1 Conceito Competencia e Especi

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DIREITO TRIBUTÁRIO
CONCEITO DE TRIBUTO, COMPETÊNCIA E

ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS

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SUMÁRIO

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ATUALIZADO EM 27/01/2024

SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

1. Noções preliminares

A disciplina jurídica dos tributos, antes compreendida pelo direito financeiro,


constitui hoje um campo específico da ciência jurídica.

Dado o extraordinário desenvolvimento do direito dos tributos, ganhou autonomia


o conjunto de princípios e regras que disciplinam essa parcela da atividade financeira do
Estado, podendo falar hoje em um ramo autônomo da ciência jurídica, apartado do direito
financeiro. Essa divisão é evidenciada pela própria organização da nossa Constituição Federal
(Título VI “Da Tributação e do Orçamento”).

Assim, diz‐se que o direito tributário é a disciplina jurídica dos tributos,


compreendendo todo o conjunto de princípios e normas reguladores da criação,
fiscalização e arrecadação das prestações de natureza tributária.

*(ATUALIZADO EM 27/01/2024)
#REFORMATRIBUTÁRIA
EC 132/2023
A EC 132/2023 é a chamada Reforma Tributária. Trata‐se de uma ampla alteração em todo
o sistema constitucional tributário que terá profundos reflexos nos próximos anos e que
ainda serão analisados e discutidos pela doutrina e jurisprudência.

CF, Art. 145.(...)


§ 3º O Sistema Tributário Nacional deve observar os princípios da simplicidade, da
transparência, da justiça tributária, da cooperação e da defesa do meio
ambiente. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 132, de 2023)
§ 4º As alterações na legislação tributária buscarão atenuar efeitos
regressivos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 132, de 2023)

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#SELIGA! Alguns dispositivos só entrarão em vigor em 2027, outros em 2033.

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Além das regras previstas no próprio Texto Constitucional, as normas gerais sobre
Direito Tributário estão na Lei n. 5.172/66, o Código Tributário Nacional.

O CTN é formalmente uma lei ordinária, mas com a entrada em vigor da


Constituição Federal de 1988, as normas gerais sobre Direito Tributário passaram a sujeitar‐
se a uma reserva de lei complementar. Por isso, o CTN foi recepcionado pela nova ordem
constitucional como lei complementar.

Art. 146. Cabe à lei complementar:


III ‐ estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre:

2. Conceito de tributo

O artigo 3º do Código Tribunal Nacional nos apresenta o conceito mais completo


de tributo, definindo‐o como “toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo
valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e
cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.”

A doutrina destrincha esse conceito para analisar cada um de seus elementos da


seguinte forma:

a) Prestação pecuniária: significa afirmar que o tributo corresponde a um


pagamento em moeda pelo contribuinte, não entrando nesse conceito o pagamento in
natura ou mediante a prestação de serviços (in labore). Embora o art. 3º se refira a essa
característica, a Lei Complementar 104 de 2001 alterou o art. 156 do Código Tributário
Nacional para incluir como causa de extinção do crédito tributário a dação em pagamento,
que corresponde à entrega, pelo contribuinte, de bens imóveis no lugar da prestação devida
via tributo. Além disso, é preciso ressaltar que o CTN admite o pagamento do tributo em
cheque (art. 162, inciso I).

Art. 162. O pagamento é efetuado:

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I ‐ em moeda corrente, cheque ou vale postal;
II ‐ nos casos previstos em lei, em estampilha, em papel selado, ou por processo mecânico.

#ATENÇÃO: Conforme ensina a doutrina, a dação em pagamento é admitida como forma de


extinção do crédito tributário desde que preenchidas três condições: a) existência de lei
específica autorizando; b) haja manifesto interesse do fisco no bem; c) o bem oferecido seja
imóvel. Não é possível a dação em pagamento de bens móveis porque isto representaria
uma violação aos princípios constitucionais da isonomia e necessidade prévia de licitação.

#DEOLHONAJURIS: O Tribunal julgou procedente pedido formulado em ação direta ajuizada


pelo Governador do Distrito Federal para declarar a inconstitucionalidade da Lei distrital
1.624/97, que dispõe sobre o pagamento de débitos das microempresas, das empresas de
pequeno porte e das médias empresas, mediante dação em pagamento de materiais
destinados a atender a programas de Governo do Distrito Federal. Entendeu‐se que a norma
impugnada viola o art. 37, XXI, da CF, porquanto afasta a incidência do processo licitatório,
por ele exigido, para aquisição de materiais pela Administração Pública, bem como o art.
146, III, da CF, que prevê caber à lei complementar o estabelecimento de normas gerais em
matéria de legislação tributária, eis que cria nova causa de extinção de crédito tributário.
ADIn 1.917/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 26‐4‐2007.

b) Prestação compulsória: o caráter obrigatório dos tributos possui fundamento


no princípio da legalidade (insculpido no art. 5º, II, da Constituição Federal), e na
supremacia do interesse público – que orienta e limita a atuação estatal nos ramos do
Direito Público brasileiro. O contribuinte, enquanto tal, não pode optar por não pagar o
tributo (essa situação somente pode advir de ato de vontade estatal, manifestado pelos
meios legais adequados – ex.: isenção).

c) Prestação que não constitui sanção de ato ilícito: tributo não é a mesma coisa
que multa. O dever de pagar tributo surge da realização de um ato conforme ao direito
(fato gerador), ao passo que a obrigação de pagar uma multa nasce como resposta do
ordenamento jurídico à prática de um ato ilícito (infração). Disso decorre que é proibido ao
Poder Público valer‐se das chamadas sanções políticas para impor o pagamento de

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obrigação tributária.

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: A Lei 13.155/2015 institui o PROFUT (Programa


de modernização da gestão e de responsabilidade fiscal do futebol brasileiro). Essa lei
alterou o Estatuto do Torcedor (Lei nº 10.671/2003) para incluir entre os critérios técnicos,
além da colocação obtida em campeonato anterior, a apresentação de Certidão Negativa de
Débitos Federais, de certificado de regularidade de contribuição ao Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço (FGTS) e comprovação de pagamentos de obrigações previstas nos
contratos de trabalho e nos contratos de imagem dos atletas. Assim, por força da Lei nº
13.155/2015, um clube de futebol da série “A” (“1ª divisão”) do Campeonato Brasileiro caso
não cumprisse os requisitos de regularidade fiscal, regularidade com o FGTS e com os
salários dos atletas seria rebaixado para a série “B”. Para o STF, a exigência da regularidade
fiscal fere a autonomia das entidades desportivas em relação à sua organização e seu
funcionamento (art. 217 da CF/88) e constitui forma indireta de coerção estatal ao
pagamento de tributos. A retirada do clube do campeonato pelo não pagamento de tributos
ou do FGTS é medida gravíssima, que demonstra falta de proporcionalidade e razoabilidade,
além de configurar uma sanção política. Com a exclusão automática do campeonato, o clube
jamais conseguiria pagar tributos e refinanciamentos, trazendo prejuízos à União, aos
atletas, aos funcionários e à ideia de fomentar o desporto. Resultado: foi declarada a
inconstitucionalidade do art. 40 da Lei nº 13.155/2015, na parte em que altera o art. 10, §§
1º, 3º e 5º da Lei nº 10.671/2003, mantendo‐se a vigência e eficácia de todos os demais
dispositivos impugnados. STF. Plenário. ADI 5450 MC‐Ref/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 18/12/2019 (Info 964).

#DEOLHONAJURIS: Supremo Tribunal Federal, tendo presentes os postulados


constitucionais que asseguram a livre prática de atividades econômicas lícitas, de um lado, e
a liberdade de exercício profissional, de outro – e considerando, ainda, que o Poder Público
dispõe de meios legítimos que lhe permitem tornar efetivos os créditos tributários ‐, firmou
orientação jurisprudencial, hoje consubstanciada em enunciados sumulares, no sentido de
que a imposição, pela autoridade fiscal, de restrições de índole punitiva, quando motivadas
tais limitações pela mera inadimplência do contribuinte, revela‐se contrária às liberdades
públicas ora referidas. O Estado não pode valer‐se de meios indiretos de coerção,

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convertendo‐os em instrumentos de acertamento da relação tributária, para, em função
deles – e mediante interdição ou grave restrição ao exercício da atividade empresarial,
econômica ou profissional –, constranger o contribuinte a adimplir obrigações fiscais
eventualmente em atraso. Exemplo de sanção tributária claramente desproporcional em
sentido estrito é a interdição de estabelecimento comercial ou industrial motivada pela
impontualidade do sujeito passivo tributário relativamente ao cumprimento de seus deveres
tributários. Embora contumaz devedor tributário, um sujeito passivo jamais pode ver
aniquilado completamente o seu direito à livre iniciativa em razão do descumprimento do
dever de recolher os tributos por ele devidos aos cofres públicos. O Estado deve responder à
impontualidade do sujeito passivo com o lançamento e a execução céleres dos tributos que
entende devidos, jamais com o fechamento da unidade econômica. RE 550.769/RJ.
O Estado não pode adotar sanções políticas para constranger o contribuinte ao pagamento
de tributos em atraso. STJ. 1ª Turma. RMS 53.989‐SE, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em
17/04/2018 (Info 626).

Por outro lado, e é preciso que não se confunda, o Poder Público pode se valer de
instrumentos tributários com efeito sancionatório (não são sanções políticas, portanto)
para estimular ou desestimular determinado comportamento do contribuinte. Exemplo
bastante comum adotado pelo Fisco é a tributação progressiva sancionatória, manifestação
própria de uma característica de alguns tributos: a extrafiscalidade.

Art. 153, CF. Compete à União instituir impostos sobre:


VI ‐ propriedade territorial rural;
§ 4º O imposto previsto no inciso VI do caput:
I ‐ será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular a manutenção de
propriedades improdutivas;

Art. 182, CF. § 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área
incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não
edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob
pena, sucessivamente, de:
II ‐ imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;

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d) Prestação instituída por lei: tal característica está intimamente ligada ao caráter
compulsório do tributo. Somente a ordem legal pode impor o pagamento de tributos, de
maneira que a vontade dos particulares é inócua frente ao poder de império do Estado. O
princípio da legalidade tributária exige que todos os aspectos da hipótese de incidência
tributária (aspectos pessoal, material, territorial, temporal e quantitativo) estejam
definidos em lei. Somente após a definição legal desses cinco aspectos considera‐se
instituído o tributo.

Art. 114, CTN. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como
necessária e suficiente à sua ocorrência.

e) Prestação cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada:


significa afirmar que a atividade Estatal, prestada mediante seus servidores e membros, que
visa a cobrança e arrecadação aos cofres públicos, não é uma escolha discricionária. E essa
atividade administrativa plenamente vinculada a que se refere o art. 3º do CTN
corresponde exatamente ao LANÇAMENTO do tributo.

Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário


pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a
ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável,
calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a
aplicação da penalidade cabível.
Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob
pena de responsabilidade funcional.

#OLHAOGANCHO: Qual a natureza jurídica da Compensação Financeira pela Exploração de


Recursos Minerais (CFEM)? A resposta ainda não está consolidada nem na jurisprudência,
nem na doutrina. Certo é que a CFEM não constitui tributo. Com previsão no art. 20, §1º, da
CF, a CFEM consiste em um instrumento de contraprestação pela exploração financeira de
recursos minerais e riquezas do solo. Para a 1ª Turma do STJ, a CFEM tem natureza jurídica
de preço público (REsp 756.530/DF). Já a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal vem se

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posicionando no sentido de que a exação seria uma simples “participação no resultado da
exploração” (RE 228.800/DF).

3. Competência tributária

Competência tributária é a aptidão para criar tributos. Todos os entes


federativos – União, Estados, Distrito Federal e Municípios – têm, dentro de certos limites, o
poder de criar determinados tributos e definir seu alcance, obedecidos os critérios de
partilha de competência estabelecidos pela Constituição.

Sendo uma competência legislativa, a competência tributária é atribuída


exclusivamente pela Constituição Federal, inexistindo qualquer possibilidade de ser
conferida ou modificada por leis, constituições estaduais ou qualquer outro veículo
normativo.

A Constituição Federal não cria tributos; ela outorga competência tributária, ou


seja, atribui aptidão para criar tributos.

Como regra, a lei ordinária é o veículo idôneo à criação ou instituição do tributo,


e, por consequência, à sua eventual modificação ou revogação (como regra). Por isso, a
competência tributária implica a competência para legislar, inovando o ordenamento
jurídico, criando o tributo ou modificando sua expressão qualitativa ou quantitativa,
respeitados os limites fixados na Constituição.

A competência tributária é indelegável. Ao seu destinatário é dado não exercê‐la,


ou fazê‐lo parcialmente, mas não lhe é permitido transferir a competência. O princípio da
indelegabilidade da competência tributária está previsto no CTN:

Art. 7º A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou


fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria
tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra, nos termos do § 3º do
artigo 18 da Constituição.

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§ 1º A atribuição compreende as garantias e os privilégios processuais que competem à
pessoa jurídica de direito público que a conferir.
§ 2º A atribuição pode ser revogada, a qualquer tempo, por ato unilateral da pessoa jurídica
de direito público que a tenha conferido.
§ 3º Não constitui delegação de competência o cometimento, a pessoas de direito privado,
do encargo ou da função de arrecadar tributos.

Como visto, a titularidade da competência tributária é exclusiva de pessoas


jurídicas de direito público integrantes da Administração Direta. Não se deve confundi‐la,
no entanto, com a capacidade tributária ativa, que corresponde à aptidão, de natureza
administrativa, de cobrar ou arrecadar tributos aos cofres públicos.

Embora a competência tributária seja indelegável, nada impede a delegação legal


da capacidade tributária ativa, e isso ocorre por meio da denominada parafiscalidade.

#SELIGA: A parafiscalidade é, pois, a delegação, por meio de lei, da capacidade tributária


ativa. Exemplo típico é a arrecadação de contribuição pelos conselhos de fiscalização. Esse
instituto, no entanto, não pode favorecer empresas privadas voltadas à obtenção de lucro,
porque seria uma forma de violar a isonomia e a livre concorrência.

Além de indelegável, a competência tributária é:

a) Privativa: a competência atribuída a determinada entidade federativa exclui seu


exercício pelas demais pessoas políticas.

b) Facultativa: o legislador não está constitucionalmente obrigado a criar os


tributos de sua competência.

#ATENÇÃO: Parte da doutrina defende a inconstitucionalidade do art. 11 da Lei


Complementar 101/2000, a Lei de Responsabilidade Fiscal, o qual dispõe:
Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a instituição,
previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente

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da Federação.
Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias para o ente que não
observe o disposto no caput, no que se refere aos impostos.

c) Irrenunciável: a entidade federativa não pode abrir mão definitivamente de sua


competência tributária.

d) Imprescritível: a falta de uso não faz a competência tributária desaparecer nem


ser transferida a outra entidade.

Art. 8º, CTN. O não‐exercício da competência tributária não a defere a pessoa jurídica de
direito público diversa daquela a que a Constituição a tenha atribuído.

A doutrina costuma identificar quatro modalidades de competência tributária:


privativa, residual, comum e extraordinária.

3.1 Competência privativa

Atribuída com exclusividade a determinado ente político. Exemplo: o Imposto de


Importação é de competência privativa da União.

3.2 Competência residual

Atribuída à União para instituir, por lei complementar, impostos não previstos na
Constituição Federal e novas fontes de custeio da Seguridade Social.

3.3. Competência comum

Atribuída a todos os entes políticos. Exemplo: taxas e contribuições de melhoria.

3.4 Competência extraordinária

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Conferida à União, no caso de guerra externa ou sua iminência, para instituição de
impostos extraordinários de guerra.

4. Espécies de tributos

A Constituição Federal atribui à lei complementar a função de conceituar tributo e


suas espécies. O Código Tributário Nacional, ainda na vigência da Constituição de 1946 e da
Emenda 18/65, cuidou dessas definições, com algumas deficiências.

Art. 146. Cabe à lei complementar:


III ‐ estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre:
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos
discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e
contribuintes;

A Constituição não se preocupou em definir as espécies de tributos nem em


classificá‐las, limitando‐se a indicar os impostos, as taxas, a contribuição de melhoria, os
empréstimos compulsórios, as contribuições sociais, as contribuições de intervenção no
domínio econômico, a contribuição para custeio do regime previdenciário e a contribuição
para custeio do serviço de iluminação pública.

Sempre existiu grande controvérsia acerca de quantas espécies tributárias são


admitidas no Direito brasileiro. Muitas são as teorias, mas vamos nos ater às mais cobradas
em provas (e, portanto, mais relevantes): a teoria tripartite e a teoria quinquipartida.

A primeira, teoria tripartite (ou tricotômica), foi a adotada expressamente pelo


CTN, que considera como tributos apenas os impostos, as taxas e as contribuições de
melhoria. Para essa teoria, os empréstimos compulsórios e as contribuições especiais não
configuram espécies autônomas de tributos, mas se encaixam dentro da classificação já
existente (ou são taxas, ou impostos, ou contribuições de melhoria). Essa, porém, é a
concepção minoritária.

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A segunda, a teoria pentapartida (ou quinária), é a teoria adotada pelo Supremo
Tribunal Federal (RE 138.284 e RE 146.733) e, segundo a Corte, pela Constituição Federal, e
identifica a existência de cinco espécies tributárias: os impostos, as taxas, os empréstimos
compulsórios, as contribuições especiais e as contribuições de melhoria.

4.1 Impostos

Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação
independente de qualquer atividade específica relativa ao contribuinte.

Art. 16, CTN. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação
independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.

O fato gerador do imposto é uma situação que não supõe nem se conecta com
nenhuma atividade do Estado especificamente dirigida ao contribuinte. Portanto, para que o
Estado exija do contribuinte certo imposto, não é preciso que ele, Estado, lhe preste algo
determinado em troca. Para tanto, o legislador deve escolher determinadas situações
materiais que evidenciem a capacidade contributiva do indivíduo (e essas situação serão
tipificadas como fatos geradores da obrigação tributária).

4.1.1 Impostos residuais

Art. 154. A União poderá instituir:


I ‐ mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam
não‐cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados
nesta Constituição;

Trata‐se da chamada competência impositiva residual, isto é, da competência para


instituir impostos novos ainda não previstos entre os atualmente atribuídos pela
Constituição às entidades federativas. Os requisitos são:

‐ Instituição pela União;

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‐ Por meio de lei complementar;
‐ Devem ser não cumulativos;
‐ Não podem gerar situação de bitributação.

4.1.2 Imposto extraordinário de guerra

Art. 154. A União poderá instituir:


II ‐ na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou
não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as
causas de sua criação.

Trata‐se de tributo de emergência, razão pela qual a Constitucional autoriza sua


cobrança incidindo em bitributação, isto é, recaindo sobre base de cálculo ou fato gerador
de imposto já existente (ainda que estadual ou municipal).

4.2 Taxas

Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes
tributos:
II ‐ taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial,
de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua
disposição;

As taxas são tributos cujo fato gerador é configurado por uma atuação estatal
específica, referível ao contribuinte, que pode consistir no exercício regular do poder de
polícia OU na prestação ao contribuinte, ou colocação à sua disposição, de serviço público
específico e divisível. O Estado, pois, exerce determinada atividade e, por isso, cobra a taxa
da pessoa a quem dela se aproveita.

Art. 77, CTN. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos
Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício
regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico

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e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.
Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que
correspondam a imposto nem ser calculada em função do capital das empresas.

As taxas são criadas e disciplinadas sempre por meio de lei ordinária editada pela
entidade federativa competente para sua instituição. A sua base de cálculo é o custo da
atividade estatal a ser remunerada pela cobrança do tributo. Deve haver uma necessária
correlação lógica entre a base de cálculo da taxa e sua hipótese de incidência. Por isso,
também, a CF e o CTN preceituam que as taxas não podem ter base de cálculo ou fato
gerador idêntico ao de imposto (e evita a bitributação).

#DEOLHONASÚMULA:
Súmula vinculante 29: É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais
elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral
identidade entre uma base e outra.

#DEOLHONAJURIS:
*(Atualizada em 07/12/2020): A atividade desenvolvida pelo Estado no âmbito da segurança
pública é mantida ante impostos, sendo imprópria a substituição, para tal fim, de taxa. STF.
Plenário. ADI 4411, Rel. Marco Aurélio, julgado em 18/08/2020 (Info 992 – clipping).
É inconstitucional taxa de combate a sinistros instituída por lei municipal. A prevenção e o
combate a incêndios são atividades desenvolvidas pelo Corpo de Bombeiros, sendo
consideradas atividades de segurança pública, nos termos do art. 144, V e § 5º da CF/88. A
segurança pública é atividade essencial do Estado e, por isso, é sustentada por meio de
impostos (e não por taxa). Desse modo, não é possível que, a pretexto de prevenir sinistro
relativo a incêndio, o Município venha a se substituir ao Estado, com a criação de tributo sob
o rótulo de taxa. Tese fixada pelo STF: “A segurança pública, presentes a prevenção e o
combate a incêndios, faz‐se, no campo da atividade precípua, pela unidade da Federação, e,
porque serviço essencial, tem como a viabilizá‐la a arrecadação de impostos, não cabendo
ao Município a criação de taxa para tal fim.” STF. Plenário. RE 643247/SP, Rel. Min. Marco
Aurélio, julgado em 1º/8/2017 (repercussão geral) (Info 871).

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a) Taxa de polícia: é cobrada em razão da atividade do Estado, que verifica o
cumprimento das exigências legais pertinentes e concede a licença (ou o ato administrativo
correspondente); são instituídas pelo ente político a que couber a atribuição.

Art. 78. Considera‐se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou
disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em
razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à
disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de
concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à
propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.
Parágrafo único. Considera‐se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado
pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e,
tratando‐se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.

Ao contrário das taxas de serviço, que podem ser cobradas pela utilização efetiva
ou potencial, as taxas de polícia só podem ser arrecadadas se o Estado tiver efetivamente
realizado a atividade de polícia. Não se admite cobrança de taxa por fiscalização potencial
ou posta à disposição do contribuinte.

#OUSESABER: O STF, em diversos julgados, tem aceitado a PRESUNÇÃO do exercício do


poder de polícia, para fins de cobrança de taxa, quando EXISTENTE O ÓRGÃO FISCALIZADOR,
mesmo que NÃO seja comprovada a realização de fiscalização individualizada no
estabelecimento de cada contribuinte. Ressalte‐se que, com esse entendimento, não foi
dispensada a exigência de EFETIVO exercício do poder de polícia, legitimadora da cobrança
da taxa respectiva. Houve apenas uma presunção desse exercício pela Suprema Corte, a
qual entendeu SUFICIENTE a manutenção de um órgão de controle em devido
funcionamento pelo sujeito ativo do tributo, dispensando a vistoria “porta a porta” (que não
mais se coaduna com a realidade atual) (AgRg no Ag 1320125/MG, Rel. Ministro ARNALDO
ESTEVES LIMA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/11/2012, DJe 27/11/2012).

b) Taxa de serviço: tem por fato gerador uma atuação estatal consistente na
execução de um serviço público, específico e divisível, efetivamente prestado ou posto à

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disposição do contribuinte. Serviços divisíveis são aqueles suscetíveis de ser fruídos por cada
usuário. Serviços indivisíveis, portanto, não comportam taxação.

Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram‐se:


I ‐ utilizados pelo contribuinte:
a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título;
b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua disposição
mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento;
II ‐ específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de intervenção, de
utilidade, ou de necessidades públicas;
III ‐ divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos
seus usuários.

A utilização do serviço público, para que a taxa seja devida, pode ser efetiva ou
potencial. Ocorre que a disponibilização de um serviço público tem um custo e, mesmo que
o contribuinte decida não utilizar, o prestador pode exigir um valor fixo mínimo somente
pelo fato de o serviço estar disponível para utilização a qualquer momento.

*(Atualizado em 28/12/2021) #DEOLHONAJURIS É admissível o cálculo das custas judiciais


com base no valor da causa, considerando que se respeita a correlação com o custo da
atividade prestada, e desde que haja a definição de valores mínimo e máximo
É legítima a cobrança das custas judiciais e das taxas judiciárias tendo por parâmetro o valor
da causa, desde que fixados valores mínimos e máximos.
A fixação desses valores mínimos e máximos deve ser feita para se atender ao entendimento
sumulado do STF:
Súmula 667‐STF: Viola a garantia constitucional de acesso à jurisdição a taxa judiciária
calculada sem limite sobre o valor da causa.
STF. Plenário. ADI 5688/PB, Rel. Min. Edson Fachin, redator do acórdão Min. Dias Toffoli,
julgado em 22/10/2021 (Info 1035).

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: O STF declarou a inconstitucionalidade de Lei do


Estado do Amapá, que instituiu a Taxa de Controle, Acompanhamento e Fiscalização das

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Atividades de Exploração e Aproveitamento de Recursos Hídricos (TFRH). A Corte entendeu
que o valor cobrado é muito superior em relação ao custo da atividade estatal relacionada
(fiscalização das empresas que exploram recursos hídricos). Logo, não há proporcionalidade
entre o custo da atividade estatal e o valor que será pago pelos particulares pela taxa. Isso
viola as características da taxa, que é um tributo orientado pelo princípio da retributividade
e que possui caráter contraprestacional e sinalagmático. Além disso, a lei previa que apenas
30% dos valores arrecadados com a taxa seriam utilizados em atividades relacionadas com a
política de recursos hídricos e os 70% restantes iriam para a conta única do Tesouro
Estadual. Isso demonstra o caráter arrecadatório desta taxa. Por fim, ao onerar
excessivamente as empresas que exploram recursos hídricos, a referida taxa adquiriu feições
verdadeiramente confiscatórias, dificultando, ou mesmo inviabilizando, o desenvolvimento
da atividade econômica. Houve, portanto, violação ao que prevê o art. 150, IV, da CF/88, que
proíbe que os tributos sejam utilizados com efeito de confisco. STF. Plenário. ADI 6211/AP,
Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 4/12/2019 (Info 962).

#DEOLHONAJURIS: As taxas municipais de fiscalização e funcionamento não podem ter


como base de cálculo o número de empregados ou ramo de atividade exercida pelo
contribuinte. STF. 2ª Turma. ARE 990914/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 20/6/2017
(Info 870). A taxa de fiscalização e funcionamento pode ter como base de cálculo a área de
fiscalização, na medida em que traduz o custo da atividade estatal de fiscalização. STF. 1ª
Turma. RE 856185 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 04/08/2015.

Em um determinado Município, foi instituída uma taxa de localização e funcionamento de


estabelecimento industrial e comercial. Assim, os estabelecimentos comerciais e industriais
eram obrigados a pagar uma taxa ao Município por conta da fiscalização que ele exercia
nesses empreendimentos (taxa de poder de polícia). Comumente, era conhecida como
“alvará de funcionamento”. Ocorre que a lei municipal previu que a base de cálculo dessa
taxa seria o número de empregados da empresa. Assim, quanto mais trabalhadores, maior a
base de cálculo. Esse critério escolhido é constitucional? NÃO. O STF entendeu que o
número de empregados não pode ser utilizado como base de cálculo para a cobrança da taxa
de localização e funcionamento de estabelecimento industrial e comercial. O legislador
municipal, ao escolher o número de empregados para fixar a base de cálculo, levou em

21
consideração qualidades externas e estranhas ao exercício do poder de polícia, sem
pertinência quanto ao aspecto material da hipótese de incidência. A taxa é tributo
contraprestacional (vinculado), usado na remuneração de atividade específica, seja serviço
ou exercício do poder de polícia e, por isso, não pode fixar a base de cálculo usando como
critério os sinais presuntivos de riqueza do contribuinte. O valor das taxas deve estar
relacionado com o custo do serviço que as motiva, ou com a atividade de polícia
desenvolvida. STF. 1ª Turma. RE 554951/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 15/10/2013
(Info 724).

Não viola a legalidade tributária a lei que, prescrevendo o teto, possibilita o ato normativo
infralegal fixar o valor de taxa em proporção razoável com os custos da atuação estatal, valor
esse que não pode ser atualizado por ato do próprio conselho de fiscalização em percentual
superior aos índices de correção monetária legalmente previstos. STF. Plenário. RE
838284/SC, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 19/10/2016 (repercussão geral) (Info 842 e
844).

A isenção do recolhimento da taxa para emissão, renovação, transferência e expedição de


segunda via de certificado de registro de arma de fogo particular prevista no art. 11, § 2º, da
Lei nº 10.826/2003 não se estende aos policiais rodoviários federais aposentados. STJ. 1ª
Turma. REsp 1530017‐PR, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 21/09/2017 (Info 612).

O valor cobrado pelo Tribunal de Justiça para que o interessado possa desarquivar autos de
processos findos possui natureza jurídica de TAXA. As taxas somente podem ser instituídas
por meio de lei em sentido estrito (princípio constitucional da legalidade tributária). Se essa
taxa de desarquivamento é instituída por Portaria do TJ, é inconstitucional. STJ. Corte
Especial. AI no RMS 31170‐SP, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 18/4/2012.

A concessionária de água e esgoto pode cobrar “tarifa de esgotamento sanitário” mesmo na


hipótese em que realiza apenas a coleta e o transporte dos dejetos sanitários, sem fazer o
tratamento final dos efluentes. Assim, é legal a cobrança de tarifa de esgoto na hipótese em
que a concessionária realize apenas uma — e não todas — das quatro etapas em que se
desdobra o serviço de esgotamento sanitário (a coleta, o transporte, o tratamento e a

22
disposição final de dejetos). STJ. 2ª Turma. REsp 1330195‐RJ, Rel. Min. Castro Meira, julgado
em 6/12/2012 (Info 514). STJ. 1ª Seção. REsp 1339313‐RJ, Rel. Min. Benedito Gonçalves,
julgado em 12/6/2013 (recurso repetitivo) (Info 530).

*(Atualizado em 09/10/2022) #DEOLHONAJURIS ‐ É válida a cobrança das custas judiciais e


emolumentos tendo por parâmetro o valor da causa ou do bem ou negócio objeto dos atos
judiciais e extrajudiciais, desde que definidos limites mínimo e máximo e mantida uma
razoável e proporcional correlação com o custo da atividade. Na linha da jurisprudência
desta Corte, essa forma de cálculo é plenamente admitida, visto que os parâmetros fixados
não constituem a base de cálculo da taxa respectiva, mas apenas um critério para a sua
incidência, haja vista ser impossível aferir, em cada caso, o efetivo custo do serviço (1).
Ademais, inexiste violação à garantia constitucional de prestação jurisdicional e ao acesso à
Justiça, visto que a lei permite ao juiz, em cada caso concreto, verificar a necessidade da
concessão do benefício da justiça gratuita e, consequentemente, isentar a parte do
pagamento das custas judiciais. Com base nesse entendimento, o Plenário, por
unanimidade, julgou improcedente a ação para declarar a constitucionalidade da Lei
1.286/2001 do Estado do Tocantins. (1) Precedentes citados: ADI 3826; ADI 3887; ADI 1948 e
RE 177835. ADI 2846/TO, relator Min. Ricardo Lewandowski, julgamento virtual finalizado
em 13.9.2022 (Info. 1.067)

*(Atualizado em 05/11/2022) #DEOLHONAJURIS ‐ É inconstitucional a cobrança de taxa de


segurança para eventos, visto que a segurança pública deve ser remunerada por meio de
impostos, já que constitui serviço geral e indivisível, devido a todos os cidadãos,
independentemente de contraprestação. O serviço de segurança pública tem natureza
universal e é prestado a toda a coletividade, mesmo na hipótese de o Estado se ver na
contingência de fornecer condições específicas de segurança a certo grupo. Como a sua
finalidade é a preservação da ordem pública e da incolumidade pessoal e patrimonial
(CF/1988, art. 144), é dever do Estado atuar com os seus próprios recursos, ou seja, sem
exigir contraprestação específica dos cidadãos. Nesse contexto, é inviável remunerá‐lo
mediante taxa, sob pena de violar disposição constitucional expressa que preceitua a
possibilidade desse tributo ser cobrado em virtude do exercício do poder de polícia ou da
utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao

23
contribuinte ou postos a sua disposição (CF/1988, art. 145, II). Com base nesse
entendimento, o Plenário, por unanimidade, julgou procedente a ação para declarar a
inconstitucionalidade da Lei 1.732/1997 e, por arrastamento, do Decreto 19.972/1998,
ambos do Distrito Federal. STF, ADI 2692/DF, relator Min. Nunes Marques, julgamento
virtual finalizado em 30.9.2022 (Info. 1070).

*(Atualizado em 19/08/2023) #DEOLHONAJURIS É inconstitucional norma municipal que


institui taxa em razão da fiscalização da ocupação e da permanência de postes instalados
em suas vias públicas
É inconstitucional lei municipal que, sob o fundamento do exercício do poder de polícia,
institui taxa em razão da fiscalização da ocupação e da permanência de postes instalados em
suas vias públicas.
Essa norma viola a competência privativa da União para legislar sobre energia (art. 22, IV,
CF/88) e a competência exclusiva da União para fiscalizar os serviços de energia e editar suas
normas gerais sobre sua transmissão (arts. 21, XII, “b”; e 175, CF/88).
STF. Plenário. ADPF 512/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 22/05/2023 (Info 1095).

#DEOLHONASSÚMULAS:
Súmula 407‐STJ: É legítima a cobrança da tarifa de água fixada de acordo com as categorias
de usuários e as faixas de consumo.
Súmula 412‐STJ: A ação de repetição de indébito de tarifas de água e esgoto sujeita‐se ao
prazo prescricional estabelecido no Código Civil.

#SELIGA: Existe diferença entre taxa e preço público? A taxa é um tributo, sendo, portanto,
objeto de uma obrigação instituída por lei; já o preço é obrigação contratual, assumida
voluntariamente – ao contrário da taxa, que é imposta pela lei a todas as pessoas que se
encontrem na situação de usuários (efetivos ou potenciais) de determinado serviço estatal.

E a tarifa?
A tarifa, uma espécie de preço público, é o preço de venda do bem, exigido por empresas
prestacionistas de serviços públicos (concessionárias e permissionárias), como se fossem
vendedoras.

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Segundo Eduardo Sabbag, “a característica essencial que deve diferenciar taxa de preço
público está na inerência ou não da atividade à função do Estado. Ou seja, se houver notória
vinculação do serviço com o desempenho de função estatal, teremos a taxa. Por outro lado,
se houver desvinculação deste serviço com a ação estatal, inexistindo óbice ao desempenho
da atividade por particulares, teremos a tarifa. Nesse passo, ressalte‐se que, hodiernamente,
o critério considerado importante para distinguir tais institutos não é o de saber se o
pagamento é voluntário ou compulsório, mas, sim, de averiguar se a atividade
concretamente executada pelo Poder Público configura um serviço público ou não. Nesse
passo, sempre que o serviço, específico e divisível, deva ser prestado pela Administração
Pública diretamente, por ordem constitucional ou legal, o regime será o de taxa, mesmo que
a lei adote outro. Nos casos em que a realização do serviço puder ser delegada a outra
entidade, pública ou privada, o legislador poderá escolher entre o regime de taxa e o de
tarifa (sobre este tema, ver julgado, da lavra do Ministro Carlos Velloso, no RE
209.365‐3/SP).”

E o pedágio?
Conforme entendimento do STF (ADI 800), o pedágio cobrado pela efetiva utilização de
rodovias conservadas pelo Poder Público, cuja cobrança está autorizada pelo inciso V, parte
final, do art. 150 da Constituição de 1988, não tem natureza jurídica de taxa, mas sim de
preço público, não estando a sua instituição, consequentemente, sujeita ao princípio da
legalidade estrita”.

*(Atualizado em 09/02/2023) #DEOLHONAJURIS É possível a cobrança da tarifa de


esgotamento sanitário ainda que não haja o cumprimento de todas as etapas do serviço. Ag
1.308.764‐RJ, Rel. Ministro Francisco Falcão, Segunda Turma, por unanimidade, julgado em
16/8/2022, DJe 22/8/2022. (Info Ed. Esp. 8‐ STJ)

4.3 Contribuição de melhoria

Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes
tributos:
III ‐ contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.

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Esse tributo, a exemplo das taxas, conecta‐se com determinada atuação estatal,
qual seja, a realização de uma obra pública de que decorra, para os proprietários de imóveis
adjacentes, uma valorização de suas propriedades.

São, pois, tributos vinculados de competência comum entre União, Estados,


Distrito Federal e Municípios, cobrados quando a realização de uma obra pública causa
acréscimo no valor do imóvel localizado nas áreas beneficiadas direta ou indiretamente
pela obra. Assim, a melhoria decorre diretamente da obra, sendo diretamente proporcional
essa correspondência.

#ATENÇÃO: A contribuição de melhoria não se legitima pela simples realização da obra.

A doutrina aponta que o fundamento último para a instituição dessa espécie


tributária é evitar o locupletamento injustificado de proprietários favorecidos por obras
públicas.

A grande semelhança entre serviços públicos e obras públicas vem criando


dificuldades para identificar se, em face de uma determinada atividade estatal, o tributo
correto a ser cobrado seria taxa ou contribuição de melhoria. Para o Direito Administrativo,
a diferença entre obra e serviço deve ser feita com base no critério da preponderância. Se
em determinada atuação prepondera o resultado final sobre a atividade, trata‐se de uma
obra pública. É o caso do asfaltamento de rua (pavimentação), verdadeira obra pública
ensejadora, se valorizar imóvel particular, da cobrança de contribuição de melhoria.

#ATENÇÃO: “A realização de pavimentação nova, suscetível de vir a caracterizar benefício


direto a imóvel determinado com incremento do seu valor pode justificar a cobrança de
contribuição de melhoria, o que não acontece com o “mero recapeamento de via pública já
asfaltada”, que constitui simples serviço de manutenção e conservação.” RE 116.148, STF.
#ATENÇÃO: Decisão: Vistos. Município de Tupã interpõe recurso extraordinário, com
fundamento na alínea “a”do permissivo constitucional, contra decisão que negou
provimento aos embargos infringentes, consignando que: “(...) No caso vertente, é

26
pressuposto do tributo, portanto, que o imóvel beneficiado tenha seu valor aumentado em
razão da obra. No entanto, o bem pertencente ao contribuinte, conforme restou provado
no autos, já era servido por pavimentação asfáltica, de forma que o mero reparo, ainda
que sob a forma de recapeamento, não é capaz de trazer ao imóvel nem uma sensível
valorização. Nenhum imóvel vale mais ou menos porque o asfalto passa em sua frente está
em bom ou mau estado de conservação. Com efeito, não havendo sequer sensível
valorização do bem, é manifestamente ilegal a cobrança do tributo, mormente na forma
que lhe é peculiar, ou seja, contribuição de melhoria. E diga‐se de passagem, mesmo que
no caso fosse possível a cobrança por meio de taxa, o recapeamento asfáltico não guarda a
característica de ser divisível, indispensável à espécie. O asfalto que passa pela frente de
um imóvel beneficia a população de um modo geral, ou seja, é ‘uti universi’, por natureza
imensuráveis individualmente, insuscetível portanto de ser cobrado por meio de taxa (…)”.
Alega o recorrente violação dos artigos 30, III, e 145, II, da Constituição Federal, uma vez
que: “A r. Sentença dos Embargos Infringentes, prolatada pelo MM Juízo de primeira
instância às fls. 54/58, e manteve a r. sentença de fls. 39/43, negando provimento, julgou
ilegal a taxa de pavimentação (melhoria asfáltica), quando, na verdade, através de tais
normas nada mais se fez do que se exercitar a competência municipal, assegurada pela
própria Lei Maior”. Contra‐arrazoado, o recurso extraordinário foi admitido. Decido. Não
merece trânsito o apelo extremo. Verifico que o art. 30, III, da Constituição Federal carece do
necessário prequestionamento, sendo certo que não foram opostos embargos de declaração
para sanar eventual omissão no acórdão recorrido. Incidem na espécie as Súmulas nºs 282 e
356 desta Corte. Ademais, o Plenário desta Corte, no julgamento do RE nº 140.779/SP,
Relator o Ministro Ilmar Galvão, entendeu pela impossibilidade da remuneração do serviço
de pavimentação asfáltica por meio de taxa, já que o tributo tem por fato gerador benefício
resultante de obra pública, próprio de contribuição de melhoria. O julgado restou assim do:
“EMENTA: TRIBUTÁRIO. MUNICÍPIO DE SANTO ANDRÉ/SP. TAXA DE PAVIMENTAÇÃO
ASFÁLTICA. LEI Nº 3.999/72, ART. 244. INCONSTITUCIONALIDADE. Tributo que tem por fato
gerador benefício resultante de obra pública, próprio de contribuição de melhoria, e não a
utilização, pelo contribuinte, de serviço público específico e divisível, prestado ao
contribuinte ou posto à sua disposição. Impossibilidade de sua cobrança como contribuição,
por inobservância das formalidades legais que constituem o pressuposto do lançamento
dessa espécie tributária. Inocorrência da alegada afronta ao art. 18, II, da EC 01/69.

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Inconstitucionalidade, que se declara, do art. 276 da Lei nº 3.999, de 29 de dezembro de
1972, do Município de Santo André/SP. Recurso não conhecido” (DJ de 8/9/95). No mesmo
sentido: RE nº 579.574/RJ, Relator o Ministro Ayres Britto, DJe de 2/4/12. Ante o exposto,
nos termos do artigo 557, caput, do Código de Processo Civil, nego seguimento ao recurso
extraordinário. Publique‐se. Brasília, 17 de dezembro de 2012.Ministro Dias
ToffoliRelatorDocumento assinado digitalmente. (STF ‐ RE: 704954 SP, Relator: Min. DIAS
TOFFOLI, Data de Julgamento: 17/12/2012, Data de Publicação: DJe‐023 DIVULG 01/02/2013
PUBLIC 04/02/2013)

O valor exigido do sujeito passivo a título de contribuição de melhoria encontra


dois limites estabelecidos pela legislação: a) limite total; b) limite individual. O limite total
ou global é a despesa realizada (custo da obra). O limite individual está vinculado à
condição de cada imóvel isoladamente analisada.

Art. 81, CTN. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito
Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para
fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como
limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra
resultar para cada imóvel beneficiado.

4.4. Empréstimo compulsório

Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios:
I ‐ para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra
externa ou sua iminência;
II ‐ no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional,
observado o disposto no art. 150, III, "b".
Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será
vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.

Art. 15, CTN. Somente a União, nos seguintes casos excepcionais, pode instituir empréstimos
compulsórios:

28
I ‐ guerra externa, ou sua iminência;
II ‐ calamidade pública que exija auxílio federal impossível de atender com os recursos
orçamentários disponíveis;
III ‐ conjuntura que exija a absorção temporária de poder aquisitivo.
Parágrafo único. A lei fixará obrigatoriamente o prazo do empréstimo e as condições de seu
resgate, observando, no que for aplicável, o disposto nesta Lei.

Corresponde ao ingresso de recursos temporários nos cofres do Estado, gerando,


em sequência, a obrigação do Estado de restituir a importância auferida. Os recursos
arrecadas devem ser destinados ao atendimento das despesas que fundamentaram a
instituição do empréstimo. A competência para instituição dos empréstimos compulsórios é
exclusiva da União.

Sua instituição ocorre por meio de LEI COMPLEMENTAR. Assim, é uma exceção à
regra de que os tributos em geral são instituídos por lei ordinária.

A Constituição Federal prevê a instituição de empréstimos compulsórios pela União


em duas situações:
a) despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública e de guerra
externa efetiva ou iminente;
b) investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional.

#NÃOCONFUNDA: A Constituição Federal não indica quais os possíveis fatos geradores dos
empréstimos compulsórios. Ela apenas define situações (guerra externa ou sua iminência,
calamidade pública, investimento público urgente e relevante) que condicionam o exercício
da competência tributária e direcionam a aplicação do produto da arrecadação. À lei
complementar que instituir o empréstimo compulsório caberá definir‐lhe o fato gerador

A calamidade pública deve corresponder a uma situação emergencial transitória


provocada pela ação humana ou evento da natureza e cujo enfrentamento exija uma
captação extraordinária de recursos pelo Poder Público junto à iniciativa privada. Embora a
competência para instituição de empréstimos compulsórios seja exclusiva da União, a

29
calamidade pública não precisa ser de proporção nacional, podendo ter seu alcance restrito
ao âmbito territorial até mesmo de um único Município. Nesse caso, o empréstimo
compulsório é de cobrança imediata, não se sujeitando nem à anterioridade anual, nem à
nonagesimal, podendo ser cobrado no dia seguinte ao da publicação da lei complementar.

Não existe qualquer possibilidade de criação de empréstimo compulsório para


custear guerra interna, civil ou de secessão. Nesse caso de guerra externa ou sua iminência,
o empréstimo compulsório também será cobrado imediatamente (não precisar observar a
anterioridade).

Por outro lado, no caso de investimento público de caráter urgente e relevante


interesse nacional predomina amplamente a orientação segundo a qual deve observar
simultaneamente a anterioridade anual e nonagesimal.

#ATENÇÃO: O art. 15, III, do CTN foi tacitamente revogado pela Constituição de 1988 na
medida em que as únicas hipóteses de empréstimo compulsório para despesas
extraordinárias são aquelas previstas no art. 148, I, do Texto Maior (calamidade pública e
guerra externa).

A lei complementar de criação dessa espécie tributária sempre deve declarar para
qual finalidade a exação está sendo instituída.

#DEOLHONAJURIS: Segundo o STF, a restituição precisa ser efetuada na mesma espécie em


que o tributo foi recolhido (isto é, se foi pago em dinheiro o resgate deve ser em dinheiro).
RE 175.385/CE.

*#STJ: No empréstimo compulsório sobre energia elétrica, são devidos juros remuneratórios
sobre a diferença de correção monetária não paga nem convertida em ações, no percentual
de 6% ao ano, nos termos do art. 2º do Decreto‐Lei nº 1.512/76. STJ. 1ª Seção. EDv nos
EAREsp 790.288‐PR, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 12/06/2019 (Info 656).

4.5 Contribuições sociais, econômicas e corporativas

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O art. 149 da Constituição Federal agrupa três figuras indicadas como
“contribuições”:

‐ Contribuições sociais;
‐ Contribuições de intervenção no domínio econômico;
‐ Contribuições de interesse de categorias profissionais ou econômicas.

Todas elas são de competência da União, que deve utilizá‐las como instrumento de
sua atuação nas respectivas áreas.

Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no


domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como
instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e
150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que
alude o dispositivo.
§ 1º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, por meio de lei,
contribuições para custeio de regime próprio de previdência social, cobradas dos servidores
ativos, dos aposentados e dos pensionistas, que poderão ter alíquotas progressivas de acordo
com o valor da base de contribuição ou dos proventos de aposentadoria e de pensões.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) (Vigência)
§ 1º‐A. Quando houver deficit atuarial, a contribuição ordinária dos aposentados e
pensionistas poderá incidir sobre o valor dos proventos de aposentadoria e de pensões que
supere o salário‐mínimo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
(Vigência)
§ 1º‐B. Demonstrada a insuficiência da medida prevista no § 1º‐A para equacionar o deficit
atuarial, é facultada a instituição de contribuição extraordinária, no âmbito da União, dos
servidores públicos ativos, dos aposentados e dos pensionistas. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 103, de 2019) (Vigência)
§ 1º‐C. A contribuição extraordinária de que trata o § 1º‐B deverá ser instituída
simultaneamente com outras medidas para equacionamento do deficit e vigorará por
período determinado, contado da data de sua instituição. (Incluído pela Emenda

31
Constitucional nº 103, de 2019) (Vigência)

#ATENÇÃO: O §1º do art. 149 determina que a União, aos Estados, o Distrito Federal e os
Municípios instituam contribuições, cobráveis de seus funcionários, para o custeio, em
benefício destes, de sistema previdenciário. Essas exações participam da natureza das
contribuições sociais, destinadas à seguridade social, embora atuem no âmbito restrito do
funcionalismo público dos Estados, DF e Municípios.

#OLHAOGANCHO #DEOLHONAJURIS: A partir de 14/4/2010 deve ser reconhecida a


natureza contratual da relação firmada entre os servidores do Estado de Minas Gerais e o
IPSEMG, instituída pelo art. 85 da Lei Complementar Estadual nº 64/2002, sendo garantida a
restituição de indébito somente àqueles que, após essa data, não tenham aderido expressa
ou tacitamente aos serviços de saúde disponibilizados. STJ. 1ª Seção. REsp 1348679‐MG, Rel.
Min. Herman Benjamin, julgado em 23/11/2016 (recurso repetitivo) (Info 604).
*(Atualizado em 30/01/2021) #DEOLHONAJURIS As receitas decorrentes das operações de
vendas de mercadorias destinadas à Zona Franca de Manaus devem ser excluídas da base de
cálculo da contribuição previdenciária sobre a receita bruta (CPRB) A Contribuição
Previdenciária sobre a Receita Bruta (CPRB) é uma contribuição social, de competência da
União, destinada a custear a Previdência Social. Foi instituída pela MP 540/2011, convertida
na Lei nº 12.546/2011. Inicialmente, esta Contribuição foi prevista para perdurar até
31/12/2014, mas acabou sendo prorrogada até que, a partir do advento da MP 651/2014,
ela se tornou definitiva. O art. 9º, II, “a”, da Lei nº 12.546/2011 afirma que a receita bruta
decorrente de exportações está excluída da base de cálculo da CPRB. O art. 4º do Decreto‐
Lei nº 288/1967 diz que, se uma mercadoria é vendida para a Zona Franca de Manaus, isso é
como se fosse uma exportação, ou seja, uma venda para o exterior. Em razão disso,
entende‐se que as vendas de mercadorias para a Zona Franca de Manaus são alcançadas
pela regra do art. 9º, II, da Lei nº 12.546/2011. Logo, as receitas decorrentes das operações
de vendas de mercadorias destinadas à Zona Franca de Manaus devem ser excluídas da base
de cálculo da contribuição previdenciária sobre a receita bruta (CPRB). STJ. 1ª Turma. REsp
1.579.967‐RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 08/09/2020 (Info 681).

*(Atualizado em 17/12/2021) Os valores recolhidos a título de CPRB integram a base de

32
cálculo do PIS e da COFINS. Os valores recolhidos a título de Contribuição Previdenciária
sobre a Receita Bruta ‐ CPRB integram a base de cálculo do PIS e da COFINS. STJ. 1ª Turma.
REsp 1.945.068‐RS, Rel. Min. Manoel Erhardt (Desembargador convocado do TRF da 5ª
Região), julgado em 05/10/2021 (Info 712).

Contribuições especiais são, portanto, tributos finalísticos qualificados pela


destinação. Em regra, compete à União instituir contribuições especiais, com exceção
daquelas previstas nos arts. 149, §1º, e 149‐A, da CF.

a) Contribuições destinadas à seguridade social (ou contribuições sociais)


**(ATUALIZADO EM 27/01/2024)
#REFORMATRIBUTÁRIA
ANTES DA EC 132/2023 DEPOIS DA EC 132/2023

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Art. 195. A seguridade social será financiada por toda Art. 195. A seguridade social será financiada por
a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos
da lei, mediante recursos provenientes dos termos da lei, mediante recursos provenientes dos
orçamentos da União, dos Estados, do Distrito orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, e das seguintes Federal e dos Municípios, e das seguintes
contribuições sociais: (Vide Emenda Constitucional contribuições sociais: (Vide Emenda Constitucional
nº 20, de 1998) nº 20, de 1998)
I ‐ do empregador, da empresa e da entidade a ela I ‐ do empregador, da empresa e da entidade a ela
equiparada na forma da lei, incidentes sobre: equiparada na forma da lei, incidentes
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de sobre: (Redação dada pela Emenda
1998) Constitucional nº 20, de 1998)
a) a folha de salários e demais rendimentos do a) a folha de salários e demais rendimentos do
trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à
pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem
vínculo empregatício; (Incluído pela Emenda vínculo empregatício; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 20, de 1998) Constitucional nº 20, de 1998)
b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela
Constitucional nº 20, de 1998) Emenda Constitucional nº 20, de 1998) (Vide
c) o lucro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº Emenda Constitucional nº 132, de 2023) Vigência
20, de 1998) c) o lucro; (Incluído pela Emenda Constitucional
II ‐ do trabalhador e dos demais segurados da nº 20, de 1998)
previdência social, podendo ser adotadas alíquotas II ‐ do trabalhador e dos demais segurados da
progressivas de acordo com o valor do salário de previdência social, podendo ser adotadas alíquotas
contribuição, não incidindo contribuição sobre progressivas de acordo com o valor do salário de
aposentadoria e pensão concedidas pelo Regime contribuição, não incidindo contribuição sobre
Geral de Previdência Social; (Redação dada pela aposentadoria e pensão concedidas pelo Regime
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) Geral de Previdência Social; (Redação dada pela
III ‐ sobre a receita de concursos de prognósticos. Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
IV ‐ do importador de bens ou serviços do exterior, III ‐ sobre a receita de concursos de prognósticos.
ou de quem a lei a ele equiparar. (Incluído pela IV ‐ do importador de bens ou serviços do exterior,
Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) ou de quem a lei a ele equiparar. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 42, de
19.12.2003) (Vide Emenda Constitucional nº 132,
de 2023) Vigência
34 V ‐ sobre bens e serviços, nos termos de lei
complementar. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 132, de 2023)
Esse rol não é exaustivo, pois o art. 195, §4º, da CF abre a possibilidade de a lei
instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social.
É uma disciplina análoga à da competência residual conferida à União para a criação de
novos impostos. Mas essas novas contribuições não poderão ter natureza cumulativa nem
fato gerador ou base de cálculo próprios dos impostos já discriminados na Constituição
Federal.

As contribuições sociais devem respeitar a regra da anterioridade nonagesimal.

Art. 195, CF. § 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas
após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou
modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, "b".

É importante não confundir contribuições sociais, que são todas aquelas voltadas
genericamente ao custeio da Seguridade Social (Previdência + Assistência + Saúde), com
contribuições previdenciárias. Contribuições previdenciárias são somente aquelas
especificamente destinadas a custear benefícios previdenciários, devidas pelos segurados e
pelas empresas.

Segundo o STF, entendem‐se como “contribuições sociais” as (I) contribuições


sociais gerais (aquelas não destinadas à seguridade), as (II) contribuições de seguridade
social e as (III) outras contribuições sociais.

As “contribuições sociais gerais” são de competência da União e estão regradas


pelo mesmo regime jurídico das demais contribuições previstas no art. 149 da CF. Sujeitam‐
se integralmente ao regime constitucional tributário, sem comportar nenhuma exceção.
Além disso, são instituídas por lei ordinária e observam o princípio da anterioridade comum.

As “contribuições sociais gerais” são a contribuição ao salário‐educação (art. 212, §


5.º, da CF) e as contribuições ao Sistema “S” (art. 240 da CF).

35
Já as contribuições para a seguridade social possuem quatro fontes de custeio,
previstas no art. 195, I a IV, da CF: o importador (art. 195, IV, da CF); a receita de loterias
(art. 195, III, da CF); o trabalhador (art. 195, II, da CF); o empregador e empresa (art. 195, I,
da CF).

Por fim, o STF associa as “outras contribuições” às que podem ser criadas no plano
da competência residual da União, conforme se prevê no art. 195, § 4.º, da CF.
#REFORMATRIBUTÁRIA – Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) #AJUDAMARCINHO!
*(ATUALIZADO EM 27/01/2024)
CF, Art. 195 (...)
V ‐ sobre bens e serviços, nos termos de lei complementar. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 132, de 2023)
A Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) é incorporada no art. 195, inciso V da
Constituição Federal. Esta inclusão indica que a sua regulamentação e implementação
devem ocorrer através de lei complementar, uma abordagem que se diferencia da norma
geral para outras contribuições, as quais normalmente não exigem lei complementar para
sua instituição.

Isto porque, o Supremo Tribunal Federal(STF) entende que a maioria das


contribuições pode ser instituída por lei ordinária, com exceção de novas contribuições da
seguridade social.
#DEOLHONAJURIS!
“À lei ordinária compete dispor sobre fatos geradores, bases de cálculo e
contribuintes quanto à espécie tributária das contribuições, não sendo exigível a edição de
lei complementar para a temática, ex vi do art. 146, III, alínea ‘a’, da Constituição. 2. A
extinção de contribuição pode ser realizada por lei ordinária, em paralelismo à regra
segundo a qual não é obrigatória a aprovação de lei complementar para a criação de
contribuições, sendo certo que a Carta Magna apenas exige o veículo legislativo da lei
complementar no caso das contribuições previdenciárias residuais, nos termos do art. 195, §
4º, da Constituição.” (...)
(ADI 5794, Relator(a): EDSON FACHIN, Relator(a) p/ Acórdão: LUIZ FUX, Tribunal

36
Pleno, julgado em 29‐06‐2018, PROCESSO ELETRÔNICO DJe‐083 DIVULG 22‐04‐2019 PUBLIC
23‐04‐2019)
Entretanto, a CBS inova ao exigir lei complementar para sua criação e para
estabelecer os parâmetros gerais de sua aplicação.
A alíquota de referência será fixada por Resolução do Senado Federal, observadas a
forma de cálculo e os limites previstos em LC, nos termos do art. 130 do ADCT, sendo
facultado à União, entretanto, fixar a sua própria alíquota por meio de lei ordinária (art. 195,
V e § 15 da CF c/c o art. 130 do ADCT).
A CBS compartilha diversas regras com o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS),
incluindo princípios como neutralidade, incidência sobre operações de bens e serviços (tanto
materiais quanto imateriais, incluindo direitos), além de regras sobre importação e
exportação de produtos.
A Constituição estabelece que o valor da CBS deve ser especificado nos documentos
fiscais, assim como ocorre com o IBS. Além disso, a CBS não será incluída em sua própria
base de cálculo nem na base de cálculo de outros impostos e contribuições, com exceções
especificadas no art. 195, § 17.
Em relação ao sujeito passivo da CBS, a lei complementar poderá definir que seja a
pessoa que participa do pagamento da operação, mesmo que esteja no exterior. Essa
disposição busca facilitar a administração tributária, especialmente em operações digitais ou
na economia digital.
Além disso, a CBS será regulamentada por um conjunto de regras que inclui regimes
específicos de tributação para determinados setores, conforme estipulado no art. 156‐A, §
6º da Constituição. Isso inclui combustíveis, lubrificantes, serviços financeiros, entre outros.
A lei complementar também será fundamental para estabelecer as regras de compensação
da CBS, incluindo as condições para o aproveitamento de créditos e a possibilidade de
diferimento e desoneração em regimes aduaneiros especiais e zonas de processamento de
exportação.
Outro ponto relevante é o "cashback" da CBS, que será regulamentado por lei
ordinária, conforme o art. 195, § 18, da Constituição, uma vez que não consta
expressamente lei complementar. Este mecanismo visa devolver parte do imposto pago,
com o objetivo de reduzir desigualdades de renda.
Por fim, a CBS e o IBS compartilham aspectos de administração tributária, incluindo a

37
troca de informações fiscais e esforços para harmonizar normas e procedimentos, como
indicado no art. 156‐B, §§ 6º e 7º da Constituição. Há também a possibilidade de integração
do contencioso administrativo relativo a ambos os tributos, conforme o art. 156‐B, § 8º.

#ATENÇÃO: Por força do art. 195, § 4º, da CF, a criação de novas fontes de custeio da
seguridade deve obedecer aos seguintes condicionamentos: a) competência exclusiva da
União; b) necessidade de lei complementar; c) vedação de edição de medida provisória para
tal finalidade; d) o tributo deve ser não cumulativo; e) não pode ter fato gerador ou base de
cálculo já utilizados para arrecadação de outra contribuição já existente.

#JÁCAIU:
(TJSP 188, 2019) Com relação às contribuições sociais, pode‐se afirmar que constituem
espécie de tributo e diferem dos impostos pela destinação do produto da arrecadação.

b) Contribuições para intervenção no domínio econômico

São tributos federais utilizados pela União como ferramenta de regulação sobre
setores estratégicos da economia. Submetem‐se às duas anterioridades (anual e
nonagesimal).

Existem atividades econômicas que necessitam sofrer intervenção do Estado


Federal, de modo a se provocar ora um controle fiscalizatório, regulando o fluxo de
produção, ora uma atividade de fomento, tendente à melhoria do setor beneficiado,
pontualmente selecionada. Assim, as CIDEs devem ter as finalidades ligadas às disposições
constitucionais relativas à ordem econômica e financeira, sob a égide do art. 170, I a IX e
seguintes da CF.

Segundo as regras constitucionais específicas, não incidirão sobre receitas


decorrentes de exportação; incidirão sobre a importação de produtos estrangeiros ou
serviços; poderão ter alíquotas: a) ad valorem (variáveis conforme o valor do bem): tendo
por base o faturamento, a receita bruta ou o valor da operação e, no caso da importação, o
valor aduaneiro; b) específica: tendo por base a unidade de medida adotada.

38
#DEOLHONAJURIS: A contribuição destinada ao SEBRAE possui natureza de contribuição de
intervenção no domínio econômico (art. 149 da CF/88) e não necessita de edição de lei
complementar para ser instituída. STF. Plenário. RE 635682/RJ, rel. Min. Gilmar Mendes,
25/4/2013. (Info 703)

*(Atualizada em 07/12/2020) #DEOLHONAJURIS: As contribuições devidas ao Sebrae, à


Apex e à ABDI com fundamento na Lei nº 8.029/90 foram recepcionadas pela Emenda
Constitucional 33/2001. STF. Plenário. RE 603624/SC, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o ac.
Min. Alexandre de Moraes, julgado em 23/09/2020 (Repercussão Geral – Tema 325) (Info
992).

#DEOLHONASÚMULA:
Súmula 499‐STJ: As empresas prestadoras de serviços estão sujeitas às contribuições ao Sesc
e Senac, salvo se integradas noutro serviço social.

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: As entidades dos serviços sociais autônomos não


possuem legitimidade passiva nas ações judiciais em que se discute a relação jurídico‐
tributária entre o contribuinte e a União e a repetição de indébito das contribuições sociais
recolhidas. Os serviços sociais são meros destinatários de subvenção econômica e, como
pessoas jurídicas de direito privado, não participam diretamente da relação jurídico‐
tributária entre contribuinte e ente federado. O direito que tais entidades possuem à receita
decorrente da subvenção não gera interesse jurídico a ponto de justificar a ocorrência de
litisconsórcio com a União. O interesse dos serviços sociais autônomos nesta lide é reflexo e
meramente econômico. STJ. 1ª Seção. EREsp 1.619.954‐SC, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado
em 10/04/2019 (Info 646).

*(Atualizado em 20/06/2020) #DEOLHONAJURIS O Regulamento das Telecomunicações


Internacionais ‐ RTI não desobriga que as empresas de telefonia do Brasil retenham IRPJ e
CIDE incidentes sobre os valores remetidos ao exterior e destinados ao pagamento de
serviços prestados por empresas em outros países O Regulamento das Telecomunicações
Internacionais ‐ RTI só alcança os tributos incidentes sobre serviços importados, não

39
determinando a exclusão de outros tributos sobre a remessa do pagamento, como o IRPJ e a
CIDE. STJ. 1ª Turma. REsp 1.772.678‐DF, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 05/03/2020
(Info 667).

c) Contribuições no interesse de categorias profissionais ou econômicas

São tributos destinados ao custeio das atividades das instituições fiscalizadoras e


representativas de categorias econômicas ou profissionais, que exercem funções
legalmente reputadas como de interesse público. Também chamadas de contribuição‐
anuidade, buscam prover de recursos os órgãos controladores e fiscalizadores das
profissões, ou seja, os Conselhos Regionais de Fiscalização, como o CREA, CRM, CRC, CRE,
entre outros, cujas atividades são legalmente entendidas como de interesse público. Esses
órgãos são, geralmente, pessoas jurídicas de direito público. Estão submetidas à
anterioridade anual e nonagesimal.

O fato gerador dessas contribuições reside no exercício, pelo contribuinte, de


determinada atividade profissional ou econômica, a que se atrelam as funções de interesse
público exercidas pela entidade credora das contribuições (fiscalização, representatividade,
defesa de interesses etc.).

As entidades profissionais exercem a atribuição administrativa de cobrar o tributo,


podendo também aplicar os recursos arrecadados em suas finalidades, mas a instituição e
regramento normativo da contribuição constituem competências indelegáveis da União.

#OLHAOGANCHO: São compatíveis com a Constituição Federal os dispositivos da Lei nº


13.467/2017 (Reforma Trabalhista) que extinguiram a obrigatoriedade da contribuição
sindical e condicionaram o seu pagamento à prévia e expressa autorização dos filiados. No
âmbito formal, o STF entendeu que a Lei nº 13.467/2017 não contempla normas gerais de
direito tributário (art. 146, III, “a”, da CF/88). Assim, não era necessária a edição de lei
complementar para tratar sobre matéria relativa a contribuições. Também não se aplica ao
caso a exigência de lei específica prevista no art. 150, § 6º, da CF/88, pois a norma
impugnada não disciplinou nenhum dos benefícios fiscais nele mencionados, quais sejam,

40
subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou
remissão. Sob o ângulo material, o STF afirmou que a Constituição assegura a livre
associação profissional ou sindical, de modo que ninguém é obrigado a filiar‐se ou a manter‐
se filiado a sindicato (art. 8º, V, da CF/88). O princípio constitucional da liberdade sindical
garante tanto ao trabalhador quanto ao empregador a liberdade de se associar a uma
organização sindical, passando a contribuir voluntariamente com essa representação. Não
há nenhum comando na CF/88 determinando que a contribuição sindical é compulsória. Não
se pode admitir que o texto constitucional, de um lado, consagre a liberdade de associação,
sindicalização e expressão (art. 5º, IV e XVII, e art. 8º) e, de outro, imponha uma contribuição
compulsória a todos os integrantes das categorias econômicas e profissionais. STF. Plenário.
ADI 5794/DF, Rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, julgado em 29/6/2018 (Info
908).

É inconstitucional, por ofensa ao princípio da legalidade tributária, lei que delega aos
conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas a competência de fixar ou majorar,
sem parâmetro legal, o valor das contribuições de interesse das categorias profissionais e
econômicas, usualmente cobradas sob o título de anuidades, vedada, ademais, a atualização
desse valor pelos conselhos em percentual superior aos índices legalmente previstos. STF.
Plenário. RE 704292/PR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 19/10/2016 (repercussão geral)
(Info 844).

A Lei nº 12.514/2011, que trata sobre as contribuições (anuidades) devidas aos Conselhos
Profissionais, é constitucional. Sob o ponto de vista formal, esta Lei, apesar de ser fruto de
uma MP que originalmente dispunha sobre outro assunto, não pode ser declarada
inconstitucional porque foi editada antes do STF declarar ilegítima a prática do “contrabando
legislativo” (ADI 5127/DF). Ainda quanto ao aspecto formal, esta Lei não trata sobre normas
gerais de Direito Tributário, motivo pelo qual não precisava ser veiculada por lei
complementar. Sob o ponto de vista material, a Lei respeitou os princípios da capacidade
contributiva, da vedação ao confisco e da legalidade. STF. Plenário. ADI 4697/DF, Rel. Min.
Edson Fachin, julgado em 06/10/2016 (Info 842).

c) Contribuição para iluminação pública

41
*(ATUALIZADO EM 27/01/2024)
#REFORMATRIBUTÁRIA
ANTES DA EC 132/2023 DEPOIS DA EC 132/2023
Art. 149‐A Os Municípios e o Distrito Federal Art. 149‐A. Os Municípios e o Distrito Federal
poderão instituir contribuição, na forma das poderão instituir contribuição, na forma das
respectivas leis, para o custeio do serviço de respectivas leis, para o custeio, a expansão e a
iluminação pública, observado o disposto no art. melhoria do serviço de iluminação pública e de
150, I e III. (Incluído pela Emenda Constitucional nº sistemas de monitoramento para segurança e
39, de 2002) preservação de logradouros públicos, observado o
Parágrafo único. É facultada a cobrança da disposto no art. 150, I e III. (Redação dada pela
contribuição a que se refere o caput, na fatura de Emenda Constitucional nº 132, de 2023)
consumo de energia elétrica.
Parágrafo único. É facultada a cobrança da
contribuição a que se refere o caput, na fatura de
consumo de energia elétrica. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 39, de 2002)

A competência constitucional para a instituição da contribuição de iluminação


pública (COSIP) foi deferida aos Municípios e ao Distrito Federal.

Para a criação da COSIP, basta a edição de lei ordinária municipal, não sendo
necessário atender ao disposto no art. 146, III, “a”, da CF/88. Quer dizer, não seria
necessária a edição de lei complementar nacional que trace normas gerais sobre a exação.

Segundo o STF, é constitucional a aplicação dos recursos arrecadados por meio de


contribuição para o custeio da iluminação pública na expansão e aprimoramento da rede
(STF. Plenário. RE 666404, Rel. Marco Aurélio, Relator(a) p/ Acórdão: Alexandre de Moras,
julgado em 18/08/2020 (Repercussão Geral ‐ Tema 696).

Assim, já entendia o STF que o constituinte não pretendeu limitar o custeio do


serviço de iluminação pública apenas às despesas de sua execução e manutenção. Pelo
contrário, deixou margem a que o legislador municipal pudesse instituir a referida

42
contribuição de acordo com a necessidade e interesse local, conforme disposto no art. 30, I e
III, da CF.

Dessa forma, o que a EC 132/2023 trouxe foi apenas a ratificação do entendimento


do STF quanto à destinação da COSIP para a “expansão e melhoria do serviço de iluminação
pública”, alargando também para as hipóteses de “sistemas de monitoramento para
segurança e preservação dos logradouros públicos”, como por exemplo, a instalação de
câmeras e a criação das cidades inteligentes.

Criada pela Emenda Constitucional 39/2002, atribui competência aos Municípios e


ao Distrito Federal, em razão da declaração de inconstitucionalidade pelo STF da antiga taxa
de iluminação pública.

#DEOLHONASÚMULA:
Súmula vinculante 41: O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante
taxa.

Admite‐se a cobrança da Cosip na fatura da energia elétrica (o valor do tributo


pode ser exigido junto com a conta de luz). Sua instituição deve observar a anterioridade
anual e nonagesimal.

5. Outras classificações

Os tributos dizem‐se federais, estaduais ou municipais, conforme correspondam à


competência tributária da União, dos Estados, ou dos Municípios. Os tributos estaduais são
também conferidos ao Distrito Federal e, nos Territórios Federais, à União. Os impostos
municiais são igualmente atribuídos ao Distrito Federal e, nos Territórios Federais, à União.

a) Tributos federais: art. 153, art. 154, I (impostos residuais), art. 154, II (imposto
extraordinário de guerra), art. 148 (empréstimos compulsórios), art. 149 e 195
(contribuições especiais), todos da CF; além de taxas e contribuições de melhoria.
*(ATUALIZADO EM 27/01/2024)

43
#REFORMATRIBUTÁRIA
ANTES DA EC 132/2023 DEPOIS DA EC 132/2023
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
I ‐ importação de produtos estrangeiros; I ‐ importação de produtos estrangeiros;
II ‐ exportação, para o exterior, de produtos II ‐ exportação, para o exterior, de produtos
nacionais ou nacionalizados; nacionais ou nacionalizados;
III ‐ renda e proventos de qualquer natureza; III ‐ renda e proventos de qualquer natureza;
IV ‐ produtos industrializados; IV ‐ produtos industrializados;
V ‐ operações de crédito, câmbio e seguro, ou V ‐ operações de crédito, câmbio e seguro, ou
relativas a títulos ou valores mobiliários; relativas a títulos ou valores mobiliários;
VI ‐ propriedade territorial rural; VI ‐ propriedade territorial rural;
VII ‐ grandes fortunas, nos termos de lei VII ‐ grandes fortunas, nos termos de lei
complementar. complementar.
VIII ‐ produção, extração, comercialização ou
importação de bens e serviços prejudiciais à saúde
ou ao meio ambiente, nos termos de lei
complementar. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 132, de 2023)

Art. 154. A União poderá instituir: Art. 154. A União poderá instituir:
I ‐ mediante lei complementar, impostos não I ‐ mediante lei complementar, impostos não
previstos no artigo anterior, desde que sejam não‐ previstos no artigo anterior, desde que sejam não‐
cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cumulativos e não tenham fato gerador ou base de
cálculo próprios dos discriminados nesta cálculo próprios dos discriminados nesta
Constituição; Constituição;
II ‐ na iminência ou no caso de guerra externa, II ‐ na iminência ou no caso de guerra externa,
impostos extraordinários, compreendidos ou não em impostos extraordinários, compreendidos ou não em
sua competência tributária, os quais serão sua competência tributária, os quais serão
suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de
sua criação. sua criação.

44
Art. 148. A União, mediante lei complementar, Art. 148. A União, mediante lei complementar,
poderá instituir empréstimos compulsórios: poderá instituir empréstimos compulsórios:
I ‐ para atender a despesas extraordinárias, I ‐ para atender a despesas extraordinárias,
decorrentes de calamidade pública, de guerra decorrentes de calamidade pública, de guerra
externa ou sua iminência; externa ou sua iminência;
II ‐ no caso de investimento público de caráter II ‐ no caso de investimento público de caráter
urgente e de relevante interesse nacional, observado urgente e de relevante interesse nacional, observado
o disposto no art. 150, III, "b". o disposto no art. 150, III, "b"
Parágrafo único. A aplicação dos recursos Parágrafo único. A aplicação dos recursos
provenientes de empréstimo compulsório será provenientes de empréstimo compulsório será
vinculada à despesa que fundamentou sua vinculada à despesa que fundamentou sua
instituição. instituição.
Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir
contribuições sociais, de intervenção no domínio contribuições sociais, de intervenção no domínio
econômico e de interesse das categorias econômico e de interesse das categorias
profissionais ou econômicas, como instrumento de profissionais ou econômicas, como instrumento de
sua atuação nas respectivas áreas, observado o sua atuação nas respectivas áreas, observado o
disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem
prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente
às contribuições a que alude o dispositivo. às contribuições a que alude o dispositivo.

45
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda Art. 195. A seguridade social será financiada por
a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos
da lei, mediante recursos provenientes dos termos da lei, mediante recursos provenientes dos
orçamentos da União, dos Estados, do Distrito orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, e das seguintes Federal e dos Municípios, e das seguintes
contribuições sociais: contribuições sociais:
I ‐ do empregador, da empresa e da entidade a ela I ‐ do empregador, da empresa e da entidade a ela
equiparada na forma da lei, incidentes sobre: equiparada na forma da lei, incidentes sobre:
a) a folha de salários e demais rendimentos do a) a folha de salários e demais rendimentos do
trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à
pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem
vínculo empregatício; vínculo empregatício;
b) a receita ou o faturamento; b) a receita ou o faturamento;
c) o lucro; c) o lucro;
II ‐ do trabalhador e dos demais segurados da II ‐ do trabalhador e dos demais segurados da
previdência social, não incidindo contribuição sobre previdência social, podendo ser adotadas alíquotas
aposentadoria e pensão concedidas pelo regime progressivas de acordo com o valor do salário de
geral de previdência social de que trata o art. 201; contribuição, não incidindo contribuição sobre
III ‐ sobre a receita de concursos de prognósticos. aposentadoria e pensão concedidas pelo Regime
IV ‐ do importador de bens ou serviços do exterior, Geral de Previdência Social;
ou de quem a lei a ele equiparar. III ‐ sobre a receita de concursos de prognósticos.
IV ‐ do importador de bens ou serviços do exterior,
ou de quem a lei a ele equiparar. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 42, de
19.12.2003) (Vide Emenda Constitucional nº 132,
de 2023) Vigência
V ‐ sobre bens e serviços, nos termos de lei
complementar. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 132, de 2023)

*(ATUALIZADO EM 27/01/2024)

46
#SELIGA!
#REFORMATRIBUTÁRIA!
⦁ IMPOSTO SELETIVO
A recente reforma tributária trouxe uma inovação significativa ao introduzir no art.
153 da Constituição o inciso VIII, que cria um novo tipo de imposto sob competência da
União. Este imposto é denominado 'imposto seletivo' (IS) ou popularmente conhecido como
'imposto sobre o pecado'. Ele é aplicável a bens e serviços que são considerados prejudiciais
à saúde ou ao meio ambiente.

A ideia por trás deste imposto é desencorajar o consumo desses produtos por
meio de uma tributação específica. Essa característica é dotada de 'extrafiscalidade', ou
seja, o imposto tem um primordial além da simples arrecadação: influenciar
comportamentos.

A ideia inicial era que o IS substituísse por completo o IPI, de maneira que será
implementado apenas em 2027, quando o IPI terá a sua alíquota zerada, entretanto, as
alíquotas do IPI não serão zeradas em relação aos produtos que tenham industrialização
incentivada na Zona Franca de Manaus[12], conforme critérios estabelecidos em lei
complementar.

Importante notar que, embora a ideia inicial do IS seja substituir completamente o


IPI, existem diferenças fundamentais. Vejamos:

1) Tributação atual com o IPI: No sistema tributário atual do Brasil, o IPI é usado
para tributar produtos industrializados, incluindo aqueles considerados prejudiciais à saúde,
como cigarros, bebidas alcoólicas e armas. O IPI permite aplicar alíquotas maiores a esses
produtos, resultando em uma carga tributária significativa sobre seu preço final.

2) Novidade do Imposto Seletivo: A proposta do Imposto Seletivo, trazida pela


reforma tributária, difere do IPI principalmente no critério utilizado para determinar as
alíquotas. Enquanto o IPI baseia‐se na "essencialidade" dos bens (por exemplo, alíquotas
zero para alimentos essenciais), o imposto seletivo focaria em tributar bens e serviços

47
considerados nocivos à saúde e ao meio ambiente. Assim, a ideia do IS é desencorajar o
consumo desses produtos através da tributação.

Agora, sobre a forma como esse imposto será instituído: a Constituição menciona
que ele será estabelecido 'nos termos de lei complementar'. Isso significa que a lei
complementar definirá o que são exatamente 'bens e serviços prejudiciais à saúde ou ao
meio ambiente'. No entanto, a instituição do imposto em si pode ser feita por uma lei
ordinária.

Vejamos alguns aspectos práticos desse Imposto Seletivo:

1) Ele incidirá sobre atividades de produção, extração, comercialização ou


importação desses bens e serviços prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente.
2) Ele incidirá apenas uma vez sobre o bem ou serviço, ao contrário do IPI, que é
plurifásico.
3) Não será incluído em sua própria base de cálculo, mas fará parte da base de
cálculo de outros impostos como ICMS, ISS (enquanto existirem), IBS e CBS.
4) As alíquotas podem ser fixadas por lei ordinária e podem ser específicas (por
unidade de medida) ou ad valorem (percentual sobre o valor).
5) O IPI apresenta exceção à anterioridade de exercício para alteração da alíquota.
Já o IS deverá observar a anterioridade de exercício e a anterioridade nonagesimal.
6) O IPI não incidirá de forma cumulativa com o IS (alínea b do inciso III do art. 126
do ADCT).

Especificamente na extração, o Imposto Seletivo terá uma alíquota máxima de 1%


do valor de mercado, com foco nos impactos ambientais locais.

Por fim, o Imposto Seletivo não incidirá:


1‐ sobre as exportações (à exceção da extração de bens);
2‐ sobre as operações com energia elétrica e com telecomunicações; e
3‐ sobre os bens ou serviços cujas alíquotas sejam reduzidas nos termos do § 1º c/c
§ 9º do art 9º da EC, dentre os quais se destaca:

48
i) produtos agropecuários, aquícolas, pesqueiros, florestais e extrativistas vegetais
in natura ‐ que podem incluir defensivos agrícolas;
ii) insumos agropecuários e aquícolas;
iii) alimentos destinados ao consumo humano a serem definidos em lei
complementar (inciso I do § 6º do art. 153 c/c § 9º do art. 9º da EC).

#IMPORTANTE! Em resumo, o imposto seletivo é uma ferramenta tributária inovadora


introduzida pela reforma tributária, visando regulamentar o consumo de produtos nocivos à
saúde e ao meio ambiente. Ele se destaca pela sua natureza extrafiscal e por suas regras
específicas de aplicação.

b) Tributos estaduais: art. 155, art. 149, §1º, da CF, além de taxas e contribuições
de melhoria.
*(ATUALIZADO EM 27/01/2024)
#REFORMATRIBUTÁRIA
ANTES DA EC 132/2023 DEPOIS DA EC 132/2023

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Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal
instituir impostos sobre: instituir impostos sobre: (Redação dada pela
I ‐ transmissão causa mortis e doação, de quaisquer Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
bens ou direitos; I ‐ transmissão causa mortis e doação, de quaisquer
II ‐ operações relativas à circulação de mercadorias e bens ou direitos; (Redação dada pela Emenda
sobre prestações de serviços de transporte Constitucional nº 3, de 1993)
interestadual e intermunicipal e de comunicação, II ‐ operações relativas à circulação de mercadorias e
ainda que as operações e as prestações se iniciem no sobre prestações de serviços de transporte
exterior; interestadual e intermunicipal e de comunicação,
III ‐ propriedade de veículos automotores. ainda que as operações e as prestações se iniciem no
exterior; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 3, de 1993)
III ‐ propriedade de veículos
automotores. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 3, de 1993)
§ 1º O imposto previsto no inciso I: (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
I ‐ relativamente a bens imóveis e respectivos
direitos, compete ao Estado da situação do bem, ou
ao Distrito Federal
II ‐ relativamente a bens móveis, títulos e créditos,
compete ao Estado onde era domiciliado ode cujus,
ou tiver domicílio o doador, ou ao Distrito
Federal; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 132, de 2023)
III ‐ terá competência para sua instituição regulada
por lei complementar:
a) se o doador tiver domicilio ou residência no
exterior;
b) se o de cujus possuía bens, era residente ou
domiciliado ou teve o seu inventário processado no
exterior;
IV ‐ terá suas alíquotas máximas fixadas pelo Senado
Federal;
50 V ‐ não incidirá sobre as doações destinadas, no
âmbito do Poder Executivo da União, a projetos
socioambientais ou destinados a mitigar os efeitos
das mudanças climáticas e às instituições federais de
Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir
contribuições sociais, de intervenção no domínio contribuições sociais, de intervenção no domínio
econômico e de interesse das categorias econômico e de interesse das categorias
profissionais ou econômicas, como instrumento de profissionais ou econômicas, como instrumento de
sua atuação nas respectivas áreas, observado o sua atuação nas respectivas áreas, observado o
disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem
prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente
às contribuições a que alude o dispositivo. às contribuições a que alude o dispositivo.
§ 1º A União, os Estados, o Distrito Federal e os § 1º A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios instituirão, por meio de lei, contribuições Municípios instituirão, por meio de lei, contribuições
para custeio de regime próprio de previdência social, para custeio de regime próprio de previdência social,
cobradas dos servidores ativos, dos aposentados e cobradas dos servidores ativos, dos aposentados e
dos pensionistas, que poderão ter alíquotas dos pensionistas, que poderão ter alíquotas
progressivas de acordo com o valor da base de progressivas de acordo com o valor da base de
contribuição ou dos proventos de aposentadoria e contribuição ou dos proventos de aposentadoria e
de pensões. (Redação dada pela Emenda de pensões.
Constitucional nº 103, de 2019) (Vigência) § 1º‐A. Quando houver deficit atuarial, a
§ 1º‐A. Quando houver deficit atuarial, a contribuição ordinária dos aposentados e
contribuição ordinária dos aposentados e pensionistas poderá incidir sobre o valor dos
pensionistas poderá incidir sobre o valor dos proventos de aposentadoria e de pensões que
proventos de aposentadoria e de pensões que supere o salário‐mínimo.
supere o salário‐mínimo. (Incluído pela Emenda § 1º‐B. Demonstrada a insuficiência da medida
Constitucional nº 103, de 2019) (Vigência) prevista no § 1º‐A para equacionar o deficit atuarial,
§ 1º‐B. Demonstrada a insuficiência da medida é facultada a instituição de contribuição
prevista no § 1º‐A para equacionar o deficit atuarial, extraordinária, no âmbito da União, dos servidores
é facultada a instituição de contribuição públicos ativos, dos aposentados e dos
extraordinária, no âmbito da União, dos servidores pensionistas.
públicos ativos, dos aposentados e dos pensionistas. § 1º‐C. A contribuição extraordinária de que trata o §
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 1º‐B deverá ser instituída simultaneamente com
2019) (Vigência) outras medidas para equacionamento do deficit e
§ 1º‐C. A contribuição extraordinária de que trata o § vigorará por período determinado, contado da data
1º‐B deverá ser instituída simultaneamente com de sua instituição.
outras medidas para equacionamento do deficit e § 2º As contribuições sociais e de intervenção no
vigorará por período determinado, contado da data domínio econômico de que trata o caput deste
de sua instituição. (Incluído pela 51
Emenda artigo:
Constitucional nº 103, de 2019) (Vigência) I ‐ não incidirão sobre as receitas decorrentes de
exportação;
II ‐ incidirão também sobre a importação de
c) Tributos municipais: art. 156, art. 149, §1º, da CF, além de taxas, contribuição de
melhoria e contribuição de iluminação pública.
*(ATUALIZADO EM 27/01/2024)
#REFORMATRIBUTÁRIA
ANTES DA EC 132/2023 DEPOIS DA EC 132/2023

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Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos
sobre: sobre:
I ‐ propriedade predial e territorial urbana; I ‐ propriedade predial e territorial urbana;
II ‐ transmissão "inter vivos", a qualquer título, por II ‐ transmissão "inter vivos", a qualquer título, por
ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou
acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, acessão física, e de direitos reais sobre imóveis,
exceto os de garantia, bem como cessão de direitos exceto os de garantia, bem como cessão de direitos
a sua aquisição; a sua aquisição;
III ‐ vendas a varejo de combustíveis líquidos e III ‐ serviços de qualquer natureza, não
gasosos, exceto óleo diesel; compreendidos no art. 155, II, definidos em lei
§ 1º ‐ O imposto previsto no inciso I poderá ser complementar. (Redação dada pela Emenda
progressivo, nos termos de lei municipal, de forma a Constitucional nº 3, de 1993) (Vide Emenda
assegurar o cumprimento da função social da Constitucional nº 132, de 2023) Vigência
propriedade. IV ‐ (Revogado pela Emenda Constitucional nº 3,
§ 1º‐A O imposto previsto no inciso I do caput deste de 1993)
artigo não incide sobre templos de qualquer culto, § 1º Sem prejuízo da progressividade no tempo a
ainda que as entidades abrangidas pela imunidade que se refere o art. 182, § 4º, inciso II, o imposto
de que trata a alínea "b" do inciso VI do caput do art. previsto no inciso I poderá:
150 desta Constituição sejam apenas locatárias do I – ser progressivo em razão do valor do imóvel; e
bem imóvel. (Incluído pela Emenda II – ter alíquotas diferentes de acordo com a
Constitucional nº 116, de 2022) localização e o uso do imóvel.
§ 2º O imposto previsto no inciso II: III ‐ ter sua base de cálculo atualizada pelo Poder
I ‐ não incide sobre a transmissão de bens ou direitos Executivo, conforme critérios estabelecidos em lei
incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em municipal. (Incluído pela Emenda Constitucional
realização de capital, nem sobre a transmissão de nº 132, de 2023)
bens ou direitos decorrente de fusão, incorporação, § 1º‐A O imposto previsto no inciso I do caput deste
cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses artigo não incide sobre templos de qualquer culto,
casos, a atividade preponderante do adquirente for a ainda que as entidades abrangidas pela imunidade
compra e venda desses bens ou direitos, locação de de que trata a alínea "b" do inciso VI do caput do art.
bens imóveis ou arrendamento mercantil; 150 desta Constituição sejam apenas locatárias do
II ‐ compete ao Município da situação do bem. bem imóvel. (Incluído pela Emenda
§ 3º O imposto previsto no inciso III, não exclui a Constitucional nº 116, de 2022)
incidência do imposto estadual previsto no art. 155, § 2º O imposto previsto no inciso II:
I, b, sobre a mesma operação. I ‐ não incide sobre a transmissão de bens ou direitos
§ 3.º Em relação ao imposto previsto no 53
inciso III, incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em
cabe à lei complementar: (Redação dada pela realização de capital, nem sobre a transmissão de
Emenda Constitucional nº 3, de 1993) bens ou direitos decorrente de fusão, incorporação,
I ‐ fixar as suas alíquotas máximas e cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses
Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir
contribuições sociais, de intervenção no domínio contribuições sociais, de intervenção no domínio
econômico e de interesse das categorias econômico e de interesse das categorias
profissionais ou econômicas, como instrumento de profissionais ou econômicas, como instrumento de
sua atuação nas respectivas áreas, observado o sua atuação nas respectivas áreas, observado o
disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem
prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente
às contribuições a que alude o dispositivo. às contribuições a que alude o dispositivo.
§ 1º A União, os Estados, o Distrito Federal e os § 1º A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios instituirão, por meio de lei, contribuições Municípios instituirão, por meio de lei, contribuições
para custeio de regime próprio de previdência social, para custeio de regime próprio de previdência social,
cobradas dos servidores ativos, dos aposentados e cobradas dos servidores ativos, dos aposentados e
dos pensionistas, que poderão ter alíquotas dos pensionistas, que poderão ter alíquotas
progressivas de acordo com o valor da base de progressivas de acordo com o valor da base de
contribuição ou dos proventos de aposentadoria e contribuição ou dos proventos de aposentadoria e
de pensões. (Redação dada pela Emenda de pensões. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 103, de 2019) (Vigência) Constitucional nº 103, de 2019) (Vigência
§ 1º‐A. Quando houver deficit atuarial, a § 1º‐A. Quando houver deficit atuarial, a
contribuição ordinária dos aposentados e contribuição ordinária dos aposentados e
pensionistas poderá incidir sobre o valor dos pensionistas poderá incidir sobre o valor dos
proventos de aposentadoria e de pensões que proventos de aposentadoria e de pensões que
supere o salário‐mínimo. (Incluído pela Emenda supere o salário‐mínimo. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 103, de 2019) (Vigência) Constitucional nº 103, de 2019) (Vigência)
§ 1º‐B. Demonstrada a insuficiência da medida § 1º‐B. Demonstrada a insuficiência da medida
prevista no § 1º‐A para equacionar o deficit atuarial, prevista no § 1º‐A para equacionar o deficit atuarial,
é facultada a instituição de contribuição é facultada a instituição de contribuição
extraordinária, no âmbito da União, dos servidores extraordinária, no âmbito da União, dos servidores
públicos ativos, dos aposentados e dos pensionistas. públicos ativos, dos aposentados e dos
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de pensionistas. (Incluído pela Emenda
2019) (Vigência) Constitucional nº 103, de 2019) (Vigência)
§ 1º‐C. A contribuição extraordinária de que trata o § § 1º‐C. A contribuição extraordinária de que trata o §
1º‐B deverá ser instituída simultaneamente com 1º‐B deverá ser instituída simultaneamente com
outras medidas para equacionamento do deficit e outras medidas para equacionamento do deficit e
vigorará por período determinado, contado da data vigorará por período determinado, contado da data
de sua instituição. (Incluído pela 54
Emenda de sua instituição. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 103, de 2019) (Vigência) Constitucional nº 103, de 2019) (Vigência)
§ 2º As contribuições sociais e de intervenção no
domínio econômico de que trata o caput deste
Art. 149‐A Os Municípios e o Distrito Federal Art. 149‐A. Os Municípios e o Distrito Federal
poderão instituir contribuição, na forma das poderão instituir contribuição, na forma das
respectivas leis, para o custeio do serviço de respectivas leis, para o custeio, a expansão e a
iluminação pública, observado o disposto no art. melhoria do serviço de iluminação pública e de
150, I e III. sistemas de monitoramento para segurança e
Parágrafo único. É facultada a cobrança da preservação de logradouros públicos, observado o
contribuição a que se refere o caput, na fatura de disposto no art. 150, I e III. (Redação dada pela
consumo de energia elétrica. Emenda Constitucional nº 132, de 2023)

Parágrafo único. É facultada a cobrança da


contribuição a que se refere o caput, na fatura de
consumo de energia elétrica. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 39, de 2002)

Conforme o sujeito ativo da obrigação tributária seja ou não o Estado (aqui


compreendendo União, Estados‐membros, DF e Municípios), o tributo diz‐se fiscal ou
parafiscal.

Segundo o objetivo visado pela lei de incidência seja: (a) prover de recursos a
entidade arrecadadora: ou (b) induzir comportamentos, diz‐se que os tributos têm
finalidade arrecadatória (ou fiscal) ou finalidade regulatória (ou extrafiscal). A
extrafiscalidade, em maior ou menor grau, pode estar presente nas várias figuras tributárias.

Outra classificação dos tributos, que os separa em reais ou pessoais, depende de se


verificar se predominam características objetivas ou subjetivas na configuração do fato
gerador. Se o tributo leva em consideração aspectos pessoais do contribuinte (nível de
renda, estado civil, etc.), ele se diz pessoal. Real será o tributo que ignore esses aspectos.

Os tributos podem, ainda, ser vinculados ou desvinculados (tributos bilaterais ou


unilaterais). Vinculados são aqueles que pressupõem uma atividade estatal a ser por eles
remunerada. Os desvinculados independem de uma atividade estatal relativa ao
contribuinte.

55
Uma classificação, de fundo econômico, mas com reflexos jurídicos, é a que divide
os tributos em diretos e indiretos. Os primeiros são devidos, ‘de direito”, pelas mesmas
pessoas que, “de fato”, suportam o ônus do tributo (exemplo clássico é o Imposto de
Renda). Os indiretos, ao contrário, são devidos, “de direito”, por uma pessoa (dita
“contribuinte de direito”), mas suportados por outra (“contribuinte de fato”): o
“contribuinte de direito” recolhe o tributo, mas repassa o respectivo encargo financeiro para
o “contribuinte de fato”. Exemplo clássico dessa última divisão são os impostos que gravam
o consumo de bens e serviços (IPI, ICMS e ISS).

Consoante grave apenas uma das fases do processo produtivo, ou mais de uma
delas, o tributo diz‐se monofásico (exemplo: IOF) ou plurifásico (exemplo: IPI e ICMS).

A classificação dos tributos em cumulativos e não cumulativos diz respeito à


técnica de aplicação dos tributos multifásicos; os cumulativos incidem em várias fases de
circulação do bem, sem se computar ou sem se deduzir o valor que já incidiu nas fases
anteriores. Não cumulativo é o tributo que, em cada fase, incide apenas sobre o valor que
nela se agregou, ou grava todo o valor acumulado do bem, descontando‐se, porém, o valor
que já gravou as fases anteriores (exemplo: IPI e ICMS).

*(Atualizado em 14/09/2020): #DEOLHONAJURIS: O termo inicial da correção monetária de


ressarcimento de crédito escritural excedente de tributo sujeito ao regime não cumulativo
ocorre somente após escoado o prazo de 360 dias para a análise do pedido administrativo
pelo Fisco (art. 24 da Lei nº 11.457/2007). STJ. 1ª Seção. REsp 1.767.945‐PR, Rel. Min. Sérgio
Kukina, julgado em 12/02/2020 (Recurso Repetitivo – Tema 1.003) (Info 670).

Os tributos podem, ainda, ser progressivos ou não progressivos; seletivos ou não


seletivos. Os tributos progressivos têm alíquotas graduadas conforme a capacidade
econômica do contribuinte. Os tributos não progressivos são cobrados de modo uniforme
em relação a todos os contribuintes, sem levar em consideração a capacidade econômica de
cada um. Os tributos seletivos têm sua força econômica graduada conforme a relevância
social do produto ou do serviço. Os tributos não seletivos são cobrados sem levar em

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consideração a importância social do objeto tributado.

#OUSESABER: Havendo tredestinação da receita de tributos vinculados, como as


contribuições sociais, cabe ao contribuinte o direito à repetição do montante
correspondente ao percentual indevidamente aplicado? Resposta: NÃO. A tese dos
contribuintes era a de que o desvio na aplicação da receita de tributos com destinação
vinculada configuraria inconstitucionalidade a macular a própria exação fiscal, cuja cobrança
tornar‐se‐ia indevida, havendo direito à repetição. O STF, contudo, ao analisar a questão sob
a sistemática da repercussão geral (RE 566.007), decidiu que só caberia a restituição do
tributo pago se este fosse declarado inconstitucional, situação diversa da
inconstitucionalidade decretada na aplicação da receita correlata. Nesse sentido, o tema 277
da Repercussão Geral no STF: Tema 277 da Repercussão Geral no STF: I ‐ A eventual
inconstitucionalidade de desvinculação de receita de contribuições sociais não acarreta a
devolução ao contribuinte do montante correspondente ao percentual desvinculado, pois a
tributação não seria inconstitucional ou ilegal, única hipótese autorizadora da repetição do
indébito tributário; II ‐ Não é inconstitucional a desvinculação, ainda que parcial, do produto
da arrecadação das contribuições sociais instituídas pelo art. 76 do ADCT, seja em sua
redação original, seja naquela resultante das Emendas Constitucionais 27/2000, 42/2003,
56/2007, 59/2009 e 68/2011.

DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO

DIPLOMA DISPOSITIVO
Constituição Federal Art. 145 a 149‐A, art. 195
Código Tributário Nacional Art. 2º a 8º, art. 16, art. 77, a 82

BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

Manual de Direito Tributário – Alexandre Mazza (2018).

Manual de Direito Tributário – Ricardo Alexandre (2017).

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Direito Tributário Essencial – Eduardo Sabbag (2018).

Direito Tributário Brasileiro – Luciano Amaro.

Cavalcante, Márcio André Lopes, Informativos esquematizados do Dizer o Direito.

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