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FA-DIF-005

NOTA:
FAESA – Centro Universitário Espírito-Santense
__________
Unidade: UDI Curso: DIREITO
Disciplina: DIREITO PROCESSUAL CONSTITUCIONAL Professor: PAULO VITOR SAITER

Nome do Aluno: ANA LUIZA GONÇALVES LUZ Turma: 6º A/C Data: 27/06/20

AVALIAÇÃO C3

INSTRUÇÕES:

A avaliação realizada deverá ser postada na pasta: Envio de trabalho da disciplina,


no prazo de 24 horas. O prazo é contado do horário da disponibilização da prova.

Esta avaliação será de consulta a materiais (doutrina, legislação, sites da internet).


Fundamente todas as questões com o material utilizado, sempre usando suas
próprias palavras para responder a cada questionamento da prova.

Indique os dispositivos constitucionais/legais pertinentes às questões.

Utilize este arquivo para responder às questões.

A identificação de cada pergunta se torna obrigatória, sob pena de não correção da


questão.

Esta avaliação é de caráter individual e nenhuma outra pessoa poderá ser


consultada.

As respostas deverão ser feitas em times new roman, tamanho 12, no próprio
arquivo abaixo das questões.

1) A Lei XX/2015 do Estado Alfa isentou os usuários do serviço de telefonia móvel residentes no
Estado, cuja renda familiar não superasse o valor de dois salários mínimos, do pagamento do
respectivo serviço. No final de 2018, a Lei XX foi expressamente revogada, sendo ainda
determinada a desconsideração de qualquer efeito que tenha produzido durante a sua vigência. À
luz da situação hipotética acima descrita, responda aos itens a seguir.

a) Analise a Lei XX/15 a partir do regime de competências no ordenamento brasileiro.


(0,25)

À luz do ordenamento jurídico brasileiro, o regime de competência para dispor a respeito de


serviço de telefonia (telecomunicações) é privativamente da União (art. 22, IV CF), com isso a Lei
XX/2015 afrontou determinada competência, sendo formalmente inconstitucional.

b) Qual ação direta poderia ter sido proposta para questionar a Lei XX/15? (0,25)

Para questionar a constitucionalidade da referida lei, pode ser proposta a ADI (Ação Direta de
Inconstitucionalidade) a fim de combater a lei que contraria o disposto na CF. Essa ação é
qualificada para ser proposta, uma vez que essa também abrange leis estaduais que não se
encontram em conformidade ao estabelecido na Constituição.

2) A lei 8666/93 no seu art. 71, par. 1º prescreve que a Administração Pública não poderá ser
responsabilizada por débitos trabalhistas, fiscais e comerciais das empresas contratadas. Apesar
de tal previsão, o TST editou a súmula 331 que no seu item IV assim destaca: O inadimplemento
das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do
tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da relação
processual e conste também do título executivo judicial. Assim, iniciou-se uma enorme discussão
doutrinária e judicial com teses divergentes sobre o tema. Nessa perspectiva, considere que
determinado gestor público, no interesse de fazer valer a lei de licitações, tenha lhe contratado
para emitir parecer sobre o tema.

a) Qual ação direta fora proposta no STF em busca de uma segurança jurídica? (0,2)

Em busca de segurança jurídica, a ação direta proposta no STF é a ADC (Ação Direta de
Constitucionalidade). Esta ação, busca confirmar a constitucionalidade de uma lei ou ato
normativo federal que se encontra em controvérsia judicial.

b) Cabe pedido liminar? Qual o pedido principal da ação? (0,3)

Considerando que a natureza jurídica da ADC e da ADI são iguais e, observando a possibilidade
de cabimento de liminar para a ADI a fim de suspender a eficácia da lei até o julgamento da ação
(art. 102, I, p), o STF entende que há a possibilidade de cabimento de liminar para a ADC. Essa
medida tem o escopo de confirmar a eficácia da norma até a decisão final da Corte.

3) Ednaldo, diretor-presidente da autarquia XX do Estado Alfa, celebrou contrato de compra e


venda, no qual o referido ente, sem a prévia realização de licitação, alienou a Pedro e a Marcos
diversos veículos de sua frota por menos de dez por cento de seu valor de mercado. Irresignado
com o ocorrido, o vereador José decidiu contratar você, como advogado(a), para ajuizar a ação
cabível com o objetivo de anular o negócio jurídico e responsabilizar os autores.

A) Qual é a ação judicial, de natureza constitucional, poderia ser proposta por José? Quem
deve figurar no polo passivo? (0,5)
A ação de natureza constitucional que pode ser proposta por José, por ser cidadão, qualidade
intrínseca à sua condição de vereador, é a Ação Popular para anular o ato lesivo ao patrimônio
público, nos termos do Art. 5º, inciso LXXIII, da CRFB/88 ou do Art. 1º, caput, da Lei nº 4.717/65.
O polo passivo deve ser ocupado por Ednaldo, que assinou o contrato lesivo ao patrimônio público
(Art. 6º, caput, da Lei nº 4.717/65); por Pedro e Marcos, que dele se beneficiaram (Art. 6º,
caput, da  Lei nº 4.717/65); e pela autarquia XX do Estado Alfa, por se almejar a anulação de um
contrato celebrado por ente da Administração Pública indireta (Art. 6º, § 3º, da Lei nº 4.717/65).

B) Identifique três características relevantes da referida ação que a diferencia das demais
ações constitucionais. (1,0)

Esta ação visa a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe,
à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. Legitima-se
como demandante o cidadão, ou seja, pessoa física que esteja no gozo dos seus direitos políticos.
Admite-se não apenas pretensão anulatória do ato lesivo, mas igualmente a de tutela preventiva
tendente a impedir sua prática e, ainda, se for o caso, a de tutela cautelar para suspender-lhe a
execução. A coisa julgada tem eficácia erga omnes, salvo em caso de improcedência por
insuficiência de provas. O autor da ação popular legitima-se como tal porque, ainda quando esteja
imediatamente demandando proteção a direito titularizado em nome de determinada pessoa
jurídica, está, na verdade, defendendo mediatamente interesses da sociedade, a quem pertencem,
em última análise, os bens tutelados. É por isso que se diz que também a ação popular, sob este
aspecto, constitui instrumento de defesa de interesses coletivos, e não individuais.

C) É possível realizar controle de constitucionalidade na ação constitucional referida acima?


Explique. (0,5)

De acordo o STJ em jurisprudência, é possível realizar controle de constitucionalidade na Ação


Popular desde que a controvérsia constitucional não figure como pedido, mas sim como causa de
pedir, fundamento ou simples questão prejudicial, indispensável à resolução do litígio principal,
em torno da tutela do interesse público.

4) João, cidadão politicamente atuante e plenamente consciente dos deveres a serem cumpridos
pelos poderes constituídos em suas relações com a população, decidiu fiscalizar a forma de
distribuição dos recursos aplicados na área de educação no Município Alfa, sede da Comarca X e
vizinho àquele em que residia, considerando as dificuldades enfrentadas pelos moradores do
local. Para tanto, compareceu à respectiva Secretaria Municipal de Educação e requereu o
fornecimento de informações detalhadas a respeito das despesas com educação no exercício
anterior, a discriminação dos valores gastos com pessoal e custeio em geral e os montantes
direcionados a cada unidade escolar, já que as contratações eram descentralizadas. O
requerimento formulado foi indeferido por escrito, pelo Secretário Municipal de Educação, sob o
argumento de que João não residia no Município Alfa; os gastos com pessoal eram sigilosos, por
dizerem respeito à intimidade dos servidores; as demais informações seriam disponibilizadas para
o requerente e para o público em geral, via Internet, quando estivesse concluída a estruturação do
“portal da transparência”, o que estava previsto para ocorrer em 2 (dois) anos. João não informou
de que modo usaria as informações. Inconformado com o indeferimento do requerimento que
formulara, João contratou os seus serviços como advogado(a) poucos dias após a prolação da
decisão e solicitou o ajuizamento da medida cabível, de modo que pudesse obter, com celeridade,
as informações almejadas, o que permitiria sua divulgação à população interessada, permitindo-
lhe avaliar a conduta do Prefeito Municipal, candidato à reeleição no processo eleitoral em curso.
a) Qual medida judicial deve ser proposta no caso em tela? Quem deve constar no pólo
passivo da referida medida judicial? (1,0)

A medida judicial adequada para ser proposta, nesta situação, é o mandado de segurança, vide
Art. 5º, LXIX, da CRFB/88 ou no Art. 1º, caput, da Lei nº 12.016/09. No polo passivo encontra-se o
Secretário, pelo fato de ser o responsável pelo indeferimento do requerimento formulado.

b) Identifique os argumentos jurídicos que seriam utilizados pelo autor. (1,0)

É assegurado a todos o acesso à informação, nos termos do Art. 5º, inciso XIV, da CRFB/88 e o
direito de receber dos órgãos públicos as informações de interesse coletivo ou geral, conforme Art.
5º, inciso XXXIII, da CRFB/88.
Os usufruidor, ademais, têm assegurado o seu acesso ao teor dos atos de governo, nos termos do
Art. 37, § 3º, inciso II, da CRFB/88, informação que deve ser fornecida no prazo estabelecido pelo
Art. 11 da Lei nº 12.527/11, independentemente de qualquer esclarecimento a respeito dos motivos
determinantes da solicitação, nos termos do Art. 10, § 3º, da Lei nº 12.527/11. As informações
relativas aos gastos com pessoal não dizem respeito à intimidade dos servidores, pois refletem a
maneira de gasto do dinheiro público, apresentando indiscutível interesse público.
O fato de João não residir no Município é irrelevante, pois os entes federados não podem criar
distinções entre brasileiros, nos termos do Art. 19, inciso III, da CRFB/88.
Além do fundamento relevante do direito de João, as informações servirão para que a população
interessada avalie o desempenho do prefeito municipal, candidato à reeleição. 

c) Explique como, eventualmente, poderia ser exercido controle de constitucionalidade a


partir da medida judicial proposta. (0,5)

Não se admite, no sistema brasileiro, o controle de constitucionalidade material de projetos de lei.


O que a jurisprudência do STF tem admitido, como exceção, é a legitimidade do parlamentar para
impetrar mandado de segurança com a finalidade de coibir atos praticados no processo de
aprovação de lei ou emenda constitucional incompatíveis com disposições constitucionais que
disciplinam o processo legislativo.
Nessas excepcionais situações, em que o vício de inconstitucionalidade está diretamente
relacionado a aspectos formais e procedimentais da atuação legislativa, a impetração de segurança
é admissível, segundo a jurisprudência do STF, porque visa a corrigir vício já efetivamente
concretizado no próprio curso do processo de formação da norma, antes mesmo e
independentemente de sua final aprovação ou não.

5) O Partido Político Alfa, com representação no Congresso Nacional, ajuizou Ação Direta de
Inconstitucionalidade impugnando a Medida Provisória nº 123/2017, a qual, no seu entender, seria
dissonante da Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988. No curso do processo
objetivo, a referida Medida Provisória foi convertida na Lei Federal nº 211/2018. À luz dessa
narrativa, responda aos questionamentos a seguir. 

A) Identifique 3 diferenças da ADI para ADC. (0,5)

Embora a natureza da ADI e ADC ações sejam a mesma, elas possuem diferenças.
Essas ações são contrárias, ou seja, a ADC confirma a constitucionalidade de uma lei ou ato
normativo federal, enquanto a ADI combate leis ou atos normativos federais ou estaduais que
contrariam a CF/88.
De modo marcante, pode-se observar disparidade na existência de pressuposto de admissibilidade
na ADC (para que ocorra a ADC, há a necessidade de discussão judicial a respeito da matéria e,
com isso, uma controvérsia judicial relevante), de modo que não há essa premissa para que
configure uma ADI; como também uma maior restrição ao limite espacial quanto ao objeto na
ADC (apenas objeto federal em face de Constituição Federal) e na ADI, também encontra-se leis
ou ato normativos estaduais; e a inexistência de participação do Advogado-Geral da União (o
AGU só participa na ADI, não estando presente, portanto, na ADC).

B) Explique em que consiste a legitimidade especial no controle concentrado. (0,5)

A legitimidade especial no controle concentrado consiste na permissão, de modo que seja


apresentado uma pertinência temática (pelo fato dessa figura não possuir abrangência nacional),
ou seja, uma maneira em que quem propôs a ação esteja sendo afetado pela determinada lei, para
que possa se propor uma ação constitucional.

C) Medida provisória pode ser objeto de ADI? (0,5)

A doutrina e a jurisprudência são contidas no sentido de que a Medida Provisória é apto ao


Controle de Constitucionalidade.
Entretanto, a Medida Provisória tem certas particularidades. Sabe-se que deve ser convertida em
lei e a própria nomenclatura dessa espécie normativa nos fornece uma ideia de tempo
determinado de sua vigência.
No que tange a Ação direta de Inconstitucionalidade, primeiramente, se revogada a Medida
Provisória não pode mais ser objeto de ADIN. Entretanto, se convertida em lei no curso do
processo da ADIN, há de observar duas hipóteses: A conversão importa em alteração do texto da
MP; e não há mudança no texto legal. Na primeira hipótese, haverá a extinção do processo sem
julgamento de mérito, por falta de objeto. Contudo, ocorrendo a segunda hipótese, o processo
seguirá em seus consecutivos trâmites, nada obstante.
Com isso temos que a Medida Provisória, se convertida em lei e não tendo alteração do texto legal,
pode ser objeto de ADI.

6) Com o objetivo de conter o avanço das organizações criminosas em algumas associações de


moradores, a União editou a Lei XX/2018, veiculando as normas a serem observadas para a
confecção dos estatutos dessas associações. À luz da situação hipotética acima, responda aos
itens a seguir.

A partir do regime de repartição de competências, a Lei XX/2018 encontra respaldo no


ordenamento jurídico brasileiro? Apresente os argumentos jurídicos relacionados ao tema. (0,5)

Sim, encontra-se respaldo no ordenamento jurídico brasileiro. A Constituição Federal (CF), em seu
artigo 22, I estabelece que a União tem competência privativa (é aquela em que é possível a delegação,
a outros entes, por meio de lei complementar) para dispor de assuntos como o direito penal, uma vez
que podemos observar que o avanço de organizações criminosas é matéria para se tratar nessa esfera.
7) Após anos sem terem os seus vencimentos reajustados, os servidores da administração direta
do Poder Executivo do Estado Ômega entraram em greve, reivindicando uma solução para esse
estado de coisas, que já colocava em risco sua subsistência e a de sua família.  Sensibilizado com
a situação, um grupo de parlamentares apresentou projeto de lei de reajuste dos servidores
públicos, o qual veio a ser aprovado pela Assembleia Legislativa e sancionado pelo Governador
do Estado, dando origem à Lei X. Apesar do benefício gerado para os servidores, o partido
político Sigma, com representação no Senado Federal, entendeu que a medida, além de injusta,
já que os servidores de outros entes federativos não receberam ajuste similar, era
inconstitucional. À luz desse quadro, responda aos questionamentos a seguir.

a) Na hipótese da lei X afrontar a Constituição Estadual, qual ação direta poderia ser
utilizada? (0,25)
ADI – Ação Direta de Incostitucionalidade, por se tratar de pertinência a Lei Estadual , vide
artigo 102, I, a) da Constituição Federal vigente.
b) Qual o órgão do Poder judiciário seria competente para examinar tal ação? (0,25)
O órgão do poder Judiciário competente para examinar tal ação é o STF (Supremo Tribunal
Federal), uma vez que a ação proposta tem a finalidade de combater leis ou atos normativos
federais ou estaduais que contrariam a CF/88.

c) Qual inconstitucionalidade poderia ser apontada na referida ação direta? (0,5)


A Lei X é formalmente inconstitucional, no que tange a propositura da ação: já que o projeto de lei
foi apresentado por um grupo de parlamentares, enquanto o poder de iniciativa legislativa, em
relação às leis que aumentem a remuneração dos servidores da administração direta do Poder
Executivo, é do Governador do Estado, vide no Art. 61, § 1º, inciso II, alínea a, da CRFB/88.
d) Caso haja violação à CF/88, poderia ser ajuizada, simultaneamente, duas ações diretas?
(0,5)
Segundo entendimento do STF, quando tramitam simultaneamente duas ações diretas de
inconstitucionalidade, uma perante o tribunal de justiça do estado e outra perante o STF, tendo
por objeto a mesma lei estadual, impugnada sob o fundamento de afronta a princípios inseridos na
Constituição estadual que reproduzam princípios da CF, a ação direta em trâmite perante o
tribunal do estado deve ser suspensa até o julgamento final da ação ajuizada perante o STF.
e) Quanto aos efeitos da decisão, explique em que consiste o efeito vinculante, bem como
sobre a possibilidade de modulação dos efeitos temporais da decisão. (1,0)
O efeito vinculante consiste, como o próprio nome sugere, o vínculo entre as decisões. Ou seja,
impede a aplicação de uma lei do Estado B se uma lei de conteúdo semelhante do Estado A for
declarada inconstitucional. Contudo, esse impedimento pode sofrer modulações de seus efeitos com
o intuito de dar interpretação conforme a constituição a certos dispositivos normativos. Com o
advento da Lei 9.868, de 1999, essa questão foi, enfim, positivada. O artigo 27 da referida lei
estabeleceu que ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista
razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal
Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou
decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que
venha a ser fixado

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