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Informativo de Jurisprudência
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA
Lei estadual e vedação à inscrição em cadastro de proteção de crédito
Resumo: é inconstitucional a lei estadual que vede a inscrição em cadastro de proteção ao
crédito de usuário inadimplente dos serviços de abastecimento de agua e esgotamento
sanitário. Nesse sentido, não compete aos estados legislar sobre normas gerais de proteção
ao consumidor ou sobre concessão de serviço público. Nesse sentido, a competência para
elaborar a lei de delegação do serviço público que tratará dos direitos dos usuários pertence
ao ente federado dele titular. Todavia, essa lei cobrirá apenas aspectos específicos da
delegação, pois cabe a lei nacional fixar as normas gerais de concessão e permissão de
serviço público. Outrossim, as normas gerais sobre consumo, editadas pela União, não
preveem qualquer restrição quanto aos tipos de débitos que possam ser inscritos nos bancos
de dados e cadastros de consumidores, de forma que não é razoável conceber que uma lei
estadual possa estabelecer restrições, criando situações não isonômicas em determinadas
regiões.
TRIBUTAÇÃO E ORÇAMENTO
Bens de informática ZFM
Resumo: é constitucional a exclusão dos bens de informática dos incentivos fiscais previstos
para a Zona Franca de Manaus, promovida pela Lei 8.387/1991.
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DIREITO ELEITORAL
Prazo para a constituição e registro no TSE de partidos políticos e de Federações
Resumo: a fim de participarem das eleições, as federações partidárias devem estar
constituídas como pessoa jurídica e obter o registro de seu estatuto perante o TSE no mesmo
prazo aplicável aos partidos políticos.
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RECURSOS FUNDEB
Realocação de recursos
Resumo: é vedada a utilização, ainda que em caráter excepcional, de recursos vinculados ao
FUNDEB para ações de combate à pandemia do novo corona vírus (COVID-19).
SEGURANÇA PÚBLICA
Polícia civil e independência funcional
Resumo: é inconstitucional a norma estadual que assegure a independência funcional a
delegados de polícia, bem como a que atribua à polícia civil o caráter de função essencial ao
exercício da jurisdição e à defesa da ordem jurídica. A polícia civil está, necessariamente,
subordinada ao chefe do poder executivo estadual, logo, não é possível atribuir-lhe
independência funcional. Dessa forma, as normas estaduais que vinham atribuindo
autonomia funcional, administrativa ou financeira a tais órgãos padecem de vício de
inconstitucionalidade material, por violação ao princípio da separação dos Poderes.
DIREITO ELEITORAL
Restrições à veiculação de propaganda eleitoral em meios de comunicação impressos e internet
Resumo: são constitucionais as restrições, previstas na Lei das Eleições, à veiculação de
propaganda eleitoral em meios de comunicação impressos e na internet. Nesse sentido,
considerando que o pagamento das propagandas eleitorais no Brasil se dá atualmente com
recursos públicos, na ampla maioria dos caso, então a regulamentação da propaganda
eleitoral está mais direcionada para a forma do gasto do fundo eleitoral do que
propriamente para disciplinar a liberdade de expressão..
PISO SALARIAL
Congelamento da base de cálculo para desindexação de piso salarial vinculado ao valor do SlMin.
Resumo: a fixação do piso salarial em múltiplos do salário mínimo mostra-se compatível
com o texto constitucional, desde que não ocorra vinculação a reajustes futuros.
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ÍNDIOS
Proteção territorial em terras não homologadas
Resumo: é necessário que a União e a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) executem e
implementem atividade de proteção territorial nas terras indígenas, independentemente de
sua homologação. Eis que a União tem o dever (não a escolha) de demarcar as terras
indígenas, de modo que a não homologação dessas terras deriva de inércia deliberada do
Poder Público, em afronta ao direito originário dos índios.
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DIREITO DO CONSUMIDOR
Normas estaduais sobre cadastros de proteção ao crédito.
Resumo: a adoção de sistema de comunicação prévia a consumidor inadimplente por carta
registrada com aviso de recebimento configura desrespeito à Constituição Federal. Eis que tal
norma transgride o modelo normativo constitucional geral criado pela União. Assim como, é
inconstitucional a previsão, por Lei Estadual, de “prazo de tolerância” a impedir que o nome
do consumidor inadimplente seja imediatamente inscrito em cadastro ou banco de dados.
Tal norma, ao prever hipótese suspensiva dos efeitos do vencimento de dívida, dispõe sobre
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DIREITO FINANCEIRO
Lei estadual e concessão de benefício fiscal sem prévia estimativa de impacto orçamentário
Tese: é inconstitucional a Lei Estadual que concede benefício fica sem a prévia estimativa de
impacto orçamentário e financeiro exigida pelo art. 113 do ADCT.
Resumo: o art. 113 do ADCT é aplicável a todos os entes da Federação e a opção do
constituinte ao disciplinar a temática nesse sentido explicita a prudência na gestão fiscal,
sobretudo na concessão de benefício tributários que enseja, renúncia de receita.
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DIREITO ADMINISTRATIVO
Substituição de trabalhador privado em greve por servidor público
Resumo: não há vicio de iniciativa de lei na edição de norma de origem parlamentar que
proíba a substituição de trabalhadores privados em greve por servidores públicos. Ainda que
tal norma esteja voltada ao funcionamento da Administração Pública, ela não se sobrepõe ao
campo de discricionariedade política que a CF reservou, com exclusividade, ao governador,
no que toca a dispor sobre a organização administrativa.
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ORDEM ECONÔMICA
Energia elétrica, regulação por medida provisória
Resumo: a Medida Provisória 144/2003, convertida na Lei 10.848/2004, que dispõe sobre a
comercialização de energia elétrica, não viola o art. 246 da Constituição Federal, seja porque
não promoveu alteração substancial na disciplina do setor elétrico, seja porque não se
destinou a dar eficácia à normas constitucionais, mas apenas regular o art. 175 que dispõe
sobre o regime de prestação de serviços públicos no setor elétrico. Observe-se, que a
modificação introduzida por tal norma foi substituir a expressão “empresa brasileira de
capital nacional” pela expressão “empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua
sede e administração no país”.
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DIREITOS E GARANTIAS
Liberdade de expressão e imunidade parlamentar
Resumo: a liberdade de expressão não alcança a prática de discursos dolosos, com intuito
manifestamente difamatório, de juízos depreciativos de mero valor, de injúrias em razão da
forma ou de críticas aviltantes. Nesse sentido, é possível vislumbrar restrições à livre
manifestação de ideias, inclusiva mediante aplicação da lei penal, em atos, discursos ou
ações que envolvam, por exemplo, a pedofilia, ou nos casos de discursos que incitem a
violência ou quando se tratar de discurso com intuito manifestamente difamatório. Eis que a
garantia da imunidade parlamentar não alcança atos praticados sem claro nexo de
vinculação recíproca entre o discurso e o desempenho das funções parlamentares.
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DIREITOS E GARANTIAS
Produção de relatórios de inteligência artificial e vinculação ao interesse público
Resumo: os órgãos do Sistema Brasileiro de Inteligência, conquanto necessários para a
segurança pública, segurança nacional e garantia do cumprimento eficiente dos deveres do
Estado, devem operar com estrita vinculação ao interesse público, observância aos valores
democráticos e respeito aos direito e garantias fundamentais. Nesse sentido, caracterizam
desvio de finalidade e abuso de poder a colheita, produção e compartilhamento de dados,
informações e conhecimentos específicos para satisfazer interesse privado de órgão ou
agente público. Dessa forma, a colheita de informações de servidores públicos com postura
contrária ao governo caracteriza desvio de finalidade e afronta os direitos fundamentais da
livre manifestação de pensamento, privacidade, reunião e associação.
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DIREITOS E GARANTIAS
Restrições legais ao consumi de bebidas alcoólicas e condução de veículos automotivos
Tese: não viola a Constituição a previsão legal de imposição das sanções administrativas ao
condutor de veículo automotor que se recuse à realização dos testes, exames clínicos ou
perícias voltadas a aferir a influência de álcool ou outra substância psicoativa.
Resumo: nesse contexto, é inadmissível qualquer nível de alcoolemia por condutores de
veículos automotivos. Dessa forma, a eventual recusa de motoristas a realização de “teste do
bafômetro”, ou dos demais procedimentos previstos no CTB para aferição da influência do
álcool ou drogas, por não encontrar abrigo no princípio da não autoincriminação, permite a
aplicação de multa e a retenção/apreensão da CNH validamente. Outrossim, são
constitucionais as normas que estabelecem a proibição da venda de bebidas alcoólicas em
rodovias federais.
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COMPETÊNCIA LEGISLATIVA
Militares estaduais
Resumo: é formalmente inconstitucional norma federal que concede anistia a policiais e
bombeiros militares estaduais por infrações disciplinares decorrentes da participação em
movimentos reivindicatórios por melhorias de vencimentos e de condições de trabalho. A
anistia de competência da União há de recair sobre crimes. Dessa forma, em matéria de
infrações disciplinares, cabe aos entes estaduais concedê-la a seus respectivos servidores.
DIRETOS E GARANTIAS
CNJ e Transferência do sigilo de dados fiscais e bancários
Resumo: é constitucional a requisição, sem prévia autorização judicial, de dados bancários e
fiscais considerados imprescindíveis pelo Corregedor Nacional de Justiça para apurar
infração de sujeito determinado, desde que em processo regularmente instaurado mediante
decisão fundamentada e baseada em indícios concretos da prática do ato. Embora
constitucionalmente protegido, o sigilo de dados bancários e fiscais pode ser objeto de
conformação legislativa devidamente justificada e ceder à consecução de fins públicos, com
previsão de hipóteses de transferência no interior da Administração Pública. Outrossim, há
que se assegurar a existência de garantias ao contribuinte, de modo que não há espaço para
devassa ou varredura, buscas generalizadas e indiscriminadas na vida das pessoas, com o
propósito de encontrar alguma irregularidade.
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DIREITO DO TRABALHO
Ultratividade das cláusulas normativas de acordos e convenções coletivas
Resumo: é inconstitucional a interpretação jurisdicional da Justiça do Trabalho que mantém
a validade de direitos fixados em cláusulas coletivas com prazo já expirado até que novo
acordo ou convenção coletiva seja firmado. Eis que não cabe ao TST agir excepcionalmente,
e para chegar a determinado objetivo, interpretar norma constitucional de forma arbitrária.
De modo que, a ultratividade das normas coletivas, ao argumento de que as cláusulas
pactuadas se incorporam aos contratos de trabalho individual, é incompatível com os
princípio da legalidade, da Separação de poderes e da Segurança Jurídica.
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STF Página 25 de 68
Informativo de Jurisprudência
Executivo, sendo certo, ainda, que o limite prudencial de despesa se aplica a todos os
Poderes.
DIREITO DO TRABALHO
Acordos e convenções coletivos: limitação ou afastamento de direitos trabalhistas
Tese: são constitucionais os acordos e as convenções coletivas que, ao considerarem a
adequação setorial negociada, pactuam limitações ou afastamento de direitos trabalhistas,
independentemente da explicitação especificada de vantagens compensatórias, desde que
respeitados os direitos absolutamente indisponíveis.
Resumo: Eis que os acordos e convenções coletivas devem ser interpretados com base no
princípio da equivalência entre os negociantes, de modo que a autonomia coletiva - cujo
reconhecimento não significa renúncia ao acesso à Justiça - não pode ser simplesmente
substituída pela invocação do princípio protetivo ou da primazia da realidade, oriunda do
direito individual trabalhista. Ainda, ajustes com o aval sindical são revestidos de boa-fé e a
invalidade deles deve ser a exceção, não a regra. Dessa forma, conjugada a autonomia
coletiva com o princípio da adequação setorial negociada, é possível a disponibilidade de
direitos trabalhistas em acordos e convenções coletivos, desde que resguardado um patamar
mínimo civilizatório, o qual é composto, em linhas gerais, pelas normas constitucionais,
pelas normas de tratados e convenções internacionais incorporados ao direito brasileiro e
pelas normas que, mesmo infraconstitucionais, asseguram garantias mínimas de cidadania
aos trabalhadores. Outrossim, horas in itinere, cuja questão se vincula diretamente ao salário
e à jornada de trabalho, trata-se de direito disponível, sujeito à autonomia da vontade
coletiva.
DIREITO TRIBUTÁRIO
Pensão alimentícia e incidência do imposto de renda
Resumo: é inconstitucional norma que prevê a incidência do impostos de renda sobre
valorasses percebidos pelo alimentado a título de alimentos ou pensão alimentícia. Eis que a
nova incidência do mesmo tributo sobre a mesma realidade, configura bis in idem camuflado
e sem justificação legítima, em evidente violação ao texto constitucional.
STF Página 26 de 68
Informativo de Jurisprudência
REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS
Promoção e benefícios a novos clientes e extensão aos preexistentes.
Tese: é inconstitucional a lei estadual que impõe aos prestadores privados de serviço de
ensino ou de telefonia celular a obrigação de estender o benefício de novas promoções aos
clientes preexistentes.
Resumo: No entanto, o fundamento, de uma e de outra é diverso, vejamos: i) quanto aos
serviços de ensino, a norma promove ingerência em relações contratuais já estabelecidas
sem que exista conduta lesiva ou abusiva por parte do prestador. Por essa razão afasta-se a
compreensão de que se estaria diante de matéria consumerista, de modo que a alteração de
forma geral e abstrata do conteúdo de negócios jurídicos caracteriza norma de direito civil,
cuja competência é privativa da União; ii) quanto às concessionárias de serviços telefônicos
móveis, a criação de obrigações e sanções por lei estadual - no caso, extensão aos clientes
antigos de promoções ofertadas a novos -, ainda que sob o aumento de proteger direitos do
consumidor, também invade a competência da União, que detém competência para explorar
os serviços de telecomunicações e legislar sobre tal matéria, artigos 21, XI, e 22, IV, da
Constituição Federal, respectivamente.
DIREITO DO TRABALHO
Dispensa em massa e intervenção sindical
Tese: a intervenção sindical prévia é exigência procedimental imprescindível para a dispensa
em massa de trabalhadores, que não se confunde com a autorização prévia por parte da
entidade sindical ou celebração de convenção ou acordo coletivo.
Resumo: a dispensa em massa de empregados deve ser precedida de diálogo entre empresa
e o sindicato dos trabalhadores. Eis que, a luz dos postulados da proteção da relação de
emprego contra a despedida arbitrária ou sem justa causa, da representatividade dos
sindicatos e da valorização da negociação coletiva, as entidades sindicais obreiras devem ser
ouvidas antes da demissão coletiva de empregados, o que se revela como requisito
procedimental indispensável. No entanto, não é exigido que se chegue a um acordo de
vontades, ou à celebração de convenção ou acordo, tampouco a autorização, mas tão
somente o dever de negociar, isto é, abrir o diálogo entre os polos antagônicos.
STF Página 27 de 68
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PROCESSO LEGISLATIVO
Iniciativa de leis sobre a organização do ministério público estadual
Tese: a atribuição de iniciativa privativa ao Governador do Estado para Leis que disponham
sobre a organização do Ministério Público Estadual contraria o modelo delineado pela
Constituição Federal nos artigos 61, §1º, II, d e 128, §5º.
Resumo: é inconstitucional a atribuição de iniciativa privativa a governador de estado para
leis que disponham sobre a organização do Ministério Público Estadual. Isso, porque, nos
Estados os Ministérios Públicos poderão estabelecer regras sobre sua organização,
atribuições de seus membros e seu estatuto por meio de lei complementar de iniciativa do
respectivo Procurador-Geral de Justiça. Do modo que, na esfera estadual, coexistem dois
regimes de organização i) a Lei orgânica Nacional e ii) a Lei Orgânica do Estado-membro.
PROCESSO LEGISLATIVO
Extemporaneidade do veto presidencial
Tese: o poder de veto presidencial, previsto no art. 66, 1§º, da constituição não pode ser
exercido após o decurso do prazo constitucional de 15 dias.
STF Página 28 de 68
Informativo de Jurisprudência
Resumo: a prerrogativa do poder de veto presidencial somente pode ser exercida dentro do
prazo expressamente previsto na Constituição, não se admitindo exercê-lo após a sua
expiação. Nesse sentido, a manutenção do veto extemporâneo não retira sua
inconstitucionalidade, pois o ato apreciado pelo Congresso Nacional soques poderia ter sido
praticado.
DIREITO TRIBUTÁRIO
Salário-educação: critério para a distribuição da arrecadação
Tese: à luz a EC/2006, é incompatível com a ordem constitucional vigente a adoção, para
fins de repartição das quotas estaduais e municipais referentes ao salário-educação, do
critério legal de unidade federada em que se realiza a arrecadação desse tributo, devendo-se
observar unicamente o parâmetro quantitativo de alunos matriculados no sistema de
educação básica.
Resumo: Eis que as cotas do salário-educação destinadas aos estados e municípios têm o
número de alunos matriculados nas redes públicas de ensino como o único critério de
distribuição da arrecadação. Nesse sentido, as cotas destinadas aos estados e municípios
(2/3 do montante arrecadado) devem ser distribuídos nacionalmente de acordo com os
número de alunos matriculados nas redes de ensino, já que não há qualquer referência à lei
e tampouco à proporcionalidade quanto ao valos arrecadado em cada estado.
STF Página 29 de 68
Informativo de Jurisprudência
REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS
Construção de instalações nucleares e de energia elétrica
Resumo: é inconstitucional a norma de Constituição estadual que impõe condições locais
para a construção de instalações nucleares e de energia elétrica. Trata-se, pois de
inconstitucionalidade formal, eis que não é dado aos estados-membros a possibilidade e
interferir em matérias relacionadas à atividade nuclear e à energia elétrica, sob pena de
invadirem a competência privativa da União para explicar tais serviços e legislar a seu
respeito.
DIREITO TRIBUTÁRIO
ICMS: fixação de alíquotas em patamar superior às das operações em geral
Resumo: é inconstitucional norma distrital ou estadual que, mesmo adotando a técnica da
seletividade, prevê alíquota de ICMS sobre energia elétrica e serviços de comunicação - os
quais consistem sempre em itens essenciais - mais elevada do que a incidente sobre as
operações em geral. Eis que a Constituição Federal não obriga os entes a adotarem a
seletividade no ICMS. Entretanto, se houver essa adoção, caberá ao legislador realizar uma
ponderação criteriosa das características intrínsecas do bem ou serviço em razão de sua
essencialidade com outros elementos, como a capacidade econômica do consumidor final, a
destinação do bem ou serviço, e a justiça fiscal, tendente à menor agressividade desse
tributo indireto. Desse modo, o ente deverá conferir efetividade a esse receito em sua
eficácia positiva, sem deixar de observar sua eficácia negativa.
STF Página 31 de 68
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ORDEM SOCIAL
COVID-19: Educação e transferência de recursos para acesso à internet
Resumo: é constitucional a norma federal que prevê a transferência de recursos pela União
aos Estados e ao Distrito Federal para garantir o acesso à internet, com fins educacionais, por
alunos e professores da educação básica em virtude da calamidade pública decorrente da
COVID-19. Eis que o tal norma posiciona a educação como um direito social, o qual será
ministrado com igualdade de condições para acesso e permanência na escola. Ademais, não
há qualquer contrariedade ao processo legislativo, pois a norma não prevê qualquer
disposição que implique na criação de órgãos da Administração, sua reorganização ou
alteração de suas atribuições.
REGIME DE PRECATÓRIOS
Cancelamento de precatórios e requisições de pequeno valor federais não resgatadas
Resumo: é inconstitucional o cancelamento automático — realizado diretamente pela
instituição financeira oficial depositária e sem prévia ciência do beneficiário ou formalização
de contraditório — de precatório e RPV federais não resgatados em dois anos. Tal medida
afronta o princípio da separação dos poderes, uma vez que a gestão de recursos destinados
ao seu pagamento incumbe ao judiciário por decorrência do texto constitucional, o qual não
deixa margem limitativa do direito de crédito ao legislador infraconstitucional. Outrossim,
nesse momento processual da tutela executiva a Fazenda Pública não detém a titularidade
da quantia, de forma que a previsão legal ofende o direito de propriedade.
STF Página 32 de 68
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ATIVIDADE NUCLEAR
Competência
Resumo: é inconstitucional norma de Constituição estadual que dispõe sobre serviços de
atividades nucleares de qualquer natureza.
STF Página 33 de 68
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DIREITO ADMINISTRATIVO
Jornada de trabalho reduzida e remuneração inferior a mínimo
Tese: é defeso o pagamento de remuneração em valor inferior ao salário mínimo ao servidor
público, ainda que labore em jornada reduzida de trabalho.
REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS
COVID-19 e Instituições de ensino
Resumo: é inconstitucional, por violação à competência privativa da União para legislar
sobre direito civil, norma estadual que impede as instituições particulares de ensino superior
de recusarem a matrícula de estudantes inadimplentes e de cobrar juros, multas, correção
monetária ou quaisquer outros encargos durante o período de calamidade pública causado
pela pandemia da COVID-19. Eis que por tratarem de matéria obrigacional e contratual,
pertencentes ao ramo do direito civil, somente podem ser reguladas por meio de normas
federais.
DIREITO ELEITORAL
Autonomia partidária: duração do mandato, prazo de vigência de órgãos provisórios
Resumo: os partidos políticos podem, no exercício da sua autonomia constitucional,
estabelecer a duração dos mandatos de seus dirigentes, desde que compatível com o
princípio republicano da alternância do poder concretizados por meio da realização de
eleições periódicas em prazo razoável. Desse forma, não se permite que a autonomia
assegurada às agremiações seja interpretada contrariamente à Constituição, autorizando a
perpetuação dos mandatos das lideranças partidárias. Outrossim, é inconstitucional a
previsão do prazo de até oito anos para a vigência dos órgãos provisórios dos partidos, para
evitar distrações ao claro significado da palavras “provisoriedade”, notadamente porque,
STF Página 34 de 68
Informativo de Jurisprudência
nesse período, podem ser realizadas distintas eleições em todos os níveis federativos. Dessa
forma, o poder não pode ser exercido por tempo indeterminado ou excessivo, sendo
imprescindível a apuração democrática da vontade dos filiados. Doutra banda, é
constitucional a previsão de concessão de anistia às cobranças, devoluções ou transferências
ao Tesouro Nacional que tenham como causa as doações ou contribuições feitas em anos
anteriores por servidores públicos que exerçam função ou cargo público de livre nomeação
ou exoneração, desde que filiados a partido político. Pecúnia de cunho eleitoral, que não
ostenta caráter tributário, razão pela qual não compõe o orçamento público, afastando-se do
campo de abrangência do art. 113 do ADCT. De modo que é desnecessária a prévia
estimativa acerca de impacto financeiro e orçamentário por parte das proposições que a
prevejam.
DIREITO ELEITORAL
Publicidade institucional
Resumo: a ampliação dos limites para gasto com publicidade institucional às vésperas das
eleições pode afetar significativamente as condições da disputa eleitoral, sendo necessário
postergar, em obediência ao princípio da anterioridade eleitoral, a eficácia de alterações
normativas nesse sentido.
DIREITO TRIBUTÁRIO
Majoração da base de calculo de contribuição social por ato infralegal
Tese: são inconstitucionais o decreto nº 3.048/99 e a Portaria MPAS nº 1.135/01 no que
alteram a base de cálculo da contribuição previdenciária incidente sobre a remuneração paga ou
creditada a transportadores autônomos, devendo o reconhecimento da inconstitucionalidade
observar os princípios da congruência e da devolutividade.
Resumo: é inconstitucional, por afronta ao princípio da legalidade estrita, a majoração da
base de cálculo de contribuição social por meio de ato infralegal. Nesse sentido, quando o
decreto altera a base de calculo, deixando de incidir sobre a remuneração efetivamente
paga, para incidir sobre o valor do frete, passa a abranger, além da remuneração do
transportador autônomo, outras parcelas, como combustível, seguros, e desgaste do
equipamento.
DIREITO TRIBUTÁRIO
IPVA: isenção fiscal e tratamento não isonômico
Resumo: é inconstitucional condicionar o benefício de isenção do IPVA quanto à
propriedade de veículos utilizados para o serviço de transporte escolar com a filiação de seus
motoristas profissionais autônomos a sindicato ou cooperativa. Eis que não há justificativa
razoável para se conferir tratamentos distintos a motoristas que prestam os mesmo serviços
de transporte escolar pelo simples fato de possuírem ou não vínculo com as referidas
entidades associativas. Discrímen que não guarda qualquer conexão com os objetivos da
política pública envolvida na isenção.
STF Página 35 de 68
Informativo de Jurisprudência
STF Página 36 de 68
Informativo de Jurisprudência
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA
Conversão dos autos de prisão em flagrante em diligência
Resumo: é inconstitucional norma do provimento do Conselho da Magistratura estadual que
proíbe o juiz de converter os autos de prisão em flagrante em diligência. Tal norma, além de
desbordar dos limites do poder regulamentar, invade a competência privativa da União para
legislar sobre Direito Processual Penal, bem como viola prerrogativa inafastável do
magistrado; qual seja, a de ordenar diligências prévias, corolário da garantia do livre
convencimento motivado, que assegura aos magistrados a possibilidade de tomar medidas
indispensáveis para a formação de sua convicção.
SANEAMENTO BÁSICO
Isenção de tarifa de agua e esgoto: predominância do interesse local
Resumo: é inconstitucional, por invadir a competência municipal para legislar sobre
assuntos de interesse local, lei estadual que concede, por período determinado, isenção das
tarifas de água e esgoto e de energia elétrica aos consumidores residenciais, industriais e
comerciais. Nesse sentido, embora a competência para a promoção de melhorias das
condições do saneamento básico seja comum, compete ao municípios, responsáveis pelo
gestão dos assuntos de interesse local e pela edição de leis que digam respeito a esses temas,
a titularidade dos serviços públicos de saneamento básico. Outrossim, não cabe às leis
estaduais a interferência em contratos de concessão de serviços federal ou municipal,
alterando condições que impactem na equação econômico-financeira.
STF Página 37 de 68
Informativo de Jurisprudência
REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS
Convocação de autoridades pela Assembléia legislativa e princípio da simetria
Resumo: é inconstitucional, por violação ao princípio da simetria e à competência privativa
da União para legislar sobre o tema, norma de Constituição estadual que amplia o rol de
autoridades sujeitas à fiscalização direita pelo Poder Legislativo e à sanção por crime de
responsabilidade. Isso porque o art. 50, caput, e §2º, da CF/1988, que prescreve a
sistemática de controle do Poder Legislativo é de reprodução obrigatória pelos Estados-
membros, de modo que devem referir aos cargos correspondentes ao de ministro de Estado.
REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS
Prestação e divulgação de contas de sindicato: exigência por lei distrital
Resumo: é inconstitucional, por violar o art. 22, inc. I, da CF, norma distrital que obriga os
sindicatos a divulgarem na internet a prestação de contas de verbas recebidas a título de
contribuição confederativa, sindical e de outros recursos recebidos do Distrito Federal. Eis
que a norma impugnada, ao impor de maneira ampla, nova obrigação aos sindicatos, invade
a competência legislativa privativa da União, pois guarda pertinência com o direito coletivo
do trabalho, assim como — sob um prisma mais amplo — o direito civil, enquanto entidades
associativas. Nesse sentido, não se admite que ente federativo diverso imponha espécie de
obrigação tributária acessória a entes destinatários de exação. Eis que as contribuições
recebidas pelos sindicatos tem natureza tributária, assim, não é qualquer ente público que
pode estabelecer obrigações ligadas a esse mesmo tributo, mas somente aqueles que tem
competência normativa, a União.
STF Página 38 de 68
Informativo de Jurisprudência
DIREITO ADMINISTRATIVO
Privatização de empresa estatal e transferência de débitos judiciais ao Estado
Resumo: é constitucional a norma estadual que prevê a assunção de obrigações financeiras
resultantes de sentença judicial proferida após a privatização de sociedade de economia
mista prestadora de serviços públicos pelo respectivo estado. Eis que a não cria despesas
efetivas nem constitui privilégios fiscais concedidos à então estatal. Assim como não viola o
princípio da isonomia ou o ato jurídico perfeito. Isso porque, ao determinar a assunção de
apenas alguns débitos, o legislador atuou dentro de seu espaço de discricionariedade,
visando tornar a operação mais atrativa à luz do interesse público e estimular a aquisição.
DIREITO ELEITORAL
Criação do Fundo Especial de Financiamento de Campanha
Resumo: é constitucional a criação do Fundo Especial de Financiamento de Companha
(FEFC) por meio de norma infraconstitucional, dada a inexistência de obrigação ou
proibição sobre o tema na CF/1988. Eis que após a declaração de inconstitucionalidade das
doações por pessoas jurídicas de direito privado, verificou-se que o método de
financiamento de campanhas até então em vigor não se revelava suficiente para atender às
demandas. Por essa razão, institui o FEFC, constituído apenas em anos eleitorais com
destinação de parcela do orçamento da União e com o objetivo exclusivo de financiar
campanhas eleitorais com recursos públicos. Consoante, verifica-se que a Constituição não
estabeleceu exclusividade ao Fundo Partidário, de forma que não é impedida a criação de
novos fundos destinados ao financiamento de partidos políticos ou campanhas eleitorais.
DIREITO TRIBUTÁRIO
ICMS - fixação de alíquotas
Resumo: são inconstitucionais normas estaduais que fixam a alíquota do ICMS para
operações de fornecimento de energia elétrica e serviços de comunicação em patamar superior
à cobrada sobre as operações em geral. Isso porque o legislador estadual fica limitado, para
a fixação de alíquotas do ICMS, pelas balizas que norteiam o sistema constitucional
tributário. Assim, diante do que impõe a seletividade tributária e seu critério de
essencialidade, deve ser garantida, nos casos, a aplicação do princípio da seletividade, o qual
determina a incidência de alíquotas mais baixas sobre produtos e serviços considerados
essenciais e indispensáveis à subsistência digna dos cidadãos, visando à justiça fiscal.
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DIREITO ADMINISTRATIVO
Advocacia da União
Tese: os Advogados da União não possuem direito a férias de sessenta (60) dias, nos termos
da legislação constitucional e infraconstitucional vigentes.
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Resumo: é válida a cobrança das custas judicias e emolumentos tendo por parâmetro o valor
da causa ou do bem ou negócio objeto dos atos judiciais e extrajudiciais, desde que definidos
limites mínimo e máximo e mantida uma razoável e proporcional correlação com o custo da
atividade. Ademais, inexiste violação à garantia constitucional de prestação jurisdicional e ao
acesso à Justiça, visto que a lei permite ao juiz, em cada caso concreto, verificar a
necessidade da concessão do benefício da justiça gratuita e, consequentemente, isentar a
parte do pagamento das custas judiciais.
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DIREITO DA SAÚDE
Produtos Fumígenos
Resumo: não viola o texto constitucional a imposição legal de restrições à publicidade de
produtos fumígenos e de inserção de advertências sanitárias em suas embalagens quando se
revelarem adequadas, necessárias e proporcionais para alcançar a finalidade de reduzir o
fumo e o consumo do tabaco, hábitos que constituem perigo à saúde pública.
FEDERALISMO FISCAL
Autonomia municipal e vinculação de parte do ICMS recebido pelo estado
Resumo: é inconstitucional, por violação à clausula constitucional de não afetação da
receita oriunda de imposto e à autonomia municipal, norma estadual que determina a forma
de aplicação dos recursos destinados ao município em razão da repartição constitucional de
receitas. Eis que é de pleno direito dos próprios municípios a parcela que lhes é devida na
repartição constitucional de receitas, de modo que não cabe o estabelecimento de qualquer
forma de condicionamento ou retenção pelos estados. Embora os Estados-membros possam
fixar, por lei, a maneira como será feito o crédito de parcela do valor arrecadado do ICMS a
ser repartido, isso não implica alteração da titularidade da quanto pertencente aos
municípios, razão pela qual a destinação que será dada ao repassa depende de decisão
autônoma do ente beneficiário.
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DIREITO FINANCEIRO
LDO - Autonomia do Ministério Público Estadual
Tese: é inconstitucional a limitação de despesas da folha complementar do Ministério
Público Estadual sem a devida participação efetiva do órgão financeiramente autônomo no
ato de estipulação em conjunto dessa limitação. Na Lei de Diretrizes orçamentárias.
Resumo: é indispensável a efetiva participação do Ministério Público - órgão
constitucionalmente autônomo - no ciclo orçamentário, sob pena da respectiva norma incidir
em inconstitucionalidade por afronta à sistemática orçamentária e financeira prevista na
Constituição Federal. Dessa forma, a garantia atribuída ao Poder Judiciário, de ser
consultado no momento da elaboração da Lei de Diretrizes Orçamentárias, aplica-se
extensivamente ao Ministério Público.
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REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS
Multa por descumprimento - COVID19
Resumo: é inconstitucional, por ofensa à competência privativa da União para legislar sobre
telecomunicações, lei estadual que veda a aplicação de multa por quebra de fidelidade nos
serviços de TV por assinatura, telefonia, internet e serviços assemelhados, enquanto
perdurar a pandemia da COVID-19. Isso porque a cláusula de fidelidade contratual é uma
contrapartida decorrente de benefícios oferecidos a consumidores. E, a multa por
descumprimento representa variável bastante significativa para a manutenção do equilíbrio
econômico-financeiro na prestação do serviço, motivo pelo qual a sua exclusão pura e
simples repercute no campo regulatório da atividade de caráter público, o que enseja afronta
à repartição de competências prevista constitucionalmente.
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DIREITO TRIBUTÁRIO
Operacionalização da substituição tributária do ICMS por meio de lei ordinária estadual
Resumo: a instituição de hipótese de substituição tributária do ICMS, imputando-se a
estabelecimento atacadista o dever de reconhecimento do tributo em relação às operações
subsequentes, pode ser feito por meio de lei ordinária estadual, devidamente regulamentada
por decreto.
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ORÇAMENTO
Prazo para adequação ao sistema único e integrado de execução
Resumo: o Decreto presidencial 10.540/2020, que estabelece prazo para que os entes
federados promovam adequação necessária para integração ao sistema único de publicidade
de dados, estabelecido pela Lei Complementar 156/2016, com padrão mínimo de
transparência e qualidade, não ofende os princípio da legalidade, da separação dos Poderes,
da reserva de lei complementar, da publicidade, da eficiência e da impessoalidade. Eis que
cumpre ressaltar, o Poder Executivo atuou dentro do campo discricionário que lhe foi
reservado pela lei, bem como é razoável o estabelecimento de um novo regime de transição,
com dilação dos prazos, já que o novo padrão demanda notória expertise técnica.
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REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS
Lei federal e reajuste da previdência social
Resumo: é formalmente inconstitucional lei federal que determina a todos os entes federados
mantenedores de regimes próprios da previdência social a realização de reajustes, na mesma data e
índice em que se der reaberto dos benefícios do regime geral, excetuados os beneficiados pela
garantia da paridade. Eis que os entes federados são dotados de autonomia administrativa
financeira, que se caracteriza pela tríplice capacidade de auto-organização e normatização própria,
autogoverno e autoadministração. De forma que a regência federal, prevista no art. 24, XII e §1º,
deve ficar restrita ao estabelecimento de normas gerais, que não alcança a revisão dos proventos. O
que não impede que haja uma vinculação entre o RGPS e o RPPS em nível federal.
PROCESSO COLETIVO
Participação obrigatória de empregado em acordo celebrado no âmbito de ação civil pública
Tese: em ação civil pública proposta pelo Ministério Público do Trabalho em face de empresa
estatal, com o propósito de invalidar a contratação irregular de pessoal, não é cabível o ingresso, no
polo passivo da causa, de toso os empregados atingidos, mas é indispensável a Susa representação
pelo sindicato da categoria.
Resumo: Eis que os interesses dos empregados diretamente afetados por acordo firmado no âmbito
de processos coletivos devem ser defendidos pelo sindicato que representa a categoria, não havendo
imprescindibilidade da citação de cada empregado para formação do litisconsórcio, uma vez que
isso se revela incompatível com a estrutura do processo coletivo, especialmente por comprometer a
efetividade e celeridade processual.
DIREITO TRIBUTÁRIO
Entidades fechadas de previdência social
Tese: é constitucional a cobrança, em face das entidades fechadas de previdência complementar não
imunes, do Imposto de Renda retido na fonte e da Contribuição Social sobre Lucro Líquido.
Resumo: a cobrança do IRRF e da CSLL de entidades fechadas de previdência complementar, não
abrangidas por imunidades tributárias, é compatível com a Constituição Federal. Nesse sentido, uma
vez ausente a imunidade, mesmo entidades sem fins lucrativos poder ser reconhecidas como
contribuintes do imposto de renda ou da contribuição social sobre o lucro líquido, caso realizem seu
fato gerador. Por fim, cumpre observar que, apesar de não ser possível falar, contabilmente, em
apuração de lucro ou de prejuízo pelas entidades fechadas de previdência provada — sim apuração
de superávits ou de déficits —, a contabilidade, ainda que possa ser tomada pela lei como ponto de
partida para a determinação das bases de cálculo de diversos tributos, de modo algum subordina a
tributação.
DIREITO TRIBUTÁRIO
Incidência de ITCMD em relação a inventário e arrolamentos processados no exterior
Resumo: é vedado aos estados e ao Distrito Federal instituir Imposto sobre Transmissão Causa
Mortis e Doação nas hipóteses dispostas no art. 155, §1º, III, da Constituição Federal, sem a edição
da lei complementar federal exigida pelo referido dispositivo.
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DIREITOS E GARANTIAS
Transporte coletivo interestadual
Resumo: é constitucional — por não ofender direito de propriedade e os princípio da ordem
econômica e do equilíbrio econômico-financeiro dos contratos administrativos — lei federal
que determina a reserva, por veículo, de duas vagas gratuitas e, após estas esgotarem, duas
vagas com tarifa reduzida em, no mínimo, 50%, para serem utilizadas por jovens de baixa
renda no sistema de transporte coletivo interestadual de passageiros. Há que se dizer, tal
norma concretiza o direito ao transporte a um grupo vulnerável, economicamente e
constitucionalmente tutelado, atribuindo ao poder regulamentar a definição dos
procedimentos e critérios para seu exercício.
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MINISTÉRIO PÚBLICO
Prerrogativa do Ministério Público de posicionar-se ao lado do magistrado nos julgamentos
Resumo: a prerrogativa atribuída aos membros do Ministério Público de situar-se no mesmo
plano e imediatamente à direita dos magistrados nas audiências e sessões de julgamento não
fere os princípios da isonomia, do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório
nem compromete a necessária paridade de armas que deve existir entre defesa e acusação. A
atual posição dos sujeitos processuais na sala de audiências é justificada seja pela tradição,
seja pela diferenciada função desempenhada pelo órgão ministerial como representante do
povo, uma vez que atua de forma imparcial para alcançar os fins que lhe foram
constitucionalmente conferidos.
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REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS
Gratuidade de acesso às salas de cinemas para idosos
Resumo: é inconstitucional, por tratar de matéria que diz respeito a norma de direito
econômico e contrário a disciplina conferida em benefício já previsto no art. 23 da Lei
Federal 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) - lei municipal que institui o acesso gratuito de
idosos às salas de cinema da cidade, de segunda a sexta-feita. Embora em outras
oportunidades a corte tenha analisado a constitucionalidade de leis estaduais que concediam
direito à meia entrada em estabelecimentos de diversão, esporte, cultura e lazer, ficou
assentado que a competência para legislar sobre direito econômico é concorrente entre a
União, os estados-membros e o Distrito Federal, e que, inexistindo legislação federal a dispor
sobre o tema, o ente federado pode se utilizar de sua competência plena. Por sua vez o
poder legislativo municipal possui competência para suplementar a legislação federal e
estadual no que couber. No entanto, é necessário que haja algum elemento de localidade
alto à disciplina legislativa, o que não se vê no caso. Assim, o legislador municipal, ao editar
a norma em apreço, dispõe sobre matéria já prevista em Lei Federal, não de forma a
complementá-la, mas substituí-la.
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CULTURA
Dia da Consciencia negra
Resumo: é constitucional a instituição, por lei municipal, do feriado local para começarão
do Dia da Consciência Negra, a ser celebrado em 20 de novembro, em especial porque a
data representa um símbolo de resistência cultural e configuração ação afirmativa contra o
preconceito racial.
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impugnada, visto que autoriza e fomenta a conversação institucional para o remanejo das
competências federativas, seja de licenciamento, seja de controle ou de fiscalização. Doutra
banda, é inconstitucional a regra que autoriza estado indeterminado de prorrogação
automática de de licença ambiental, pois insuficiente a regulamentação, uma vez que não
disciplinou qualquer consequência para a hipótese da omissão ou mora imotivada e
desproporcional do órgão ambiental diante de pedido de renovação de licença ambiental.
Por fim, há que se observar, no exercício da cooperação administrativa cabe atuação
suplementar - ainda que não conflitiva - da união com a dos órgãos estadual e municipal.
Nesse contexto, o critério da prevalência de auto de infração do órgão licenciador não
oferece resposta aos deveres fundamentais de proteção, nas situações de omissão ou falha
da atuação daquele órgão na atividade fiscalizatória e sancionatória, por insuficiência ou
inadequação da medida adotada para previnir ou reparar situação de ilícito ou dano
ambiental. Dessa forma, a omissão ou mora administrativa imotivada e desproporcional na
manifestação definitiva sobre os pedidos de renovação de licenças ambientais instaura a
competência supletiva do art. 15 e do §3º do art. 17 da referida norma. Esclarecendo que a
prevalência do auto de infração lavrado pelo órgão originariamente competente para o
licenciamento ou autorização ambiental não exclui a atuação supletiva de outro ente
federado, desde que comprovada a omissão ou insuficiência na tutela fiscalizatória.
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