turma. REsp 1.412.247-MG,
Rel. Min. Antônio Carlos Ferreira, julgado em 23/03/2021 (Info 690 STJ).
IMPENHORABILIDADE – RECOMPRA – FIES: Como contrapartida pela
prestação dos serviços educacionais aos alunos do FIES, a Instituição de Ensino
Superior recebe Certificados Financeiros do Tesouro - Série E (CFT-E), que
podem ser utilizados exclusivamente para o pagamento de contribuições
previdenciárias ou de outros tributos federais. Os recursos públicos recebidos
por instituição de ensino superior privada são impenhoráveis, pois são verbas de
aplicação compulsória em educação. Os certificados emitidos pelo Tesouro
Nacional (CFT-E) não são penhoráveis, considerando que sua aplicação possui
uma vinculação legal. Vale ressaltar, no entanto, que, se a IES não possuir
débitos tributários a serem quitados e possuir CFT-E, poderá oferecer esses
títulos para que eles sejam recomprados, recebendo o valor financeiro
equivalente. Esses valores decorrentes da recompra de CFT-E podem ser
penhorados. Isso porque essa verba se incorpora definitivamente ao patrimônio
da IES, que poderá aplicá-la da forma que melhor atenda aos seus interesses,
não havendo nenhuma ingerência do poder público. STJ. 3ª Turma. REsp
1.761.543/DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 23/03/2021 (Info 690
STJ)
IRDR – SUSPENSÃO: Interposto Recurso Especial ou Recurso Extraordinário
contra o acórdão que julgou Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas -
IRDR, a suspensão dos processos realizada pelo relator ao admitir o incidente
só cessará com o julgamento dos referidos recursos, não sendo necessário,
entretanto, aguardar o trânsito em julgado. O art. 982, § 5º, do CPC afirma que
a suspensão dos processos pendentes, no âmbito do IRDR, só irá cessar se não
for interposto recurso especial ou recurso extraordinário contra a decisão
proferida no incidente. Assim, se for interposto algum desses recursos, a
suspensão persiste. STJ. 2ª Turma. REsp 1.869.867/SC, Rel. Min. Og
Fernandes, julgado em 20/04/2021 (Info 693 STJ)
JUIZADO ESPECIAL – COMPETÊNCIA – VALOR: Compete ao Juizado
Especial Federal Cível processar, conciliar e julgar causas de competência da
Justiça Federal até o valor de 60 salários mínimos (art. 3º da Lei nº 10.259/2001).
Suponhamos que o indivíduo quer pleitear da União uma vantagem econômica
equivalente a 65 salários mínimos. Ele poderá ajuizar essa ação no Juizado
Especial (em regra, é mais célere), desde que aceite renunciar, já na petição
inicial, os 5 salários mínimos que excedem o teto do JEF. Ao autor que deseje
litigar no âmbito de Juizado Especial Federal Cível, é lícito renunciar, de modo
expresso e para fins de atribuição de valor à causa, ao montante que exceda os
60 (sessenta) salários mínimos previstos no art. 3º, caput, da Lei nº 10.259/2001,
aí incluídas, sendo o caso, as prestações vincendas. STJ. 1ª Seção. REsp
1.807.665-SC, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 28/10/2020 (Recurso
Repetitivo – Tema 1030) (Info 683 STJ) Duas informações adicionais sobre o
tema: • Na hipótese de o pedido englobar prestações vencidas e vincendas, o
teto do JEF é calculado pela soma das prestações vencidas mais doze parcelas
vincendas. Essa soma não pode ser superior a 60 salários mínimos (STJ. 3ª
Seção. CC 91.470/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em
13/8/2008). • A competência atribuída aos Juizados Especiais Federais possui
natureza absoluta, a teor do art. 3º, § 3º, da Lei nº 10.259/2001, observando-se,
para isso, o valor da causa (STJ. 2ª Turma. REsp 1.707.486/PB, Rel. Min. Og
Fernandes, julgado em 3/4/2018)
JUIZADO ESPECIAL – INSS: Os Juizados Especiais da Fazenda Pública não
têm competência para o julgamento de ações decorrentes de acidente de
trabalho em que o INSS figure como parte. STJ. 1ª Seção. REsp 1.866.015/SP,
Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 10/03/2021 (Recurso Repetitivo – Tema
1053) (Info 688 STJ). De quem é a competência para julgar as ações propostas contra o
INSS pedindo a concessão de benefícios previdenciários? Ex: segurado quer ajuizar ação contra
o INSS pedindo auxílio-doença; onde deverá ser proposta a demanda? • Regra: Justiça Federal.
Isso porque o INSS é uma autarquia federal. • Exceção: a competência será da Justiça Estadual
se o benefício previdenciário for decorrente de acidente de trabalho (parte final do inciso I do art.
109 da CF/88).

NEGÓCIO JURÍDICO PROCESSUAL: De acordo com a doutrina, quando o


acordo processual interferir em poderes, deveres ou faculdades do magistrado,
será necessário que este concorde com seus termos, com base em juízo
discricionário. O negócio jurídico processual que transige sobre o contraditório e
os atos de titularidade judicial se aperfeiçoa validamente se a ele aquiescer o
juiz. STJ. 4ª Turma. REsp 1.810.444-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado
em 23/02/2021 (Info 686 STJ).
PEDIDO CONTRAPOSTO: A equivocada denominação do pedido reconvencional
como pedido contraposto não impede o regular processamento da pretensão
formulada pelo réu contra o autor, desde que ela esteja bem delimitada na
contestação. (INFO 702 STJ)

PENHORA – INVENTÁRIO: A homologação da partilha, por si só, não constitui


circunstância apta a impedir que o juízo do inventário promova a constrição
determinada por outro juízo. Caso concreto: após a homologação da partilha,
mas quando o dinheiro ainda estava depositado, o juízo do inventário recebeu
ofício de outro juízo solicitando a penhora no rosto dos autos da quantia que
seria entregue ao herdeiro em razão de ele ser réu em processo de execução. É
possível essa penhora mesmo após a homologação da partilha. O art. 642 do
CPC não se aplica no caso concreto porque ele trata sobre os credores do
espólio (e não sobre os credores do herdeiro). O art. 642 do CPC tem por objetivo
regular o procedimento para quitação das dívidas do falecido. Esse dispositivo,
por outro lado, não impede que os credores do herdeiro peçam a penhora no
rosto dos autos mesmo que já tenha havido a homologação da partilha. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.877.738/DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 09/03/2021
(Info 688 STJ).
PENHORA – VERBAS ESTADUAIS: Verbas estaduais não podem ser objeto
de bloqueio, penhora e/ou sequestro para pagamento de valores devidos em
ações trabalhistas, ainda que as empresas reclamadas detenham créditos a
receber da administração pública estadual, em virtude do disposto no art. 167,
VI e X, da CF/88, e do princípio da separação de poderes (art. 2º da CF/88). STF.
Plenário. ADPF 485/AP, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 4/12/2020 (Info
1001 STF)
PERDA DE UMA CHANCE: Caso concreto: determinada empresa ajuizou de
ação de indenização por danos materiais contra Henrique postulando o
pagamento de R$ 35 mil sob o argumento de que o réu, então advogado da
empresa em um processo, perdeu o prazo para apresentar embargos monitórios.
O juízo a quo condenou o requerido com base na perda de uma chance. Ocorre
que a autora não requereu expressamente a aplicação dessa teoria. O
julgamento foi extra petita? Não. O princípio da congruência ou da adstrição
determina que o magistrado deve decidir a lide dentro dos limites fixados pelas
partes. O pedido formulado deve ser examinado a partir de uma interpretação
lógico-sistemática, não podendo o magistrado se esquivar da análise ampla e
detida da relação jurídica posta, mesmo porque a obrigatória adstrição do
julgador ao pedido expressamente formulado pelo autor pode ser mitigada em
observância aos brocardos da mihi factum dabo tibi ius (dá-me os fatos que te
darei o direito) e iura novit curia (o juiz é quem conhece o direito). Logo, não
existe julgamento extra petita, pois o autor postulou indenização por danos
materiais e o juízo a quo condenou o réu em conformidade com o pedido
utilizando, contudo, como fundamento jurídico a teoria da perda de uma chance.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.637.375-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
julgado em 17/11/2020 (Info 683 STJ)
PRECATÓRIO: O § 2º do art. 100 prevê que os débitos de natureza alimentícia
que tenham como beneficiários: a) pessoas com idade igual ou superior a 60
anos; b) pessoas portadoras de doenças graves; c) pessoas com deficiência; ...
terão uma preferência no recebimento dos precatórios. O simples fato de o titular
do precatório ser idoso é motivo suficiente para ele se enquadrar no § 2º do art.
100 da CF/88? Não. É necessário que, além da idade, o crédito que ele tem para
receber seja de natureza alimentar. Requisitos cumulativos do § 2º do art. 100
da CF/88: • requisito 1: o titular deve ser: a) idoso; b) pessoa portadora de doença
grave; ou c) pessoa com deficiência. • requisito 2: o débito deve ter natureza
alimentícia. Se a dívida não tem natureza alimentar, o seu titular receberá
segundo a regra do caput do art. 100 (sem qualquer preferência). STJ. 2ª Turma.
RMS 65.747/SP, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 16/03/2021 (Info
689 STJ).
PRECATÓRIO – PRESCRITIBILIDADE: O art. 2º da Lei nº 13.463/2017 previu
que “ficam cancelados os precatórios e as RPV federais expedidos e cujos
valores não tenham sido levantados pelo credor e estejam depositados há mais
de dois anos em instituição financeira oficial.” O credor poderá requerer a
expedição de novo precatório ou nova RPV, na forma do art. 3º da Lei:
“cancelado o precatório ou a RPV, poderá ser expedido novo ofício requisitório,
a requerimento do credor.” A Lei nº 13.463/2017 não prevê um prazo para que o
interessado formule esse pedido. Isso significa que essa pretensão é
imprescritível? 1ª corrente: SIM. É imprescritível a pretensão de expedição de
novo precatório ou nova Requisição de Pequeno Valor – RPV, após o
cancelamento de que trata o art. 2º da Lei nº 13.463/2017. A Lei nº 13.463/2017
não previu um prazo prescricional. De acordo com o sistema jurídico brasileiro,
nenhum direito perece sem que haja previsão expressa do fenômeno apto a
produzir esse resultado. Portanto, não é lícito estabelecer-se, sem lei escrita, ou
seja, arbitrariamente, uma causa inopinada de prescrição. STJ. 1ª Turma. Resp
1.856.498-PE, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 06/10/2020.
STJ. 1ª Turma. AgInt no Resp 1886419/PB, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado
em 08/03/2021. • 2ª corrente: NÃO. A pretensão de expedição de novo precatório
ou nova RPV, após o cancelamento de que trata o art. 2º da Lei nº 13.463/2017
prescreve em 5 anos, nos termos do art. 1º do Decreto 20.910/32. STJ. 2ª Turma.
Resp 1.859.409-RN, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 16/06/2020
(Info 675 STJ). STJ. 2ª Turma. Resp 1.833.358/PB, Rel. Min. Og Fernandes,
julgado em 06/04/2021 (Info 691 STJ).
PROCESSO COLETIVO – COMPETÊNCIA: I - É inconstitucional o art. 16 da
Lei nº 7.347/85, alterada pela Lei nº 9.494/97. II - Em se tratando de ação civil
pública de efeitos nacionais ou regionais, a competência deve observar o art. 93,
II, da Lei nº 8.078/90 (CDC). III - Ajuizadas múltiplas ações civis públicas de
âmbito nacional ou regional, firma-se a prevenção do juízo que primeiro
conheceu de uma delas, para o julgamento de todas as demandas conexas.
STF. Plenário. RE 1101937/SP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
7/4/2021 (Repercussão Geral – Tema 1075) (Info 1012 STF)
PROCESSO COLETIVO – LEGITIMIDADE: Em ação civil pública proposta por
associação, na condição de substituta processual, possuem legitimidade para a
liquidação e execução da sentença todos os beneficiados pela procedência do
pedido, independentemente de serem filiados à associação promovente. STJ. 2ª
Seção. REsp 1.438.263/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
24/03/2021 (Recurso Repetitivo – Tema 948) (Info 694 STJ).
PROCESSO COLETIVO – PROPAGANDA ENGANOSA: A alienação de
terrenos a consumidores de baixa renda em loteamento irregular, tendo sido
veiculada publicidade enganosa sobre a existência de autorização do órgão
público e de registro no cartório de imóveis, configura lesão ao direito da
coletividade e dá ensejo à indenização por dano moral coletivo. STJ. 4ª Turma.
REsp 1.539.056/MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 06/04/2021 (Info
691 STJ).
RECURSOS – NULIDADE: Ao julgar o recurso, o Tribunal de Justiça prolatou
um acórdão genérico no qual apenas elencou os entendimentos pacificados na
jurisprudência daquela Corte, sem resolver, efetivamente, as questões
devolvidas no caso concreto sob julgamento. Após expor sobre os
entendimentos, o Tribunal delegou para que o juiz aplicasse aquele se
enquadraria no caso concreto, sob a justificativa da existência de multiplicidade
de recursos versando sobre as questões. A necessidade de que as decisões
judiciais sejam particularizadas, no exercício difuso da jurisdição, é regra basilar
do processo civil, encontrando-se enunciada no art. 489, III, e § 1º, III e V, do
CPC/2015. Assim, o referido acórdão foi anulado por inobservância do art. 489,
§ 1º, inciso V, do CPC/2015. STJ. 3ª Turma. REsp 1.880.319-SP, Rel. Min. Paulo
de Tarso Sanseverino, julgado em 17/11/2020 (Info 683 STJ)
REPERCUSSÃO GERAL: Não há repercussão geral na controvérsia em que se
questiona a validade de regulamento editado por órgão do Judiciário estadual
que, com base na lei de organização judiciária local, preceitua a convolação de
ação individual em incidente de liquidação no bojo da execução de sentença
coletiva proferida em Juízo diverso do inicial. STF. Plenário. RE 1040229/RS,
Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 19/12/2020 (Info 1003 STF).
SUSPEIÇÃO: O juiz, apesar de não participar como parte ou terceiro prejudicado
da relação jurídica de direito material é sujeito do processo e figura como parte
no incidente de suspeição, por defender de forma parcial direitos e interesses
próprios, possuindo, portanto, interesse jurídico e legitimação recursal para
impugnar, via recurso, a decisão que julga procedente a exceção de suspeição,
ainda que não lhe seja atribuído o pagamento de custas e honorários
advocatícios. STJ. 4ª Turma. REsp 1.237.996-SP, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado
em 20/10/2020 (Info 683 STJ). O CPC/2015 traz a seguinte regra sobre o tema:
Art. 146 (...) § 5º Acolhida a alegação, tratando-se de impedimento ou de
manifesta suspeição, o tribunal condenará o juiz nas custas e remeterá os autos
ao seu substituto legal, podendo o juiz recorrer da decisão.
TÉCNICA DE AMPLIAÇÃO DO COLEGIADO: A técnica de julgamento
ampliado do art. 942 do CPC aplica-se aos aclaratórios opostos ao acórdão de
apelação quando o voto vencido nascido apenas nos embargos for suficiente
para alterar o resultado inicial do julgamento, independentemente do desfecho
não unânime dos declaratórios (se rejeitados ou se acolhidos, com ou sem efeito
modificativo). STJ. 3ª Turma. REsp 1.786.158-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel.
Acd. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 25/08/2020 (Info 678). Deve ser
aplicada a técnica de julgamento ampliado nos embargos de declaração toda
vez que o voto divergente possua aptidão para alterar o resultado unânime do
acórdão de apelação. STJ. 4ª Turma. REsp 1.910.317-PE, Rel. Min. Antônio
Carlos Ferreira, julgado em 02/03/2021 (Info 687 STJ).
OBRIGAÇÃO DE FAZER – PRAZO: O prazo de cumprimento da obrigação de
fazer possui natureza processual, devendo ser contado em dias úteis. (Info 702 stj)

Direito Previdenciário

APOSENTADORIA ESPECIAL – TERMO: O art. 57, § 8º, da Lei nº 8.213/91 não


impede o reconhecimento judicial do direito do segurado ao benefício aposentadoria
especial com efeitos financeiros desde a data do requerimento administrativo, se
preenchidos nessa data todos os requisitos legais, mesmo que ainda não tenha havido
o afastamento das atividades especiais. Não é possível condicionar o reconhecimento
do direito à implementação da aposentadoria especial ao prévio desligamento do vínculo
laboral em que exercida atividade em condições especiais, uma vez que, dessa forma,
estar-se-ia impondo ao segurado que deixasse de exercer a atividade que lhe garante
a subsistência antes da concessão definitiva do benefício substitutivo de sua renda. STJ.
2ª Turma. REsp 1.764.559/SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em
23/03/2021 (Info 690 STJ)
AUXILIO ACIDENTE: O termo inicial do auxílio-acidente deve recair no dia seguinte
ao da cessação do auxílio-doença que lhe deu origem, conforme determina o art. 86,
§ 2º, da Lei n. 8.213/1991. REsp 1.729.555-SP, Rel. Min. Assusete Magalhães,
Primeira Seção, por maioria, julgado em 09/06/2021. (Tema 862) (INFO 700 STJ)

AUXÍLIO INVALIDEZ: Não é possível a extensão do auxílio contido no art. 45 da lei


8.213/1991 (1), também chamado de auxílio de grande invalidez ou auxílio-
acompanhante, para todos os segurados aposentados que necessitem de ajuda
permanente para o desempenho de atividades básicas da vida diária. RE 1221446/RJ,
relator Min. Dias Toffoli, julgamento virtual finalizado em 18.6.2021 (INFO 1022 STF)
PREVIDÊNCIA PRIVADA – PAGAMENTO: O contrato de previdência privada com
plano de pecúlio por morte assemelha-se ao seguro de vida, estendendo-se às
entidades abertas de previdência complementar as normas aplicáveis às sociedades
seguradoras, nos termos do art. 73 da LC 109/2001. O mero atraso no pagamento de
prestação do prêmio do seguro não importa em desfazimento automático do contrato.
Exige-se, ao menos, a prévia constituição em mora do contratante pela seguradora,
mediante interpelação. Essa é a inteligência da súmula 616 do STJ. Esse entendimento
também se aplica para a previdência privada com pecúlio. Assim, em regra, seria
necessária a prévia interpelação. No entanto, diante de um longo período de
inadimplemento (aproximadamente sete anos), sem prova de circunstância excepcional
que se afigure apta a justificar o descumprimento da obrigação, entende-se que ocorreu
mais que um “mero inadimplemento”. O que houve foi a inequívoca manifestação de
desinteresse na continuidade da relação contratual. Se a entidade fosse condenada a
indenizar um segurado inadimplente há tanto tempo assim isso seria agredir a boa-fé e
a lógica do razoável. STJ. 4ª Turma. REsp 1.691.792-RS, Rel. Min. Antônio Carlos
Ferreira, julgado em 23/03/2021 (Info 690 STJ).
PRESCRIÇÃO: Na ação de conhecimento individual, proposta com o objetivo de
adequar a renda mensal do benefício previdenciário aos tetos fixados pelas Emendas
Constitucionais 20/98 e 41/2003 e cujo pedido coincide com aquele anteriormente
formulado em ação civil pública, a interrupção da prescrição quinquenal, para
recebimento das parcelas vencidas, é a data de ajuizamento da lide individual, salvo
se requerida a sua suspensão, na forma do art. 104 da Lei n. 8.078/1990. (Info 702
STJ)

PROCESSO ADMINISTRATIVO PREVIDENCIÁRIO: Os pagamentos indevidos aos


segurados decorrentes de erro administrativo (material ou operacional), não embasado
em interpretação errônea ou equivocada da lei pela Administração, são repetíveis,
sendo legítimo o desconto no percentual de até 30% (trinta por cento) de valor do
benefício pago ao segurado/beneficiário, ressalvada a hipótese em que o segurado,
diante do caso concreto, comprova sua boa-fé objetiva, sobretudo com demonstração
de que não lhe era possível constatar o pagamento indevido. STJ. 1ª Seção. REsp
1.381.734/RN, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 10/03/2021 (Recurso
Repetitivo – Tema 979) (Info 688 STJ).
PROCESSO PREVIDENCIÁRIO: O eventual pagamento de benefício previdenciário na
via administrativa, seja ele total ou parcial, após a citação válida, não tem o condão de
alterar a base de cálculo para os honorários advocatícios fixados na ação de
conhecimento, que será composta pela totalidade dos valores devidos. STJ. 1ª Seção.
REsp 1.847.731/RS, Rel. Min. Manoel Erhardt (Desembargador convocado do TRF 5ª
Região), julgado em 29/04/2021 (Recurso Repetitivo – Tema 1050) (Info 694 STJ)

REGIME GERAL: O disposto no art. 112 da Lei n. 8.213/1991,


segundo o qual "o valor não recebido em vida pelo segurado só será pago aos
seus dependentes habilitados à pensão por morte ou, na falta deles, aos seus
sucessores na forma da lei civil, independentemente de inventário ou
arrolamento", é aplicável aos âmbitos judicial e administrativo;

(II) Os pensionistas detêm legitimidade ativa para pleitear, por direito


próprio, a revisão do benefício derivado (pensão por morte) - caso não alcançada
pela decadência -, fazendo jus a diferenças pecuniárias pretéritas não prescritas,
decorrentes da pensão recalculada;

(III) Caso não decaído o direito de revisar a renda mensal inicial do


benefício originário do segurado instituidor, os pensionistas poderão postular a
revisão da aposentadoria, a fim de auferirem eventuais parcelas não prescritas
resultantes da readequação do benefício original, bem como os reflexos na
graduação econômica da pensão por morte; e

(IV) À falta de dependentes legais habilitados à pensão por morte, os


sucessores (herdeiros) do segurado instituidor, definidos na lei civil, são partes
legítimas para pleitear, por ação e em nome próprios, a revisão do benefício
original - salvo se decaído o direito ao instituidor - e, por conseguinte, de
haverem eventuais diferenças pecuniárias não prescritas, oriundas do recálculo
da aposentadoria do de cujus. (Info 702 stj)
Direito Tributário

COMPENSAÇÃO – DECLARAÇÃO: Descabe ao contribuinte reiterar declaração de


compensação com base no mesmo débito que fora objeto de compensação anterior
não homologada. O art. 74 da Lei n. 9.430/1996 (na redação dada pela Lei n.
10.637/2002 e Lei n. 10.833/2003) explicita que não poderão ser objeto de
compensação mediante entrega, pelo sujeito passivo, de débito que já tenha sido
objeto de compensação não homologada, ainda que a compensação se encontre
pendente. Neste ponto, a Lei n. 9.430/1996 é clara ao asseverar que a compensação
(de débito que já tenha sido objeto de compensação não homologada) será
considerada como "não declarada" (art. 74, § 3º, inciso V, da Lei n. 9.430/96), e,
portanto, impassível de novo pedido de compensação, independentemente da
qualidade do crédito fiscal que seja apresentado pelo contribuinte, consoante os
termos do artigo 74, § 12, inciso I, da Lei 9.430/1996. Assim, uma vez considerado
o débito não declarado, com a inviabilidade de sua compensação fiscal, este passivo
tributário se tornará exigível para a Fazenda Pública (Art. 74, § 7º, da Lei 9.430/96),
não podendo haver a sua extinção pelo instituto da compensação. Portanto,
relativizar tal condição, mediante a apresentação de outro pedido de compensação,
a par da existência de outros créditos pelo sujeito passivo, permitiria ao contribuinte
desvirtuar o instituto, ao suspender a exigibilidade do débito fiscal ao seu alvedrio,
sempre que disponibilizasse de créditos fiscais para tal missão. REsp 1.570.571-PB,
Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, por unanimidade, julgado em
15/06/2021, DJe 18/06/2021. (INFO 701 STJ)

CONTRIBUIÇÃO – INCRA: É constitucional a contribuição de intervenção no domínio


econômico destinada ao INCRA devida pelas empresas urbanas e rurais, inclusive após
o advento da EC nº 33/2001. A contribuição devida ao Incra subsiste e tem natureza
jurídica de contribuição de intervenção no domínio econômico (CIDE). A CIDE destinada
ao Incra foi recepcionada pela CF, mesmo após o advento da Emenda Constitucional
(EC) 33/2001. A inserção do § 2º, III, “a”, no art. 149 da Constituição não tem o alcance
de derrogar todo o arcabouço normativo das contribuições sociais e de intervenção no
domínio econômico que incidiam sobre a folha de salários, quando da promulgação da
referida emenda constitucional, instituídas com base no “caput” do art. 149. STF.
Plenário. RE 630898/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 7/4/2021 (Repercussão
Geral – Tema 495) (Info 1012 STF).
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE RECEITA BRUTA: A receita bruta, para
fins de determinação da base de cálculo da CPRB, compreende os tributos sobre ela
incidentes. RE 1285845/RS, relator Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min.
Alexandre de Moraes, julgamento virtual finalizado em 18.6.2021 (INFO 1022 STF)
CRÉDITO TRIBUTÁRIO – INDISPONIBILIDADE DE BENS: A Lei nº 13.606/2018
acrescentou o art. 20-B à Lei nº 10.522/2002 prevendo um procedimento para o caso
de inscrição de créditos em dívida ativa da União. A alteração que gerou controvérsia
foi o § 3º do art. 20-B. Esse dispositivo previu que, se depois de 5 dias contados da
notificação, o devedor não pagar a dívida, a Fazenda Pública poderá: 1) comunicar essa
dívida para que seja anotada nos cadastros restritivos de crédito, como por exemplo,
SERASA e SPC. Com isso, o devedor do Fisco fica “negativado” e terá dificuldades de
obter créditos e financiamentos; 2) averbar a certidão de dívida ativa (CDA) nos registros
públicos e, com isso, os bens e direitos do devedor ficariam indisponíveis. Veja a
redação do dispositivo legal: Art. 20-B (...) § 3º Não pago o débito no prazo fixado no
caput deste artigo, a Fazenda Pública poderá: I - comunicar a inscrição em dívida ativa
aos órgãos que operam bancos de dados e cadastros relativos a consumidores e aos
serviços de proteção ao crédito e congêneres; e II - averbar, inclusive por meio
eletrônico, a certidão de dívida ativa nos órgãos de registro de bens e direitos sujeitos a
arresto ou penhora, tornando-os indisponíveis. Os incisos I e II do § 3º do art. 20-B da
Lei nº 10.522/2002, acrescentados pela Lei nº 13.606/2018, são constitucionais ou não?
O STF declarou: • constitucional o inciso I do § 3º do art. 20-B da Lei 10.522/2002; e •
inconstitucional a parte final do inciso II do § 3º do mesmo art. 20-B, onde se lê
“tornando-os indisponíveis”, ambos na redação dada pela Lei nº 13.306/2018. É
constitucional lei que autoriza que o Fisco informe ao SERASA/SPC a relação dos
devedores de tributos (inciso I do § 3º do art. 20-B) É constitucional a comunicação da
inscrição em dívida ativa aos órgãos que operam bancos de dados e cadastros relativos
a consumidores e aos serviços de proteção ao crédito e congêneres. É constitucional
lei que autoriza que o Fisco faça a averbação (“uma espécie de observação”) nos
registros públicos sobre a existência de CDA contra o titular daquele bem ou direito
registrado (primeira parte do inciso II) É constitucional a averbação, inclusive por meio
eletrônico, da certidão de dívida ativa (CDA) nos órgãos de registro de bens e direitos
sujeitos a arresto ou penhora, relativamente aos créditos inscritos em dívida ativa da
União. É inconstitucional a previsão da indisponibilidade de bens e direitos do devedor
tributário pelo simples fato de a CDA ter sido averbada no registro (segunda parte do
inciso II) É inconstitucional a previsão legal que permite à Fazenda Nacional tornar
indisponíveis, administrativamente, bens dos contribuintes devedores para garantir o
pagamento dos débitos fiscais a serem executados. STF. Plenário. ADI 5881/DF, ADI
5886/DF, ADI 5890/DF, ADI 5925/DF, ADI 5931/DF e ADI 5932/DF, rel. orig. Min. Marco
Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgados em 9/12/2020 (Info 1002).

DÍVIDA ATIVA: O concurso de preferência entre os entes federados na


cobrança judicial dos créditos tributários e não tributários, previsto no
parágrafo único do art. 187 da Lei 5.172/1966 (Código Tributário Nacional) e
no parágrafo único do art. 29 da Lei 6.830/1980 (Lei de Execuções Fiscais),
não foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988 (CF/1988). ADPF
357/DF, relatora Min. Cármen Lúcia, julgamento em 24.6.2021 (INFO 1023
STF)

EMBARGOS A EXECUÇÃO – CUSTAS: O ajuizamento de um segundo


processo de embargos à execução é fato gerador de novas custas judiciais,
independentemente da desistência nos primeiros antes de realizada a citação. o
fato de em um primeiro processo de embargos à execução fiscal ter gerado
desistência sem a citação da parte contrária não afasta a necessidade de
recolhimento das "custas" com o ajuizamento de novos embargos porque o serviço
público foi prestado e estava à disposição do contribuinte. Além disso, com o
ajuizamento da demanda, já existe relação jurídica processual, ainda que linear. A
citação da parte apontada para figurar no polo passivo apenas tem o condão de
ampliar a relação jurídica. Logo, já há processo e já existe prestação do serviço
público. Por conseguinte, o ajuizamento de um segundo processo de embargos
gera um novo fato gerador do tributo. REsp 1.893.966-SP, Rel. Min. Og Fernandes,
Segunda Turma, por unanimidade, julgada em 08/06/2021, DJe de 16/06/2021.
(INFO 701 STJ)

ICMS: A antecipação, sem substituição tributária, do pagamento do ICMS para


momento anterior à ocorrência do fato gerador necessita de lei em sentido estrito. A
substituição tributária progressiva do ICMS reclama previsão em lei complementar
federal. STF. Plenário. RE 598677/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 26/3/2021
(Repercussão Geral – Tema 456) (Info 1011 STF)
ICMS – INCENTIVO FISCAL: É inconstitucional a sistemática de incentivo fiscal de
ICMS às indústrias paraenses de produtos industrializados derivados do trigo, prevista
no Anexo I do Decreto 4.676/2001 do estado do Pará (Regulamento do ICMS). ADI
6479/PA, relatora Min. Cármen Lúcia, julgamento virtual finalizado em 18.6.2021 (INFO
1022 STF)
ICMS – EXTERIOR: Súmula 649-STJ: Não incide ICMS sobre o serviço de transporte
interestadual de mercadorias destinadas ao exterior. STJ. 1ª Seção. Aprovada em
28/04/2021, DJe 03/05/2021
ICMS – LEI KANDIR: São inconstitucionais os seguintes dispositivos da Lei Kandir (LC
87/96): • o art. 11, § 3º, II; • o trecho “ainda que para outro estabelecimento do mesmo
titular” do art. 12, I; e • o art. 13, § 4º. Isso porque não configura fato gerador de ICMS o
mero deslocamento de mercadorias entre estabelecimentos do mesmo titular,
independentemente de estarem localizados na mesma unidade federativa ou em
estados-membros diferentes. STF. Plenário. ADC 49/RN, Rel. Min. Edson Fachin,
julgado em 16/4/2021 (Info 1013 STF).
ICMS – PETRÓLEO: São inconstitucionais leis estaduais que preveem a incidência do
ICMS sobre a operação de extração de petróleo e sobre a operação de circulação de
petróleo desde os poços de extração até a empresa concessionária. STF. Plenário. ADI
5481/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 26/3/2021 (Info 1011 STF)
IMUNIDADE TRIBUTÁRIA: A imunidade assegurada pelo art. 150, VI, “c”, da
Constituição da República aos partidos políticos, inclusive suas fundações, às entidades
sindicais dos trabalhadores e às instituições de educação e de assistência social, sem
fins lucrativos, que atendam aos requisitos da lei, alcança o IOF, inclusive o incidente
sobre aplicações financeiras. STF. Plenário. RE 611510/SP, Rel. Min. Rosa Weber,
julgado em 12/4/2021 (Repercussão Geral – Tema 328) (Info 1012 STF).
IPI: Os valores auferidos a título de “reembolso de materiais” adquiridos para a atividade
de construção civil não devem ser deduzidos da base de cálculo do IRPJ e da CSLL
pelo lucro presumido. STJ. 1ª Turma. REsp 1.421.590-RN, Rel. Min. Gurgel de Faria,
julgado em 17/11/2020 (Info 683 STJ).
IPI: Os produtos destinados ao acondicionamento de bens essenciais não precisam
necessariamente ter as mesmas alíquotas dos produtos embalados. Assim, não fere o
princípio da seletividade a taxação dos recipientes de água mineral, ainda que a água
ali acondicionada seja considerada produto essencial. Tese fixada pelo STF: “É
constitucional a fixação de alíquotas de IPI superiores a zero sobre garrafões, garrafas
e tampas plásticas, ainda que utilizados para o acondicionamento de produtos
essenciais”. STF. Plenário. RE 606314/PE, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
11/5/2021 (Repercussão Geral – Tema 501) (Info 1016 STF).
IR: É constitucional a tributação de valores depositados em conta mantida junto a
instituição financeira, cuja origem não for comprovada pelo titular — pessoa física ou
jurídica —, desde que ele seja intimado para tanto. Dessa forma, incide Imposto de
Renda sobre os depósitos bancários considerados como omissão de receita ou de
rendimento, em face da previsão contida no art. 42 da Lei nº 9.430/96: Art. 42.
Caracterizam-se também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados
em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em
relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não
comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados
nessas operações. STF. Plenário. RE 855649/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do
acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 30/4/2021 (Repercussão Geral – Tema
842) (Info 1015 STF)
IR – JUROS: Não incide imposto de renda sobre os juros de mora devidos pelo atraso
no pagamento de remuneração por exercício de emprego, cargo ou função. STF.
Plenário. RE 855091/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 13/3/2021 (Repercussão
Geral – Tema 808) (Info 1009 STF)
ISS: Sociedades simples fazem jus ao recolhimento do ISSQN na forma privilegiada
previsto no art. 9º, §§ 1º e 3º, do Decreto-Lei nº 406/1968 quando a atividade
desempenhada não se sobrepuser à atuação profissional e direta dos sócios na
condução do objeto social da empresa, sendo irrelevante para essa finalidade o fato de
a pessoa jurídica ter se constituído sob a forma de responsabilidade limitada. STJ. 1ª
Seção. EAREsp 31.084/MS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 24/03/2021
(Info 691 STJ).
ITCM NÃO DECLARADO: No caso do Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação
– ITCMD, referente a doação não oportunamente declarada pelo contribuinte ao fisco
estadual, a contagem do prazo decadencial tem início no primeiro dia do exercício
seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, observado o fato
gerador, em conformidade com os arts. 144 e 173, I, ambos do CTN. STJ. 1ª Seção.
REsp 1.841.798/MG, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 20/04/2021 (Recurso
Repetitivo – Tema 1048) (Info 694 STJ)
FGTS: Súmula 646-STJ: É irrelevante a natureza da verba trabalhista para fins de
incidência da contribuição ao FGTS, visto que apenas as verbas elencadas em lei (art.
28, § 9º, da Lei nº 8.212/1991), em rol taxativo, estão excluídas da sua base de cálculo,
por força do disposto no art. 15, § 6º, da Lei nº 8.036/1990. STJ. 1ª Seção. Aprovada
em 10/03/2021, DJe 15/03/2021.
FUNDO ESPECIAL DO PODER JUDICIÁRIO: São inconstitucionais as fontes de
receitas de fundo especial do Poder Judiciário provenientes de rendimentos dos
depósitos judiciais à disposição do Poder Judiciário do Estado, através de conta única.
A administração da conta dos depósitos judiciais e extrajudiciais, apesar de não
configurar atividade jurisdicional, é tema de direito processual, de competência
legislativa privativa da União (art. 22, I, da CF/88). É igualmente inconstitucional a
incorporação de receitas extraordinárias decorrentes de fianças e cauções, exigidas nos
processos cíveis e criminais na justiça estadual, quando reverterem ao patrimônio do
Estado; e percentual sobre os valores decorrentes de sanções pecuniárias judicialmente
aplicadas ou do perdimento, total ou parcial, dos recolhimentos procedidos em virtude
de medidas assecuratórias cíveis e criminais. Isso porque tais matérias envolvem direito
penal e processual, que são de competência privativa da União (art. 22, I, da CF/88).
São inconstitucionais as fontes de receitas de fundo especial do Poder Judiciário
provenientes de bens de herança jacente e o saldo das coisas vagas pertencentes ao
Estado. Há ofensa à competência legislativa privativa da União para legislar sobre direito
civil, também prevista no art. 22, I, da CF/88. Ademais, tais bens são pertencentes aos
municípios (ou ao Distrito Federal) ou à União, não cabendo aos estados federados
sobre eles disporem. Por outro lado, é constitucional a previsão, em lei estadual, da
destinação ao fundo especial do Poder Judiciário de valores decorrentes de multas
aplicadas pelos juízes nos processos cíveis, salvo se destinadas às partes ou a
terceiros. Isso porque a norma vai ao encontro do que atualmente dispõem os arts. 96
e 97 do CPC/2015, que autorizam destinar esses recursos aos fundos do poder
judiciário estadual. Por fim, é inconstitucional a norma estadual que atribui
personalidade jurídica ao Fundo Especial do Poder Judiciário e prevê que o presidente
do Conselho da Magistratura será o ordenador de despesas e seu representante legal.
STF. Plenário. ADI 4981/RR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 14/11/2020 (Info 999
STF).
PARCELAMENTO: A redução de 45% dos juros de mora previsto no art. 1º, § 3º,
da Lei n. 11.941/2009 para pagamento ou parcelamento de créditos tributários incide
sobre a própria rubrica (juros de mora) em que se decompõe o crédito original, e não
sobre a soma das rubricas "principal + multa de mora". (STJ)

PIS E COFINS: É ilegal a antecipação do vencimento do benefício fiscal pelo art. 9º


da Medida Provisória n. 690/2015, convertida na Lei n. 13.241/2015, sendo
imperioso o restabelecimento da desoneração fiscal objetiva dada ao PIS e à Cofins
pelos artigos 28 a 30 da Lei do Bem até o dia 31 de dezembro de 2018, nos termos
do artigo 5º da Lei n. 13.097/2015, incidentes sobre a receita bruta a varejo de
produtos relacionados ao Programa de Inclusão Digital. REsp 1.725.452-RS, Rel. Min.
Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. Acd. Min. Regina Helena Costa, Primeira Turma, por
maioria, julgado em 08/06/2021. (INFO 700 STJ)

PIS E COFINS: A técnica de creditamento, em regra, não se coaduna com o regime


monofásico da contribuição ao PIS e COFINS, só sendo excepcionada quando
expressamente prevista pelo legislador. Em razão disso, o benefício instituído pelo art.
17 da Lei nº 11.033/2004 somente se aplica aos contribuintes integrantes do regime
específico de tributação denominado REPORTO e não alcança o sistema não
cumulativo desenhado para a COFINS e a Contribuição ao PIS. STJ. 1ª Seção. EDv nos
EAREsp 1.109.354/SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 14/04/2021 (Info 692
STJ).
PROTESTO DE CDA: A validade do protesto de CDA emitida por Fazenda Pública
Estadual ou Fazenda Municipal não está condicionada à previa existência de lei local
que autorize a adoção dessa modalidade de cobrança extrajudicial.(Info 702 stj)

REPARTIÇÃO DE RECEITAS – DRU: A repartição de receitas prevista no art. 157, II,


da Constituição Federal não se estende aos recursos provenientes de receitas de
contribuições sociais desafetadas por meio do instituto da Desvinculação de Receitas
da União (DRU) na forma do art. 76 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
(ADCT). STF. Plenário. ADPF 523/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 6/2/2021 (Info
1004 STF).
REPATRIAÇÃO DE RECURSOS: É constitucional a vedação ao compartilhamento de
informações prestadas pelos aderentes ao RERCT com os Estados, o Distrito Federal
e os Municípios, bem como a equiparação da divulgação dessas informações à quebra
do sigilo fiscal. São constitucionais os parágrafos 1º e 2º do art. 7º da Lei nº 13.254/2016
(Lei de Repatriação de Recursos), que garantem o sigilo das informações prestadas
pelos contribuintes aderentes ao Regime Especial de Regularização Cambial e
Tributária — RERCT. STF. Plenário. ADI 5729/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado
em 8/3/2021 (Info 1008 STF).

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