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Jurisprudência em questões

inéditas
Módulo XV – 16 04 2021
Prof. Gustavo Brígido
1. (Gran GB 2021 Questão Inédita) Segundo o STF, não cabe à Corte de Contas,
que não tem função jurisdicional, exercer o controle de constitucionalidade.
TCU não pode afastar aplicação de lei que prevê pagamento de bônus de
eficiência a inativos da Receita Federal 13 04 2021
Por maioria de votos, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) determinou
que o Tribunal de Contas da União (TCU), na análise de aposentadorias e pensões
submetidas à sua apreciação, não pode afastar a incidência de dispositivos da Lei
13.464/2017 que preveem o pagamento do bônus de eficiência e produtividade
aos servidores da carreira Tributária e Aduaneira da Receita Federal do Brasil e de
Auditoria-Fiscal do Trabalho. A decisão, tomada na sessão virtual finalizada em
12/4, seguiu o voto do relator da matéria, ministro Alexandre de Moraes.
Usurpação de competência
O TCU considerou inconstitucional o pagamento do bônus aos inativos, porque não
incide sobre a parcela o desconto da contribuição previdenciária. O entendimento do
órgão sobre a não incidência da norma se baseou no argumento de que essa
competência lhe é atribuída pela Súmula 347 do STF. Editada em 1963, a súmula
dispõe que “o Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a
constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público”.
Mas, de acordo com o relator, não cabe à Corte de Contas, que não tem função
jurisdicional, exercer o controle de constitucionalidade nos processos sob sua análise
com fundamento nesse enunciado. Em seu voto, o ministro Alexandre afirmou que a
subsistência do verbete está comprometida desde a promulgação da Constituição de
1988.
Ele observou que o TCU é um órgão técnico de fiscalização contábil, financeira e
orçamentária, com competência funcional claramente estabelecida no artigo 71 da
Constituição Federal. Ao declarar incidentalmente a inconstitucionalidade de
dispositivos da Lei 13.464/2017 aos casos concretos submetidos à sua apreciação, a
corte de contas, na prática, retira a eficácia da lei e acaba determinando aos órgãos da
administração pública federal que deixem de aplicá-la aos demais casos idênticos,
extrapolando os efeitos concretos e entre as partes de suas decisões. Com isso,
estaria usurpando competência exclusiva do STF.
Além do desrespeito à função jurisdicional e à competência exclusiva do STF, o ministro
considera que o entendimento do TCU afronta as funções do Legislativo, responsável
pela produção das normas jurídicas, gerando um “triplo desrespeito” à Constituição.
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o
auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:
X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a
decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal;
§ 1º No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo
Congresso Nacional, que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas
cabíveis.
§ 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias,
não efetivar as medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a
respeito.
§ 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão
eficácia de título executivo.
§ 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente,
relatório de suas atividades.
2. (Gran GB 2021 Questão Inédita) Segundo o STF, a imunidade assegurada pelo
artigo 150, inciso VI, alínea ‘c’, da Constituição da República aos partidos
políticos, inclusive suas fundações, às entidades sindicais dos trabalhadores e às
instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, que atendam
aos requisitos da lei, alcança o IOF, inclusive o incidente sobre aplicações
financeiras.
Imunidade tributária de partidos, sindicatos e instituições educacionais sem
fins lucrativos alcança IOF 15 04 2021
Por unanimidade, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a
imunidade tributária assegurada aos partidos políticos e suas fundações, às
entidades sindicais dos trabalhadores e às instituições de educação e de
assistência social sem fins lucrativos alcança o Imposto sobre Operações
Financeiras (IOF). Na sessão virtual encerrada em 12/4, o colegiado negou
provimento ao Recurso Extraordinário (RE) 611510, com repercussão geral
reconhecida (Tema 328), interposto pela União.
Finalidades distintas
A imunidade está prevista no artigo 150, inciso VI, alínea “c”, da Constituição Federal, que
proíbe a criação de impostos sobre patrimônio, renda ou serviços dessas entidades. Em seu
voto, a relatora, ministra Rosa Weber, considerou que o dispositivo tem a finalidade geral de
proteger direitos individuais dos cidadãos frente ao poder lesivo da tributação e finalidades
específicas distintas, relacionadas à área de atuação da entidade imune.
De acordo com ela, a imunidade dos partidos destina-se a garantir o regime democrático e o
livre exercício dos direitos políticos, que seriam abalados se eles tivessem de arcar com o ônus
tributário que impera no Brasil. Já a imunidade das suas fundações objetiva proteger a difusão
da ideologia partidária e promover o exercício da cidadania.
No caso dos sindicatos, o objetivo é garantir o pleno exercício da liberdade de associação
sindical e dos direitos individuais e coletivos dos trabalhadores. A imunidade das instituições
de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, protege os direitos à educação, à
saúde, ao livre desenvolvimento da personalidade e à assistência social.
Patrimônio e renda
Segundo a relatora, o IOF incide sobre operações de crédito, câmbio e seguro ou
relativas a títulos e valores mobiliários. “Embora, juridicamente, a tributação
incida sobre essas operações, acaba por, de fato, alcançar o patrimônio ou a
renda dos respectivos contribuintes”, ressaltou.
A ministra observou que, apesar da posição da União contra a imunidade, o
Decreto 6.306/2007, que regula o IOF, prevê expressamente que o imposto não
incide sobre as operações realizadas pelos entes imunes. “Ele restringe a
desoneração às operações vinculadas às suas finalidades essenciais, mas, ao fazê-
lo, reconhece a aplicabilidade da imunidade ao IOF”, frisou.
Inflação
Na origem, o Sindicato dos Conferentes de Carga e Descarga do Porto de Santos (SP)
pretendia o reconhecimento da inexistência da obrigação de pagar o IOF relativo a
aplicações de parcela das verbas recebidas dos associados em fundos de investimentos
de curto prazo no mercado financeiro. O juízo de primeira instância e o Tribunal
Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) julgaram o pedido procedente, levando a União a
interpor o recurso ao STF.
No caso concreto, a relatora assinalou que as aplicações de curto prazo visam proteger
o patrimônio do sindicato do efeito da inflação, num período de rápida desvalorização
da moeda (1990). A seu ver, é indubitável a vinculação dessas operações às finalidades
essenciais do sindicato, pois, sem as aplicações, seus recursos financeiros “virtualmente
desapareceriam em pouquíssimo tempo”.
Vinculação
Outro ponto ressaltado pela relatora foi que, conforme a jurisprudência do STF, a
vinculação do patrimônio, da renda e dos serviços às finalidades essenciais da
entidade imune é presumida, pois elas estão sujeitas ao cancelamento do direito
à imunidade caso distribuam qualquer parcela do seu patrimônio ou de suas
rendas, de acordo com o Código Tributário Nacional (CTN). Com base nessa
premissa, foi aprovada a Súmula Vinculante 52, que reconhece a imunidade de
imóveis alugados a terceiros quando o valor dos aluguéis for aplicado nas
atividades essenciais.
A decisão foi unânime, com ressalvas de fundamentação do ministro Alexandre
de Moraes.
Tese
A tese de repercussão geral fixada foi a seguinte:
“A imunidade assegurada pelo artigo 150, inciso VI, alínea ‘c’, da Constituição
da República aos partidos políticos, inclusive suas fundações, às entidades
sindicais dos trabalhadores e às instituições de educação e de assistência social,
sem fins lucrativos, que atendam aos requisitos da lei, alcança o IOF, inclusive o
incidente sobre aplicações financeiras”.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
VI - instituir impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;
b) templos de qualquer culto;
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações,
das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de
assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.
e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras
musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por
artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os
contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser.
03. (Gran GB 2021 Questão Inédita) Segundo o STF, a proibição de reeleição para
Mesas Legislativas prevista na Constituição Federal não é de reprodução
obrigatória pelas constituições estaduais. No entanto, esse entendimento não
significa autorização para reconduções sucessivas “ad aeternum”.
Barroso concede liminar para permitir apenas uma reeleição na Assembleia
Legislativa de Alagoas 14 04 2021
O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu medida
liminar para vedar sucessivas reeleições para os membros da Mesa Diretora da
Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas, objeto da Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADI) 6720, ajuizada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
A decisão, contudo, não invalida a eleição para o biênio 2021-2023, pois os atuais
dirigentes foram reconduzidos pela primeira vez, o que se enquadra na limitação de
apenas uma reeleição para mandatos consecutivos.
A PGR questiona, na ADI, o artigo 70, parágrafo único, da Constituição do Estado de
Alagoas e o artigo 10 do Regimento Interno da Assembleia Legislativa que permitem a
reeleição do presidente e dos demais membros da Mesa Diretora. A alegação era de
que o artigo 57, parágrafo 4º, da Constituição Federal, que veda a recondução na
eleição imediatamente subsequente, seria de reprodução obrigatória pelos estados.
Reconduções sucessivas
Nos mesmos termos da liminar deferida em relação ao Estado do Rio de Janeiro, o
ministro Barroso afirmou que a proibição de reeleição prevista na Constituição Federal
não é de reprodução obrigatória pelas constituições estaduais. No entanto, esse
entendimento não significa autorização para reconduções sucessivas “ad aeternum”.
Para o relator, a perpetuação dos presidentes das Assembleias Legislativas estaduais é
incompatível com os princípios republicano e democrático, que exigem a alternância de
poder e a temporariedade desse tipo de mandato.
Segundo informações prestadas nos autos, o atual presidente da Assembleia Legislativa
de Alagoas e os demais membros da Mesa Diretora foram reconduzidos pela primeira
vez no último pleito, relativo ao biênio 2021-2023. Assim, os efeitos da eleição
permanecem válidos.
Art. 57. § 4º Cada uma das Casas reunir-se-á em sessões preparatórias, a partir
de 1º de fevereiro, no primeiro ano da legislatura, para a posse de seus membros
e eleição das respectivas Mesas, para mandato de 2 (dois) anos, vedada a
recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente.
04. (Gran GB 2021 Questão Inédita) Segundo o STF, norma estadual sobre
obrigatoriedade de Bíblia em escolas e bibliotecas públicas é inconstitucional, em
razão dos princípios da laicidade do Estado, da liberdade religiosa e da isonomia
entre os cidadãos.
Norma do Amazonas sobre obrigatoriedade de Bíblia em escolas e bibliotecas
públicas é inconstitucional 14 04 2021
O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) declarou a inconstitucionalidade de
norma do Amazonas que obriga as escolas e as bibliotecas públicas estaduais a
manterem em seu acervo ao menos um exemplar da Bíblia Sagrada para livre
consulta. A decisão foi tomada, por unanimidade, na sessão virtual encerrada em
7/2, em que foi julgada procedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI)
5258, ajuizada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
Princípio da laicidade
O colegiado seguiu o voto da relatora, ministra Cármen Lúcia, que lembrou que o
processo histórico constitucional que resultou na adoção da laicidade do Estado
no Brasil vem desde a Constituição Federal de 1891, que consolidou a República
como novo regime de governo. Esse princípio foi mantido nas demais
constituições e reforçado na Carta de 1988, que deu ênfase aos valores
democráticos e assegurou a liberdade religiosa como direito fundamental.

Para a ministra, os dispositivos da Lei 74/2010 do Amazonas, que determinam a


existência de exemplar da Bíblia em ambientes públicos estimulam e promovem
um conjunto de crenças e dogmas em prejuízo de outros. Em seu entendimento,
a obrigatoriedade ofende os princípios da laicidade do Estado, da liberdade
religiosa e da isonomia entre os cidadãos.
Tratamento desigual
A norma, segundo a relatora, também confere tratamento desigual entre os cidadãos, pois
assegura apenas aos adeptos de crenças inspiradas na Bíblia acesso facilitado em instituições
públicas. "A lei amazonense desprestigia outros livros sagrados quanto a estudantes que
professam outras crenças religiosas e também aos que não têm crença religiosa alguma",
afirmou.
Ela ressaltou, ainda, que, em matéria confessional, compete ao Estado manter-se neutro, para
preservar a integridade do direito fundamental à liberdade religiosa, em favor dos cidadãos.

A ministra citou precedentes da Corte em casos análogos, como o Recurso Extraordinário com
Agravo (ARE) 1014615, em que foi reconhecida a invalidade de lei do Rio de Janeiro que
determinava a obrigação de manutenção de exemplares da Bíblia em bibliotecas do estado, e a
ADI 5257, em que a Corte julgou inconstitucional norma de Rondônia que havia adotado a
Bíblia como livro-base de fonte doutrinária.
PREÂMBULO
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional
Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o
exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar,
o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma
sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e
comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das
controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
Preâmbulo da Constituição: não constitui norma central. Invocação da proteção
de Deus: não se trata de norma de reprodução obrigatória na Constituição
estadual, não tendo força normativa.
[ADI 2.076, rel. min. Carlos Velloso, j. 15-8-2002, P, DJ de 8-8-2003.]
05. (Gran GB 2021 Questão Inédita) Segundo o STF, não pode o órgão diretivo ou
a maioria parlamentar se opor a requerimento de CPI que preencha os requisitos
constitucionais por questões de conveniência e oportunidade políticas.
Plenário confirma liminar para determinar ao Senado Federal instalação da CPI da Pandemia 14 04
2021

Em julgamento realizado nesta quarta-feira (14), o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), por
decisão majoritária, referendou liminar concedida pelo ministro Luís Roberto Barroso no Mandado de
Segurança (MS) 37760 para determinar ao Senado Federal a instalação da Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI) que tem como objeto investigar eventuais omissões do governo federal no
enfrentamento da pandemia da Covid-19. O procedimento a ser seguido pela CPI deverá ser definido
pelo próprio Senado, de acordo com as regras que tem adotado para o funcionamento dos trabalhos
durante a pandemia.
Segundo o colegiado, o requerimento para a abertura da CPI preencheu os três requisitos previstos na
Constituição Federal: assinatura de 1/3 dos integrantes da Casa, indicação de fato determinado a ser
apurado e definição de prazo certo para duração. Assim, não cabe a omissão ou a análise de
conveniência política pela Presidência da Casa Legislativa. Negar o direito à instalação da comissão,
quando cumpridas as exigências, fere o direito da minoria parlamentar.
Liminar
O mandado de segurança foi apresentado no mês passado pelos senadores
Alessandro Vieira (Cidadania/SE) e Jorge Kajuru (Podemos/GO). Em 8/4, o relator
deferiu a liminar para determinar ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco
(DEM/MG), a adoção das providências necessárias à criação e à instalação da CPI
e liberou o tema para julgamento colegiado.
Requisitos
Na sessão de hoje, Barroso reiterou os fundamentos que o levaram a deferir o
pedido de liminar. Segundo afirmou, a decisão está amparada tanto em
precedentes do STF quanto na posição consensual da doutrina constitucional
brasileira de que a instauração do inquérito parlamentar depende, unicamente,
do preenchimento dos três requisitos previstos no artigo 58, parágrafo 3º, da
Constituição.
A instalação de uma CPI não se submete, portanto, a juízo discricionário do
presidente ou do plenário da casa legislativa. “Não pode o órgão diretivo ou a
maioria parlamentar se opor a tal requerimento por questões de conveniência e
oportunidade políticas”, disse o ministro.
Preservação da democracia
Barroso frisou que o papel contramajoritário do Supremo na defesa dos direitos das
minorias deve ser exercido com parcimônia. Nas situações em que não estejam em jogo
direitos fundamentais nem os pressupostos da democracia, a seu ver, a Corte deve ser
deferente para com a atuação dos Poderes Legislativo e Executivo.
No caso em análise, todavia, discute-se o direito das minorias parlamentares de
fiscalizar o poder público no enfrentamento da maior pandemia dos últimos cem anos,
que já vitimou mais de 360 mil vidas apenas no Brasil, com perspectivas de, em curto
prazo, chegar a 500 mil mortos. Essas circunstâncias, para o ministro, envolvem não só
a preservação da própria democracia – manifestada pela convivência pacífica entre
maiorias políticas e grupos minoritários –, mas também a proteção dos direitos
fundamentais à vida e à saúde dos brasileiros.
Soluções
Ao finalizar seu voto, Barroso ressaltou que as CPIs não têm o papel apenas de
“apurar coisas erradas”, mas também de fazer diagnósticos dos problemas e
apontar soluções. “Neste momento brasileiro, esse papel construtivo e
propositivo é o mais necessário”, observou.
Ele citou inquéritos parlamentares instaurados em governos anteriores para
afirmar que as regras constitucionais valem para todos e que não cabe ao STF
fazer distinções políticas. Barroso cumprimentou o presidente do Senado por ter
cumprido com “elegância, correção e civilidade” a decisão liminar.
Ficou vencido na votação apenas o ministro Marco Aurélio, que entende não
caber referendo a liminar em mandado de segurança.
Art. 58. § 3º As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de
investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos
regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e
pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento
de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo
certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público,
para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.
06. (Gran GB 2021 Questão Inédita) Segundo o STF, a lei estadual que
regulamenta profissão de despachante é inconstitucional, pois se trata de
competência da União.
STF invalida lei alagoana que regulamenta profissão de despachante 13 04 2021
Por unanimidade, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) declarou a
inconstitucionalidade da Lei estadual 7.660/2014 de Alagoas, que dispõe sobre a
regulamentação da profissão de despachante documentalista no estado. A
decisão se deu na sessão virtual finalizada em 7/4, no julgamento da Ação Direta
de Inconstitucionalidade (ADI) 5251, ajuizada pelo governador Renan Filho (AL).

A norma assegura o livre exercício profissional de despachantes documentalistas,


desde que, entre outros requisitos, estejam devidamente inscritos no conselho
regional da classe e no sindicato estadual da categoria. Eles também não podem
ter emprego ou cargo público junto aos órgãos federais, estaduais e municipais e
devem apresentar carteira profissional.
Competência exclusiva
Em seu voto, o relator, ministro Marco Aurélio, afirmou que a lei viola o artigo 22,
incisos I e XVI, da Constituição Federal, que prevê a competência privativa da
União para legislar sobre Direito do Trabalho e condições para o exercício de
profissões. A seu ver, a lei alagoana, a pretexto de definir regras de caráter
administrativo a respeito da atuação do despachante, acabou regendo tema
referente a direitos e deveres desses profissionais.

O ministro destacou, ainda, que a União, no exercício de sua competência, editou


a Lei 10.602/2002, que dispõe sobre o Conselho Federal e os Conselhos
Regionais dos Despachantes Documentalistas, voltados à normatização e à
fiscalização.
Precedente

De acordo com o relator, o Plenário do Supremo, ao analisar a ADI 4387, declarou


a inconstitucionalidade de normas semelhantes de São Paulo. Observou,
também, que a lei de Alagoas viola a liberdade de associação sindical, prevista no
artigo 8º da Constituição da República.
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo,
aeronáutico, espacial e do trabalho;
XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições para o
exercício de profissões;
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre
questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão
competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical;
II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria
profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores
interessados, não podendo ser inferior à área de um Município;
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em
questões judiciais ou administrativas;
IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em
folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da
contribuição prevista em lei;
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho;
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais;
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou
representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer
falta grave nos termos da lei.
07. (Gran GB 2021 Questão Inédita) Segundo o STF, o respeito à lei é requisito de
constitucionalidade, na medida em que o respeito à legalidade é condição para a
tutela do princípio constitucional da separação de poderes.
Ministra Rosa Weber suspende trechos de decretos que flexibilizam regras sobre
armas de fogo 12 04 2021
A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal, deferiu liminar para suspender a
eficácia de diversos dispositivos de quatro decretos presidenciais, publicados em
12/2/2021, que regulamentam o Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826/2003). Entre
eles estão o que afasta o controle do Comando do Exército sobre a aquisição e o
registro de alguns armamentos e equipamentos e o que permite o porte simultâneo de
até duas armas de fogo por cidadãos.
Na decisão, proferida em cinco Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs 6675,
6676, 6677, 6680 e 6695), a ministra destaca a necessidade da análise imediata dos
pedidos cautelares em razão da iminência da entrada em vigor dos decretos (60 dias
após sua publicação). Os processos já estão inseridos na pauta do Plenário, na sessão
virtual que se inicia em 16/4, e o colegiado deliberá sobre eventual ratificação da
liminar.
Inovações incompatíveis
Segundo a ministra Rosa Weber, as inovações introduzidas pelos Decretos 10.627,
10.628, 10.629 e 10.630/2021, com o propósito de promover a “flexibilização das
armas” no Brasil, são incompatíveis com o sistema de controle e fiscalização de armas
instituído pelo Estatuto do Desarmamento e exorbitam dos limites do poder
regulamentar atribuído ao presidente da República pela Constituição Federal.
Os regulamentos, explica a relatora, servem para dar aplicabilidade às leis e devem
observância ao espaço restrito de delegação. "O respeito à lei é, portanto, requisito de
constitucionalidade, na medida em que o respeito à legalidade é condição para a
tutela do princípio constitucional da separação de poderes", ressaltou.
A relatora aponta, ainda, vulneração a políticas públicas de proteção a direitos
fundamentais e assinala que é dever do Estado promover a segurança pública como
corolário do direito à vida.
Efeitos prejudiciais
Outro fundamento apontado é o modelo contemporâneo de segurança pública,
que preconiza o controle rigoroso do acesso da população às armas, acessórios e
munições, em razão de seus efeitos prejudiciais sobre a segurança e o bem-estar
da comunidade. “Inúmeros estudos, apoiados por expressiva maioria da
comunidade científica mundial, revelam uma inequívoca correlação entre a
facilitação do acesso da população às armas e o desvio desses produtos para as
organizações criminosas, milícias e criminosos em geral, por meio de furtos,
roubos ou comércio clandestino, aumentando ainda mais os índices de delitos
patrimoniais, de crimes violentos e de homicídios”, afirma.
Fragilização
A ministra destaca que o Estatuto do Desarmamento é o diploma legislativo que
sintetiza os valores constitucionais concernentes à proteção da vida humana e à
promoção da segurança pública contra o terror e a mortalidade provocada pelo
uso indevido das armas de fogo. A seu ver, os decretos presidenciais fragilizaram
o programa normativo estabelecido no Estatuto, que inaugurou uma política de
controle responsável de armas de fogo e munições no território nacional.
Dispositivos suspensos

A medida liminar suspende a eficácia dos decretos na parte em que introduzem as seguintes
inovações:

- afastamento do controle exercido pelo Comando do Exército sobre projéteis para armas de até
12,7 mm, máquinas e prensas para recarga de munições e de diversos tipos de miras, como as
telescópicas;

- autorização para a prática de tiro recreativo em entidades e clubes de tiro, independentemente


de prévio registro dos praticantes;

- possibilidade de aquisição de até seis armas de fogo de uso permitido por civis e oito armas por
agentes estatais com simples declaração de necessidade, com presunção de veracidade;

- comprovação, pelos CACs (caçadores, atiradores e colecionadores) da capacidade técnica para


o manuseio de armas de fogo por laudo de instrutor de tiro desportivo;
- comprovação pelos CACs da aptidão psicológica para aquisição de arma mediante laudo fornecido por
psicólogo, dispensado o credenciamento na Polícia Federal;
- dispensa de prévia autorização do Comando do Exército para que os CACs possam adquirir armas de
fogo;
- aumento do limite máximo de munições que podem ser adquiridas, anualmente, pelos CACs;
- possibilidade do Comando do Exército autorizar os CACs a adquirir munições em número superior aos
limites pré-estabelecidos;
- aquisição de munições por entidades e escolas de tiro em quantidade ilimitada;
- prática de tiro desportivo por adolescentes a partir dos 14 nos de idade completos;
- validade do porte de armas para todo território nacional;
- porte de trânsito dos CACs para armas de fogo municiadas; e
- porte simultâneo de até duas armas de fogo por cidadãos.
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o
Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e
regulamentos para sua fiel execução;
VI - dispor, mediante decreto, sobre:
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar
aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;
08. (Gran GB 2021 Questão Inédita) Segundo o STF, é constitucional, pois foi
devidamente recepcionado pela Constituição Federal de 1988, o procedimento
de execução extrajudicial de dívidas hipotecárias.
Execução extrajudicial de dívidas hipotecárias é constitucional 12 04 2021
O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento de dois Recursos
Extraordinários, reafirmou jurisprudência da Corte para reconhecer a recepção, pela
Constituição Federal de 1988, das normas do Decreto-Lei 70/1966 que autorizam a
execução extrajudicial de dívidas hipotecárias.
Por maioria, o colegiado seguiu o voto do ministro Dias Toffoli, que destacou o
entendimento pacífico da Corte de que a execução extrajudicial baseada no decreto
não afronta os princípios do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa.
Segundo a decisão, as regras não resultam em supressão do controle judicial, mas tão
somente em deslocamento do momento em que o Poder Judiciário é chamado a
intervir. Além de prever uma fase de controle judicial antes da perda da posse do
imóvel pelo devedor, não há impedimento que eventual ilegalidade no curso do
procedimento de venda do imóvel seja reprimida pelos meios processuais próprios.
Recursos

No RE 556520, de relatoria do ministro Marco Aurélio, o Banco Bradesco S/A


questionou decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) que, com base na
Súmula 39 do extinto Primeiro Tribunal de Alçada Civil de São Paulo, entendeu serem
inconstitucionais os artigos 30, parte final, 31 a 38 do Decreto-lei 70/1966.
Já no RE 627106, de relatoria do ministro Dias Toffoli e com repercussão geral
reconhecida, uma devedora contestou decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª
Região (TRF-3) que considerou que as regras não violam as normas constitucionais.
O julgamento teve início no Plenário físico e foi suspenso por pedido de vista do
ministro Gilmar Mendes. A análise foi retomada e concluída na sessão virtual encerrada
em 7/4.
Jurisprudência
Quando da apresentação de seu voto, o ministro Dias Toffoli ressaltou que a jurisprudência
pacífica do Supremo considera que as disposições constantes do Decreto-lei 70/1966 não
apresentam nenhum vício de inconstitucionalidade.
Tal compreensão, destacou Toffoli, decorre da constatação de que o procedimento não é
realizado de forma aleatória e se submete a efetivo controle judicial, em ao menos uma de
suas fases. O devedor é intimado a acompanhá-lo, podendo impugnar, inclusive no âmbito
judicial, o desenrolar do procedimento, se irregularidades vierem a ocorrer durante o seu
trâmite.
O relator frisou que, em razão do posição do Supremo a respeito do tema, os demais Tribunais
do país, incluindo o Superior Tribunal de Justiça (STJ), passaram a adotar o mesmo
entendimento. Assim, na sua avaliação, não é razoável uma mudança de orientação decorridos
tantos anos desde que consolidada essa posição jurisprudencial sobre a matéria. Mostra-se
necessária, a seu ver, a reafirmação deste entendimento, sob a sistemática da repercussão
geral.
Tese
A tese de repercussão geral fixada foi a seguinte: "É constitucional, pois foi
devidamente recepcionado pela Constituição Federal de 1988, o procedimento
de execução extrajudicial, previsto no Decreto-lei nº 70/66".
09. (Gran GB 2021 Questão Inédita) Segundo o STF, limitação territorial da
eficácia de sentença em ação civil pública é inconstitucional.
Limitação territorial da eficácia de sentença em ação civil pública é
inconstitucional 09 04 2021
Por maioria, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) declarou a
inconstitucionalidade do artigo 16 da Lei da Ação Civil Pública (Lei 7.347/1985),
alterada pela Lei 9.494/1997, que limita a eficácia das sentenças proferidas nesse
tipo de ação à competência territorial do órgão que a proferir.

A decisão se deu em sessão virtual finalizada em 7/4 no julgamento do Recurso


Extraordinário (RE) 1101937, com repercussão geral reconhecida (Tema 1075).
Em seu voto, seguido pela maioria, o relator, ministro Alexandre de Moraes,
apontou que o dispositivo veio na contramão do avanço institucional de proteção
aos direitos coletivos.
Ele destacou que o Código de Defesa do Consumidor (CDC) reforçou a ideia de
que, na proteção dos direitos coletivos, a coisa julgada é para todos (erga omnes)
ou ultrapartes, o que significa dizer que os efeitos subjetivos da sentença devem
abranger todos os potenciais beneficiários da decisão judicial. “Não há qualquer
menção na norma à limitação territorial”, frisou.
O ministro Alexandre de Moraes ressaltou ainda que o Plenário, ao homologar o
termo aditivo ao acordo coletivo de planos econômicos, estabeleceu que as
cláusulas que fazem referência à base territorial abrangida pela sentença coletiva
originária devem ser interpretadas favoravelmente aos poupadores, aplicando-se
o CDC (Lei 8.078/1990), em detrimento do artigo 16 da Lei da Ação Civil Pública.
Segundo o relator, a finalidade do dispositivo, apesar de se referir à coisa julgada,
foi restringir os efeitos condenatórios de demandas coletivas, limitando o rol dos
beneficiários da decisão por meio de um critério territorial de competência.
Julgamentos contraditórios
O ministro destacou ainda que, ao limitar os efeitos da sentença aos beneficiados
residentes no território da competência do julgador, o artigo obriga o
ajuizamento de diversas ações, com o mesmo pedido e causa de pedir, em
diferentes comarcas ou regiões, possibilitando a ocorrência de julgamentos
contraditórios.
Na sua avaliação, além de enfraquecer a efetividade da prestação jurisdicional e a
segurança jurídica, essa hipótese permite que sujeitos vulneráveis, que foram
afetados pelo dano, mas que residem em local diferente daquele da propositura
da demanda, não sejam protegidos.
Local

Em relação à definição do órgão julgador, o Plenário decidiu que, em se tratando


de ação civil pública com abrangência nacional ou regional, sua propositura deve
ocorrer no foro, ou na circunscrição judiciária, da capital do estado ou no Distrito
Federal, nos termos do artigo 93, inciso II, do CDC. No caso de alcance
geograficamente superior a um estado, a opção pela capital deve contemplar
uma que esteja situada na região atingida.
Prevenção

Sobre a competência, de maneira a impedir decisões conflitantes proferidas por


juízos diversos em sede de ação civil pública, o juiz competente que primeiro
conhecer da matéria ficará prevento para processar e julgar todas as demandas
que proponham o mesmo objeto.
Caso concreto
O RE teve origem em ação coletiva proposta pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec)
contra diversas entidades bancárias buscando a revisão de contratos de financiamento habitacional
celebrados por seus associados. Na primeira instância (Justiça Federal de São Paulo), foi determinada a
suspensão da eficácia das cláusulas contratuais que autorizavam as instituições financeiras a promover
a execução extrajudicial das garantias hipotecárias dos contratos.
Em análise de recurso interposto pelos bancos, o Tribunal Regional Federal da 3ª (TRF-3) revogou a
liminar de primeira instância e, posteriormente, afastou a aplicabilidade do artigo 16 da Lei da Ação
Civil Pública. Para o TRF-3, em razão da amplitude dos interesses, o direito reconhecido na causa não
pode ficar restrito ao âmbito regional.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve a decisão nesse ponto, por entender indevido limitar a
eficácia de decisões proferidas em ações civis públicas coletivas ao território da competência do órgão
judicante. Em seguida, os bancos apresentaram recurso ao STF buscando reverter o entendimento. A
decisão do Plenário, no entanto, negou provimento ao recurso extraordinário e manteve a extensão dos
limites subjetivos da decisão tomada na ação civil pública a todo o país.
Tese
Foi aprovada a seguinte tese:
“I - É inconstitucional o art. 16 da Lei 7.347/1985, alterada pela Lei 9.494 /1997.
II – Em se tratando de ação civil pública de efeitos nacionais ou regionais, a
competência deve observar o art. 93, II, da Lei 8.078/1990.
III – Ajuizadas múltiplas ações civis públicas de âmbito nacional ou regional,
firma-se a prevenção do juízo que primeiro conheceu de uma delas, para o
julgamento de todas as demandas conexas”.
Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da
competência territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado
improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado
poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova
prova. (Redação dada pela Lei nº 9.494, de 10.9.1997)
TEXTO COMPLEMENTAR

STF confirma anulação de condenações do ex-presidente Lula na Lava Jato


Por 8 votos a 3, Plenário rejeitou recurso da PGR contra decisão do ministro Edson Fachin que
julgou incompetente o juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba.
15/04/2021 20h57 - Atualizado há
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O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou, nesta quinta-feira (14), a decisão do
ministro Edson Fachin que, ao declarar a incompetência da 13ª Vara da Justiça Federal de
Curitiba (PR), anulou as ações penais contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por não se
enquadrarem no contexto da operação Lava Jato. Por 8 votos a 3, o colegiado rejeitou recurso
(agravo regimental) da Procuradoria-Geral da República (PGR) no Habeas Corpus (HC) 193726.
Segundo Fachin, relator, as denúncias formuladas pelo Ministério Público Federal contra Lula nas ações
penais relativas aos casos do triplex do Guarujá, do sítio de Atibaia e do Instituto Lula (sede e doações)
não tinham correlação com os desvios de recursos da Petrobras e, portanto, com a Operação Lava Jato.
Assim, apoiado em entendimento do STF, entendeu que deveriam ser julgadas pela Justiça Federal do
Distrito Federal.
O julgamento dos recursos no HC continuará na próxima quinta-feira (22), quando os ministros irão
examinar se os processos contra o ex-presidente serão remetidos para a Justiça Federal do DF,
conforme propõe o relator, ou para a de São Paulo, segundo proposta do ministro Alexandre de
Moraes. O Plenário também examinará o recurso da defesa contra a decisão do relator que, ao anular
as condenações, declarou a perda de objeto, entre outros processos, do HC 164493, em que é discutida
a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro.
No agravo, a PGR sustentava que os fatos atribuídos a Lula no caso do triplex do Guarujá estariam
dentro dos limites definidos pelo STF sobre a competência da 13ª Vara de Curitiba em relação à Lava
Jato. Segundo a argumentação, as vantagens indevidas supostamente obtidas pelo ex-presidente
teriam sido pagas pela construtora OAS com recursos originados de contratos com a Petrobras.
Ligação não demonstrada
De acordo com o relator, nas quatro ações penais, o Ministério Público estruturou as acusações
da mesma forma, atribuindo a Lula o papel de figura central no suposto grupo criminoso,
sendo a Petrobras apenas um deles. Em seu entendimento, a acusação não conseguiu
demonstrar relação de causa e efeito entre a atuação de Lula como presidente da República e
alguma contratação determinada realizada pelo Grupo OAS com a Petrobras que resultasse no
pagamento da vantagem indevida.
Fachin observou que, após o julgamento de questão de ordem no Inquérito (INQ) 4130, a
jurisprudência do STF restringiu o alcance da competência da 13ª Vara Federal de Curitiba,
inicialmente retirando daquele juízo os casos que não se relacionavam com os desvios na
Petrobras. Em razão dessa decisão, as investigações iniciadas com as delações premiadas da
Odebrecht, OAS e J&F, que antes estavam no âmbito da Lava Jato passaram a ser distribuídas
para varas federais em todo o país, segundo o local onde teriam ocorrido os delitos.
Esse entendimento foi seguido pelos ministros Alexandre de Moraes, Roberto Barroso, Dias
Toffoli, Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes e pelas ministras Rosa Weber e Cármen Lúcia.
Conexão
O ministro Nunes Marques abriu divergência para manter a competência da 13ª Vara
Federal de Curitiba. Segundo ele, as provas dos autos mostram que os recursos que
teriam supostamente beneficiado o ex-presidente seriam originários do esquema da
Petrobras na Lava Jato. Para o ministro, a acusação teria demonstrado a conexão, e, em
nome da segurança jurídica, a competência para julgar as ações deveria permanecer na
13ª Vara.
Ele considera, ainda, que a exceção de incompetência do juízo da 13ª Vara Federal
arguida pela defesa do ex-presidente não poderia ser reiterada em outras vias
processuais depois de ter sido anteriormente rejeitada. Segundo ele, também não foi
demonstrado prejuízo à ampla defesa, não havendo motivo para declarar a nulidade
das ações penais e das condenações. Essa posição foi acompanhada pelos ministros
Marco Aurélio e Luiz Fux.
Garantia
O ministro Alexandre de Moraes divergiu parcialmente do relator apenas em
relação à remessa dos processos à Justiça Federal de Brasília. Segundo ele, como
o triplex, o sítio e o Instituto Lula estão em São Paulo, deve ser aplicada a regra
de competência do Código de Processo Penal (artigo 70), determinada pelo lugar
em que se consumar a infração.
A seu ver, a análise da competência se refere a uma das mais importantes
garantias da democracia, a do juiz natural, ou seja, da definição do juiz mediante
regras prévias de distribuição, para evitar que o magistrado decida quais causas
julgar ou que a acusação ou a defesa possam escolher quem irá analisar
determinada controvérsia.
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" Tu que habitas sob a proteção do Altíssimo, que moras à sombra do Onipotente, dize ao
Senhor: “Sois meu refúgio e minha cidadela, meu Deus, em quem eu confio”. É ele quem te
livrará do laço do caçador, e da peste perniciosa. Ele te cobrirá com suas plumas, sob suas asas
encontrarás refúgio. Sua fidelidade te será um escudo de proteção. Tu não temerás os terrores
noturnos, nem a flecha que voa à luz do dia, nem a peste que se propaga nas trevas, nem o
mal que grassa ao meio-dia. Caiam mil homens à tua esquerda e dez mil à tua direita: tu não
serás atingido. Porém, verás com teus próprios olhos, contemplarás o castigo dos pecadores,
porque o Senhor é teu refúgio. Escolheste, por asilo, o Altíssimo. Nenhum mal te atingirá,
nenhum flagelo chegará à tua tenda, porque aos seus anjos ele mandou que te guardem em
todos os teus caminhos. Eles te sustentarão em suas mãos, para que não tropeces em alguma
pedra. Sobre serpente e víbora andarás, calcarás aos pés o leão e o dragão. Pois que se uniu a
mim, eu o livrarei; e o protegerei, pois conhece o meu nome. Quando me invocar, eu o
atenderei; na tribulação estarei com ele. Hei de livrá-lo e o cobrirei de glória. Será favorecido
de longos dias, e eu lhe mostrarei a minha salvação.”
Salmos, 90/91

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