Você está na página 1de 4

O Direito e sua relação com as Teorias de Immanuel Kant e Jungen Habernas: o Caso

do tribunal de Nuremberg.

Kellner Martins Reis1


Prof. Drª Márcia Medina.2
Prof. Dr. Ricardo Tavares3
Prof. Me. Marcela Michiles4

INTRODUÇÃO

No estudo da palavra “direito” vemos que sua origem está num vocábulo do latim:
directum ou rectum, que significa “reto” ou “aquilo que é conforme uma régua”. Assim,
(MONTORO, 1972) diz que a palavra direito se encontra, pois, em uma pluralidade de
significações que refletem diferentes realidades, mas que, embora não se limitando ao
significado vinculado a sua origem latina, carrega sempre consigo este pressuposto de ser uma
regra a determinar o que é certo.
Este trabalho trata do problema relativo ao conceito de Direito, partindo da indicação
da origem e do significado da própria palavra, passando pela exposição das principais teorias
do pensamento filosófico-jurídico de Immanuel Kant e Jungen Habernas sobre o tema e por
algumas considerações quanto ao caso do tribunal de Nuremberg, representado no filme “O
Julgamento de Nuremberg, do ano de 2000, importantes para uma compreensão inicial.

DISCUSSÃO

Segundo (LEVAGGI, 1998), a palavra Direito, com o sentido jurídico atual, não foi
sequer conhecida por gregos e romanos. O Direito destes últimos formou-se a partir dos
mores, definidos por Ulpiano como "o tácito acordo do povo, arraigado por um largo
costume.". Observa-se assim que é preciso considerar que a palavra Direito, como conceito
abstrato e universal, não sendo exclusiva da cultura ocidental moderna. Há evidências de que
os gregos e os romanos tinham termos equivalentes, como diké e ius, que expressavam a ideia
de justiça, ordem e norma.
Nesse sentido, autores como Aristóteles, Cícero e Sêneca já discutiam a natureza e a
origem do Direito, bem como seus princípios e valores. Sendo necessário reconhecer que o
1
Graduando em Direito.
2
Professora da disciplina de Introdução ao Estudo do Direito – Escola de Direito – UEA.
3
Professor da Disciplina de Introdução ao Estudo do Direito – Escola de Direito - UEA.
4
Professora Assistente da Disciplina de Introdução ao Estudo do Direito.
2

Direito romano não se baseou apenas nos mores, mas também em outras fontes, como as leis,
os éditos dos magistrados, nas respostas dos jurisconsultos e nas constituições imperiais.
Essas fontes foram estudadas e sistematizadas por juristas como Gaio, Papiniano e Justiniano,
que deram forma ao Direito romano clássico e pós-clássico. Também, é importante lembrar
que o Direito romano não foi estático, mas dinâmico e evolutivo, sofrendo influências de
outros povos e culturas, como os gregos, os judeus e os cristãos. Essas influências se
refletiram na incorporação de novos conceitos e institutos jurídicos, como a equidade, a
caridade e a personalidade.
No pensamento moderno, Kant é o teórico que identificou a racionalidade do direito.
Ou seja, para ele, o direito é produto da razão. Então, o filósofo alemão define que a razão é
apenas uma faculdade cognitiva que possibilita o homem de conhecer e agir. (MARQUES,
2014), assim, o conhecimento Kantiano se produz na medida em que a sensibilidade recebe a
variedade de fatores, organizando e ordenando às impressões numa unidade coerente
mediante a da aplicação de conceitos. No que se refere à ação humana, para o filósofo, ela
pode ser compreendida ou determinada por suas inclinações, bem como pela razão. Conforme
(MARQUES, 2014), em Kant, moral e direito possuem fundamento na liberdade. Desse
modo, passa-se a analisar suas diferenças. A ação moral é àquela em conformidade com a lei
válida para todo ser racional, cuja justificativa é o dever de agir moralmente. Então, o filósofo
desenvolveu o imperativo categórico, trata-se de uma ideia que todo ser racional possui e que
é capaz de representar ações e princípios válidos para toda pessoa racional, em sua
universalidade.
Por outro lado, no pensamento contemporâneo de Jungen Habernas, sobre o direito
nos apresenta em sua Teoria discursiva do Direito, que envolve uma reflexão sobre o direito e
sua relação com o estado, a sociedade e a democracia, uma tentativa inovadora da maneira de
agir sociavelmente. Através da qual se efetivaria na sociedade, a cidadania, a integração
social, a democracia dentre outros. O Direito é facticidade quando se realiza aos desígnios de
um legislador político e é cumprido e executado socialmente sob a ameaça de sanções
fundadas no monopólio estatal da força. E de outro lado, o Direito é validade quando suas
normas se fundam em argumentos racionais e aceitáveis por seus destinatários. (NUNES JR,
2005).
Partindo do pensamento filosófico-Jurídico de Kant e Habernas, podemos entender
que o Tribunal de Nuremberg foi um marco para o Direito Internacional Penal,
principalmente no que tange à inclusão do indivíduo no cenário internacional,
3

responsabilizando-o diretamente por seus atos contra os direitos humanos. Segundo, (GOMES
E NETO, 2021), preliminarmente, podemos afirmar que o Tribunal de Nuremberg foi o marco
inicial para a reformulação do Direito Internacional Público por todo o mundo.
No filme mostra-se o conflito entre os vencedores e os vencidos na segunda guerra
mundial, e as diferentes perspectivas sobre a responsabilidade, a ética e a justiça dos
envolvidos no processo. O julgamento teve como base provas documentais e audiovisuais dos
crimes cometidos pelos nazistas nos campos de concentração e nas áreas ocupadas pelo
Reich. Inferindo sobre questões que envolvem os direitos humanos e a dignidade da pessoa
humana como valores universais que devem ser respeitados e defendidos em qualquer
situação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por tanto, ao considerar, a origem e evolução do direito, exposto acima, juntamente


como o pensamento teórico de Immanuel Kant e Junger Habernas, observarmos uma mudança
do pensamento jurídico no decorrer do tempo, em sua historicidade, pois no pensamento
Kantiano, de cunho racional, o direito deve ser pensado em sua relação com uma prática
pretensa ao universalismo, mas essencialmente pessoal, exemplificado em seu imperativo
categórico. Já Habernas reflete o direito sobre um prisma da relação com o estado, a
sociedade e a democracia, onde o direito de fato é pensado socialmente. E fazendo uma
analogia com a atualidade, percebe-se que o Tribunal de Nuremberg trouxe novos conceitos
jurídicos e tipos penais, como o crime de genocídio e os crimes atentatórios à humanidade,
que passaram a ser inseridos em inúmeros textos constitucionais de Estados-membros,
substituindo o Direito de Guerra pelo Direito Humanitário.
4

REFERÊNCIAS

CAMINHA, Marco Aurélio Lustosa. O conceito de Direito . Jus Navigandi, Teresina, ano 4,
n. 43, jul. 2000. Disponível em: https://direito.ufg.br/n/694-artigo-o-conceito-de-direito.
Acesso em: 27 jun. 2023.

GOMES, Francisco Danilo de Souza; NETO, Manuel de Castro Carneiro. Tribunal de


Nuremberg: uma análise histórica e jurídica. Revista Consultor Jurídico, 25 de jun. 2021.

LEVAGGI, Abelardo. Manual de Historia del Derecho Argentino. Parte General. Tomo I.
2.ed. Buenos Aires:Ediciones Depalma, 1998. In: CAMINHA, Marco Aurélio Lustosa. O
conceito de Direito . Jus Navigandi, Teresina, ano 4, n. 43, jul. 2000.

MARQUES, Fernando Cristian. O Pensamento Kantiano e O Aspecto Racional Do Direito:


Estudo Filosófico Acerca Do Conceito De Direito. Boletim Jurídico, Uberaba/MG, a. 22, nº
1162, 2014. Disponível em:
https://www.boletimjuridico.com.br/artigos/etica-e-filosofia/3014/o-pensamento-kantiano-
aspecto-racional-direito-estudo-filosofico-acerca-conceito-direito. Acesso em 28 jun. 2023.

MONTORO, André Franco. Introdução à ciência do direito. São Paulo: Livraria Martins,
1972, p. 29-59. In: MARTINS, Daniele Comin. O conceito de Direito . Revista Jus
Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 16, n. 3076, 3 dez. 2011. Disponível em:
https://jus.com.br/artigos/20549. Acesso em: 27 jun. 2023.

NUNES JR., Amandino Teixeira. As modernas teorias da justiça: a teoria discursiva de


Jürgen Habermas. 2005. Disponível em: <http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?
id=4386.htm>. Acesso em: 28 jun. 2023.

ROHLING, Marcos. Natureza, Direito e Justiça: o Fundamento da Lei Natural na Natureza


Humana em Cícero. Revista Ágora Filosófica. 1. Jan, 2014. Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/349147538_Natureza_Direito_e_Justica_o_Fundam
ento_da_Lei_Natural_na_Natureza_Humana_em_Cicero. Acesso em: 27 jun. 2023.

Você também pode gostar